Este livro conta o que passou um homem de cinqüenta e seis anos, ao ser abandonado pela mulher, depois de sete anos de uma convivência extraordinária, quando ela estava próxima de completar vinte e cinco anos de idade.
Na época da separação eles trabalhavam e moravam numa fazenda nos altos da serra da Mantiqueira, onde cuidavam de gado, criavam porcos e galinhas.
Viveram um amor apaixonado, somado a uma amizade e companheirismo fora do comum, nos sete anos em que durou o relacionamento.
Descreve a emoção e sensações vividas diariamente, por ele, além, do que ele chama, de pensamentos involuntários, que lhe ocupam a mente constantemente, provocando emoções ruins, sofríveis; tentando impedir a ação da racionalidade na busca de possibilidades de solução, que o livrassem de tamanho sofrimento.
Na tentativa de combater os males que sente, ele tenta usar a racionalidade, buscando dados, analisando-os, fazendo especulações a respeito de causas, interferências e tudo o mais que permitisse aplacar o sofrimento através da compreensão. Para tanto, vale-se de experiências passadas, de estudos filosóficos, de especulações sobre psicologia e religiosidade.
O autor não tem qualquer formação nas áreas de filosofia, psicologia, psiquiatria, teologia ou qualquer tipo de ciências ocultas. Portanto, todas as análises, conjecturas, especulações, etc., não tem nada de científico; sendo pensamentos de um leigo.
02/08 – Terça-feira
Ela foi embora, deixando as roupas no varal e a louça no escorredor, deixando um bilhete:
"Pepe"
Minha decisão foi essa. Preferi ir embora.
Se você quiser podemos ser bons amigos.
Você sabe onde vou estar por alguns tempos. quando quiser conversar estarei lá.
Depois nós vemos como ficam as coisas.
Me desculpe.
Muito obrigado?"
Por volta das nove horas da manhã, ela me convidou para uma conversa. Seu semblante demonstrava gravidade. Sentamo-nos à mesa da sala, um de cada lado, frente a frente e iniciamos o diálogo. Ela colocou que nosso relacionamento vem tendo problemas, que nos tem feito ficar sem conversar e sem contato físico. Que isso tem sido muito ruim e que, talvez, a solução seja a nossa separação.
Argumentei que, realmente, estávamos passando por uma situação inédita em nosso relacionamento. Era a primeira vez que, em sete anos, ficávamos três dias sem conversar, desgostosos um com o outro, usando o silêncio como meio de protesto, ao invés de, como sempre acontecera, colocarmos nossas insatisfações em conversa franca, discutindo-as, buscando entender os motivos e conseguindo soluções. No entanto, me parecia absurdo considerar que isso fosse motivo suficiente para uma separação, pondo fim a um relacionamento que fora extraordinário até ali.
Ela insistiu em que a separação poderia ser a solução, alegando que isso poderia me poupar sofrimento ao não ter que conviver com seus erros, uma vez que ela seria a culpada por esses problemas.
Disse-lhe que meu maior sofrimento será perdê-la, principalmente se a causa for sua incapacidade de racionalizar e incapacidade de resistir a suas vontades, deixando-as prevalecer sobre qualquer outro valor. Nesse caso, minha tristeza será maior que a causada por sua perda; pois considero que a humanidade estará perdendo uma pessoa com potencial, já bastante demonstrado, de ser maravilhosa. Disse-lhe que reconheço minha intolerância com imbecilidades, principalmente no que se refere à não admissão de erros repetitivos e prevalência da vontade incontrolada do indivíduo sobre quaisquer outros valores e com total desrespeito com outras pessoas.
Sugeri-lhe que procurasse manter a calma e que pensasse com serenidade na possibilidade de encontrarmos uma solução que resguardasse nosso relacionamento. Ela concordou e ficou de pensar.
Eu, como já havia programado, fui para a cidade, buscar uma peça do trator, que havia quebrado na Sexta-feira e que eu levara para que fosse soldada.
Ao retornar, encontrei um bilhete dela dizendo que decidira ir embora. Colocou um ponto final em nosso relacionamento, sem vírgulas, só um ponto final!
Quando saí, deixei-a lavando roupa e terminando de cozinhar arroz. Quando voltei, a roupa estava no varal, a louça sobre o escorredor, sem ser guardada. Nem bagagem levou. Está claro que ela não queria me encontrar de novo. Fugiu para não Ter que continuar a conversa. Não quis buscar uma solução, ela já tinha decidido o final e não quis que ele fosse questionado.
O último atrito entre nós aconteceu na sexta-feira passada, quando a Maria Lola veio fazer um bolo para o aniversário do Malco, irmão dela, que morava com a gente desde que nos mudamos para esta fazenda e que completaria treze anos de idade.
A Mari havia declarado a intenção de fazer uma festa para ele. Eu argumentei que ele andava se comportando muito mal, desconsiderando as orientações que eu lhe dava, tanto em relação ao trabalho, como à escola. Considerei que, como era um menino de treze anos, não merecia punição mais severa, nem que seu aniversário passasse sem alguma comemoração. No entanto, não considerava razoável proporcionar-lhe uma festa, pois ele poderia interpretá-la como se a tivesse merecido. Aconselhei-a a fazer um bolo para comemorar o aniversário com os familiares e amigos mais próximos. Aproveitaríamos para alertá-lo de que, quando mudasse o comportamento e compreendesse a noção de deveres e direitos, teria uma festa e a possibilidade de desfrutá-la com todos os que quisesse convidar..
Se eu já achava errado perder a oportunidade de mostrar ao menino que o mau comportamento ocasiona a perda de benefícios; a contrariedade foi bastante aumentada pelo exagero do tamanho do bolo que foi feito. Afinal, a Mari havia me dito que só convidara a Maria, Correia e Chico Bento, além da Marina. Pra esse número de pessoas, um bolo com duas ou três formas superpostas seria mais que suficiente.
À noite, quando voltamos de levar a Maria Lola e Marta em casa, comentei o exagero. Ela me disse que não pretendera chamar a Maria Lola mas ela se autoconvidara e acusara insatisfação por não ter sido convocada para ajudar. Que a Mari lhe havia pedido que fizesse um bolo pequeno mas que ela, por decisão sua, decidira fazer um bolo daquele tamanho, além de desperdiçar grande quantidade de retalhos, que poderiam ser usados no recheio para nivelar as camadas.
Durante o banho, continuamos a conversa e eu acusei que ela poderia contribuir pra minimizar os efeitos dessa mania que as pessoas tem em exagerar nas quantidades de comidas e, principalmente, bolos de aniversário; o que é muito comum na região. Que o principal objetivo de uma festa assim é a confraternização entre as pessoas, a lembrança de uma data importante e não a ostentação com pretensão de demonstrar que pode gastar e oferecer abundância exagerada. Que agindo dessa maneira, ela estava contribuindo para que essa tradição se mantivesse, ao invés de contribuir para que as pessoas pudessem gastar menos, sem perder o objetivo da comemoração.
O que mais deve tê-la afetado foi a acusação que fiz, dizendo que ela se deixara dominar por sua vontade, procurando satisfazê-la sem medir conseqüências, nem mesmo os malefícios que isso pode causar, atropelando tudo e todos. Era raro, mas não era a primeira vez que isso acontecia. Já havíamos discutido esse assunto inúmeras vezes, o quanto ele é prejudicial à vida das pessoas e ela reconhecia isso, admitindo que a tentação de atender as nossas vontades é muito grande e que é preciso esforço para dominá-la, quando sua satisfação possa ser prejudicial.
Disse-lhe, ainda, que ela vem usando dois pesos e duas medidas, pra interesses seus e alheios. Comentei que há poucos dias ela gastara muito tempo conversando e acertando contas com a Marina enquanto eu esperava. Quando chegamos em casa, eu me pus a fazer iogurte, quando ela passou pela cozinha dizendo que iria tomar banho e o fez sem me dar um mínimo de tempo pra acompanha-la, o que faço sempre. Isso tem acontecido com alguma freqüência nos últimos tempos: ela não se preocupa quando tenho que espera-la, mas mostra toda sua revolta quando eu é que estou gastando o tempo e ela esperando. Várias vezes, durante o relacionamento, ela demonstrou dificuldade em absorver críticas, demonstrando sua insatisfação através do mau homor.
Ninguém gosta de ser criticado e, com certeza, não é nada agradável mesmo. O problema é que ela, de vez em quando, não consegue assimilar as críticas, nem mesmo as mais construtivas, que lhe permitiriam corrigir-se, evitando problemas de relacionamento com outras pessoas. Claro que minhas críticas promoveram sua revolta contra mim. Eu estava revoltado com o que estava acontecendo em relação à festa de aniversário e todos os exageros envolvidos. Foi o bastante pra que ficássemos sem conversar nem nos tocarmos de lá até aqui.
Eu já me questionei muitas vezes sobre a possibilidade de ser exagerado na cobrança de qualidades nos outros. Tenho procurado controlar isso, que é muito forte em mim; mas confesso que não consigo sucesso nisso, quando se trata de pessoas em quem acredito e que sei possuírem capacidade para mudar e ser cada vez melhor. É o caso dela, sempre a admirei pelas suas qualidades, cada vez mais raras nas pessoas. Conheço sua coragem, inteligência, persistência, dedicação, sensibilidade, em fim, características mais que suficientes para definir uma pessoa maravilhosa; no entanto, quando perde o controle sobre si, deixa-se dominar por sua vontade e trancafia todas suas qualidades no cofre mais inacessível que pode existir.
Meu senso crítico, sem dúvida, é meu grande inimigo, se não o maior. No entanto, seria honesto acabar com ele, conformando-me em contemplar os erros, tornando cada vez mais medíocres as pessoas? O ideal é que eu pudesse controla-lo, dosa-lo, escolhendo os momentos mais propícios para externa-lo, tendo paciência para esperar efeitos a mais longo prazo. Isso seria mais eficiente, sem dúvida, mas, até agora, não consegui agir dessa maneira, embora acredite já ter conseguido bastante, mas muito aquém do recomendável. Por outro lado, me esforço pra não ser injusto, criticando levianamente, com único objetivo de agredir.
No caso específico da Mari, tenho me empenhado com afinco pra ter cada vez mais orgulho dela, o que me dá enorme prazer. Não é preciso ser muito esperto nem perspicaz para perceber isso. Em contrapartida, o que ela tem feito para modificar os comportamentos que a denigrem, que a tornam comum, ofuscam o brilho que a ilumina, proveniente de suas qualidades?
Ela não é assim. Sempre mostrou humildade, compreensão, disposição para discutir qualquer tipo de problema, esforçando-se para encontrar soluções. No entanto, ultimamente, ela tem se deixado influenciar por algo que lhe está tolhendo o discernimento, descuidando-se de evitar causas de problemas. Os motivos tem sido banais, mas indicativos de que algo estranho está acontecendo.
O grande inimigo dos relacionamentos é a mesmice, a rotina, o desfrute de uma pessoa que está disponível. A falta de cuidado na valorização do outro. A falta de incertezas, de riscos, de aventura; tendem a ofuscar os melhores relacionamentos. Nós temos cuidado para que isso não aconteça conosco, no entanto, não conseguimos evitá-lo totalmente e alguma rotina nos tem dominado nos últimos tempos.
03/08
Ontem dormi tarde e hoje acordei cedo, mas dormi razoavelmente bem. O que desapareceu foi a fome, passei o dia sem comer outra coisa que um pedaço de queijo.
Fui no Nelson devolver a camioneta que me emprestara e procurei a Mari, dizendo-lhe que o carro, a moto e tudo que há em casa, inclusive eu; está a sua disposição.
Claro que o abandono não me sai da cabeça. Não adianta querer outra coisa, ele se instala e fica, provocando análises, considerações e julgamentos. Por mais que busque uma causa lógica para esse abandono, não a encontro. Tudo indica que ela vem se sentindo insatisfeita há algum tempo e o mal estar causado pelo atrito, na sexta feira, colocou fogo no rastilho. Parece claro que a decisão já tinha sido tomada na segunda feira. Ela teve insônia na noite de domingo para Segunda-feira, que deve ter sido causada pelos pensamentos a respeito da separação. Portanto, não acredito que os atritos sejam a causa da sua decisão. A verdadeira causa deve ser sua insatisfação com o tipo de vida que vinha levando.
Ela vem desempenhando uma atividade relativamente nova e, aparentemente, como ela mesma confessa, está gostando de vender roupas e utensílios para casa, na região, uma vez que isso lhe possibilita algo de que gosta muito: sair e ter contato com pessoas, além de possibilitar-lhe uma renda razoável. Esse fato demonstra que a insatisfação tem origem em alguma outra coisa. Minhas críticas devem ter um peso bastante grande, uma vez que podem fazê-la sentir-se incapaz, impedindo que acredite totalmente na sua onipotência (as vezes ela demonstra isso).
Ela tem uma dificuldade muito grande para assimilar críticas, ressentindo-se fortemente. Como já disse, tem dificuldade em encarar as críticas como indicativo de necessidade de mudanças, aproveitando-as e corrigindo causas de problemas, juntando mais qualidades as já existentes. O repúdio às críticas impede que promova as mudanças, o que facilita a repetição de erros e conseqüentes efeitos nocivos.
Por que a gente fica procurando causas para os acontecimentos, ao invés de aceitar o fato e ponto final?
A principal causa disso é a insatisfação que o fato nos causa. Uma das insatisfações é a inconformidade com a perda, outra, o amor próprio ferido, outra, o considerar-se derrotado. Em fim, sobram motivos pra que procuremos argumentos que nos isentem de culpa, ao mesmo tempo que tentamos identificar culpados pelo prejuízo sofrido. O importante é verificar que não fazemos isso porque queremos mas, sim, porque o pensamento involuntário nos obriga a isso.
Em nós convivem: emoção, racionalidade, preconceitos e pensamentos autônomos que acontecem independente de nossa vontade e, até mesmo, contra ela. Se ele acontece em nós, mesmo contra nossa vontade, de onde vem? Quem o comanda? ...Mistério!
Se não conseguimos saber nem mesmo quem age em nós, contra nossa vontade, usando a nós mesmos como algoz, que nos causa tantos prejuízos; está bastante claro que não temos domínio nem sobre nós mesmos. Nossa racionalidade, por mais desenvolvida que seja, é incapaz de identificar a causa desses pensamentos, muito menos, evita-los.
Não são só pensamentos alheios a nossa vontade que acontecem; algumas emoções também surgem sem que as tenhamos provocado. É o caso do amor, por exemplo, que acontece quando menos esperamos e por alguém a quem não escolhemos. O incrível é que, o que causa isso, faz-nos acreditar que nós é que determinamos o que pensamos e o que nos acontece. Até onde essa força age sobre nós?
Será que nós temos alguma autonomia ou não passamos de simples marionetes manipuladas por esse poder? Haverá como saber o que está por traz disso?
04/08
Pela manhã, com o Chico Bento e à tarde com a Marina, conversei sobre o mistério dos pensamentos que nos dominam e a possibilidade de que isso atinja, inclusive, a própria racionalidade, usando-a para convencer a nós mesmos de que temos poder pra tomar decisões, com autonomia, interferindo no rumo de nossas vidas. Mais que isso; acreditamos que podemos agir sobre os outros, ajudando-os a traçar o rumo de suas vidas.
Usamos nossa racionalidade, preconceitos e emoções para analisar atitudes e comportamentos alheios, julgando com base na interpretação que fazemos dos fatos que consideramos. Isso, para quem usa a racionalidade, porque, a maioria, só usa os preconceitos e emoções e, mesmo assim, não tem dúvidas nos seus julgamentos. Esses são os que alegam com veemência não serem Deus para julgar, não compreendendo que toda opinião, palpite, conselho, entre outras formas de expressão, nada mais são que fruto de julgamentos. Infelizmente a falta de racionalidade não lhes permite ver isso, não podem compreender uma coisa tão evidente. Pior! Grande parte dos inteligentes também não tem essa percepção, por não ter considerado essa possibilidade e, mesmo que isso lhes seja mostrado, reagirão em admitir que tenham pensamentos independentes de sua vontade.
Se eu não estiver totalmente louco, alucinado, ou coisa parecida; a existência dos pensamentos involuntários é evidente pra qualquer um, bastando verificar quanto já foi atormentado por eles em situações sofríveis.
A Mari esteve aqui, pela tarde com a Marina, para buscar roupas, uma cômoda e outras coisas que nem sei o que. Não é fácil olhar para ela e não poder toca-la, sentir seu carinho, seu amor...
Comentei com a Marina, e também com o Chico Bento, a admiração que tenho pela coragem dela em jogar tudo para o alto (apoio, liberdade, amizade, etc.) em busca de algo melhor, principalmente quando se sabe o quanto é difícil conseguir o que se pretende. Mas, se não temos autonomia, nossas decisões não são nossas e sim de algo que nos comanda.
A admissão da falta de autonomia é terrível. É muito difícil considerar que só somos usados, que não temos qualquer poder, que somos manipulados o tempo todo. Veja-se o meu caso, agora, estou sofrendo pela falta de um grande amor, do ombro amigo que me consolaria numa situação ruim como essa. Claro que o amor próprio, independente de minha vontade, também está ferido. Em fim, não é nada agradável sentir-se como estou me sentindo.
Diante de tudo isso, tenho que considerar que ela não é culpada de estar me causando tanto desgosto, portanto, não posso jogar sobre ela a culpa do que estou sofrendo, Pior ainda! Saber que não posso fazer nada, que as coisas serão como terão que ser, que só me resta sofrer até que o mistério resolva que esse sofrimento deva chegar ao fim.
05/08
Dormi mal esta noite. Por várias vezes o pensamento me trazia a lembrança de algo que a Marina disse, no meio da conversa, quando eu me referi que achava ter contribuído bastante para o engrandecimento da Mari. Ela disse: "Eu disse a ela que deveria considerar os prejuízos e os benefícios, que se não conseguisse, que procurasse escrever." Fiquei com a impressão de que a Mari estava destacando prejuízos e sofrimentos sem dar muito valor aos ganhos obtidos, durante o nosso relacionamento. Terei que esclarecer isso com a Marina, pois o não saber, nos leva a especular e isso é terrível.
Continuo analisando a questão do pensamento involuntário e da existência de alguma autonomia ou não para que nós possamos tomar decisões que dependam de nós, sem influência do mistério. Estou tentando me opor ao pensamento involuntário que me atormenta. Até agora não consegui sucesso. Consigo minimiza-lo, argumentando que o que ele me propõe não é correto. Ao que tudo indica, o objetivo dele é causar sofrimento, revolta, ensejar vingança; em fim, só coisas ruins. Uso a racionalidade para me opor a isso mas ele insiste e não dá trégua. Se ele consegue se instalar em mim, independente de minha vontade, porque aceita a oposição da racionalidade, por que não a elimina? Tanto esse pensamento quanto a racionalidade tem influência sobre a emoção: aquele gerando revolta, raiva, ressentimento, mágoa; este gerando ternura, aceitação, tristeza.
Outra coisa que parece clara, é o quanto esse pensamento manipula os preconceitos e ataca com dureza nossas vulnerabilidades. Eu, por exemplo, tenho um medo terrível de ser considerado desleal, safado, sem vergonha, egoísta, prepotente, irracional, etc. São coisas que detesto e, portanto, repudio com vigor, principalmente em mim. Nos outros, dou descontos inversamente proporcionais à cultura, poder, posição social.
O pensamento involuntário me coloca a todo instante que a Mari pode estar me acusando de ter atitudes e comportamentos que eu deploro. Ele sabe que isso me faz um mal terrível e, talvez, por isso ataque tão duramente por esse lado.
Aparentemente, a racionalidade tem autonomia mas é muito fraca de poder, principalmente contra o pensamento involuntário e as emoções que ele causa. O drama é: é possível fazer alguma coisa ou só nos resta obedecer os comandos vindos do mistério?
Parece evidente, e não restar dúvida, que o pensamento involuntário existe e é muito prejudicial ao ser humano. E quanto ao destino de nossas vidas, teremos alguma autonomia?
Todo ser humano pode descobrir em sua vida, ter conseguido coisas boas sem ter feito grande esforço para isso; enquanto fracassou em objetivos em que empregou grande esforço e capacidade. Entre os casos mais comuns, encontramos o amor apaixonado que acontece independente do esforço que os apaixonados possam fazer para encontrar o outro. Grande parte desses acreditará que teve responsabilidade no encontro, principalmente alegando que se empenhara na busca, freqüentara lugares, flertou, conquistou, etc. No entanto, são inúmeros os casos em que, mesmo com o empenho, o amor acabou sendo encontrado de maneira inesperada. O problema é que, se existe destino pré-determinado, o mistério se encarrega de fazer parecer que os envolvidos tem autonomia e conseguiram o que queriam graças a atitudes suas. No entanto, existem muitos casos que denunciam a evidência de ocorrências em que os indivíduos envolvidos não tiveram atuação decisória pra que elas acontecessem. A maioria dos motoristas, por exemplo, já cometeu imprudências. descuidos, etc. que poderiam ter causado graves acidentes e, no entanto, nada aconteceu. No entanto, muitos deles acabaram se envolvendo em acidentes para os quais não tiveram a menor participação. Pessoas saem ilesas de acidentes catastróficos, enquanto outras perdem a vida em acidentes banais.
O número de indicativos da existência de destino pré-determinado é enorme. Para muitos, principalmente os religiosos, muitas dessas ocorrências são caracterizadas como milagres, justificados segundo a crença de cada um. O que parece evidente é que muitas coisas acontecem independente da vontade, ação, empenho, capacidade, etc. dos envolvidos, o que caracteriza a pré-determinação misteriosa, a existência de um destino pré-determinado.
Por que a racionalidade pôde identificar a existência do pensamento involuntário e da pré-determinação do destino? Seria lógico que isso fosse vedado ao conhecimento do ser humano. No entanto, tudo indica que o mistério quer que saibamos que ele existe.
Os religiosos acreditam ter explicação para o mistério. Cada religião ou seita tem a sua explicação para justificar o mesmo mistério e cada uma é, normalmente, diferente da outra. No entanto, nas religiões, encontramos um infindável número de casos que comprovam a existência do mistério. No caso da religião católica, por exemplo, são relatados incontáveis casos de milagres conseguidos por seus seguidores. No entanto, entre muitos que precisaram e buscaram tais milagres, só uns poucos conseguiram. O interessante é que os que receberam os tais milagres, nem sempre foram os mais merecedores. Mistério é mistério, quer dizer: desconhecido, inexplicável, fora do alcance da nossa racionalidade.
No caso do comportamento da Mari, nesta separação, é totalmente inexplicável sua atitude. A desavença acontecida na sexta-feira e que continuou até a conversa da terça-feira, não foi tão significativa que justificasse seu procedimento. Esse tipo de discussão já acontecera outras vezes, por motivos semelhantes (aliás, vale lembrar que a influência de sua mãe, do Luizinho, do Jusco, sobre ela, juntamente com sua incapacidade de resistir a suas vontades; sempre foram os motivos de nossas desavenças) e sempre terminamos numa boa, através de conversa. Este desentendimento serviria, no máximo, para iniciar um processo de desentendimento que, com o passar do tempo, sua repetência acabaria provocando um atrito maior e, talvez, a separação. No entanto, não! Acabou acontecendo a separação de maneira totalmente irracional. Tivemos uma conversa civilizada na parte da manhã. Recomendei-lhe serenidade na análise do problema, para que, depois, com a devida tranqüilidade, pudéssemos continuar a conversa e aparar as arestas. Ela chegou a chorar ao dizer que temia pela perda de nossa amizade, que é um dos valores que mais alegamos prezar. No entanto, saiu de casa sem me esperar, sem levar nada, como se tivesse motivos pra ter um medo muito grande do nosso encontro. Será que era medo de não conseguir rebater meus argumentos contra a separação, que por algum motivo, ela já tinha decidido bem antes? Se já decidira isso antes, que motivo a teria levado a isso?
Tudo é possível, inclusive uma paixão acontecida no domingo a tarde, mas que é muito improvável, é! Então, o que poderia ter motivado isso?
06/08
Ontem a noite escrevi uma poesia:
Ah coração coitado
Que têmpera deves ter
Sofredor de tantos choques
Entre alegria e sofrer
Te levam para as alturas
Te jogam num poço fundo
Te queimam com fogo alto
Logo congelam teu mundo
Até quando agüentarás
Essa vida tresloucada
Tu suportarás os golpes
Ou chegará a parada?
Não consigo te ajudar
Já tentei, sabes que sim
Acreditei que pudesse
Não posso, é demais pra mm
Vai seguindo teu caminho
Até onde agüentares
Vou sofrendo tua dor
Amargando teus pesares
Te carreguei na alegria
Delirei com teu calor
Gostaria não estar
Carregando tua dor.
Hoje tive mais uma sinalização de que a racionalidade tem alguma autonomia. Considerei que existe o bem e o mal comandando nossas vidas, sendo que o mal comanda os preconceitos e o pensamento involuntário enquanto o bem comanda a racionalidade. Pensando na separação, tentando adivinhar os motivos reais, me peguei considerando uma afirmação já antiga a respeito do meu relacionamento com a Mari: que entre os valores envolvidos, a amizade era o mais significativo. Ela disse no bilhete de despedida que "Se você quiser, poderemos ser bons amigos". Claro que é difícil acreditar que, considerando o procedimento dela, o conceito de amizade a que se refere no bilhete, seja o mesmo que sempre consideramos. Afinal, não se faz com um amigo o que ela fez comigo. Não é ressentimento, é constatação. Sei que seu conceito de amizade é igual ao meu, enquanto ela tiver liberdade de ação e racionalidade. A questão é que ela está, ou pelo menos parece, impedida de usar a racionalidade.
Se eu puder ter sua amizade verdadeira e sincera, suportar a perda do amor e da mulher será bem mais fácil. Pelo menos é o que acredito.
Fui na Marina, sabendo que a Mari e família tinham ido para a Aparecida do Norte, e pedi-lhe que fosse minha interlocutora junto a Mari, dizendo-lhe que eu precisava falar com ela, acreditando na sua amizade para podermos acertar várias coisas mas, principalmente, para que eu tente descobrir a influência ou não do mistério na sua atitude. A possibilidade de ter sua amizade de imediato me deixou muito animado e esperançoso. Estou relativamente tranqüilo mas, não nego um certo medo de que o mistério apele e impeça que nossa amizade possa desenvolver-se naturalmente, esclarecendo muita coisa. Em fim, é algo que posso tentar, ao invés de ficar chorando e me lamentando. É uma espécie de desafio ao mistério. Vai ser difícil a ela negar meu pedido de conversa, pois ela já disse à Marina que preza muito minha amizade. Isso dificultará que ela se negue a me ouvir. Vejamos o que vai acontecer: se a racionalidade terá lugar, ou se o mistério apelará, impedindo que pelo menos a amizade seja preservada.
Conversando com a Marina e o Nelson, lembrei-me do Tigre. Comecei me referindo ao fim: sua morte.
Lembrei que no dia trinta de dezembro ele me ligou convidando para que eu e a Mari fossemos passar a passagem do ano com ele. Respondi-lhe que não poderia porque estaria de plantão e teria que ficar a postos pra socorrer carros quebrados.
No dia trinta e um de dezembro as cinco e meia da manhã, a Cleide me ligou comunicando a morte do Tigre.
Peguei a Mari, passei na CA, avisei que não poderia trabalhar por estar indo ao velório de um amigo.
Chegamos ao velório municipal de Boituva um pouco antes da chegada do corpo do Tigre. Logo depois trouxeram a última embalagem daquele corpo que tanto sonhara, fantasiara, amara e fôra amado, criticado e odiado; que errara e acertara, que conquistara, cultivara e amara seus amigos.
Coloquei-me ao lado do caixão. fixei o olhar naquele rosto inerte e senti uma revolta imensa. Não pude desfrutar o prazer de aceitar o convite pra passar a mudança do ano com ele, quando conversaríamos muito, lembraríamos de muitas coisas e nos emocionaríamos. Não pude aceitar o convite dele porque o compromisso profissional não aceitaria que eu lhe faltasse para festejar e ter prazer. No entanto, esse mesmo compromisso me liberou sem dificuldade pra estar ali agora, olhando aquele rosto inerte pela última vez!
Por que? Por que? Por que?
Eu, que sou agnóstico,, invoquei Deus e chinguei-o, chamei-o de corno e acusei-o de impiedoso, por ter criado a humanidade, oferecendo prazeres pra, depois, cobrar a conta de maneira tão cruel.
"Deus! seu corno! Com certeza tens motivos pra ter feito as coisas assim. No entanto, não sou obrigado a aceitar coisas que não posso compreender, que não encontro razão que as justifique. Portanto, castigue-me quanto, como, onde e quando quiser, mas registre minha revolta e indignação com toda a força que as provoca."
Que motivos teria o criador, possuidor de tamanha capacidade e poder, pra criar o homem com organismo tão complexo, com possibilidade de memorizar, racionalizar e sentir, pra provocar-lhe sofrimento, usando mecanismos ininteligíveis pra nós? Chego a considerar que, para alguns, o prazer é proporcionado em grande intensidade, com o objetivo de intensificar o sofrimento que será provocado posteriormente.
O Tigre foi vítima dessa aberração!
Faço um paralelo entre minha vida e o voar de paraglider.
A gente vai aprender a voar, começa a conhecer os equipamentos, as técnicas de vôo, tira os pés do chão, sente adrenalina e endorfina inundando nosso ser.
A ansiedade pela espera do primeiro vôo. As histórias de acidentes, os alertas de perigos, tudo encarado como coisas que acontecem com os outros.
Na primeira decolagem pra um vôo de verdade, a adrenalina transborda; durante o vôo a insegurança acentua o medo da altura "Se cair desta altura, tô ferrado!".
O pouso seguro, os pés no chão, nos afoga na endorfina, causando um prazer indiscritível, um orgasmo gigante e duradouro. Logo a seguir nos sentimos superiores, capazes, prontos para vôos audaciosos.
A gente segue voando, curtindo o prazer e, enquanto não tomamos a primeira "fechada", vamos nos sentindo cada vez mais seguros e poderosos.
Engatar térmicas fortes, tomar fechadas, "despencar" em descendentes, alterna prazer e medo. Subidas, "tiradas" longas, "despencadas", colápsos. Alguns voadores pagaram preço muito alto pelo atrevimento: seqüelas e, até, a morte.
A gente escolhe voar. (Será?)
Na vida, acreditamos que temos domínio sobre nós mesmos e, não raro, achamos que podemos dominar outras pessoas e muitas coisas. Alguns acabam descobrindo que não é bem assim. Que a coisa pode ser bem diferente: que não subimos mas, sim, somos carregados para cima; que não descemos, somos derrubados. Que quando nos levam mais alto, é pra aumentar os efeitos da queda.
Será que podemos fazer alguma coisa durante a subida e enquanto estamos nas alturas para impedir a tragédia da queda?
Será possível evitar que alguém decole numa grande "roubada", ajudando-o a encontrar um grande vôo possível, de menor risco? Se ele decolar nessa "roubada", poderá ter sorte, vencer os colápsos, "engatar" uma grande "bolha" e chegar muito alto e longe. No entanto, pode acontecer que eu tenha que chorar a desgraça do amigo.
Onde estou?
Numa oficina reparadora de sonhos ou no velório deles?
06/08
Esperanças sonhadas
Sonhos esperançosos
Paridos, abortados, aprisionados
Crescidos, saudáveis, mórbidos, mortos
Quem somos?
Geradores? parteiros? reparadores?
Carcereiros? alimentadores ou assassinos?
Onde estão os limites?
Entre a coragem e a loucura
Entre a ousadia e o suicídio
Entre a utopia e a realidade
Como conseguir sem tentar?
Como tentar sem poder?
Como saber o poder?
Como poder o saber?
Como realizar a fantasia?
Como fantasiar a realidade?
Matar o sonho
Sonhar a vida
Viver a morte
Morrer de amor.
QUANDO
Quando querer?
Quando sonhar?
Quando partir?
Quando voltar?
Quando avançar?
Quando recuar?
Quando lutar?
Quando fugir?
Quando enfrentar?
Quando mostrar?
Quando esconder?
Quando sorrir?
Quando chorar?
Quando dar?
Quando pedir?
Quando exigir?
Quando negar?
Quando gritar?
Quando calar?
Quando acariciar?
Quando agredir?
Quando partir?
Quando matar?
Quando salvar?
Quando...?
Quando...?
Quando...?
No meio do caminho tinha uma pedra.
Terá sido colocada?
Quem coloca pedras no caminho?
Tropeçaram nela?
Quem?
Por que?
Cadê a pedra?
Quem tirou?
E agora?
Sonhei um sonho sonhado
Vivia uma vida infinita
Nasci nos teus braços
Respirava teus suspiros
Mamava no teu amor
Me embalavas com carinho
Repreendias com perdão
Aprendias com meus passos
Me ensinavas caminhar
Enxugavas o meu pranto
Choravas a minha dor
Apontavas os meus erros
Me cobravas correção
Me afagavas com carinho
Me beijavas com paixão
Me fazias delirar
Me matavas de tesão
Me chamaste com um tranco
Me fizeste acordar
Vi tuas costas indo embora
Vi minha vida despencar!
Talvez seja tarde demais pra mim hoje
Pode ser tarde demais pra você amanhã.
07/08
O tempo depende mais da ansiedade do que do cronômetro
Deixei recado dizendo que: se queria continuar minha amiga, que me procurasse o mais rápido possível, uma vez que, para o estudo que faço sobre o mistério, é importante que o momento seja aproveitado, para que se aproveite ao máximo as sensações, emoções e pensamentos envolvidos. Disse da minha ansiedade, que me faz sofrer, baseada na dúvida, no tamanho da perda.
Ontem seria muito difícil que viesse porque ao voltar de Aparecida já seria tarde e estaria cansada. No entanto, um mínimo de preocupação para comigo, a traria até aqui logo pela manhã.
Não veio nem pela manhã, nem a tarde, nem a noite.
Será que, realmente, ainda me tem amizade?
Se tem, que motivos a impediriam de atender meu chamado?
Se saiu daqui as pressas, sem esperar pra conversar e explicar pessoalmente suas razões ou motivos, é porque isso lhe é muito difícil. Por que?
É provável que considere errado o que está fazendo e não tenha coragem de ser questionada, o que a forçaria a admitir o erro ou ter que apelar, fugindo. Mesmo que inconscientemente, poderá concluir que, se é pra fugir, melhor é não se expor.
A maioria dos que a rodeiam devem estar apoiando e devem temer que uma conversa comigo possa fazê-la voltar atras, o que não deve lhes interessar. Sendo assim, colaborarão para evitar que converse comigo.
Uma possibilidade é que ela esteja sentindo que não suporta mais viver a meu lado, mas não consegue saber o porquê. Ao invés de confessar isso e enfrentar um diálogo, onde poderia encontrar razões e argumentos para o que sente, ou verificar que a solução poderia ser outra. Parece indubitável que a incapacidade de admitir erros é a causa de tal comportamento.
Querer o que não se pode, não querer o que se tem, é o mais normal no ser humano. Parece que esse é um erro que é agravado quando não conseguimos resistir a nossas vontades, ficando incapacitados para racionalizar, analisando possibilidades e riscos, buscando a melhor solução. Infelizmente somos vulneráveis ao mistério, que vive nos preparando armadilhas, sabe-se lá com que objetivos.
No caso dela há um fator que deveria servir-lhe de alerta e fazê-la tomar cuidado redobrado: ela já passou por situações semelhantes e pôde comprovar o quanto essas provocações que a acometem são perniciosas. Por que não admitir a vulnerabilidade e aceitar ajuda?
Por que as pessoas dão tão pouco, ou nenhum, valor ao sofrimento alheio? É comum se condoerem com o sofrimento físico mas não se condoem com o sofrimento emocional. A grande maioria, de uma forma ou outra, já sofreu emocionalmente e teve a oportunidade de comprovar a validade da ajuda ou a tristeza aumentada pela falta dela. A falta de solidariedade é impressionante, principalmente quando ela não exige maiores sacrifícios. A palavra amizade é a mais mal usada do nosso vocabulário! A maioria dos que se dizem amigos, não passam de simples conhecidos.
O amigo corre para ajudar. O conhecido, para se omitir.
07/08
Quando me procuras corro
Pra ti, pra te socorrer
Quando te procuro corres
Pra fugir do meu sofrer
Me dá prazer ajudar
Socorrer as tuas faltas
Me procuras se estou bem
Se estou mal sinto tua falta
Sorte tua que consegues
O remorso não sentir
Abandonando o amigo
Quando algo o ferir
Que bom deitar e dormir
Não pensar no sofrimento
Virar as costas pro amigo
Sem ter arrependimento
Planta e cuida dessa roça
Cultiva o egoísmo
Mas não reclame se outros
Empregarem teu cinismo
Crês em Deus e outros santos
Até cumpres rituais
Mas frente ao semelhante
És pior que os animais.
Não sei qual a pior resposta a um questionamento: se o absurdo ou o silêncio.
O sol se põe no horizonte
Minha esperança também
Ele volta amanhã
E ela, será que vem?
Eu já deveria estar
Afeito a contrariedades
Mas sou burro e continuo
Sofrendo com as maldade
Se um amigo me abandona
Sinto forte e muito fundo
Sinto o frio da sarjeta
Indignação com o mundo
08/08
MARGINAL!
É assim que estou sendo tratado pela Mari e, ao que tudo indica, apoiada, inclusive, pela Marina.
O atrito que houve entre nós na sexta-feira, motivado pela confecção do bolo para o aniversário do Malco, foi uma coisa normal, onde coloquei que era um exagero de bolo para uma festa que eu já achava imerecida. Ela própria concordou e alegou que a culpa era da Maria Lola, que fizera muito mais que o pedido, colocando que, inclusive, faltara manteiga, a que tinha, seria suficiente para o bolo que ela imaginara. Os dois, saímos do banho ressentidos e não nos falamos mais. Durante a noite ela me abraçou e acolhi seu braço, afagando-o contra o peito, como normalmente fazia. No sábado, diante do exagero de comida feita, mostrei no semblante minha revolta mas não disse nada, absolutamente nada. Continuamos sem conversar. No domingo, na hora do almoço, ela me disse que iria sair e perguntou se o passat tinha álcool. Disse que precisava sair antes das duas horas. Me desgostou essa atitude, pelo fato de ela tomar uma decisão de sair em horário sem me consultar se seria conveniente. Eu pretendia ir no Nelson, pedir a camioneta emprestada pra levar as peças do trator, mas pretendia ir mais tarde pois pretendia esperar para ver se o dono da fazenda não apareceria. Perguntei-lhe como eu iria se ela levasse o carro. Ela disse que, então, iria de moto, e ainda perguntou se daria para ir nela sem problemas. Disse-lhe que o único problema era a falta de freio dianteiro. Quando ela se preparava pra sair com a moto, disse-lhe que poderia ir de carro pois eu não iria, bastava que ela pedisse a camioneta ao Nelson e, se ele emprestasse, que a trouxesse. Ela fungou como quem diz: "saco, não sabe o que quer!".
Eu errei ao deixar-me levar pela revolta e questionar, rispidamente, que se ela fosse com o carro eu não teria como sair. Primeiro porque eu poderia ir na moto. Na realidade a contrariedade é que causa isso. Eu poderia ter-lhe colocado que poderia ter-me consultado, o que evitaria mais um problema. O fato é que quando duas pessoas estão revoltadas, uma com a outra, ambos procuram defeitos no outro para espicaça-lo como uma espécie de vingança ou usa isso pra tentar mostrar que o outro é o errado.
Já tivemos atritos, sempre por motivos parecidos, que convenhamos, são pequenos, quando considerarmos tudo de bom que sempre foi nosso relacionamento. Sempre discutimos, sem alteração e ficávamos algum tempo sem conversar, acredito que por dois motivos: para dar tempo a que houvesse reflexão a respeito dos motivos e como uma forma de protesto. Nunca houve a menor violência verbal, muito menos, física. Isso mostra, claramente, que esse não foi o motivo da separação. Quer dizer: violência não pode ter sido o motivo.
O processo começou no domingo, tanto é que, à noite, ela teve insônia, chegando a sair da cama e ir deitar-se na caminha do quarto. Na segunda-feira, quando passei na roça de mandioquinha pra trazê-la pra casa, ela já deveria ter resolvido pela separação, tanto é que foi para casa da Marta, sua mãe e, até, tomou banho lá. Se eu não tivesse ido busca-la, provavelmente ela teria dormido lá. Inclusive, o Chico Bento se ofereceu para trazê-la e ela não aceitou. A Marta teria dito: “Ele é o marido dela, portanto ele é que deve vir busca-la". Não havia qualquer combinação de eu ir busca-la. Quando chegamos em casa, ela demonstrava querer dizer alguma coisa mas eu não facilitei. Na terça-feira me chamou pra conversar e tivemos uma conversa civilizada. Ela se referiu à separação, como solução, logo no início. Falei com toda a calma pois senti a gravidade da situação dela. Recomendei-lhe calma, serenidade, aleguei que o acontecido não era motivo para um atrito maior, que, para nós, que sempre conversamos e conseguimos resolver problemas muito maiores, não poderia ser difícil resolver aquele. Disse-lhe que eu tinha dificuldade de aceitar imbecilidades, principalmente quando praticada por quem tem capacidade suficiente pra não cometê-la, mas que sabia que isso é um problema e aleguei que continuaria tentando me afetar menos por coisas que não concordo. Defendi que o problema poderia parecer maior, em função da rotina a que nosso relacionamento está submetido, embora nem isso seja tão rotina assim. Ela chegou a chorar quando se referiu que a maior perda, pra ela, seria ficar sem minha amizade. Segurei sua mão, nessa hora, e ela não moveu um músculo de retribuição. Pedi-lhe que refletisse, para que conversássemos depois. Perguntei-lhe se queria alguma coisa da cidade e ela disse que não. Despedi-me e fui buscar as peças do trator. Não a beijei pra não forçar a barra e deixa-la a vontade.
Quando voltei, ela havia ido embora deixando um bilhete lacônico.
Como já disse, sempre tivemos um diálogo fácil e sempre resolvemos todo e qualquer problema que apareceu. Portanto não havia motivo para que ela comunicasse sua decisão por bilhete. Poderia ter esperado minha volta, comunicando sua decisão, justificando-a, mostrando-me que isso seria o melhor, dando-me a chance de argumentar a favor da continuidade se sua argumentação me parecesse improcedente. Provavelmente esse foi o motivo da fuga, não poder explicar os motivos e saber que não conseguiria argumentar na defesa de sua decisão.
Fiquei muito triste pela separação e contrariado pela forma como aconteceu. Na quarta-feira, depois de pensar bastante analisando a situação, conclui que só poderia ser coisa do mistério, que agia novamente nela, transtornando-a. No final da tarde fui até a casa do Nelson levar a camioneta, chamei-a na casa da Marta e disse-lhe que eu iria levar o carro (que estava lá) mas que ele, a moto, tudo que há em casa, inclusive eu, estaríamos a sua disposição. Ela disse que o Martim havia dado o dinheiro do cheque e perguntou se deveria deposita-lo. Disse-lhe que não, que precisava pagar a conta da venda e que esse dinheiro poderia ser usado pra isso: pagar contas.
Já não lembro se na quinta ou sexta-feira, ela veio com a Marina, de camioneta, buscar as roupas, mercadorias e uma cômoda. Enquanto ela carregava as coisas, fiquei conversando com a Marina que, em dado momento colocou que não poderia fazer nada a respeito da separação. Na hora não dei maior importância a essa fala. Também não considerei o motivo dela ter vindo com a Mari. Deveria ter percebido que não viera passear, muito menos me ver, pois ela não costuma sair por esses motivos. A Mari poderia ter vindo muito bem sozinha e, não fosse a situação, é o que teria acontecido: a Marina se limitaria a emprestar-lhe a camioneta. Foi o segundo indício de que a Mari estava com medo de mim, de falar comigo.
No sábado, sabendo, pelo Marco, que ela iria pra Aparecida do Norte, aproveitei que ela não estaria no Nelson e fui lá pra conversar com eles. Decidi não ir lá quando a Mari estivesse pra não constragê-la, dar-lhe um tempo sem a minha presença pra que pudesse ter liberdade, não se sentir coagida. Fui com a determinação de pedir à Marina que lhe desse um recado: que se ela quisesse ser minha amiga, me procurasse o mais rápido possível, pois precisava informações dela a respeito do que acontecera, enquanto elas ainda estivessem frescas na memória. Resolvi isso depois de pensar muito e acreditar que o mistério havia preparado tudo. Tinha resolvido desafiar o mistério, encara-lo e acreditava que diante do que tinha analisado, poderia mostrar-lhe essa possibilidade e acreditava conseguir sua colaboração pra investigar isso.
Conversei muito com a Marina e o Nelson, falei-lhes sobre a influência que ela sofre da Marta, Luizinho, Jusco, etc., falei sobre a outra separação, quando ela iria se casar; falei sobre o Tigre, sua morte, nossa amizade. Num ponto da conversa, acredito que perto do começo, a Marina me perguntou se já havia resolvido pra onde eu iria, se não pensara em ir para a Espanha. Disse-lhe que ficaria aqui mesmo, que não pretendia ir embora. Na hora não achei estranho o comentário em que falava sobre minha ida para qualquer outro lugar, como se isso fosse o mais recomendável. Nem dei importância ao detalhe de que haviam conversado sobre isso e que teriam achado que a Espanha poderia ser uma boa. Pedi à Marina que transmitisse o recado à Mari, enfatizando o estudo do mistério, dizendo-lhe que se conseguisse continuar sendo amigo, a perda seria muito menor e, conseqüentemente, o sofrimento também. Reforcei que a urgência se justificava para aproveitar as informações que ela poderia fornecer, antes que perdessem clareza, além de que, a minha ansiedade me faria sofrer até que o encontro acontecesse. Ela se prontificou a transmitir o recado e aconselhou que eu convidasse a Mari para sair, leva-la no Blues bar ou lugar parecido. Recomendou, ainda, que eu deveria escolher o lugar e não pedir a ele que escolhesse. Em tempo, quando lhe perguntei que motivos a Mari alegara para a separação, ela disse que era o cansaço do relacionamento, a falta de sairmos para nos divertir. Mostrou-se animada em transmitir o recado e parecia torcer para que o problema se resolvesse. Enfatizou que a Mari alegara que gostaria de continuar desfrutando de minha amizade e que, portanto, aceitaria meu convite, com certeza.
O Nelson disse que viria em casa no dia seguinte, com o Chico Bento, que talvez o Francis também viesse. Esperei o domingo todo e ninguém apareceu, nem o Marco veio tirar o leite. A decepção foi muito grande, pois considerava certa sua visita e acreditava que o problema seria resolvido. Nem visita nem, muito menos, solução.
Na segunda-feira passei o dia decepcionado mas não foi muito ruim, estava mais ou menos conformado, considerando a influência do mistério. Resolvi ir até o Nelson no final da tarde desejar-lhe boa sorte na operação, que será realizada na quarta-feira.. Claro que vislumbrava a possibilidade de encontrar a Mari e que ela viesse falar comigo. A esperança é uma merda, faz-nos acreditar até em milagres!
No final da tarde fui lá, levando o Marco. A camioneta não estava lá mas a Berlingo estava, com as portas abertas, mostrando que estariam de partida para S.Paulo. Parei o carro e verifiquei que o do Chico Bento estava lá. Fui na casa do Nelson e encontrei o Chico na porta. A Marina saiu logo atras. Perguntei pelo Nelson e ela me informou que ele fora pela manhã pra fazer um exame. Disse que ela iria agora. Me disse para pegar o monitor do computador. Tanto ela como o Chico estavam com caras estranhas mas não notei na hora. A Marina disse que só precisaria se trocar para ir embora. Peguei o monitor (o Chico foi comigo), coloquei no carro, me despedi da Marina e saí. O Chico disse que iria na venda e combinamos nos encontrar lá. Olhei para a casa da Marta e me pareceu ter visto a Mari perto da janela da cozinha.
Fui na venda e fiquei esperando o Chico, que demorou um pouco. Quando chegou, disse que a Mari lhe pedira pra pegar o freezer pois a geladeira da Marta havia quebrado. Que lhe pedira pra pegar o tanquinho também, pois o da Marta estava ruim. Disse-lhe que tudo bem. Ele disse que iria busca-los com o trator do Nelson.
Depois de algum tempo, achei que aquilo não estava certo. Pelo menos para comunicar que pretendia pegar as coisas, ela deveria me procurar e comunicar pessoalmente. Resolvi voltar na Marta e falar com ela. Disse isso ao Chico e ele, sem jeito, disse que ela fôra para São Paulo com a Marina. Foi aí que percebi, como numa explosão, que estava sendo tratado como Marginal, bandido, em fim, alguém que oferece grande perigo. Disse ao Chico que dissesse à Marta que só permitiria a retirada das coisas depois que a Mari viesse falar comigo. Vim para casa transtornado de revolta, começaram a saltar aos olhos as evidências do que acabara de identificar, inclusive que é bem provável que a Mari estivesse na casa da Marina quando cheguei e que tivesse se escondido lá dentro, com medo de cruzar comigo. A revolta foi muito grande, enorme, aproveitei que estava sozinho e gritei, esbravejei, tentando expulsar aquela coisa ruim que estava sentindo.
Uma das coisas que sempre mais me revoltaram é a injustiça e eu estava sendo vítima disso, violentamente, como se oferecesse eminente perigo a integridade de alguém. No entanto, garanto que em nenhum momento senti vontade de agredir ninguém. É estranho pois, pelo menos na vontade, deveria ter desejado bater em alguém, esmurrar, talvez, até, matar. Mas não, só me deu vontade de gritar minha revolta, indignação, inconformismo com tamanha injustiça.
Como uma coisa dessas pode ter acontecido? Que mínimo motivo poderia justificar que estejam fazendo isso comigo? A Mari já teve prova mais que suficiente da minha não agressividade. Nunca dei o menor motivo para que pudesse ser considerado violento, vingativo, em fim, que pudesse representar qualquer perigo para ela, ou para quem quer que fosse. Para a Marina, essa certeza já não deveria existir. Ela tem uma idéia a meu respeito que bem poderia indicar-lhe a possibilidade de uma reação violenta, principalmente se ela considerasse o tamanho da perda que eu estava tendo. Tanto ela como o Nelson nunca gastaram tempo para me ver como realmente sou, sempre preferiram me ver como imaginam, meio louco, aventureiro, capaz das coisas mais malucas. Acreditam que posso ser bravo, destemido e, provavelmente, capaz de agredir violentamente. Não é difícil que tenham considerado a possibilidade de que eu reagisse violentamente à separação. Construíram a agressividade em sua fantasia e começaram a articular maneiras de evita-la, aconselhando a Mari a evitar-me. Claro que essa é somente uma possibilidade, porém, não seria absurdo que tivesse acontecido. Acreditariam que estariam protegendo a ela e a mim, que estariam nos fazendo um grande bem, evitando agressividade.
Mesmo que fosse verdade, isso não isenta a Mari de culpa, pois ela tem motivos mais que suficientes pra acreditar que eu seria incapaz de agredi-la. Mas considerando a confusão mental por que está passando, não duvido que embarcasse nessa fantasia e aproveitasse para me evitar, livrando-se, assim, da minha verdadeira agressividade que são os argumentos e, dependendo da situação e esta é uma delas, podem causar dor maior que qualquer agressão física, por maior que esta possa ser.
A fantasia do Nelson e da Marina como desencadeadora de medo não seria absurda, embora, como já coloquei, poderia ser totalmente desconsiderada pela Mari, que tem elementos mais que suficientes p\ra saber que isso só poderia acontecer em fantasia. A base do problema continua totalmente misteriosa, qual o verdadeiro motivo da separação?
Término do amor seria um motivo para lá de justo para a separação, afinal de contas eu e a Mari abordamos essa possibilidade inúmeras vezes e sempre a consideramos como possível e que, nesse caso, não deixaríamos que isso afetasse nossa amizade, que sempre consideramos de valor inestimável. Aparentemente esse não é o motivo, pois até na sexta-feira, ela ainda me abraçou, mesmo que não estivéssemos nos falando, o que indica que, pelo menos até ali, eu não lhe era repulsivo. Certificar-se do fim de um amor deve levar mais tempo que três dias. Como já disse, esse não seria motivo para provocar o desfecho acontecido, principalmente, por essa possibilidade já ter sido considerado muitas vezes por nós.
É bem possível que várias pessoas tenham-na provocado a se separar de mim, não descarto essa possibilidade mas, acreditar que isso tenha sido a causa, seria considerar que a Mari fosse uma perfeita idiota, capaz de abandonar um relacionamento bom, com mínimo de problemas, desconsiderando tudo o que conhece de mim e de nós para seguir conselhos de pessoas que sabe de baixa qualidade mental, sem capacidade para entender nosso caso, coisa que também abordamos inúmeras vezes e concordamos que deveríamos compreendê-las, pois sua carga de preconceitos e falta de uso da inteligência, não lhes permite ter outro conceito. Eles, principalmente, não tiveram a sorte de viver um amor assim, por isso não tem como avaliar o que pode significar uma perda dessas. Mas, a questão principal continua de pé, o que teria provocado essa separação?
Embora tenha quase certeza que o mistério está envolvido nisso e que seu poder é muito maior que a capacidade da maioria das pessoas; vou continuar tentando descobrir.
09/08
Ontem, ao terminar o texto acima, eu estava bem mais tranqüilo, por compreender razoavelmente que o mistério tramava contra mim e que era preciso ter paciência para esperar o desenrolar dos fatos. Deitei e assisti televisão, até o início da madrugada e acabei dormindo. Acordei enquanto passava um filme nacional com Oscarito e Grande Otelo. O estômago doía um pouco, fui ao banheiro e voltei a dormir depois de assistir um bom pedaço do filme. Acordei mais algumas vezes para ir ao banheiro, dormindo aos pedaços. Por volta das quatro horas da manhã, acordei atormentado pelo mesmo fantasma: estar sendo considerado um marginal ou monstro. O fato da Marina estar apoiando tal procedimento, me incomodava muito. Mesmo considerando sua fantasia a meu respeito, me considerando meio louco, o que pode levar a imaginar que eu seja capaz de qualquer loucura, principalmente em se tratando de uma perda da dimensão da que eu sofrera. Intercalando com essa obsessão, vinha-me à mente o fato da Mari ter pedido para o Chico vir buscar o freezer e o tanquinho, dizendo-lhe que depois falaria comigo. Que diabo! Parece que ela está querendo ir tirando as coisas aos poucos, ao invés de vir conversar e requerer o que pretende levar, por direito, sem armações. A alegação de que a geladeira da Marta quebrara, assim como o tanquinho, é me considerar um idiota, um verdadeiro louco como, ao que parece, estão me classificando. Não consegui mais dormir, embora tenha me esforçado para considerar que aquilo não passava da atuação do pensamento involuntário, tentando atormentar-me. Não adiantou, a revolta continuou a me atormentar e, naquele torpor, comecei a pensar que poderia estar ficando louco mesmo. Resolvi levantar e copiar para o caderno o texto acima, ocupando-me para tentar me livrar daquela sensação ruim.
Depois de tratar os porcos e galinhas, por volta das oito horas da manhã, peguei uma foice e subi até a chave de arame que dá acesso ao sítio onde trabalha o Chico Bento, onde ele disse, ontem, que estaria trabalhando hoje. Enquanto ele não chegava, rocei na estrada, por onde chegara até ali.
Quando o Chico chegou, conversei com ele, desabafando o que estava sentindo e ele me disse coisas importantes para evitar que eu continuasse a fazer conjecturas irreais. Disse que ele não sabia que a Mari iria com a Marina para São Paulo ontem, até a hora delas saírem. Que na hora que eu cheguei lá, a Mari estava na Marta e não na Marina, que a Mari dissera que voltaria quarta-feira e que me procuraria nesse dia ou na quinta-feira. Conversamos bastante e saí de lá bem mais aliviado. Voltei roçando a estrada.
Durante a tarde continuei transcrevendo o texto acima, terminando por volta das sete da noite.
Passei a tarde bastante calmo, por sentir uma possibilidade de que o problema possa ser resolvido favoravelmente para o bem de nós dois. Me fixei na possível motivação para a separação, considerando um conjunto de fatores que propiciariam que aquilo tivesse acontecido.
VONTADE INCONTROLADA: Em determinados momentos e situações, ela tem imensa dificuldade de se opor a sua vontade. Funciona mais ou menos como a dependência, que não permite ao indivíduo deixar de usar drogas, álcool, jogo, consumo, etc.. Muitos dependentes que conheci, reconheciam o mal que a dependência lhes causava, perdas muito grandes, físicas, afetivas, morais, etc. Demonstravam racionalmente ter plena consciência do que sofriam por causa dela. No entanto, na primeira oportunidade se deixavam arrastar, não conseguindo resistir, nem aplicar a lógica que mostrava o quanto aquilo os prejudicaria. Há os casos dos cleptomaníacos, Eles não resistem a tentação de roubar em ocasiões que independem de sua vontade. Será que a vontade pode causar efeitos como os citados? Eu tenho uma vontade muito forte e, se puder, procuro satisfazê-la. No entanto, se a análise mostrar que o custo pode ser muito maior que o benefício, domino-a e não a satisfaço, por mais difícil que isso seja. Será que para algumas pessoas isso é impossível? Ela “desconfiava” (tinha desejos) com relativa facilidade quando criança e, até, na adolescência e juventude. Seria um indicativo de problema mais sério, de maior dificuldade para essas pessoas se oporem a sua vontade? Será impossível conseguir isso? A impossibilidade de fazer o que quer ou, mesmo fazendo, sendo criticado sem possibilidade de argumentar pra se defender das críticas, poderá causar um mal estar, mais ou menos como a "desconfiança" (desejo compulsivo, gerando mnal estar físico, se não satisfeito) em crianças ou adultos. Eu, que me lembre, nunca fiquei "desconfiado", pode ser que por isso resista a minhas vontades sem grande problema, a não ser pequenas contrariedades. É possível que haja uma dependência muito forte da vontade sobre alguns indivíduos, mas, também é possível que não passe de simples acomodação, isto é: o indivíduo, por comodismo, se entrega e não faz nada pra resistir a suas vontades. O que indica isso é que vontades que ele sabe impossíveis de satisfazer, não lhe causam nenhum mal maior.
FACILIDADE INCIAL: Uma coisa que afeta grande parte das pessoas é a tendência pela facilidade inicial, sem analisar se aquilo é o mais conveniente. Deixam-se dominar por ela e acabam pagando caro por isso. É o caso de alguém andando no mato. Ao verificar que há um morro à frente, desvia sem analisar e verificar possibilidades, procurando caminho mais plano. Ao continuar na caminhada, se mete num brejo intransponível. Tem que voltar molhado e cheio de barro, retomando o caminho pelo morro, por ser a opção, se não a melhor, pelo menos a menos ruim. É claro que devemos procurar sempre o melhor e da maneira mais fácil, pois se contentar com o ruim e difícil de conseguir, é burrice. Só que o mais fácil, nem sempre é todo fácil, exigindo o vencimento de algumas dificuldades que propiciarão o mais fácil no todo. Pular um muro pode economizar uma boa caminhada, desde que não haja um enorme cachorro do outro lado. Quem não analisa na busca do melhor e mais fácil, corre grande risco de conseguir o inverso do que pretendia.
PREGUIÇA MENTAL: Outro fator que causa grandes problemas às pessoas é a preguiça mental. Somos afetados por emoções pensamentos involuntários que independem de nossa vontade. Evita-los é praticamente muito difícil, pode-se até dizer que é impossível. No entanto, uma coisa que parece disponível para nós é a racionalidade e a memória. A memória nos permite acessar o passado. A racionalidade nos permite analisar dados.
Os problemas podem surgir independente de nossa vontade, ou ser provocados por nós. Há problemas que não nos afetam diretamente, mas que nos propomos resolvê-los por que somos pagos para isso ou por solidariedade. Outros nos afetam diretamente, causando-nos algum tipo de mal. Enquanto não forem resolvidos, esses problemas continuarão a nos prejudicar. O problema pode ser escolher que tipo de roupa vamos usar numa determinada ocasião. Pode ser que decidimos tomar banho, pelados em um rio e, ao sair da água, notamos que todas nossas roupas foram roubadas. No primeiro caso, o problema é escolher entre as roupas que temos a que seria mais adequada ao momento. No segundo, o problema é como faremos pra conseguir algo que nos cubra até que consigamos encontrar uma roupa. Nos dois casos o problema se refere a roupa, mas cada um tem dados diferentes e exige soluções diferentes. Acredito que a inteligência existe em todas as pessoas, só que alguns a usam e outros não. Há um ditado que diz: quando a cabeça não pensa, o corpo padece. Eu acrescentaria o sofrimento do emocional que, as vezes, pode ser maior que o sofrimento físico.
A utilidade da inteligência é a solução de problemas. Quem a usa pode, além de resolver problemas, evitar que eles cheguem a acontecer. A preguiça mental pode custar muito caro!
DIFICULDADE PRA ADMITIR OS PRÓPRIOS ERROS: Ninguém gosta de erros. Os erros são causadores de prejuízos de toda ordem. Temos muita facilidade pra acusar erros alheios, critica-los e, normalmente fazemos isso com muita facilidade. O erro é, normalmente, associado à incapacidade de quem o comete, portanto, errar é sinônimo de incapacidade. Ninguém gosta ser considerado incapaz, nem mesmo os mais incapacitados. Isso tem causado a dificuldade das pessoas conviverem com seus erros, pois isso é considerado como sinônimo de incapacidade e ninguém quer sê-lo. O ser humano é falível por natureza, pois ninguém tem tanta capacidade que possa viver sem cometer erros. Dificilmente alguém considera que o erro, muitas vezes, está no caminho do acerto. Muitos acertos só foram conseguidos após inúmeros erros em tentativas fracassadas até que o acerto acontecesse. No entanto, dificilmente isso é visto por esse lado. O comum é que o erro só seja motivo de crítica, de acusação, de defeito. Como as pessoas estão acostumadas a não poupar críticas a quem erra, tem um medo terrível de errar, sabedoras que terão que suportar duras críticas e se sentirão menosprezados, diminuídos, incapazes. Como não é possível viver sem errar, as pessoas fazem o possível para que seus erros não sejam conhecidos, tentando de todas as maneiras oculta-lo, sem perceber que o prejuízo pode ser bem maior que as conseqüências do próprio erro. Se a intenção é acertar, o indivíduo não é prepotente e está aberto ao aprendizado, não tem porque ter vergonha de errar, bastando que aprenda com o erro e esteja disposto a corrigi-lo, quando possível. A não admissão de erros, normalmente, é causa de outros erros. Ërrar é humano" não aprender com eles é burrice!
IDOLATRIA: A idolatria tem sido causa de muitos problemas. Ela é salutar quando construtiva. O ídolo tende a provocar seguidores. Se ele for bom provocará a multiplicação da bondade mas se for ruim provocará sua multiplicação também. Considero a moda uma espécie de idolatria por causar seguidores. Da mesma maneira, se for boa provocará bons resultados, no entanto, se for ruim arrastará muitos para esse caminho também.
Nesta vida dificilmente alguma coisa é perfeita e os ídolos e moda não fogem a regra. Quando o ídolo for um cantor, por exemplo, ele normalmente terá atingido essa condição por cantar bem, ter boa presença, etc. No entanto ele pode ser um tremendo mau caráter. Uma coisa não anula a outra, ele será um bom cantor e mau caráter. O fato de ser mau carater não anulará sua qualidade de bom cantor, assim como sua qualidade não anulará seu mau caratismo. Se alguém se torna seu fã por causa da sua qualidade como cantor, admira-lo e procurar imita-lo, poderá cantar suas músicas, se sentir feliz e, talvez, até promover a felicidade de outras pessoas. Porém se a idolatria for cega e ele não tiver capacidade pra discernir o que é bom e ruim, tentará imitar o ídolo inclusive no seu mau caratismo.
PREPOTÊNCIA: Ela é o inverso da humildade que é o reconhecimento pelo ser humano dos seus limites e falibilidade. O prepotente tende a acreditar que sabe e pode muito além do seu conhecimento e capacidade. O prepotente vive errando e repetindo os erros porque se mete a fazer o que não sabe e repete os erros porque não reconhecendo que não sabe, não aprende, nem com os próprios erros.
EGOISMO: Ele é a ambição do ser humano de querer o máximo pra si sem se importar com os outros. É o contrário da solidariedade, onde a preocupação com o semelhante pode superar o próprio interesse.
As características acima são grandes causas de problemas para o ser humano. Isoladamente qualquer uma delas é bastante danosa, no entanto, dificilmente as encontraremos isoladas nos indivíduos; acontecem em grupo e, não raro, estão todas juntas em uma única pessoa. Carregar essas características não é exclusividade de pessoas consideras ruins, elas estão presentes em todos os indivíduos, pelo menos algumas delas. A diferença está no controle que o indivíduo tem sobre a ação delas.
Exemplos concretos são uma boa maneira de analisarmos como elas agem nos indivíduos.
Por que as pessoas mentem?
Mente-se para ganhar ou para deixar de perder,. Pode ser que existam outros motivos mas, aparentemente, na maioria dos casos, essas causas estão presentes. Muitos vendedores mentem para ganhar dinheiro. Empregados mentem por medo de perder o emprego. Homens mentem por medo de perder a mulher e a mulher por medo de perder o homem. Existem pessoas que mentem para ganhar confiança (por incrível que pareça) e outras que mentem para não perdê-la. Há os que mentem para ganhar admiração, outros para não perdê-la. Analise mentirosos e suas mentiras e veja, se por trás dos motivos aparentes, não estão as causas citadas.
Um motivo forte, para a mentira, é a intenção de ganhar o direito de falar e ser ouvido, além de pretender ganhar reconhecimento de qualidades que não tem. É bastante comum a mentira com a intenção de obter reconhecimento, admiração, em fim, satisfação da vaidade. Muitos dos que mentem por esse motivo, o fazem por preguiça de conseguir o reconhecimento através de trabalho, estudo, dedicação, coragem, etc. o que lhes propiciaria reconhecimento merecido. O Petro chegou aqui no Matol, pra morar conosco e, em menos de quinze dias, já tinha a fama de mentiroso. Quando foi por dois dias pra trabalhar no Aurélio Ramalho, levando marmita e procedendo normalmente como qualquer trabalhador que vai ao trabalho, voltando sem ter trabalhado; mentiu para não perder o reconhecimento de bom trabalhador que pretendia ostentar. A preguiça mental o impediu de perceber que sua interpretação seria descoberta muito rápido, pois ela mesma impediu que construísse um argumento mais convincente. Como eu lhe disse, ele construiu a fama de mentiroso com muita facilidade e rapidez, no entanto, se pretender se corrigir e reconquistar a credibilidade, terá que ter muita paciência, só dizer a verdade, enfrentar a desconfiança, agüentar muita humilhação, durante muito tempo e, mesmo assim, sempre haverá quem se refira ao passado para continuar classificando-o de mentiroso. O que ele ganhou com as mentiras que contou? Antes delas ele tinha credibilidade, de graça, sem ter que fazer nada para ganha-la. Perdeu-a por quase nada e, se quiser reconquista-la, pagará alto preço.
Hoje pedi ao Marco que desse milho aos porcos. Eu já lhe havia dito, outro dia, que desse uma espiga para cada um dos leitões e duas para cada uma das porcas. Quando ele foi fazer isso hoje, fiquei observando-o e quando se dirigiu ao chiqueiro fui atras dele. Ele levara algumas espigas e um saco com milho debulhado. Perguntei-lhe por que havia levado o milho debulhado quando a recomendação fôra de só dar espigas, ele respondeu que ele debulhara o milho. No tempo que ele ficara no quartinho. onde está guardado o milho, não fora suficiente nem pra debulhar uma espiga, quanto menos para debulhar a quantidade que estava no saco, que correspondia a, pelo menos, umas vinte espigas. Além disso, como eu estou tratando das galinhas pela manhã, vejo todo o dia esse saquinho que ele levara, com a quantidade que tinha naquele momento. Mostrei-lhe que mentia deslavadamente e perguntei-lhe o porquê. Ele ainda quis argumentar que era verdade, mesmo diante da impossibilidade tão escancarada que eu mostrava. Quando insisti pra que me dissesse o motivo da mentira, disse que: "porque sim". Perguntei-lhe o porquê de ele insistir em fazer o que quer ao invés de cumprir as ordens recebidas e, claro, não respondeu. Ele demonstra prepotência ao acreditar saber o que é melhor e não considera os ensinamentos recebidos. Também não domina sua vontade e a satisfaz mesmo sabendo que sofrerá humilhação. Economiza ao máximo a inteligência e não a usa nem para mentir com um mínimo de coerência. O que ele ganha com essas atitudes? Absolutamente nada! A não ser humilhação, descrédito e revolta contra si. Ele não poderá alegar desconhecimento, pois venho alertando-o há muito tempo. Que futuro poderá ter se continuar assim?
Vou analisar a separação entre eu e a Mari, na tentativa de encontrar os motivos que a teriam provocado.
Ela demonstrou insatisfação e, ao que tudo indica medo de mim.
O que teria provocado isso? As causas de nossas desavenças, até aqui, foram a influência que ela sofre da Marta, Luizinho, e Jusco; sua dificuldade em controlar sua vontade, a preguiça mental e a injustiça no seu comportamento no trato da espera. Pelo meu lado, o relaxamento com as coisas (ferramentas, utensílios, etc.), o fumar no banheiro, o não ter cumprido ainda as promessas de leva-la ao Rio de Janeiro e playcenter e, principalmente, as eventuais críticas que lhe faço, que não são freqüentes e que só acontecem nas raras ocasiões que ela dá motivos para isso.
O atrito causado pela festa de aniversário do Marco, não me parece ter sido motivo que justifique atitude tão drástica. Dá a impressão de ser a gota de água que provoca o transbordamento do copo. Até ali, nada indicava que uma crise estivesse na eminência de acontecer. Eu tenho feito críticas com mais constância por dois motivos: pela existência de motivos (a meu ver) e pela intimidade e rotina que fazem com que nos descuidemos do tato que muitas questões exigem no seu trato. As críticas que tenho feito ou são reconhecidas como procedentes por ela ou ela foge de argumentar em sua defesa, demonstrando preguiça mental. Por exemplo, quando a critiquei por usar dois pesos e duas medidas quando se trata de esperar um pelo outro e usei o exemplo de quando ela teve que me esperar enquanto eu ia a ferro-velhos a procura de materiais, ela alegou como justificativa a última vez que isso aconteceu, quando havíamos saído da casa do Nelson, indo pra casa do Gonzalo e, no caminho eu disse a ela que iria passar no ferro-velho. Ela alegou que o motivo de sua pergunta a respeito de se iria demorar, se deveu a que se fosse demorado, ela ficaria na casa do Gonzalo, evitando ter que esperar. Nesse caso, o argumento é mais que justo. No entanto, não foi a esse dia que me referi e sim em outras vezes que, por menos que eu demorasse, provocava nela grande descontentamento. O ferro-velho é um dos exemplos que peguei pra argumentar mas sua inquietação para me esperar é evidente em inúmeros ocasiões. Nas rampas de vôo, quando estamos com amigos meus que não são de grande agrado para ela, etc. Em contrapartida, não demonstra a menor preocupação quando se trata de eu espera-la, o que também é evidente. A evidência disso poderia ser constatada se combinássemos em anotar toda vez que isso acontecesse, o que poderia demonstrar a verdade (dela ou minha) e, a partir disso, tentarmos resolver o problema. É claro que ninguém gosta de esperar, só que sempre haverá ocasiões que isso será inevitável e quem tiver que fazê-lo levará em conta a necessidade e procurará ser afetado o mínimo possível. Para que isso aconteça é fundamental que haja justiça.
Ela tem dificuldade bastante grande de receber críticas e sofre bastante quando isso acontece, principalmente quando são fundadas. No entanto, não se esforça para corrigir as causas que motivam essas críticas, tanto é que os motivos que tive para critica-la, sempre foram em número muito pequeno. Ela erra muito pouco, o problema é que não percebo empenho em corrigir esses poucos problemas, o que provoca seguidas repetições.
Um dos erros que tenho acusado com freqüência é seu mau comportamento em relação à sua família, principalmente, sua mãe; deixando de agir com críticas e sugestões e procurando castigar a repetitividade dos erros. Ao invés disso, age coniventemente dando a impressão de apoiar o que, seguramente, não concorda. Essa é a má influência a que me refiro que ela sofre e que não consegue evitar. O aceitar passivamente os erros, além de não contribuir para sua correção, da a impressão, a quem errou, que agiu acertadamente, negando-lhe a possibilidade de evitar o mesmo erro no futuro. Sei que isso não é fácil de ser feito porque irrita a quem age criticamente e, mais ainda, a quem merece as críticas. Tanto é que, ao que tudo indica até aqui, a principal causa da separação entre a Mari e eu foi essa.
Seria certo eu procurar uma maneira de não ser afetado por esses erros e desconsidera-los para evitar atritos e suas conseqüências?
Considero esse um comportamento irresponsável, porque impede que o autor perceba que errou, propiciando que a repetição aconteça. Tudo que merece crítica causa prejuízos. A repetição continua causando prejuízos e tende a aumenta-los. Portanto, reconhecendo que o erro existe, que podemos ajudar, pelo menos, acusando-o, e deixar de fazê-lo só para evitar atritos, é irresponsabilidade sim. Não estou aqui defendendo exagero nem nas críticas, nem nas atitudes, pois isso costuma provocar efeito negativo, o que defendo é a acusação comedida e a punição sem exagero. Minha punição mais freqüente é o silêncio acusador, que acusa meu protesto. Para muitas pessoas, inclusive a Mari, essa parece ser uma punição significativamente sentida. O problema é que, a revolta contra a crítica e a eventual punição, podem gerar revolta contra nós, que passamos de vítima a réu, sendo castigados ao invés de receber agradecimento pelo serviço prestado! Com certeza é muito mais cômodo aprender a conviver com os erros e evitar atritos, do que tomar atitudes responsáveis. Quem age assim, é considerado "bonzinho", compreensivo, legal. Quem não se exime da responsabilidade, é chato, inconveniente, insuportável e outros adjetivos nada lisonjeiros.
As críticas que tenho feito à Mari, não tem sido motivadas simplesmente porque quero assumir a responsabilidade de contribuir para que erros aconteçam; tem como objetivo principal o seu crescimento como pessoa, que lhe propicie, cada vez mais, reconhecimento de suas qualidades, que são muitas e que acabam ofuscadas por esses erros, que são em quantidade pequena mas de valor significativo. Volto a insistir que não pretendo sugerir atitudes rígidas, muito menos exageros; o que defendo é a tomada de atitudes moderadas pela sensibilidade, que deve sentir em cada ocasião a intensidade da ação que devemos assumir. É como na educação de crianças. Não conheço uma fórmula mágica que informe o que deve ser feito para corrigir seus erros. No entanto, acredito que eles não podem ser desconsiderados pois, isso, além de não possibilitar qualquer tipo de correção, possibilitará a repetição. Acusar o erro e tentar mostrar à criança porque aquilo é errado e mostrar-lhe o que deve fazer para não repetir o erro, pode surtir resultado. Se não surtir, apela-se para um castigo; se isto também não surtir efeito, apela-se para castigo físico, que não é o ideal mas é o que está a nosso alcance na tentativa de conseguir a devida correção. Se essa seqüência de atitudes não der resultado, teremos a consciência de haver tentado, admitindo que fomos incapazes de resolver o problema mas não fomos omissos, nem irresponsáveis.
Acredito que as críticas tem uma influência muito grande no desagrado da Mari contra mim. Se não as tivesse feito, o desfecho poderia ter demorado mais tempo pra acontecer. Ou será que não chegaria a acontecer? No entanto, acho impossível deixar de notar que esses erros acontecem, o que acabaria provocando a diminuição do respeito que lhe dedico, podendo chegar ao ponto de acabar com ele, o que acabaria com o valor do relacionamento, que poderia terminar pior do que terminou. Deixado de lado o amor e a amizade, o respeito e o orgulho que tenho por suas qualidades é o maior valor do nosso relacionamento. Se isso deixar de existir, ela passará a ser considerada uma pessoa comum e não sei dizer por quanto tempo o amor e a amizade resistiriam sozinhos.
Na conversa que tivemos no dia que ela foi embora, me parece que ela se referiu a insatisfação causada por se sentir impossibilitada de realizar ou tentar, alguma coisa. Eu esperava poder questioná-la sobre isso numa conversa posterior, que acabou não acontecendo, por isso, não tenho certeza se foi a isso mesmo que ela se referiu. É normal que sintamos algo assim, principalmente quando temos grande desejo de realizações e temos que nos contentar com coisas que não são plenamente satisfatórias. Pode ser que essas realizações pretendidas não sejam claras, nem saibamos realmente o que seria. Sentimos necessidade delas. Acho que o que motiva isso é a necessidade que sentimos de reconhecimento, de elogios, de admiração. Claro que ser reconhecido, admirado e receber elogios, é extremamente gratificante, propicia grande prazer, nos enche de orgulho, em fim, é bom demais! No entanto, para merecermos isso, é necessário que realizemos algo admirável, que provoque nos outros essas manifestações. Para tanto, não basta querer, é preciso realizar, conquistar e, isso, exige muito mais que vontade, querer. Ter vontade e querer, é só o início do começo, são indispensáveis para que se tente alguma coisa mas, é só isso. O resultado final exige muita capacidade para identificar o que poderia propiciar o que se quer, análise da melhor maneira de consegui-lo, conseguir o que for necessário, trabalhar, estudar, ter paciência para esperar o tempo necessário, empenhar-se com afinco, enfrentar dificuldades. Afinal, não se consegue reconhecimento, admiração, nem se recebe elogios por coisas simples. Para conseguir isso, é preciso fazer algo excepcional, fora do comum, que não esteja ao alcance de qualquer um. É evidente que não basta querer! No entanto, considero normal sentir a necessidade e a insatisfação que isso possa causar.
Em Campo Grande a Mari conseguiu isso, na escola: admiração, elogios e o devido reconhecimento e ela sabe que isso lhe custou muito trabalho, dedicação, empenho, brigas, incompreensões e outras dificuldades. Ela teve capacidade de superar tudo isso e não há quem possa questionar o merecimento de tudo o que recebeu. É assim que se conquista sucesso: realizando. Se ela tivesse me dito que estava com esse sentimento, teríamos conversado sobre isso e procuraríamos alguma maneira de resolver o problema. E ela deve saber que eu faria o possível pra ajuda-la a conseguir. Ela pôde comprovar o quanto me orgulha seu sucesso, demonstrado em várias ocasiões.
Além de tudo o que já conversamos sobre amizade, ela tem elementos mais que suficientes pra saber o valor que dou à amizade e do que sou capaz de fazer pelos amigos. Já tive oportunidade de demonstrar a ela própria minha capacidade de sacrifícios pelos amigos. Ela não tem qualquer motivo para duvidar da minha dedicação aos amigos. Também não tem motivo pra duvidar da amizade que lhe dedico. Por que teria desprezado tudo isso, comportando-se como se comportou, negando-se a conversar, explicar as razões que a levaram a tomar tal atitude, negar-me o direito de defesa, até de pedir desculpas, se fosse o caso?
Ela sabe que o término do amor por mim, não seria motivo para nos afastar, que sobraria a amizade, suficiente pra superar toda e qualquer dificuldade. Ela desconsiderou tudo isso e foi além: se comportou como se eu fosse uma ameaça grande e eminente, que pudesse prejudica-la, causar-lhe mal. Demonstrou isso ao deixar um bilhete ao invés de comunicar-me sua decisão em uma conversa; ao fazer-se acompanhar da Marina quando veio buscar suas coisas, ao negar-se a atender meu pedido pra uma conversa no domingo, ao ir para São Paulo desconsiderando a necessidade que demonstrei em precisar conversar com ela, Ao pedir para o Chico Bento vir buscar freezer e tanquinho, evitando falar comigo até para comunicar que queria levar essas coisas. Que motivos ela tem para considerar-me perigoso? Será que o medo é de agressão física? Ou será medo de não ter respostas aos questionamentos que eu, seguramente, faria? De ter que admitir que o amor por mim terminou e que a amizade que sempre disse me ter é mentira e que lhe sou repugnante; que é um grande sacrifício estar perto de mim? Isso seria motivo suficiente para me tratar como tratou e justificaria sua atitude.
Acreditar que ela tenha agido assim por influência de quem quer que seja, é desconsiderar totalmente sua capacidade, considerando-a uma perfeita imbecil. A única influência que admito é do mistério que por ser desconhecido pode ser responsável por qualquer coisa. Sem dúvida que, influência de pessoas contribuem em julgamentos e decisões, mas não é admissível que ela seja fundamental e motivo suficiente para que alguém, com um mínimo de capacidade, decida e aja, desconsiderando o conhecimento que ela própria tem. Acredito que opiniões favoráveis ao comportamento que ela teve, não faltaram. Mas daí a acreditar que isso tenha sido fundamental na decisão, é inadmissível e seria a maior ofensa que ela poderia receber.
Ela poderá alegar que agiu assim para me proteger, argumentando, por exemplo, que deixou de me amar e que ao confessar isso me causaria um grande sofrimento. Que considera seu comportamento prejudicial a mim e que agira assim para me proteger. Isso seria de tamanha prepotência, que a desclassificaria mais que a admissão de agir por influência de terceiros. E por que? Porque ela sabe, tem elementos para ter certeza disso, que não há mal maior que perdê-la, principalmente da maneira que aconteceu. Digo que essa hipótese seria a pior das piores, a maior aberração de que já tive conhecimento. Na vida, considero que qualquer coisa é possível mas considero que essa hipótese é impossível de ser considerada, tamanho seu absurdo!
Pra piorar as coisas, admitindo que ela possa refletir e admitir que errou, poderá ser impedida pelo orgulho, de admitir isso e, conseqüentemente, ficar impossibilitada de voltar atras e corrigir o erro cometido, perpetuando as conseqüências: prejuízos e sofrimento.
11/08
O que eu fiz pra merecer o tratamento que você vem me dedicando?
Quais os motivos que te levaram a decidir pela separação?
Que projeto você tem pra realizar o que não conseguiu realizar comigo?
Acredita que sem mim terá mais facilidades pra crescer como pessoa e profissionalmente?
À noite
Os textos acima demonstram minha angústia, preocupação, revolta, em fim, tristeza e inconformismo com os últimos acontecimentos, que se seguiram à separação. No final da tarde me aprontei para ir na Marta, onde, acreditava, a Mari estivesse, uma vez que ela ficara de voltar hoje, de São Paulo. Enquanto me aprontava, inclusive, escrevendo as perguntas acima pra coloca-las a ela, me bateu a possibilidade de que ela simplesmente se negasse a conversar, o que impediria totalmente qualquer possibilidade de esclarecimento. Essa possibilidade me deu arrepios e lembro que voltei a tê-los na passagem da porteira da fazenda.
Ao chegar na Marta, ela me disse que a Mari tinha ligado dizendo que não voltaria mais e que estava em Cambraia, onde arrumara emprego e começaria a trabalhar amanhã. Me mandou recado de que eu fizesse o que quisesse com as coisas, pois ela não voltaria mais.
Está claramente configurada a excepcionalidade da situação. É uma verdadeira loucura, uma vez que as atitudes dela, desde a segunda feira passada e que culminaram com esta última, não se enquadram em qualquer lógica. Estou convencido que é uma doença mental, cuja causa pode ser o mistério, que não teria a possibilidade de ser diagnosticada em exames psicológicos ou psiquiátricos. Esse acontecimento, por incrível que pareça, me deixou mais aliviado, porque demonstrou, a mim, que não adianta buscar na racionalidade as causas que provocaram esses tristes acontecimentos. Acredito que daqui para frente, a ação deve ser no sentido de tentar preserva-la no período em que esse estado permanecer, tentando evitar que possa fazer algo que possa resultar em seqüelas mais graves.
Amanhã terei que descer até a cidade para acertar contas na serraria, recebendo o pagamento pelo trabalho do meu trator que trabalha para eles. Decidi que, pela manhã, passarei na Marta e lhe perguntarei se acredita que a Mari está doente e, caso afirmativo, pedirei a ela que me ajude a tentar ajuda-la. Pedirei que vá comigo pra Santana da Luz para tentarmos obter informação do paradeiro dela. Se conseguirmos, pretendo procura-la, levando a Marta para possibilitar o encontro, se ela estiver em local que me seja difícil acessar. O procedimento deverá ser o mais indicado para socorrer alguém que está surtada, médica ou misteriosamente. Vou pedir à Marta que me relate tudo o que sabe, o que ouviu dela nos últimos dias. Essas revelações poderão ajudar a montar a estratégia a ser usada, considerando as possíveis recepções que ela possa nos fazer. Não descarto nem a possibilidade de seqüestra-la e "prendê-la" até que o surto passe. Quero deixar registrado que, não há dúvida de que meu maior desejo é tê-la de volta, mas asseguro que, neste momento, minha preocupação é tentar socorrê-la como faria com qualquer amigo, independentemente se no desfecho final ela continue não me querendo mais. Ela corre um grande risco de se encontrar com o Rodrigo, uma vez que ao que sei, ele mora em Parreiras, perto de onde ela disse estar. Ela teve um relacionamento com ele, antes de me conhecer e, quando decidiu deixa-lo, viveu sérias dificuldades pelas perseguições que ele lhe promovia, pedindo, exigindo, ameaçando. Tenho que considerar que em surto, ela pode fazer qualquer loucura, inclusive ter apelado para ele para acolhê-la. Considero, inclusive, a possibilidade de encontra-la com ele. Se isso for verdade, considero que sua recuperação, durante o surto, será muito dificultada. Acredito que se eu falar com ela, pessoalmente, ela terá grande dificuldade de se negar a seguir minha orientação, no entanto, ela poderá se negar, peremptoriamente, a conversar comigo o que impossibilitaria minha argumentação e, conseqüentemente, poder protegê-la por meios normais e facilmente acessíveis.
É impressionante o que pode acontecer com as pessoas! Quando se verifica que uma pessoa como ela, inteligente, sensível, ponderada, trabalhadora, corajosa; se torna no que ela é hoje: insensível, incoerente, irresponsável; assusta, pois qualquer um de nós corre o risco de sofrer algo parecido. Que não nos esqueçamos disso ao analisar ou julgar atitudes alheias, pois sempre haverá a possibilidade que o mistério esteja agindo, independente da vontade do atingido.
12/08
Por volta das 7:30hs fui na Marta e tive uma conversa com ela. Disse-lhe que a Mari é doente e que esta doença é que provocou a separação e as conseqüências até agora. Pedi-lhe que tentasse lembrar de qualquer detalhe que possamos usar pra ajuda-la. Conversamos sobre o caso de quando ela iria se casar com o Valdir e ela disse que, tanto ela, como os parentes do Jusco foram contra no começo. Fomos para Santana da Luz, deixei-a na padaria para que ela visitasse a Luzia, Jacinta, etc. em busca de informação.
Na chegada, passamos no Sem Terra (bairro onde mora o pai dela) e conversamos com o Parafuso, que disse que a Mari estivera lá na quarta feira, por volta das três da tarde, que ela abrira toda a casa, alegando que estava com muito calor e cansada. Disse-lhe que havíamos nos separado, que pretendia arrumar um emprego e que, eu havia me negado a entregar-lhe suas coisas. O Parafuso convidou-a para ficar e pousar ali, para conversar com a Lola e ir embora no dia seguinte. Ela lhe disse que iria subir para a casa da Marta e que voltaria no ônibus, na segunda feira à tarde, para ir para S.Paulo na terça (provavelmente trabalhar na casa da Marina).
Luzia, Jacinta e outras pessoas não a viram. Conversei com a Maiara, quando ela saia da fábrica para o almoço, e ela me disse tê-la visto na quarta feira, na hora em que se dirigia para o almoço. Disse que ela estava no orelhão em frente ao Zé Torto e que não conversaram; ela só cutucou seu ombro e fez um sinal. Ela me disse que a Selma, da Ana Maria, lhe dissera que a Mari dissera que iria alugar uma casa em Santana da Luz e que procuraria emprego lá. Combinei com ela de espera-la na volta do almoço, para que ela conversasse com a Selma para ver se ela teria outras informações. Quando ela chegou, disse que quem lhe dissera que a Mari procurava uma casa pra alugar, fora o Barbela, corretor de imóveis, que a procurou para saber se conhecia a Mari. Ela também não sabia de mais nada, nem a viu. Quem conversou com a Mari foi a Dulce, para quem disse, também, que procurava uma casa para alugar.
Ela ligara para Marta na quarta feira por volta das nove horas da manhã. Isso quer dizer que ela veio no ônibus que sai entre seis e sete horas da manhã de São Paulo. Na hora do almoço estava no orelhão do Zé Torto ligando para alguém, que não era a Marta. Por volta das três horas da tarde, ela esteve com o Parafuso que a encontrou na estrada para o bairro dos Sem Terra e voltou com ela até em casa. Ela deve ter se encontrado com o Cidão (pai dela), (ela disse à Marta no telefonema de quinta feira que estivera com ele e que o mandara se foder porque ele a criticou) depois das cinco horas da tarde, quando ele volta do trabalho. Daí para a frente não tivemos mais nenhuma informação de que tenha sido vista. Provavelmente foi embora com alguém. O Lugão disse à Marta não tê-la visto.
Na quinta feira, por volta das três horas da tarde, quando ligou para a Marta, disse que estava muito feliz, que havia comprado roupas, que a casa em que iria morar tinha tudo, que me dissesse que eu fizesse o que quisesse com as coisas e que não voltaria mais. Deu dois números de telefone (um incompleto) que devem ser de Cambraia, onde ela disse estar. Quando chegamos no Nelson, liguei para o telefone que ela fornecera e recebi a mensagem de que esse número não existe. Tentei o código de Cambraia e o telefone chamou mas ninguém atendeu. Isso indica que ela deve mesmo estar naquela cidade.
Procurei mas não encontrei o Cidão. Na porta da fábrica, conversei com a Lola que confirmou não tê-la visto, nem ter qualquer informação. Infelizmente não conseguimos informações que indicassem razoavelmente seu paradeiro, o que praticamente impede que eu a procure. Estou sentindo que devo esperar, que não devo me precipitar, que é necessário esperar que o tempo passe, dar tempo ao tempo.
Doença. Estou convencido que o que está afetando a Mari é uma doença. Doença mental que atinge o pensamento e a emoção. Não tenho certeza que seja tratável por psiquiatras ou psicólogos. Talvez seja "tratável" religiosamente, no espiritismo ou qualquer tipo de sobrenaturalidade. Ela me contou que da última vez, que a saida do problema acontecera por essa via. Mesmo assim, ela não se ligou nesse ramo religioso. Na verdade, para mim é um mistério e mistério é mistério, quer dizer: não compreensível, fora da nossa capacidade de entendimento, que não conseguimos entender, compreender. É uma doença porque afeta o funcionamento mental, dirigindo-o, tirando o controle do doente sobre a racionalidade e a administração de valores.
O que é causa e o que é efeito?
A Mari, em condição normal, é inteligente e consegue raciocinar com lógica, entender e fazer-se entender, aprende sem grandes dificuldades. No entanto, tem grande preguiça mental, negando-se, em algumas situações ou momentos, a raciocinar, por mais importante que aquilo possa ser, mas que não seja de seu interesse ou que a contrarie. Alterna entre humildade e prepotência. Em condição normal, numa boa, admite seus erros sem grande dificuldade. Em outras vezes repudia qualquer crítica, negando-se a admitir o erro, as vezes argumentando para tentar nega-lo ou, apelando, não raro, com silêncio, mas percebe-se claramente que não admitiu o erro.
Também em condição normal, ela é submissa, capaz de servir sem dificuldade e com grande naturalidade, desde fazer trabalhos até agir como uma meiga gueixa. No entanto, quando dominada por sua vontade, não há o que a segure. Chega a não retrucar a opiniões contrárias e faz o que tem vontade naturalmente, sem dar a mínima para as opiniões contrárias.
Normalmente é solidária, ajuda com disposição e, até, obstinação. Em algumas situações é extremamente egoísta.
Em condições normais ela é uma pessoa admirável, surpreendente. É agradável em conversas, argumentando bem, sendo simpática, admitindo seus erros com facilidade; é carinhosa, dedicada, solidária, humilde, corajosa, em fim, é uma companhia agradabilíssima. No entanto, quando perde o comando sobre si, aparecem a prepotência, egoísmo, insensibilidade, preguiça mental, vontade descontrolada, dificuldade e, até, impossibilidade de admitir os próprios erros e se deixa arrastar pela facilidade inicial. Em fim, uma pessoa detestável. Acredito que controla seu lado ruim para conseguir admiração. como a maioria das pessoas ela adora ser admirada. Quem não gosta?
Em algumas ocasiões, dispensa a admiração e se comporta imperdoavelmente, desprezando a repulsa que causa, não se incomodando nem um pouco com isso. Esse comportamento causa críticas e ela foge delas, mudando de ambiente, buscando admiração fora do ambiente adverso. Depois de algum tempo, acho que, sabendo que as condições adversas que deixou são atenuadas pelo tempo e que suas qualidades poderão reconquistar o que abandonou, volta e, realmente, tem reconquistado os que agrediu.
É claro que esse comportamento lhe cria grandes problemas. Por que não consegue se manter controlada, evitando essas crises e o risco de não conseguir retornar ou não ser aceita de volta? Ao que tudo indica, volta por sentir falta do que deixou e, provavelmente, por não ter encontrado nada melhor. Ela já demonstrou, muitas vezes, grande capacidade de enfrentar e vencer grandes adversidades. Por que não consegue controlar-se, evitando os problemas que sofre ao perder o controle? Capacidade pra avaliar os prejuízos que causa a outros e a si própria não lhe falta. Por que não consegue evitar esse comportamento distorcido? Será que é a ação do mistério, que age independente de sua vontade ou ela é a única responsável, deixando de se esforçar para controlar-se por comodismo e preguiça?
Tenho certeza que me amou muito, com paixão e, no entanto, mesmo assim se descontrolou e se afastou de mim, mostrando o mesmo amor ao voltar. Nem tão grande emoção consegue que se controle. Por que? Mistério ou relaxamento e preguiça?
Fui incapaz de identificar que estava em crise. Tinha informações suficientes pra saber que isso poderia acontecer e indícios de que estava acontecendo; no entanto não considerei essa possibilidade, acreditando que poderia ser uma pequena crise passageira. Tanto é que senti grande revolta ao perceber que estava sendo tratado como alguém muito perigoso. Me ressenti por considerar que era a pessoa inteligente e coerente que estava me tratando assim. Não fui capaz de perceber, a tempo, que o medo que demonstrou era da minha capacidade racional, da minha argumentação, que poderia demonstrar-lhe o quanto estava errada, piorando o que estava sentindo: repulsa de ser criticada e incapacidade de argumentar em sua defesa. Quer dizer: não tinha como mostrar que estava certa e rejeitava a possibilidade de admitir os erros. Essa situação pode ser terrível e o gatilho que dispara o conseqüente comportamento.
O incrível é que a simples admissão dos erros, poderia evitar todo o resto! Isso nos permite avaliar quanto a dificuldade e, até, impossibilidade de admitir erros, é prejudicial!
O ser humano é falível, não há quem não erre. No entanto, é dificílimo encontrar alguém que admita seus erros, peça desculpas, aprenda com eles e evite enormes prejuízos a si e a terceiros. Pobre ser humano! Que acredita ser mais do que pode ser, que pode mais que sua limitada capacidade, não percebendo que as limitações não são impecilho para a sua felicidade, que, o que a impossibilita é a não compreensão deles.
Depois do mistério, o maior inimigo do indivíduo é ele mesmo. Não precisa de ajuda, consegue prejudicar-se com extrema eficiência! É como o burro, que apesar de toda sua força, deixa-se dominar pelo homem, docilmente. O homem é dominado pela incompreensão de seus limites, quando tem capacidade, mais que suficiente, para compreendê-los e admiti-los!
13/08
Será que o cérebro funciona, mesmo, por circuitos elétricos?
Seriam os pensamentos involuntários, correntes parasitas que atingem esses circuitos?
Por que esses pensamentos aparecem? Quem os comanda? Por que? Pra que?
A Teresa é um caso que merece análise. É prepotente, achando-se a verdadeira dona da verdade. Por que? Tenta dominar os que a cercam e sente-se tremendamente agredida quando contestada. A Lia, irmã dela, era a mesma coisa. Lembro-me que as duas discutiam muito, mas a Teresa assimilava tudo o que ela dizia que era certo, porque os patrões assim consideravam. Como grande parte das pessoas, sempre admiraram quem tem dinheiro, formação acadêmica, em fim, status; sem questionar se tinham outras qualidades ou não. A qualidade aparente era suficiente.
Tiveram muitas oportunidades de verificar, e sofrer, conseqüências, por esse comportamento inaceitável, no entanto, nunca se desviaram dessa maneira de agir, julgar, criticar, considerando como únicos parâmetros o que elas achavam certo e errado.
A Teresa sempre consultou médicos, compulsóriamente, com verdadeira obsessão, como várias outras pessoas. Será o medo de morrer? Ou essa obsessão teria outros motivos? Como a preocupação não é só com problemas que poderiam ser vitais, parece que a maior preocupação é com a saúde, mesmo. Dá grande valor à vida e ao funcionamento salutar do organismo, desprezando outros prazeres. Que dizer: Vive fazendo regimes alimentares, deixando de comer muitas coisas, abrindo mão do prazer que elas propiciam. Um dado interessante, se refere a sua insistência em procurar otorrinos para consultar o ouvido, quando sabe de sobra que não há o que fazer. Outro fator interessante é que, quando contrariada pelo médico, como na caso do otorrino que lhe diz que o ouvido não tem nenhum outro problema que o velho conhecido, rebela-se contra ele e seu diagnóstico.
Como é possível dar valor a uma vida tão sem graça como a dela?
Por que essa supervalorização da vida biológica, em detrimento da vida prazerosa? Veja-se o caso da dona Rosa, cega há tantos anos, praticamente imobilizada, vivendo com um mínimo de recursos financeiros, com os dois filhos enterrados na bebida, morando numa casa miserável, dependendo de outros para sobreviver. E mesmo assim, deve ter um medo de morrer terrível.
O Luiz se agarrou à vida até o último suspiro, mesmo sabendo que nos últimos tempos foram só de sofrimento e continuariam assim até o momento final, como realmente aconteceu.
Será que esses comportamentos são distorções de valores, provocadas pelas próprias pessoas, ou ação do mistério, que as dirige e faz com que sejam assim?
Por que pessoas engajadas em ideologias, que se sacrificaram para defender as idéias em que acreditavam, pagando, muitas vezes, altos preços por isso, acabam se corrompendo e agindo como, ou pior, que aqueles a quem tanto combateram? Ocorre-me que, seguramente, foram muito mais felizes na época de dificuldades, sem ostentação e, alguns até passando necessidades; do que depois de corrompidos, com dinheiro suficiente pra pagar mordomias, luxos e facilidades que o dinheiro pode comprar. Terá sido fraqueza de princípios, tendo participado da ideologia por modismo ou coisa parecida, sem a devida convicção do que defendiam e combatiam? Terão sucumbido ao egoísmo que todos temos mas, que os idealistas conseguem dominar, fazendo emergir com força a solidariedade? As mudanças serão devidas a lutas internas entre os valores do indivíduo? Ou será que o mistério é o responsável por essas mudanças, tratando como fantoches, os indivíduos? O problema é que a racionalidade oferece argumentos que justificariam grande parte dos motivos que teriam provocado as mudanças. mas não consegue convencer de que essas razões são inequívocas e, para muitas questões, os argumentos conseguidos são para lá de sofríveis ou inconcebíveis. Esses motivos inexplicáveis seriam ação do mistério. No entanto, os justificáveis, também podem ser fruto da ação dele, que se dá ao trabalho de permitir que os indivíduos acreditem ser os autores.
O que eu fiz para merecer tantos castigos? Hoje, novamente, me volta à mente essa questão. Novamente penso que a grande maioria desses castigos foram a retirada de coisas que ganhei, sem que tivesse interferido para ganha-las. O que eu acho que conquistei, pelo menos lutei bastante por isso, foi a formação acadêmica, a confiança das pessoas, a credibilidade e o conhecimento, o resto, ganhei. Muitas delas eu queria, até sonhava com elas, mas não fui o responsável pela conquista. As coisas que consegui adquirir, foram resultado de trabalho e bastante. Mas a primeira motivação do trabalho, nunca foi o dinheiro, claro que ele estava nos planos, mas não no primeiro. Aí estavam a vontade de aprender, de conquistar reconhecimento, de sentir o prazer de realizar, de conseguir melhorias para os necessitados, justiça para os injustiçados. Para conseguir isso, lutei muito, não medi esforços, sem no entanto, poder dizer que me custou caro. A maioria das lutas me deram tanto prazer que, talvez, nem as conquistas me tenham dado tanto. Pra conquistar essas coisas lutei muito e, grande parte delas, nem consegui o sucesso pretendido, suas realizações. Mas lutei muito!
Comprei a casa do Maringá, forçado pela situação, uma vez que o Gonzalo pretendia vendê-la e eu, que morava de aluguel nela, não querendo mudar outra vez, me propus a compra-la. Se não fosse a intenção do Gonzalo em vendê-la, talvez não a tivesse comprado nunca. Nem ela, nem outra. O terreno da Vila Carmozina, foi comprado por que o Zé Maria forçou a barra. Os terrenos da Barra da Juréia, foram comprados por insistência do Marcos. As viagens para a Europa, Estados Unidos e Cuba, também aconteceram por insistência do Marcos. Nenhuma coisa dessas me foi dada de graça, paguei por todas elas, e a custa de muito trabalho. No entanto, não as persegui, embora sempre tivesse sonhado comprar uma casa, mas nunca me dediquei a isso com prioridade. O pára-quedismo aconteceu pela proximidade dele, pelo gosto pela aventura, pelo desafio, para ganhar reconhecimento. O vôo livre, fui procurar como alternativa para o pára-quedismo, por ser mais barato, mais acessível, pela possibilidade de voar em qualquer lugar com paramotor ( pensava que poderia voar em qualquer lugar, por não conhecer as limitações). Sempre comprei carros por necessidade, nunca por luxo ou outro motivo. Em algumas situações, tive grandes ajudas. O Ovídio, gerente da fábrica de vidros, me emprestou dinheiro para comprar a primeira freguesia de bolos. O Eugênio, mecânico da Morbim, sem me conhecer, me ajudou a conseguir o emprego de motorista de caminhão, na estrada. O João Martins me ensinou muito de mecânica automobilística, O Kocho me emprestou dinheiro, me deu pintura do furgão velho, trocou-o com um F-350 baú, sem que eu tivesse que dar nenhum dinheiro de volta. O Vitor me ajudou bastante também. O Julian me arrumou alguns empregos (quase todos) na engenharia, socorrendo-me em momentos difíceis. Deve ter mais gente que me ajudou mas a memória ingrata teima em sonegar as informações. Portanto não posso me queixar de falta de ajuda, principalmente por que não as pedi. Necessitei muito delas, mas não as pedi, por pura covardia, que chamam de timidez mas que não passa de covardia mesmo!
Nunca conquistei uma mulher por abordagem, por causa da covardia. As que apareceram pela minha vida, me foram oferecidas, sem que eu tivesse que fazer qualquer esforço para isso. Depois de tê-las comigo me esforcei pra mantê-las, dando tudo de mim, embora saiba que tenha falhado muitas vezes. Todas as que foram significativas me propiciaram muito sofrimento. Mas, por terem sido significativas, me propiciaram muita felicidade também. Essa felicidade serviu para piorar o sofrimento que me causaram. Sofrimento causado por inimigos já é bastante ruim, no entanto quando parte de alguém que diz nos amar, é muito pior. Mesmo porque, usaram minha boa fé para agir contra mim. Agora, desconfio, cada vez mais, que todas elas sofreram ação do mistério, agindo contra qualquer racionalidade.
O caso da Mari é excepcional em todos os sentidos. Foi o maior amor, a melhor companheira, a melhor amiga. Claro que teria que ser a causa dos maiores sofrimentos, principalmente porque foram todos emocionais. Quando a encontrei, estava disposto ao isolamento. Vim para o Matol, para montar a clínica para tratamento de dependentes de drogas, para fugir do mundo considerado moderno. Não tinha esperança de encontrar um novo amor. Procurava paz e estava pronto para viver na simplicidade, sem maiores emoções. Ela surgiu no meu caminho, fui enfeitiçado, maravilhosamente enfeitiçado, ressuscitei para o amor apaixonado, que acreditava impossível. Não bastasse tamanho amor, ainda veio acompanhado de inteligência, companheirismo, amizade, dedicação. Por mais, que tenha imaginado e sonhado, nunca chegara a considerar o que me caia em cima, me era dado, sem que eu tivesse movido um cabelo para que isso acontecesse. As dificuldades que vivemos, como casal, como companheiros, e que foram muitas, principalmente para ela; só serviram pra mostrar-me sua grandiosidade ao enfrentar os contratempos com dignidade, coragem, paciência, inteligência, sensibilidade e obstinação. Quando jogou a toalha, por três vezes, a primeira num final de ano, quando morávamos em Ribeirão Preto, que disse pretender dar um tempo no nosso relacionamento, mas que não chegou a concretizar; quando passou um tempo em Poço Fundo e, quando quase chegou a casar com outro, considerei que a causa era o cansaço por tantos problemas e dificuldades. Nessa última vez, sofri o que nunca imaginara que fosse possível. Chorei lágrimas de sangue, fui martirizado pelo pensamento involuntário que insistia em me obrigar a odia-la, vingar-me, fazer algo para que ela sentisse o que eu estava sentindo. Empreguei todas minhas forças e capacidade para rebelar-me contra esse pensamento detestável. Busquei justificativas para as suas atitudes e encontrei-as em quantidade. Lutei com todas as forças para não atrapalhar o que achava que seria sua felicidade. A racionalidade me mostrava que eu tivera minha parte de felicidade, excepcional, muito além do imaginável e que, agora, era hora de voltar ao normal. Só que emoção e pensamentos involuntários, lutavam com armas muito poderosas contra a racionalidade. Foi uma luta terrível, sangrenta, destruidora e o campo de batalha era eu, onde a contenda se desenrolava, onde explodiam todas as bombas, aconteciam todas as agressões.
Lamentei profundamente que a vida continuasse quando sua motivação havia chegado ao fim. Como voltar a passar fome, quando havia degustado os pratos mais exóticos, sofisticados e deliciosos? Voltar a comer arroz, feijão, carne, saladas, peixes, etc. não dava mais. O paladar rejeitava, repugnava. Minha racionalidade dizia que era mais que suficiente pra continuar vivendo, que deveria compreender que a exceção havia acabado e que era hora de voltar ao normal. Era claro que isso era verdade, que eu ganhara um prêmio inesperado, que o aproveitara muito (menos do que poderia ter feito e, isso contribuía para o meu mal estar) mas, que acabara, que era hora de voltar à realidade, voltar a ser uma pessoa normal. Não estava conseguindo, a racionalidade lutava heroicamente mas seus adversários eram mais fortes. Ela brigava bravamente, chegando ao limite de sua capacidade, enquanto a munição dos adversários parecia não ter fim e sua força, infinita. Quando conseguia alguma vitória, logo vinha o contragolpe e me derrubava, com dores terríveis. Essa luta durou desde o momento em que me disse que conhecera outro, até o momento que voltei a tê-la nos braços. Não houve trégua até o último segundo, por não tê-la encontrado no lugar combinado, quando fui busca-la para que voltasse para mim. A racionalidade não conseguiu vencer a emoção, muito menos o pensamento involuntário.
É impressionante como o pensamento involuntário é impotente quando a felicidade é plena, como a que eu sentia na companhia dela. Na esmagadora maioria das vezes, se não na totalidade, o pensamento involuntário só acontece para causar sofrimento. Diante da felicidade plena, ele não sobrevive. Portanto, a racionalidade indica que, a felicidade plena é a única defesa capaz de proteger-nos totalmente. Nessa situação a racionalidade adquire força, mas sabe que não deve atrapalhar, que quando a felicidade está em ação, ela é totalmente desnecessária.
Essa experiência demonstrou a impotência da racionalidade contra os pensamentos involuntários, quando a infelicidade está no comando da emoção. No entanto, pude perceber que, se tivermos que continuar vivendo, a única maneira de amenizar o sofrimento é através da racionalidade até que o tempo se encarregue de terminar com a infelicidade.
É a racionalidade que nos ajuda a interferir na emoção e principalmente nos valores, acentuando o que é bom e minimizando os ruins. Porém, ao que tudo indica, as vezes ela deixa de funcionar e os valores, sem o controle da racionalidade, desandam e os ruins tomam o controle, inclusive da racionalidade, que passa a ser usada para defender a nova situação. O que provoca isso é absolutamente incompreensível ao ser humano, total mistério. Não vejo o que possamos fazer para evitar os efeitos que esse mistério causa. A única maneira racional que encontrei, até agora, pra classificar isso que acontece nas pessoas, é como doença, aproveitando sua definição que diz que é um distúrbio biológico ou mental do indivíduo. Como algumas outras doenças, parece incurável. Pode ser que essas outras doenças tenham a mesma origem, por isso não encontrem a cura.
Perceber que isso é como uma doença, ou verdadeiramente é, está me ajudando bastante a suportar esta separação. Vejo que a motivação não está na vontade dela mas lhe é alheia. Que o mistério usa a vontade dela para agir. A diferença é que sem a interferência do mistério, sua racionalidade consegue controlar sua vontade, o que não acontece quando essa capacidade de controle lhe é retirada.
Por que isso acontece só em fases, sem dominar o indivíduo o tempo todo? Há pessoas, e muitas, que agem o tempo todo como a Mari age nesses períodos. Terão a mesma causa ou simplesmente isso se deve a deformação congênita de valores?
Cheguei a considerar a possibilidade de que ela seja uma dessas pessoas com valores distorcidos o tempo todo, mas que se controla durante os longos períodos de normalidade. No entanto, considero que isso não seja importante, o importante mesmo é o que acontece em cada momento. Quando ela está no controle de seus valores, é maravilhosa, oferece e sente felicidade em grandes doses. Quando não, se transforma em fonte de infelicidade e agride quem tenta mostrar-lhe que está errando. Outro dado importante, é que tudo indica e ela diz isso, que ela não sofre nesse período. Vive como se tudo estivesse normal. Isso indica que o que ocorre com ela tem como motivação causar sofrimento a terceiros, poupando-a para que consiga realizar o "trabalho" sem sacrifícios. No período anterior, quando estávamos separados e ela quase se casou com outro, muita gente sofreu as conseqüências de seus atos. Além de mim, que tudo indica ser o alvo principal, que sofreu com toda a intensidade, o noivo abandonado também deve ter passado maus bocados, além dos parentes que sofreram a vergonha pelo descumprimento do compromisso assumido. Ela mesma só sofreu um pouco nos últimos momentos. Teve a possibilidade de se recuperar, inclusive moralmente.
Provavelmente o mistério lhe propicie isso para que esteja disposta a colaborar na próxima vez. Será que ele precisa desses artifícios para ter sucesso nessa ação? Será que não tem poder suficiente para agir quando quiser, sem precisar a colaboração de quem irá usar para seus intentos? A racionalidade teima em querer saber os motivos, os porquês, mas não adianta, é como correr do fogo para não morrer queimado; pular na água e morrer afogado.
Não há como deixar de considerar a possibilidade de que esteja com o Rodrigo, ou que tenha pedido sua ajuda para ir embora de Santana da Luz. Diante do que ela contou sobre a história deles, seria loucura que tivesse feito isso. No entanto, o que é impossível numa situação dessas? Pode ser que o tenha encontrado por acaso (o mistério se encarregaria de promover o encontro), ou tenha, de alguma forma, talvez por telefone, pedido ajuda. Pode estar com ele, talvez até iludindo-o como passagem para outra fase. Pedindo ajuda e prometendo ficar com ele quando se recuperar de algo que alegue estar sofrendo. Pode ser que pretenda ficar com ele. Diante do que sempre disse, seria uma verdadeira loucura, já disse isso, repito e volto a repetir mas, loucura é loucura e tudo é possível. Se não foi com ele, ou a seu encontro propositadamente, como imaginará que poderá evita-lo indo pra onde ele mora? De uma maneira ou de outra, terá grandes problemas se voltar ao normal e quiser livrar-se dele. Ou o mistério voltará a ajuda-la a sair do embaraço?
Da outra vez, segundo o que contou, foi um pai de santo que limpou a área para que ela saísse do embaraço em que estava. E agora, como será? Será que sairá dessa?
13/08
Quando a saudade bate
O peito apertado dói
O amor dá cor à vida
O fim dele a destrói
No início nos eleva
A mais alta das alturas
No final é só tristeza
Solidão e amargura
Coração ainda bate
Não deveria bater
Apanhar seria o certo
Mais certo ainda morrer
Com ela queria a vida
Sem ela quero morrer
Com ela felicidade
Sem ela é só sofrer
Seria só esquecer
Pra vida continuar
Mas esquecer não consigo
Nem consigo me matar
Mórbida é a tristeza
Mórbido é o fim da paixão
Depois de ser tão feliz
Me sinto na escuridão
Vida por que prossegues
Se não tens onde chegar
Viver é só amargura
Se ela não me amar
Só tristeza e amargura
Por que tenho que sofrer?
Me deixa a cabeça inerte
Ou então deixe morrer
Não vivo e também não morro
Vegeto neste sofrer
Tenho inveja de quem luta
Para a vida não morrer
Só consigo ver tristeza
Não me livro dessa dor
Eu consegui tudo isso
Por viver um grande amor
Só se perde o que já se teve
14/08
Estes olhos que hoje choram
Já riram muito também
Onde hoje a tristeza impera
Já houve felicidade maior que o próprio além
Este peito amargurado
Que me aperta o coração
Já esteve inundado
de amor e de paixão
Sofre porque já viveu felicidade infinita
Lamenta a perda de alguém
Que foi o seu grande amor
Curtiu a grande paixão
E agora se vê perdido
Chorando na solidão
Deveria agradecer o que recebeu outrora
Porém se esquece que aquilo
Lhe foi dado de presente
Felicidade passada
Agora longe, ausente.
Chora a perda de algo
Que teve completamente
Que o inundou de alegria
No coração, corpo e mente
Que lhe deu tanto prazer
Prazer de um amor ardente
De carinho e amizade
Tudo abundante, presente
Ver-se agora abandonado
Sem amor e sem carinho
Com a mente atormentada
Só espinhos no caminho
Parar de chorar não pode
Ao sentir-se tão sozinho
É um martírio a lembrança
De quem ocupou seu ninho
Ela uma ave mui linda
Ele o seu passarinho
É um mistério indesvendável
Que dirige nossa vida
Nos enche de alegria
Depois abre a ferida
Nos dá a felicidade
Pra que a sintamos perdida
Nos faz rir a gargalhadas
Nos deixa a alma partida
Só nos cabe lamentar
Perder o que nos foi dado
E tirado brutalmente
Deixado lá no passado
Pondo no peito a ferida
Do coração traspassado
Sem querer segue vivendo
Pra não deixar de sofrer
A vida vira um martírio
implora para morrer
A vida é um caminho
Que temos que percorrer
Curtiremos alegria
Mas teremos que sofrer
A felicidade acaba
Chega a hora de perder
Ganhar prêmios e perdê-los
Viver pra depois morrer
A vida é uma roda
Que sobe e vai ao fundo
Quanto maior essa roda
Vai mais alto
E vai mais fundo
Nos alegra na subida
Na descida mata o mundo.
Por mais que a gente se esforce
Não cuida bem do amor
Por ele estar disponível
muito abaixa seu valor
Valor volta a aparecer
Quando o fim causa dor
Porém já pode ser tarde
Murchou de todo a flor
Minha perda é enorme mas a dela, não é pequena também. E o pior, é que poderíamos não ter perdido, pelo menos não tanto.
15/08
Esta noite dormi muito bem, não levantei uma única vez . Ontem jantei feijão com pão duro cortado em fatias. Comi dois pratos e ainda completei com uma fatia grande de queijo com doce de abóbora. Isso quer dizer que não estou tão ruim assim.
Esta manhã, depois de tratar porcos e galinhas, subi pra roçar no morro atras do galinheiro. O pensamento involuntário tentava me ocupar com a Mari, me provocando a interpreta-la mal, querer vingança ou sei lá o quê, que é o objetivo dele. Reagi e forcei a racionalidade pra pensar, quer dizer: continuar pensando nos porquês, buscando causas, tentando entender.
Pensei no Vai Que Dá, nas suas qualidades de voador, na sua autoconfiança no domínio do vôo, o que lhe permite exceder os limites que outros respeitam. Ao invés de respeito ele sofre o efeito contrário, é achincalhado, desconsiderado, mal visto. Questionei-me se eu sabia de algo que pudesse desabona-lo, pra merecer esse tipo de tratamento e não encontrei nada. É bom, carinhoso com as pessoas, humilde, simpático, honesto, em fim, tem muitas qualidades e sem defeitos significativos. Então por que merece esse tratamento desfavorável? A primeira coisa que me ocorreu, foi sua condição econômica: é pobre, não tem uma profissão reconhecida, quer dizer: não tem condição social e econômica favorável.
Aí, me veio ao pensamento o Kiko, que também é atrevido no vôo, pobre, sem profissão reconhecida. Só que o Kiko tem fama de safado, de mal carátar, de desonesto. No entanto, ele é respeitado e admirado por muita gente, até mesmo, por muitos que conhecem suas qualidades negativas. Por que essa diferença entre o Kiko e o Vai Que Dá? A explicação que me ocorreu, é o fato de que o Kiko é prepotente e age se promovendo, fazendo-se ser visto como admirável, escondendo seu lado ruim. O Vai Que Dá, ao contrário, é humilde, reconhecendo suas limitações sociais e econômicas e não tira proveito de suas qualidades, deixando de promover-se.
Enquanto pensava nisso, percebi o que já notei inúmeras vezes, que o pensamento lógico tende a ser desviado, não sei porque. Pensei que seria bom ter um gravador e ir relatando o que se pensa, tanto o lógico, quanto as interferências do pensamento involuntário e as manifestações da emoção. Não tinha gravador disponível mas comecei a falar tudo o que passava pela minha cabeça. Não é tão fácil como parece, mas a maior dificuldade está no começo, depois vai se tornando natural e rola com facilidade.
O Marco chegou com a égua que ele havia perdido, a do Chico Bento. Sem freio, com um cabresto improvisado para substitui-lo, uma vez que quando no sábado, viera com o Negrinho, tentaram acha-la no caminho e, pra isso, trouxeram o freio, que deixaram aqui. Disse-lhe que as éguas haviam sumido e que havia uma das vacas de leite no gramado das casas, o que indicava que havia uma abertura na cerca entre a estrada e as casas, que verificasse o que ocorrera. Depois de algum tempo, ele voltou e disse que fôra verificar o mato, atras das casas e que encontrara rastros das éguas, que teriam passado pra cima, ao invés de sair pro lado da estrada. Mandei-o verificar a cerca que lhe dissera antes, que a lógica indicava que saíram por lá. Que, se depois de resolvido esse problema e verificado o pasto a que me referi, constatando que as éguas não estivessem lá, verificaríamos essa outra possibilidade. Por que ele faz isso constantemente? Por que teima em satisfazer sua vontade, sua prepotência em achar que sabe, ao invés de seguir orientações e procurar aprender? Outro detalhe, diz respeito a que ele disse que iria tirar leite mais cedo, porque precisaria sair mais cedo pra ir na missa. Perguntei-lhe pelo horário da missa e ele, titubeando, disse ser 16:00hs. Questionei-o de que isso não era hora de missa em plena segunda feira. Ele alegou que hoje é dia de terra de Nossa Senhora. Que haveria uma missa as 11:00hs e a outra as 16:00hs. Resolvi não prosseguir no questionamento, por considera-lo infrutífero. Me ocorreu o quanto eles deixam de dar valor às informações. Se contentam com parte delas e acham que podem deduzir o restante, que tem capacidade pra isso, por isso, não se dão ao trabalho de obter o máximo de informação disponível. Como não tiveram a informação e não conhecem o assunto, transmitirão barbaridades construídas por suas cabeças incapazes.
Considerando o que havia analisado a respeito do Vai Que Dá, do Kiko e, agora, do Marco; prossegui no questionamento dos porquês. Considerei a possibilidade de que o mistério domine totalmente os indivíduos, o que lhes impossibilitaria interferir nos acontecimentos, inclusive pensamentos, racionalidade e emoção, estariam a serviço desse mistério. Imaginei que a Terra fosse um grande jogo de damas e que os indivíduos fossem as pedras. Os diferenciados, seriam uma espécie de damas. Que dois contendores jogariam e o objetivo seria conseguir o máximo número de pedras do adversário. Que esses jogadores poderiam ser o Diabo e Deus. Que as pedras não teriam o mínimo de autonomia. Se não fossem manipuladas, ficariam inertes, sem capacidade de realizar absolutamente nada. Considerei que o universo poderia ser uma espécie de playcenter dessas entidades, que cada planeta pudesse ser uma espécie de brinquedo, que, talvez, as estrelas ou algumas delas, seriam elementos de decoração desse ambiente que eles criaram. Considerando que é um mistério, tudo é possível, até as fantasias mais criativas, porercerão absurdamente pequenas frente a grandiosidade do que seria possível para esse mistério. No entanto, só podemos especular sobre o mistério, não é possível afirmar absolutamente nada.
Se não passarmos de objetos totalmente comandados, nada poderemos fazer, a não ser seguir os comandos recebidos. Acreditar nisso é bastante desconfortável pra quem acha ter capacidades, sabedoria, poder, portanto dificilmente se conformará com isso e continuará buscando justificativas, compreensão das coisas. Até mesmo, porque a vida perderia o sentido e tenderíamos a nos deitar e ficar a espera dos acontecimentos.
Considerando que temos livre arbítrio, autonomia, capacidade de decisão, etc., procurei o que poderia justificar procedimentos como o da Mari. Considerei que somos "fabricados" como elementos básicos, onde além do corpo, isto é, nele, são colocados os valores. Parte deles seriam do bem, bons e a outra, de valores do mal, ruins. Receberíamos, também, racionalidade pra analisar, interpretar e julgar a utilização desses valores, além de emoção que interfiriria nos valores e sofreria seus efeitos. O corpo receberia, ainda, uma memória pra poder armazenar dados, informações e experiências. É preciso considerar que os indivíduos podem ter autonomia mas não total independência, sendo obrigados a conviver com outros indivíduos, influindo e sofrendo influência deles. Pra completar, os indivíduos receberiam provocações externa, através dos pensamentos involuntários, cuja função seria provocar a opção por valores maus, objetivando sofrimento. A racionalidade teria a função de permitir o objetivo fundamental do indivíduo que seria a felicidade. Resumindo: O pensamento involuntário estaria a serviço da infelicidade, enquanto a racionalidade, estaria trabalhando na obtenção dela.
Entre os valores estariam: humildade, solidariedade, determinação, coragem, amizade, entre os bons; na classificação de maus, estariam seus opostos como: prepotência, egoísmo, indeterminação, covardia, inimizade, etc.. Na emoção estariam os sentimentos como: amor, alegria, tristeza, ódio, inveja, angústia, vontade, ansiedade, etc. e suas varáveis.
Como estamos considerando que os indivíduos tivessem autonomia, livre-arbítrio, capacidade de optar; poderiam analisar, experimentar, julgar e optar, trabalhando com os valores, sentindo os efeitos, refletir, analisar os resultados, experimentar novas opções, procurar novos caminhos, em fim, na busca da felicidade, sem conhecer o caminho que leva a ela, que poderiam ser muitos, cabe-lhe busca-los, corrigir erros, evitar tentações, resistir.
Peguei o caso da Mari pra considerar essa hipótese da autodeterminação, Como todo mundo, ela tem os valores disponíveis pra usa-los na busca de seus objetivos. Ao que tudo indica, há uma interação entre racionalidade, emoção, pensamento involuntário e memória. Acredito que o indivíduo começa a viver pela emoção, sentindo. Que a partir dos sentimentos ele comece a usar as outras ferramentas de que dispões para satisfazê-los ou repudia-los. O recém nascido deve sentir fome, sede, frio, calor, carinho recebido, mal estar com a sujeira do próprio corpo, conforto propiciado pelo banho. Mais tarde ele começa a perceber que pode agir pra conseguir coisas que quer. Sente que quer e busca maneiras de consegui-las. A memória lhe mostra que conseguiu algo que queria fazendo determinadas coisas, ele compreende isso. Repete ações que lhe propiciaram o desejado e, as vezes, percebe que, desta vez, não deu certo, essas ações não funcionaram como de vezes anteriores. Pode ser que se questione dos porquês. Tentará novas ações na busca de satisfazer suas vontades. Chegará o tempo em que perceberá que algumas vontades são muito difíceis de serem satisfeitas. Que, outras, exigem grande esforço pra que sejam conseguidas, que há aquelas que exigem tempo, não podem ser atendidas de imediato. Perceberá que há vontades suas, que interferem em outras pessoas e que elas se oporão à realização dessas vontades. Perceberá que há vontades fáceis de satisfazer, outras de difícil satisfação e outras praticamente impossíveis de serem satisfeitas. Nesse ponto, o indivíduo poderá optar por ser acomodado, conformando-se com a dificuldade de conseguir satisfazer vontades, deixando-as de lado; poderá insistir, buscando outros caminhos para conseguir a satisfação, lutando pra conseguir seu intento, só desistindo quando verificar que o custo é maior que o benefício. Uma terceira opção, é não aceitar a insatisfação e ir às últimas conseqüências pra consegui-la, sem considerar se o custo pode ser exagerado, se compensa. Pra esses últimos, qualquer coisa é melhor que ver sua vontade frustrada.
A vontade tem uma companheira: a ansiedade. O indivíduo ansioso além de querer satisfazer suas vontades, quer que isso aconteça rápido, o mais rápido possível, e enquanto a satisfação não acontecer, ele sofre muito.
É bastante provável que todo o processo comece pela vontade. O desejo de satisfazê-la provoca a racionalidade para que esta encontre maneiras de conseguir o objetivo. A racionalidade buscará na memória informações disponíveis, analisará a situação, as informações externas, buscando caminhos. A ansiedade poderá impedir o trabalho da racionalidade, querendo realização antes que o caminho a ser seguido possa ser traçado. Nesse caso, dificilmente a realização poderá acontecer, só se acontecer por obra do acaso ou qualquer outro motivo. Será possível que essa realização aconteça sem que a razão interfira?
Consideremos que a vontade seja a de ter um carro. Sabemos, através da memória, que pra consegui-lo, teremos que compra-lo ou ganha-lo. Mas essas duas opções não são as únicas, ele poderá ser roubado. Essa informação também está na memória, que também registra que o roubo é proibido, errado, passível de penalização. A razão lhe mostra as informações e analisa o que deverá ser feito pra realização do objetivo. Compra-lo exige dinheiro, que deverá ser conseguido através de trabalho, ganhar o carro depende de situações que propiciem que isso aconteça, tais como: compra de algum tipo de rifa em que o prêmio seja o carro. É uma possibilidade bem mais remota de consegui-lo e também exige que algum dinheiro seja gasto na compra da rifa. O carro poderá ser conseguido por doação de alguém, do pai por exemplo. Mas, se ninguém se dispuser a da-lo de presente, e quem tem a vontade não quer esperar o tempo que a rifa exige até o dia do sorteio, além de ter que contar só com a sorte pra ser sorteado; as opções que sobram será a compra ou o roubo, do próprio carro ou de meios que possibilitem compra-lo. Se o indivíduo não tiver o dinheiro e tiver que consegui-lo com trabalho, a realização da vontade exigirá bastante tempo e trabalho. A outra maneira de conseguir o objetivo é através do roubo. Até aqui já surgiram uma porção de bifurcações nos caminhos possíveis pra conseguir satisfazer a vontade, e aqui surge mais uma: o indivíduo não quer correr o risco de ser penalizado pelo roubo. Nesse ponto ele pode desistir de ter o carro, deixando pra mais tarde a possibilidade de satisfazer a vontade. No entanto, ela poderá força-lo e ele não resista. A vontade forçará a razão pra encontrar um meio de satisfazê-la, esta, que já mostrou as opções, não aceitas por alguns valores do indivíduo, tenta mostrar que estão errados, que existem regras na sociedade, que não é suficiente querer, é fundamental que existam condições pra que vontades sejam satisfeitas e que, tais condições, quando não existentes, devem ser conseguidas por caminhos permitidos. O egoísmo não admite que prejuízos alheios sejam impecilho à realização. A prepotência não admite que a razão não saiba de uma solução que possibilite a satisfação da vontade, sem que o indivíduo precise se submeter ao trabalho de viabilizar a realização. Em fim, o indivíduo forçado por valores e pela emoção acabará agindo. Se não puder conseguir o objetivo por meios lícitos, por não se dispor ao sacrifício exigido, roubará o carro e, poderá até matar alguém se este tentar impedi-lo. A possibilidade de ficar com o carro roubado é mínima, desprezível mas, mesmo assim, ele considera que é a melhor maneira de conseguir satisfazer sua vontade. Provavelmente perderá o carro e passará um bom tempo na prisão. Mesmo que tivesse informações suficientes que lhe mostrassem que o fim seria esse, não as considerou e teimou em resolver o problema de maneira suicida, sem chances de sucesso. Simplesmente por ter-se deixado dominar pela vontade, que teve a colaboração de outros defeitos como: preguiça, facilidade inicial, egoísmo, etc.
Não é muito difícil perceber que o mau uso dos valores pode causar sérios problemas. Ao que tudo indica, a manipulação dos valores e da memória se dá através da razão, que pode ser afetada pela emoção e pelo pensamento involuntário. Outra coisa que afeta a razão, dificultando sua ação, são os preconceitos. Eles não admitem questionamentos, impõe-se e pronto, caso contrário são repudiados pela razão. Percebe-se que a razão é frágil frente a esses adversários. Ela é capaz mas não tem força.
A Mari é um bom exemplo pra análise dessa questão. Ela é composta de duas personalidades, duas pessoas ocupando o mesmo corpo. Uma é usuária dos bons valores, racionaliza, analisa e julga considerando-os e repudiando os valores maus. A outra é exatamente o oposto, totalmente dominada pela vontade, usando a razão pra justificar os desacertos que comete. As duas tem qualidades boas e ruins. A diferença é que a boa usa a razão pra controlar o lado ruim, enquanto a má usa a razão pra defender o lado ruim. O histórico mostra que a boa prevalece pela maior parte do tempo, enquanto a má só consegue atuar por curtos períodos. A proporção é de aproximadamente dez da boa contra um da má.
No caso presente há evidências muito fortes que comprovam a argumentação acima. O problema principal parece ser a força de sua vontade, que a Mari boa faz muita força para controlar. Essa vontade é muito forte e luta contra o que se opõe a ela. Uma de suas armas é destacar e realçar insatisfações, mesmo que essas sejam pequenas e sem importância significativa. Essa insatisfação é trabalhada e multiplicada até se tornar suficiente pra justificar a mudança pretendida pela vontade. Outro problema da Mari é sua dificuldade pra assimilar críticas, o que, de certa maneira, também está ligada à vontade, no sentido que esta quer ser elogiada e rejeita totalmente a crítica, usando a prepotência pra agir. Insatisfações todo mundo tem, na medida em que é impossível satisfazer todas nossas vontades. Ter consciência disso, permite-nos aceitar, até porque, mesmo que pudéssemos atender as vontades, estas se multiplicariam, crescendo a medida que outras fossem satisfeitas.
A força da vontade, associada à dificuldade de aceitar críticas, podem ter sido motivos suficientes pra provocar que a Mara (adotarei a mudança da última letra do nome pra diferenciar a boa (Mari)da má (Mara) assumisse o corpo da Mari. A vida mais ou menos rotineira que vinha levando, seria o motivo para insatisfação. As críticas que a própria rotina me provocaram a fazer, descuidando um pouco do cuidado que sempre tive pra que não surtissem o efeito contrário à correção dos problemas, ajudaram a Mara a trabalhar pra assumir o corpo e dar-lhe a sua personalidade.
A Mari saiu de casa sem saber o que queria, o motivo estava no que não queria: sentir-se insatisfeita, sentindo falta de realizações, em fim, insatisfação. Foi pra casa da mãe me deixando um bilhete porque sabia que não teria justificativas que eu pudesse entender e aceitar, que eu retrucaria com argumentos irrefutáveis, que ela não conseguiria contestar, o que a forçaria a ter que declarar a verdade. Imagino que a cabeça dela deveria estar em turbilhão, completamente confusa, buscando o que fazer dali pra frente. Pensou em continuar vendendo as coisas, da maneira que vinha fazendo. Isso lhe propiciaria a subsistência. Deve ter se animado, mesmo porque deve ter recebido apoio da Marina pra continuar nessa atividade. Tanto é que veio buscar as mercadorias na quinta-feira da mesma semana. Logo deve ter começado a preocupa-la o lugar onde moraria dali pra frente. Com a Marta seria praticamente impossível, uma vez que ela não aceita morar na bagunça, na desorganização e com os problemas de relacionamento que acontecem lá. Mas esse não seria o problema principal. Este seria a proximidade de mim, sabendo, pelo que a Marina me sondou a respeito de eu ir embora, que eu pretendia continuar aqui. Correr o risco de me enfrentar? Nem pensar! Tanto é que recusou o convite que lhe fiz pra conversar-mos como amigos. Foi com a Marina pra S.Paulo, também, com a intenção de me evitar. Voltou procurando uma maneira de continuar me evitando, tanto é que pensou em alugar uma casa em Santana da Luz. Mas deve ter considerado estar muito próxima de mim, mesmo assim e que esta solução não serviria, precisava estar mais longe. Mas onde? S.Paulo poderia ser uma alternativa, acredito que a Marina lhe permitiria sem maiores problemas que ficasse na sua casa. No entanto, teria que agüentar a Dna. Maria, trabalhar numa cidade que não gosta...muito difícil. Pra que outro lugar ir se não conhece ninguém? Fazer o que sem conhecimento e sem recursos? A Mari é corajosa, no entanto, a Mara é covarde, comodista. A Mari, além de corajosa é inteligente e teria verificado a dificuldade de resolver o problema em questão. A Mara entrou em cena e verificou que a solução estaria em ir pra mais longe mas, por falta de alternativas, por que não usar uma pessoa que a aceitaria sem pestanejar, que poderia sustenta-la e que forneceria um motivo forte pra que eu a deixasse em paz. Apelou pro Rodrigo que sempre fôra apaixonado por ela, que está bem de situação financeira, que está sem compromisso com casamentos anteriores, em fim, serviria como uma luva naquele momento. Bastaria a ela retomar o que já sentira por ele, esquecer os problemas que lhe causara ou, se isso não fosse possível, fingir, o que pra ela não é nada difícil. Se tivesse gasto um mínimo de racionalidade pra analisar a situação com independência, verificaria sem grandes dificuldades, que essa era a pior opção possível. Ele pode ter mudado muito mas as características como: ciúme, dominação, etc., dificilmente se consegue mudar sem grande esforço, consciência do mal que causam, em fim, essa mudança é muito difícil de acontecer, principalmente numa pessoa como ele. Tentará segura-la junto a si, usando o que pode lhe oferecer materialmente, enquanto tentará restringir ao máximo sua liberdade. Motivos, mesmo que imaginários, não lhe faltarão pra expor o ciúme e, sem conseguir controla-lo, provocará desentendimentos, brigas e, possivelmente, até agressões. Como ele não é abstêmio, poderá se controlar enquanto sóbrio mas, sob efeito de álcool, acabará se revelando. Quanto tempo pode durar uma relação assim? Claro que é possível que ela tenha consciência disso e o esteja usando pra ganhar tempo, enquanto busca alternativas. Mesmo assim, não há dúvida de que é muito arriscado.
Consideremos o que poderia ter acontecido se a racionalidade tivesse tido oportunidade de agir, considerando que os motivos fossem os mesmos: insatisfação e dificuldade de aceitar críticas. Teria procurado se acalmar, como eu recomendei, voltaríamos a conversar, colocaria o problema, nós a analisaríamos e poderíamos concluir que só argumentação não seria suficiente pra resolver o problema. Poderíamos optar por uma separação para possibilitar uma reflexão sem a interferência da minha presença. Ficaria claro que, pra mim, o mais importante seria preserva-la, ajuda-la a escolher o que fosse melhor pra ela, ficaria claro que poderia contar com minha amizade pra ajuda-la em qualquer necessidade, principalmente como consultor, ombro amigo e coisas que só uma verdadeira amizade pode propiciar. Encontraríamos o melhor lugar pra ela ficar pra ter o tempo necessário pra entender e decidir. Com certeza eu a ajudaria no que fosse possível e ela saberia que isso seria verdade. Se ela ainda sentisse alguma emoção forte por mim, impossibilitando viver próximo a mim, sem se relacionar amorosamente comigo, procuraríamos um lugar pra ela morar e a ajudaria na tentativa de conseguir satisfazer suas necessidades, que, entre elas, poderia estar a necessidade de realizar algo que lhe propiciasse reconhecimento, admiração, elogios, em fim, aquilo de que estaria sentindo falta. Se não houvesse impecilho, ela poderia poder continuar morando aqui, na mesma casa, em quartos separados ou não ou, até, em casas diferentes, podendo trazer um ou os dois meninos pra morar com ela, uma vez que tem medo de ficar sozinha a noite.
Se o motivo fosse emoção por outro homem, poderia expor isso e, ela sabe, que contaria com minha compreensão, uma vez que já abordamos essa questão inúmeras vezes e ela sabe o que penso a respeito. Eu procuraria questiona-la pra ajuda-la a perceber se não seria "uma furada", se percebesse algum problema o discutiríamos e, mesmo que o problema fosse potencial e ela achasse que valeria a pena tentar mesmo assim, procuraríamos maneiras de preveni-los e, na pior das hipóteses, ela teria a mim como amigo que sempre estaria disposto a ajuda-la.
Que motivos ela teria pra duvidar que as coisas poderiam ser assim? Teve provas mais que suficientes da minha amizade, compreensão, vontade de protegê-la, desprendimento em seu favor, etc.. A racionalidade lhe escancaria essa verdade que, não resta dúvida, poderia não ser real, mas nada indica isso, nenhum motivo justifica essa dúvida. O único motivo que teria pra rejeitar minha amizade, é estar agindo erradamente, não querer ser questionada, preservando o direito de errar sem ser questionada nem criticada por isso. Será que isso teria um custo benefício aceitável? Será que o custo de não contar com minha amizade vale o benefício de poder errar sem questionamento? Isso cabe ao julgamento de cada um, segundo seus valores.
Esta análise me mostra que a vontade indomada, ajudada pela prepotência, pela facilidade inicial, pelo egoísmo, em fim, valores e emoções ruins, conseguem sufocar os valores e emoções boas, impedindo que a pessoa veja o que está escancarado na sua frente, que a possibilidade de grandes prejuízos e danos é quase total, que pratica um verdadeiro suicídio, que as conseqüências podem ser irreversíveis. Ela tem inteligência suficiente pra perceber e entender isso. Por que não consegue racionalizar com um mínimo de liberdade e reagir à tentação tão danosa? Acho que não há racionalidade que possa entender uma coisa assim! A motivação é totalmente MISTERIOSA.
No final da tarde fui na Marta, que me mandou recado pra isso pelo Marco. Lá estava o Chico Bento. Ela me contou que ligara e falara com a Mari, que está na casa do Rodrigo. Disse, novamente que está muito feliz e mandou me dizer que a desculpe e que me dissesse muito obrigado. Que lhe ligasse na quinta feira as 9:00hs pra que resolvêssemos as questões do banco e da firma. Contei-lhes que se o fato estava me deixando muito triste e do sofrimento que estava passando, havia o lado positivo, pois tudo isso me provocou a pensar, descobrir novas coisas, o que estava me dando a oportunidade de aprender muito.
Como o Chico estivesse com a chave da casa do Nelson, fui ligar. Liguei pra ela e foi o Rodrigo que atendeu. Falei com ela, perguntei-lhe se tinha consciência do que o mistério era capaz e ela disse que sim. Disse-lhe que ela estava doente e ela riu. Disse-lhe que poderia rir mas que haveria de reconhecer isso um dia. Pedi-lhe que pensasse bem no que estava fazendo, se isso fosse possível, que estava disposto, junto com outras pessoas a ajuda-la, se quisesse. Ela perguntou se havia algum problema em relação ao banco e lhe disse que já enfrentara bons problemas pra efetuar os pagamentos por falta de cheques, mas que havia contornado o problema. Que isso era secundário pois o problema principal era o seu. Que voltaria a ligar pra ela no futuro pra saber se pensara bem no problema e que, então, veríamos o que faríamos pra resolver as pendências com banco e firma.
Liguei pro Nelson, que está bem. Liguei, também, pro Gonzalo pra cumprimenta-lo pelo dia dos pais. É interessante como a Mara fala com desenvoltura ao telefone, como se estivesse tudo normal e como se nada de mais tivesse ocorrido. Confesso que, embora já tivesse grandes indícios de que ela estivesse com o Rodrigo, me abalou a confirmação. Ficou configurado o maior absurdo que se poderia esperar de alguém, principalmente dela, por tudo o que passara por causa dele, do quanto ele a infernizou, chegando a agredi-la fisicamente na casa do Cidão, em fim, segundo o que ela sempre dissera, seria o último homem com quem poderia se envolver, argumentando com todas as justificativas possíveis. Foi um choque e me perturbou muito. Não consegui dormir e por isso, estou aqui as 2:40hs da manhã escrevendo pra tentar encontrar um pouco de paz e voltar a dormir.
Voltando ao problema de que os indivíduos, se for verdade que existe o livre arbítrio, são bons ou maus dependendo da administração que fazem de seus valores, da influência que sofrem do pensamento involuntário, da emoção, etc.
Pelo já exposto, fica claro que é possível que boa parte dos problemas do indivíduo possam ser gerados por ele, ao trabalhar os valores de maneira ruim, provocando conexões perniciosas entre eles, a emoção, a racionalidade, os preconceitos, o relacionamento entre indivíduos, etc.
Pelo exposto acima, A vontade incontrolada, a prepotência, o querer levar vantagem sem pagar o preço devido, a tendência em optar pela facilidade inicial sem considerar que isso poderá tornar o todo muito mais difícil, são motivos suficientes pra gerar as maiores distorções no comportamento dos indivíduos, que se desdobrarão para a sociedade pelo convívio de muitos desses indivíduos com outros que procuram agir de acordo com as regras que objetivam uma convivência harmoniosa. Está claro que, contra indivíduos perniciosos, regras e leis tem eficiência limitada, pois eles se servem dos dispositivos que pretendem assegurar que inocentes possam pagar pelo que não cometeram, além de não dar muito valor às penalizações que essas leis prevêem. Se as causas apontadas acima são verdadeiras, poderíamos dizer que o diagnóstico está feito e as causas identificadas. No entanto, o que pode ser feito para a devida correção? A doença está conhecida, mas há remédio pra tentar cura-la?
Se existem remédios que possam curar essa doença com eficiência, não sei mas acredito que existem alguns que não foram ministrados ou foram usados de maneira distorcida, considerando diagnósticos errados. Eu, por exemplo, nunca tive conhecimento de que esse problema teria sido abordado da maneira que aqui foi. Não me considero um indivíduo mal informado, me considero acima da média nesse quesito, portanto, se eu desconhecia isso, muitos outros também o desconhecerão. Desconhecer a causa de problemas é escancarar a possibilidade pra que eles aconteçam. Portanto, o primeiro que deveria ser aplicado é o conhecimento. O conhecimento aqui exposto existe fracionado em diversos setores da sociedade. As leis tentam coibir muitas das distorções dos indivíduos. As leis religiosas também as tratam a seu modo, acusando causas irracionais para o desvirtuamento dos indivíduos, prometendo benécies pra quem se comporta de determinadas maneiras e castigos para os que se comportam de outra. Usam justificativas confusas e conflitantes pra tentar explicar como as pessoas deveriam se comportar para atender os desígnios do criador. Não bastasse a confusão existente no que prega a religião, no conflito entre partes distintas dessa própria doutrina, há os conflitos entre o que cada uma delas prega, cada uma defendendo que a sua doutrina é a correta e que as outras são falhas.
Por outro lado, existem pontos positivos na maioria do que pregam as religiões. A falta de domínio da vontade é condenada na maioria delas. A prepotência também é condenada, embora a maioria da religiões use e abuse dela ao repelir a possibilidade de que ela própria seja questionada, valendo-se de dógmas pra impor sua crença. É comum que religiões cristãs acusem a existência do pensamento involuntário e o associem ao diabo, que vive atentando os indivíduos para tira-los do convívio do criador. Em fim, as religiões abordam o problema por ópticas que não tem ajudado o efetivo entendimento, nem suas maneiras de preveni-los tem surtido o efeito necessário.
A sociedade através da legislação, das regras, dos códigos de ética, etc., também tem tentado mostrar o problema e coibir os efeitos, ameaçando com castigos penais a quem os desrespeite. O sucesso na prevenção tem sido precário e ajuda pouco pra evitar que os problemas aconteçam. Os inescrupulosos vivem buscando meios de burlar as leis e safar-se das penalizações. O que tem ajudado razoavelmente é a moralidade pregada na sociedade, que faz com muitos indivíduos, por medo de perdê-la e ficarem expostos a acusações indefensáveis, comportam-se segundo suas regras, evitando participar da criação de boa parte dos problemas.
O que ocorre na sociedade é que, muitos indivíduos se controlam, uns por medo da penalisações da lei, outros por temor a castigos divinos, outros por temer a desmoralização, etc.. Não conheço uma abordagem simples que mostre, por exemplo, que o não domínio da vontade, seja a origem de muitos males, que mostre os porquês, o que isso pode gerar, e que vale a pena esforçar-se pra dominar a vontade, considerando o mal que ela causa ao próprio indivíduo. A mesma coisa deveria ser feita com a dificuldade de aceitar críticas e com a tendência à facilidade inicial. Se essas causas forem corrigidas, grande parte dos problemas estarão resolvidos. Claro que a divulgação dos males que elas poderão causar, não é suficiente pra preveni-las mas, isso evitaria que muitos indivíduos se deixassem levar com tanta facilidade por essas causas.
A educação é ponto fundamental para a formação dos indivíduos. Como analisamos acima, o indivíduo nasce com as condições básicas para a vida. Durante esta, ele vai adquirindo conhecimentos que lhe propiciarão várias facilidades e evitarão muitos problemas. Quanto mais conhecimento um indivíduo tiver, mais possibilidade de êxito e menos de dificuldades terá.
Não existem indivíduos que vivam sem adquirir conhecimentos, mesmo os que nunca passaram por qualquer escola. Ele aprende na família, na sociedade em geral, no trabalho, etc. Não freqüentar escolas não quer dizer que não haja aprendizado. No entanto, os conhecimentos adquiridos dessa maneira, são os básicos pra sobrevivência. Acredito que o conhecimento mais importante para o indivíduo é a comunicação. Sem ela, ele terá enorme dificuldade pra entender os ensinamentos recebidos, da mesma maneira que não conseguirá transmitir suas dúvidas. Sem entender e fazer-se entender, é dificílimo o convívio, principalmente com o conhecimento. No entanto, não me lembro de ter sido alertado para isso em nenhuma fase de minha educação, nem nas aulas de português.
A matemática é menos importante pra cálculos do que pra demonstrar a importância do raciocínio, de como ele pode ser utilizado, do quanto pode nos ajudar. A dificuldade de raciocínio é, como vimos acima, uma das causas principais para a distorção de valores, dificultando a ação da razão para analisa-las e fazer a melhor opção para cada situação.
Todas as matérias acadêmicas e profissionais tem importância. No entanto, de pouco servirão se o indivíduo não tiver conhecimento sobre si mesmo. A biologia se dedica a mostrar como funciona a vida, os organismos, sua composição, etc. No entanto, não aborda o que acontece no pensamento, a influência, interdependência, etc. entre racionalidade, emoção, memória, valores, em fim, fala sobre as células do cérebro mas se omite sobre o funcionamento complexo do que dizem ocorrer ali.
Grande parte dos alunos tem enorme dificuldade de aprender por ter dificuldade de comunicação. Não conseguem resolver problemas, mesmo que saibam o suficiente de matemática pra solução, porque não conseguem entender o enunciado do problema. Aprendem coisas erradas porque não compreenderam o que foi dito ou escrito. Sem um razoável conhecimento de comunicação é difícil aprender qualquer coisa e muito fácil considerar o errado certo por distorção na interpretação do que lhe foi comunicado. Portanto, é fundamental ensinar comunicação, como condição fundamental pra que se pretenda ensinar seja lá o que for ao indivíduo.
Conhecer constituição de células, funcionamento de órgãos, tipos sangüíneos, o que determina a cor dos olhos, etc., é importante mas conhecer os perigos e potencialidade da mente é fundamental. Se o indivíduo conhecer o que acontece no dia a dia no seu cérebro, pensamentos, emoções, preconceitos, valores, etc., , das influências externas que o atingem, do mistério que envolve muitos acontecimentos; ele poderá se precaver, utilizar da melhor maneira possível a potencialidade de que dispõe, em fim, estará menos susceptível a danos e mais apto a aproveitar as potencialidades positivas.
Ainda que mal comparando, a educação, acadêmica ou não, é como a adição de acessórios a um veículo. A partir de um veículo básico, pode-se chegar a um, totalmente sofisticado, com capacidade multiplicada, podendo fazer isso no decorrer do tempo. Muitos acessórios só serão enfeites, enquanto outros influirão muito na otimização da utilização do veículo. Muitos desses acessórios exigirão adaptação através de suportes que, se não tiverem qualidade, poderão inviabilizar a utilização adequada do acessório. Na educação, esses suportes seriam os pré-requisitos de aprendizado pra que o aluno possa aproveitar bem o estudo específico, que seria o acessório.
Se na educação de uma criança lhe fornecermos conhecimentos básicos de seu próprio funcionamento e os aprofundarmos com o passar do tempo e na proporção de outros conhecimentos que lhe permitam compreender cada vez mais a importância do conhecimento de si mesmo, estaremos propiciando a ele condições de se proteger, de evitar danos, de trabalhar com eles quando inevitáveis, de promover correções. A dificuldade em se conseguir isso, está na incapacidade dos adultos, que não aprenderam e, portanto, não podem ensinar. Apregoa-se muito a importância da educação e do conhecimento, divulga-se com destaque o avanço científico e tecnológico, principalmente nas áreas de informática, aeroespacial, médica, paleontologia, etc. O homem conhece a lua, sabe bastante sobre dinossauros, sobre transplante de órgãos, etc., mas desconhece totalmente a si mesmo, principalmente sua mente. Por que isso? Por que não se promovem as mudanças necessárias pra que isso seja corrigido? Sem essa correção, dificilmente conseguiremos curar os "doentes" a que nos referimos na matéria.
O tratamento de quem já está "doente", me parece muito difícil, pois pode ser comparado à recuperação de dependentes de drogas, ladrões e outros delinqüentes. É muito difícil, exige tempo e, principalmente, o reconhecimento por parte do "doente" de que está "doente" e sua anuência com o tratamento. Mesmo assim, as experiências com esses indivíduos tem mostrado a dificuldade de "cura".
Não resta dúvida da dificuldade da solução do problema, mais fácil seria considerar que o grande mistério é quem determina tudo, aceitarmos como inexoráveis os acontecimentos e sofrermos com resignação. No entanto, se considerarmos que temos alguma autonomia, é difícil cruzar os braços e assistir a escalada desses males, sem tentar fazer algo no sentido de evita-los.
Estamos classificando esse problema como doença, porque é o mau funcionamento de uma parte do indivíduo, de sua constituição. É a ineficiência no trato dos valores, emoções, do pensamento em geral. seu funcionamento ocasiona problemas para a vida do indivíduo, talvez, mais que as piores doenças biológicas ou fisiológicas. Portanto, é uma questão de saúde e deveria ser tratada como tal.
Uma coisa que me parece ter contribuído para o aumento desse problema é o aumento da liberdade dos indivíduos sem o acompanhamento da devida responsabilidade. Foram retiradas barreiras que, ainda que fossem ruins, represavam boa parte das potencialidades de problemas. A liberdade sexual que acabou com a opressão contra o prazer, deu direito de ser praticada sem repressão, sem necessidade de sentir culpa por pratica-la, etc., trouxe no seu bojo a aumento exponencial da gravidez indesejada e irresponsável, por absoluta falta de conhecimento, compreensão, consciência e responsabilidade. Saímos de uma coisa ruim e chegamos a outra que pode ser pior. Acreditar que a liberdade é responsável pelos problemas, é matar a vaca pra acabar com as moscas de seu rabo. O problema não está na liberdade e sim, na falta de consciência, conhecimento, responsabilidade, etc. Com indivíduos deformados não há como conseguir uma sociedade que funcione bem, que possibilite felicidade a seus componentes que, em última análise, é o objetivo da vida.
O assunto é complexo e a solução extremamente difícil, o que leva a longa dissertação pra tentar identificar as causas e buscar soluções. O ideal é fazer um resumo, simplificado que nos dê uma visão geral; propiciando, na medida da necessidade, informações que aprofundem o conhecimento.
A causa principal seria a falta de controle sobre a vontade, causando dificuldade para a razão agir na análise da situação, escolher valores, administrar emoções e se contrapor ao pensamento involuntário.
A tendência pela facilidade inicial, sem considerar que possa não ser o que propiciará a maior facilidade no conjunto, é outra grave causa.
A dificuldade ou incapacidade de assimilar críticas e reconhecer erros, dá uma enorme contribuição pra piorar as coisas.
A falta de conhecimento, compreensão e, principalmente, consciência, reforçam as outras causas, impossibilitando que sejam evitadas ou corrigidas.
No desenrolar dos fatos, causas e efeitos vão se sucedendo, fazendo o problema aumentar como verdadeira bola de neve.
A solução estaria numa educação eficiente, que incluiria o preparo para o enfrentamento de dificuldades, evitando que os indivíduos fujam delas irresponsavelmente, se acostumem a enfrenta-las e se preparem para vencê-las. É irracional não tentar evitar dificuldades, porém, é igualmente importante não conseguir isso a custa de distorção de valores significativos.
Se não for feito nada pra tentar corrigir os adultos, pouco resultado será obtido na educação de crianças.
Valores
humildade, solidariedade, determinação, coragem, amizade, prepotência, egoísmo, indeterminação, covardia, inimizade,
Emoções
amor, alegria, tristeza, ódio, inveja, angústia, vontade, ansiedade
Educação como meio de colocar acessórios no indivíduo, como se coloca em um carro pra melhora-lo
15/08
Qué vê o diabo bravo
Sortá fogo pro nariz
É só mostrá um sorriso
Demonstrá que tá feliz
Si tivé muié bonita
I vivê com muito amô
O diabo num sucega
Enquanto num causá dô
O bicho num dá sucego
Atasana quem é bom
Pois o ruim já tá no papo
Vai pro tacho sem perdão
16/08
Não dormi nada esta noite e, ontem comi um pão com café com leite. Foi uma noite bastante difícil. Levantei por volta das 2:00hs e escrevi até as 6:30hs.
Passei o dia muito mal, o pensamento involuntário me enchendo o saco, me colocando a todo instante a besteira que ela estava fazendo, os problemas que teria quando resolvesse se separar, o que não deveria demorar pra acontecer, devido a incompatibilidade entre eles. Que essa separação demoraria um pouco pra acontecer, uma vez que estavam em plena lua de mel, que ele não pouparia esforços e dinheiro pra satisfazê-la nos mínimos desejos; que poderiam passear, viajar, hospedar-se em hotéis, almoçar e jantar fora, em fim uma porção de coisas que não tivemos muita condição de fazer. Ela tomará todo o cuidado pra não despertar o ciúme dele e ele fará vistas grossas a alguma coisa que aconteça. Só quando as atrações começarem a perder importância pela constância e o dia a dia começar a gerar problemas, é que a separação começará a ser ensaiada. Claro que ele tentará impedir por todos os meios, mas ela dificilmente se submeterá. Se a separação realmente acontecer, não é muito difícil que gere uma tragédia. Pelas informações que tenho, é mais que provável que isso aconteça assim mesmo. O pensamento involuntário fica repetindo isso constantemente, incansavelmente. Ele não cansa mas eu sim! Pra que repetir o que já sei de sobra? Por que não me deixar a mente livre pra pensar em qualquer outra coisa? Mas não, repete como uma ladainha. Se quer me incomodar, não tem outra opção do que repetir, uma vez que não há nada de novo pra considerar. É como se te fizessem repetir o mesmo prato N vezes, mesmo depois de satisfeito com o primeiro. Além de encher o saco, isso causa um mal terrível, acentua a dimensão da perda, pisoteia o amor próprio, aperta o peito, dilacera o coração. Pensei no que ele sentirá quando for abandonado e cheguei a ficar com dó dele. Provavelmente sofrerá o mesmo que estou passando, pior ainda, uma vez que não tem racionalidade suficiente pra se contrapor ao pensamento involuntário e à emoção ruim. Evito lembrar da felicidade que tive com ela, pois isso, ao invés de amenizar, aumenta a dor. Não lembrar do que foi bom não é difícil, difícil é esquecer o ruim!
17/08
-Ontem a noite dormi antes do jornal nacional, estava morrendo de sono, por não ter dormido a noite anterior.
Passei o dia de ontem muito mal e fui dormir sem ter melhorado.
Acordei por volta das 4:30hs, sem sono. Fiquei na cama dormiscando até as 5:30hs, quando começou o telecurso. Era a primeira aula de solda, que me interessa muito. Não consegui assistir toda a aula porque cochilava. Saco! quando queria dormir, não conseguia. Quando quis assistir a aula, dormi.
Levantei as 7:00hs, muito bem! Bem disposto e sem tristeza. Estranhei!
Senti que havia acontecido alguma coisa, que eu não conseguia entender, mas que havia acontecido, havia. Achei estranho o estar me sentindo tão bem, quando só tinha motivos para amargura, tristeza e outras coisas ruins.
Quando subi pra roçar, pensei que a mulher que está com o Rodrigo não é a minha, é só o corpo dela, ocupado pela outra. Que, quando a Mari voltar, voltará pra mim, mesmo que como amiga, afinal, ela sabe que amigo como eu não se despreza.
Pensei que tenho que ligar pra Mara, fiquei de fazer isso pra acertar os negócios do banco e da firma, além de saber o que ela pensara sobre o que lhe disse na segunda feira. Pensei que fizera besteira ao dizer-lhe que estava doente, que precisava de tratamento, de ajuda, que pensasse no que estava fazendo e que, se concluísse que precisava de ajuda, que estávamos prontos a ajuda-la. Foi besteira, porque ela é a Mara e não a Mari. A Mara não está doente, ela é a doença. Quem precisaria de ajuda seria a Mari, mas, neste momento, a Mara domina o corpo e não permitirá que a Mari seja ajudada.
Ocorreu-me que deveria ligar pra Mara, pra resolver as questões do banco, mas que deveria aconselha-la. Dizer-lhe que, já que está lá, aproveite ao máximo, não perca a chance de fazer o que puder, conseguir o máximo de felicidade. Que aproveitasse, também, pra cuidar da saúde, dos dentes, da ginecologia, etc. Que aproveite o sistema de saúde de Cambraia, que deve ser melhor que o daqui e que, o que não puder ser feito na rede pública, peça ao Rodrigo pra pagar. Depois transcrevo o texto que pretendo dizer a ela e que escrevi no caderno.
Pensei que deveria falar com o Rodrigo também. Sempre tive pena dele, por considerar que era apaixonado por ela e que sua ausência era muito dolorida, além do amor próprio ferido, que deveria doer muito. Sempre comentei isso com a Mari, principalmente quando estávamos em Ribeirão, quando ele ligava muito pra ela. Acho que devo aconselha-lo a não desperdiçar o grande presente que recebeu. Depois transcrevo o que escrevi pra ele também.
Eu estava calmo, quase feliz e esse pensamento me domina até agora. Provavelmente porque quando se pensa no bem ou se o pratica, sente-se alegria como recompensa. Para a maioria das pessoas, isso poderá parecer uma tremenda loucura. Nem eu mesmo não tenho certeza se não é. Pode ser, mas é justificável, pelo que expus. Afinal, ela não voltará pra mim enquanto estiver com ele. O que tiverem que fazer, vão fazer. Portanto, já que não tem remédio, porque sonegar informações que possam gerar felicidade, mesmo que isso provoque o retardo da volta dela? Claro que não acredito que ele consiga seguir meus conselhos com o empenho que eles merecem. Que não conseguirá controlar o ciúme e que ele impedirá que desfrute tudo o que pode do relacionamento. Também acredito que o que tiver vai ser. Tenho certeza (a que se pode ter a respeito de qualquer coisa) que ela o deixará e sinto que não demorará muito. Em fim, quando isso tiver que acontecer, acontecerá independente do que qualquer um possa fazer, pois não depende de seres humanos. Portanto, acredito estar ajudando o inevitável. O prazer que tiverem não deverá me prejudicar, enquanto puder pensar assim. Então que sejam felizes!
Ocorreu-me escrever sobre duas personalidades ocupando o mesmo corpo, alternadamente e tentarei fazê-lo. A seguir transcrevo os textos que escrevi e que pretendo ler pros dois.
Mara, tudo bem?
Me lembra de falar de cheques no final.
Vou me atrever a e dar alguns conselhos.
Enquanto você estiver aí, aproveite ao máximo. O Rodrigo tem condições de te propiciar várias coisas.
Peça pra ele te levar no Rio de Janeiro, procure satisfazer essa vontade, que eu não pude, até agora. Convide-o pra almoçar e jantar em restaurantes e aproveite pra comer bastante lasanha.
Aí em Cambraia o sistema de saúde deve ser melhorzinho. Aproveite pra fazer exames ginecológicos, verificar aquilo que te esquenta a cabeça e rosto. Vá ao dentista e faça revisão dos dentes e ponte.
No relacionamento, evite dar motivos pra ciúmes, não economize carinhos, aproveite ao máximo os bons momentos.
Esse corpo que você está usando é o mesmo que a Mari usa, portanto, cuide bem dele, pra que quando ela voltar, não o encontre com problemas.
Vou conversar com o Rodrigo, também, e aconselha-lo a cuidar bem de você, aproveitar o máximo, não desperdiçar nada, pois ele ganhou um prêmio muito desejado e seria besteira desperdiça-lo.
Eu estarei esperando a volta da Mari pois, pelo menos como amiga, ela vai voltar um dia. Quando isso acontecer, estarei pronto pra retomarmos as conversas, vou aproveitar as experiências que ela tenha passado (quer dizer: você) e lhe contarei o quanto estou aprendendo, que é muito!
Quanto ao banco, te peço, se for possível, que você me forneça alguns cheques assinados, pra que eu possa efetuar pagamentos. Gostaria de não ter que pedir pro Nakano mandar o pagamento pra outra conta, mesmo porque gostaria de continuar aplicando aqueles oitenta reais da aplicação que você abriu. Eu te devolverei o cartão.
Por fim, te peço que arrume um caderno e escreva tudo que puder. Isso poderá ser de grande ajuda no futuro.
Rodrigo, parabéns pelo presente recebido. Sei o quanto ele foi esperado.
Vou me atrever a te dar uns conselhos, que você poderá usar ou não.
Aproveite ao máximo o presente recebido, não desperdice nada. Procure controlar o ciúme, que é o maior veneno pra um relacionamento. Parece que o seu é muito forte. Cuide pra que ele não provoque problemas e impeça o aproveitamento que o relacionamento pode propiciar.
Leve-a pra passear, procure o que possa diverti-los. Faça com que ela cuide da saúde, principalmente dos dentes.
Dê o mínimo de atenção ao resto, dedica-se a aproveitar o máximo que ela pode te oferecer.
Mais dia, menos dia, ela vai te deixar. Isso não depende de você, nem dela, nem de mm, em fim, não depende de seres humanos. Quando isso acontecer, você vai sofrer muito. Você sabe muito bem como é. Por isso te digo pra aproveitar ao máximo enquanto durar. "Que seja eterno enquanto dure"
O corpo dela é ocupado por duas pessoas. Uma é essa que está com você, a outra é a minha. Eu não tenho como ter a sua e nem quero. Você nunca poderá ter a minha. Portanto, quando a sua for embora, espero que você se lembre do que estou te dizendo e não force a barra. Sofra a sua dor, procure consolar-se, mas não persiga a mulher que não será sua, até que a roda da vida, talvez, traga a sua de volta novamente.
Quando a separação acontecer, claro que você vai fazer o possível pra evitar, afinal não teria sentido você deixar que vá embora sem tentar mantê-la junto de você. Mas, lembre-se, quando isso acontecer, nada vai poder impedir. então, depois de tentar tudo que estiver a seu alcance, deixe-a ir. Lembre-se que um dia ela poderá voltar. Não a persiga pois isso só criaria problemas e não ajudaria em nada.
Aproveite ao máximo e enquanto puder, pra não lamentar, depois, ter desperdiçado.
Não se preocupe que, enquanto ela estiver com você, será só sua. Não perca tempo com ciúmes idiotas..
17/08
SEM AMARGURA
O que foi feito daquele amor que é só meu
Daquele amor mais do que paixão
Que é a razão do nosso querer
Pra onde foram tantas promessas que nos fizemos
Tenho certeza que aquele amor não pode morrer
Sei que agora ela está vivendo bem mais feliz
Dizendo ainda que nunca houve amor entre nós
Pois ela sonha com a riqueza que nunca tive
Com a pobreza nunca sofreste
Deixemos que ela seja feliz
Vai com Deus seja feliz com seu amado
O meu peito fica trancado até o dia que ela voltar
Eu só desejo que a boa sorte siga teus passos
Mas se tiveres algum fracasso
Tenho certeza ela vai voltar.
18/08
Passei o dia muito bem e sem ansiedade esperei o final da tarde pra ligar pra Mara e dizer-lhe o que escrevi ontem, inclusive pro Rodrigo.
Pensei em retomar a tentava de efetuar palestras, agora com muito mais conhecimento, pensei no Nelson como meu agente, uma vez que ele está aposentado e só ficar no sítio cuidando dele e fazendo coisas não deve satisfazê-lo por muito tempo. Ele é comunicativo, gosta de conversar com pessoas estranhas, em fim, tem características necessárias pra vender palestras. Pensei em fazer uma experiência na escola em que ele foi diretor. Pensei, também na possibilidade de fazê-la na empresa do Toninho, sogro do Francis e em empresas que ele conhece e que poderia indicar. Estou animado com a idéia.
No final da tarde fui na Marta e liguei pra Mara, li o que escrevera, não acreditando que ela fosse dar crédito que, até mesmo não ouvisse o que eu dizia. Segue falando sem emoção, nem boa nem ruim. O Rodrigo não estava e fiquei de ligar outro dia na hora do almoço, pois ela disse que à noite ele chega tarde.
Como estivessem por ali a Marta, Chico Bento, Martim e Martinha, li pra eles o que dissera a ela e o que direi ao Rodrigo. Depois disso fiquei falando bastante ao Chico e ao Martim, tentando explicar o que estava pensando a respeito.
Comecei a escrever a história dela, considerando que são duas pessoas ocupando, alternadamente, o mesmo corpo. O arquivo é o DUAS e está no diretório Mari.
19/08
Na hora do almoço fui em Santana da Luz buscar ração. Liguei pra Mara pra falar com o Rodrigo mas ele não estava. Questionei-a a respeito do medo que vem demonstrando em falar comigo. Ela disse que achava ruim ter que ficar falando sobre coisas que poderiam fazer mal sem resultados.
Questionei-a sobre o tempo em que decidira voltar pro Rodrigo. Ela disse que nem lhe passara isso pela cabeça quando decidiu me abandonar. Que o encontrara no dia que chegara em Santana da Luz, vindo da Marina, que conversaram e resolveram fazer uma experiência. Ela disse que ele está bem financeiramente, mas que isso não lhe importa, que ele tem vários negócios mas que é desorganizado e que ela está tentando colocar ordem nesses negócios, que é interessante e que está gostando.
Perguntei-lhe se havia entendido o que eu dissera ontem e pedi-lhe que resumisse o que entendera pra eu certificar-me que tinha assimilado. Ela demonstrou ter entendido, querendo saber que tipo de aviso eu tinha recebido. Contei-lhe que fora como uma luz piscando no tempo em que eu estranhava estar até feliz quando passara duas noites e um dia terríveis e, sem motivo aparente, agora sentia-me bem, até feliz. Que parece que algo me dizia que deveria aconselha-los aproveitar o tempo em que estivessem juntos e tudo o mais. Que estava aprendendo muita coisa e que estava escrevendo um livro sobre sua vida.
Perguntei se ela o amava e respondeu que não sabia, que no momento tudo era muito bom, com passeios, saiam bastante, em fim, com coisas boas e fácil ser feliz.
Disse-lhe da falta que a Mari me faz como companheira, principalmente pra conversar. Que, agora, quando escrevo tudo o que estou descobrindo e questionando, falta ela pra ouvir e contribuir.
Disse-lhe que vou me esforçar pra não ligar mais e que estarei a disposição sempre que precisar. Que sem a Mari a vida não tem grande valor e que esperarei o final desse relacionamento, quando ela terá voltado pra contar-lhe e ouvir tudo o que for possível.
Pedi-lhe novamente que me forneça alguns cheques assinados para que eu possa movimentar a conta.
Na volta, continuei escrevendo com muita animação a história dela, acrescentando textos do arquivo mistério. A escrita vai indo muito bem e eu também. Estou animado com a possibilidade de editar livros e fazer palestras, que é um desejo antigo mas nunca realizado pela minha incapacidade de vender a idéia. Tenho esperança de que o Nelson possa topar e, se não, tentarei procurar alguém que o faça.
Tudo isso já estava abandonado e se ela não tivesse ido embora, provavelmente continuaria assim. Ocorreu-me que tudo isso pode ter sido provocado para que eu retomasse esse projeto. É uma possibilidade, afinal o mistério já demonstrou o circo que é capaz de armar para atingir seus objetivos.
Ocorreu-me também que o mistério pode ter me dado uma opção e eu não entendi. Na noite de segunda pra terça-feira, quando ela foi com a Marina pra S.Paulo, não dormi e, na madrugada tive o desejo de ir, no dia seguinte, até lá e conversar com as duas em conjunto pra esclarecer o porquê de me estarem tratando como alguém perigoso. Na manhã seguinte conversei com o Chico e, como ele me dissesse que ela voltaria na quarta-feira desisti de ir atras dela. Se tivesse ido, a conversa que teríamos, porque ela não conseguiria escapar e duvido que se negasse a conversar, quando havia afirmado pra Marina que gostaria de continuar minha amiga. Não teria como negar-se a conversar e ter que admitir pra Marina que haveria outros motivos que não os alegados. Bem, se tivéssemos conversado, é muito provável que tivéssemos esclarecido uma porção de coisas, que poderíamos resolver dar um tempo pra ela experimentar outra coisa ou, até mesmo, que decidisse voltar pra mm. Qualquer dessas alternativas, faria com que voltasse comigo e impediria o encontro dela com o Rodrigo, mudando totalmente o rumo da história. Como não atendi a intuição, o caminho da segunda opção se realizou.
Continuo com a certeza de que ela é afetada por algo muito forte pra agir como age nessas situações. Se for a vontade incontrolada, algo acontece que lhe tira o domínio sobre a vontade, pois quando está normal, a controla e não permite abusos. A dificuldade de receber críticas também contribui bastante pra que tenha tomado tal atitude. Mas em condições normais, a conversa possibilitaria o encontro de caminhos. Poderíamos, até, concluir que o melhor seria partirmos pra buscar novos caminhos em outro lugar. Poderíamos achar que seria melhor dar um tempo, em fim, conversando poderíamos encontrar a solução. No entanto ela fugiu da conversa como o diabo da cruz. A prepotência de considerar-se capaz, auto-suficiente, também deve ter contribuído bastante pra que tomasse tal atitude. Tudo isso demonstra grande fraqueza e falta de domínio sobre si, o que não é tão evidente nela. Sempre procurou conversar, esclarecer, questionar buscando soluções. Tudo isso demonstra a anormalidade na situação.
Estou acreditando, fortemente, que isso tinha que acontecer, que era inevitável, por algum motivo. O motivo pode ser o que expus acima: fazer-me retomar o projeto das palestras ou qualquer outro. Sinto que é obra do mistério e que não é possível fazer nada que já não esteja determinado por ele. Por isso estou me dedicando com força a tentar entender muita coisa, fazer muitos questionamentos, e escrever o que vai acontecendo.
Os textos tem surgido com facilidade nunca antes experimentada, fluem com facilidade, rapidamente, mais rápido do que posso escrever.
20/08
Acordei as 5:30hs. Levantei as 6:00hs e não consegui fazer outra coisa, só escrever. Escrevi a manhã toda no arquivo FALA , da palestra. Cheguei ao final da história: duas em uma, ontem, colocando a atual situação. Daqui pra frente preciso ver como proceder mas me parece que, agora, começa o questionamento e as tentativas de entender.
Por volta das 14:00hs, fui no Chico Bento. Relatei a ele tudo o que descobrira, sobre o funcionamento do cérebro, a importância da vontade, da preguiça, principalmente, no pensar. Falei também sobre os pensamentos involuntários e discorri sobre as impressões sobre o mistério. Percebi que isso lhe chama muito a atenção mas, chega uma hora que ele demonstra cansaço de ouvir. Não deve ser fácil pra ele assimilar tudo o que falo. Deve achar interessante mas cansativo.
Na volta de lá me senti incomodado, com o espírito desencantado, pra baixo. Pensei nela ao lado dele, feliz e, embora ache que tenha que aproveitar mesmo, não é nada agradável pensar sobre isso. O ideal é esquecer ou, melhor encarar com naturalidade sem ser atingido, considerando que é outra que está lá e não ela. O problema é que o pensamento involuntário fica espicaçando, colocando-a na minha mente, tentando fazer-me acreditar que estou errado e ela nunca foi boa, que enganou o tempo todo. Isso é absurdo, pois ela cansou de dar provas do contrário.
21/08
Por volta das 10:00hs o Chico Bento veio com o trator, trazendo a Marta, Martim, Felipe e Priscila. Vieram buscar a geladeira, guarda-roupas, roupa e fotos dela. Mandar buscar o guarda-roupas me tocou. Se está bem instalada, pra que quer um guarda-roupas velho, desconjuntado? Senti como mais uma provocação, espicaçando, querendo reafirmar que não voltará mais e que fará tudo pra me atingir. Quem está no domínio dela tem a intenção de me atingir, me fazer sofrer e não perde oportunidade, até nos mínimos detalhes, de fazer isso. Ir embora sem falar comigo, fugir de conversar comigo como o diabo foge da cruz, mandar me dizer que está feliz, que eu faça o que quiser com as coisas e, agora, mandar buscar um guarda-roupas desconjuntado. Fica cada vez mais claro o objetivo de me atingir. Por que? Se a intenção era me fazer voltar a escrever e retomar o projeto das palestras, já conseguiu. Ou ainda não está satisfeito e espera mais? Talvez.
Enquanto a Marta recolhia as coisas, fiquei conversando com o Chico Bento. Ele colocou que não concorda quando digo que ela está doente, que pra ele, é falta de juízo. Disse-lhe que pode ser dado o nome que se queira. Reafirmo que é doença na definição da mesma que identifica mal funcionamento do corpo, no caso dela, cabeça. Exemplifiquei com o caso do Gilberto Américo, que é considerado doente. Ela se encaixa na mesma faixa, só que a causa pode não ser biológica e sim misteriosa. Ele me sugeriu que daqui a dois domingos fossemos em Parreiras espionar o que o Rodrigo tem lá. Disse-lhe que não é uma boa idéia, que não pretendo interferir mais, esperando o desenrolar dos fatos.
23/08
Sigo melancólico, pensamentos involuntários me azucrinando. Eles me dizem que ela está com condições de permanecer lá um longo tempo, uma vez que depende dele aceita-la como é, que lhe dê liberdade, que ela consiga satisfação no trabalho e que ele também fique satisfeito. Como, além disso, ela disse que ele fica o dia todo fora, só indo pra almoçar em casa, isso faz com que a convivência não seja cansativa, podendo durar bastante.
Os pensamentos involuntários me colocam ainda que não devo aceita-la de volta, caso queira voltar. Repudio essa idéia porque, voltando ao normal, é uma coisa que não se pode desprezar, que vale muito, que qualquer preço é barato pra tê-la de volta, ao menos como amiga.
Pensei, também, que não pode me esquecer por completo, não seria razoável, signifiquei muito em sua vida pra ser esquecido totalmente, sem mais nem menos.
Se a motivação for o mistério, nenhuma lógica poderá compreendê-lo, portanto será o que tiver que ser, não há o que fazer.
O ideal seria que não me passasse pelo pensamento um único segundo, que só voltasse a ele quando ela viesse junto. Mas, isso parece impossível. Um pouco de alívio vem das análises que estou fazendo do funcionamento da mente.
24/08
Continuo melancólico.
FANATISMO
O fanatismo é a verdadeira prisão da razão. É algo aceito sem questionamento, pré concebido.
O fanatismo é aceito pelo indivíduo porque lhe interessa.
Pode-se dizer que a idolatria é o fanatismo dirigido a pessoas e coisas.
Não é raro o fanatismo inverso. O fanatismo só vê o lado que interessa, considerado bom, realçando-o ao máximo, enquanto o fanatismo inverso, faz o contrário, só vê o lado negativo, ruim, destacando-o.
O fanatismo religioso é o mais comum, Acho que o fanatismo esportivo pode ocupar o segundo lugar e, o ideológico, o terceiro.
Não aceitando sua incapacidade pra entender o mundo, sua criação, os fenômenos e acontecimentos que o cercam; levam o indivíduo a aceitar uma doutrina religiosa, que afirma conhecer tudo o que ele desconhece, oferecendo argumentos, por mais incoerentes que sejam, mas que lhe permitem acreditar, e fazer acreditar, que ele não é um ignorante, que conhece as causas e os efeitos, o que é bom e ruim, o que deve e o que não deve ser feito. Isso seria motivo suficiente pra atirar-se de cabeça no fanatismo.
Mas, no entanto, o fanático pretende mais da doutrina adotada: vantagens econômicas, emocionais, de saúde, além de esperar as vantagens de passar a eternidade num lugar privilegiado.
O fanático religioso é, antes de mais nada, um acomodado, esperando que a religião lhe propicie o que ele não tem disposição pra fazer.
São poucos os que seguem a máxima: "reza como se tudo dependesse de Deus e, trabalha como se tudo dependesse de você".
O fanatismo esportivo atende a necessidade do indivíduo de ganhar, ser vitorioso. Suas realizações pessoais não são suficientes, ele quer mais, por isso se apega ao que possa oferecer-lhe essa possibilidade. A vitória do seu time é assimilada como uma vitória pessoal e ele sente o prazer de ter ganho, de mostrar aos outros que ganhou.
O fanatismo ideológico também atende o interesse do fanático, sejam econômicos ou emocionais.
Em que parte da mente se aloja o fanatismo? Deve ser no mesmo lugar dos preconceitos, mas onde? Na memória? No emocional? ou numa área específica?
Não há quem não tenha preconceitos. O que varia é sua amplitude e intensidade.
Fanatismo, preconceitos e dependência, fazem do indivíduo um escravo. Escravo de si mesmo. Essa condição lhe tolhe a razão, que é o único meio de que o indivíduo dispõe para consultar, analisar, ponderar e decidir.
Existem forças externas que agem no indivíduo e, muitas delas, difíceis de serem controladas e, não raro, impossível fazê-lo.
Sem a interferência da razão, o indivíduo fica a mercê da emoção, que inverterá a função da razão, colocando-a a seu serviço, quase sempre pra minimizar felicidade e super-valorizar o sofrimento.
Não raro me pergunto e, agora volto a fazê-lo: por que a razão com tamanha capacidade, pode ser submetida por valores e emoções destruidoras?
Ela é um grande exemplo da capacidade dominada pela força.
Que bom, é, quando a razão é dominada e colocada a serviço de um grande amor, realizado e em pleno desfrute. A razão ativa e livre, nesses períodos, descansa, dedicando-se a vigiar perigos que possam ameaçar o desfrute da emoção.
Quando esse amor for interrompido bruscamente, ela será a única alternativa de oposição à tormenta resultante de tal situação.
A impossibilidade de desfrutar ou continuar desfrutando um grande amor, é terrível pra qualquer um. No entanto, será muito pior pra aqueles cuja razão esteja atrofiada e colocada a serviço da emoção e dos preconceitos.
Estes, serão dominados pelo pensamento involuntário, que agirá sobre a emoção, convocando valores negativos, causando desejo de vingança, fermentando o egoísmo, procurando culpados onde não haverá como encontra-los, pois, estes, estarão onde só a razão poderia localiza-los.
O pensamento involuntário me enche o saco e, pra combatê-lo, escrevi o que segue.
Aparentemente, ela está fazendo grande esforço pra se convencer de que não tenho mais a menor importância em sua vida.
Foge de falar comigo, com medo de fraquejar. Manda me dizer que não voltará mais quando, ao ir embora, disse que poderíamos ser bons amigos, o que já deixava claro que não seríamos mais amantes. Mandou dizer que eu dispusesse das coisas como quisesse, que ela não voltaria e que não queria nada. Manda buscar tudo o que era seu, inclusive fotos, pra não ter a possibilidade de ficar tentada a vir buscar, ela mesma.
Pode ser que não, mas, são indicativos significativos de que tem dificuldade de resistir a mim. Se não for isso, por que essas atitudes?
Será que ela tem noção do mal que me causou, menos pelo abandono, mais pelo modo e motivação? Será que sabe o mal que continua me causando com seu comportamento?
Que mal eu teria feito pra que se comportasse dessa maneira?
Tentando livrar-me de toda interferência negativa, causada pelo que estou passando, usando o máximo de racionalidade e bom senso, buscando arduamente na memória, não encontro mais que algumas críticas que lhe fazia, alertando-a pra atitudes e comportamentos que geravam males e que, se corrigidos, a engrandeceriam e gerariam o bem. Ao que tudo indica, essas críticas eram procedentes. O único mal que vejo ter feito ao criticá-la, foi ter usado inflexão de voz e expressões faciais desagradáveis (as vezes e não tanto), fazendo silêncio de protesto na seqüência.
Por outro lado, entreguei-me por inteiro a ela, com um amor que, poderá ter igual, mas, nunca, maior. Fiz o possível pra sua evolução, não regateei carinhos, elogios e dedicação.
O amor dela pode ter acabado, o que independe de sua vontade, da minha ou de qualquer um. No entanto, deveria sobrar reconhecimento do que representei pra ela, da amizade, da qual tem provas mais que suficientes, sempre lhe dediquei e continuo dedicando. Portanto, grita a questão sobre o porque de seu comportamento.
Pode ser que a procedência irrefutável das últimas críticas, possam tê-la feito sentir que perdera parte do cacife de que sempre dispôs. Que tenha concluído que isso a obrigasse a submissões que considera insuportáveis, optando por ir embora pra não correr o risco de ter que submeter-se aos meus desígnios, considerando que eu usaria a razão, que ela mesma reconhece que eu tenho, pra diminui-la e desconsidera-la.
Isso associado à falta de divertimento, passeios e outros prazeres parecidos, ao que se somaria a falta de maiores perspectivas de vida emocionante e arriscada; poderia ter formado o conjunto de descontentamento, cuja solução poderia ter como alternativa a separação. Porém, isso, não seria mais que uma alternativa, onde existiam outras que, no mínimo, mereceriam ser discutidas.
Portanto, por mais que me esforce, não consigo encontrar justificativas para sua atitude que não algum distúrbio mental ou a ação do mistério.
25/08
Hoje não rocei. Escrevi desde cedo a respeito da educação, dos erros que identifico no sistema e nas possíveis soluções. Escrevi no caderno e copiei para o arquivo FALA.
O pensamento involuntário teima em me colocar que o que a Mara fez e está fazendo, é uma tremenda ingratidão, egoísmo e falta de sensibilidade. Ela poderia ter tomado qualquer atitude, ainda que incoerente, mas poderia ter me poupado muito sofrimento ao conversar, colocar seus descontentamentos, defendendo seus desejos, mostrando que estava disposta a correr os riscos envolvidos para conseguir algo, mesmo que muito difícil. Que poderia ter me apoiado, confortando-me, ajudando-me a diminuir o peso do sofrimento. A lógica me diz que ela não poderia e, não pode, fazer isso, o que significaria expor-se, não resistir a meus argumentos, ao que ainda pode sentir por mim. A única maneira de agir da maneira como agiu e está agindo, é essa: fugir, esconder-se, evitar-me.
26/08
Ontem no final da tarde fui no Nelson, pois ele havia me dito que chegariam ontem no sítio.
Ao chegar, vi um tempra com rodas de liga leve, junto a casa da Marta. Quando desci do carro, o Chico Bento que estava na Marta, veio ao meu encontro. Logo que vi o carro, considerei que era do Rodrigo e que eles estariam lá. Perguntei ao Chico e ele confirmou.
Como o Nelson não tivesse chegado, liguei pra Dna. Maria que me informou que eles saíram logo depois do almoço, pra cá. Logo que saí da casa vi a berlingo chegando.
Pedi ao Chico Bento que entregasse a carta que eu escrevera para ler pro Rodrigo, por telefone, e ele entregou. Fiquei conversando com Marina e Nelson até 23:30hs. Contei-lhes do que havia acontecido com meu pensamento nesses dias, do que escrevi, coloquei-lhes, por alto, a idéia das palestras.
Por volta das 22:00hs, o Petro veio chamar a Marina dizendo que a Marta mandara chama-la. Na verdade quem pedira pra ela ir lá deve ter sido a Mara, que queria falar com ela mas, não poderia ir na casa dela porque eu estava lá.
Perguntei ao Nelson e Marina o que estavam achando do comportamento da Mara, que julgamento estavam fazendo. O Nelson disse discordar totalmente, que ela estava errada, que caíra muito no seu conceito. A Marina disse que não mudara muita coisa. Que ela achava que a Mara esperaria um ou dois anos, trabalhando e arrumando sua vida, pra depois pensar em outro relacionamento. Na verdade, assumiu a posição de quem não quer se comprometer e não quer parecer que julga, como defendendo que cada um é dono de sua vida e que pode fazer o que quiser com ela.
Me senti bastante mal, acho que por estar tão próximo dela e não conversar, nem ao menos vê-la. Aliás, acho que foi melhor mesmo não vê-la. Acho que poderia ser pior.
A Marina, depois que voltou da conversa com ela, disse que ela não quer falar comigo. Ela aparenta estar sentindo muito mêdo de conversar comigo.
Tenho pensado em forçar uma conversa. Mas continuo achando que não adianta, ela me ouvirá, dirá que está tudo bem, que está feliz, provavelmente reconhecerá que errou, me pedirá perdão pelo que fez, dizendo que sente muito pelo sofrimento que me causou mas, que está cuidando de sua felicidade e que nosso relacionamento chegara a um ponto que a incomodava. Provavelmente fugirá de questionamentos mais profundos, procurará manter a conversa na superfície. Terei dificuldade de argumentar, se ela colocar que está feliz, que é o melhor pra ela, que lamenta o meu sofrimento, mas que é isso mesmo que ela quer. Ela está deformada mas não perdeu a inteligência.
Ela demonstra o uso da inteligência nas atitudes que tem tomado, com a Marina, por exemplo. Como tinha ficado de voltar na segunda-feira, na casa da Mararília, em S.Paulo, pra fazer limpeza, ligou pra ela no domingo e disse-lhe que não poderia ir porque havia ido morar com o Rodrigo. Ligou de novo ontem, ou esses dias atras, e pediu autorização pra ir com o Rodrigo no sítio dela. Quer dizer, tem agido corretamente com a Marina, demonstrando que não perdeu a racionalidade. Só acusa anormalidade em relação a mim. Até o que pode ser considerado absurdo, que é ter ido viver com alguém que a incomodou tanto e por quem tinha verdadeira ojeriza, é justificável, quando considerarmos que, antes de mais nada, ela está vendo a possibilidade de realização profissional. Embora essa possibilidade não seja tão evidente, e se mostre difícil de acontecer, mas não deixa de ser uma oportunidade, o que justificaria ter aceitado ir morar com ele. Suportá-lo não seria tão difícil, porque quando do primeiro relacionamento, sentia amor por ele. O que provocou a separação foi o fato de ele engana-la, não lhe permitir liberdade e continuar casado. Agora ele está livre de casamento, se não a incomodar com perseguição, ciúmes e coisas assim, o relacionamento será bem possível. O que não tem racionalidade e parece totalmente absurdo, é o seu comportamento em relação a mim.
O que mais me incomoda (talvez não passe de tentativa de justificar o que sinto), é que ela demonstrou por sete anos, uma dedicação, um amor, uma admiração, aceitação de sacrifícios, em fim, coisas muito raras nas pessoas normais e relacionamentos do mesmo jeito; que confrontam totalmente com o comportamento anormal que está tendo e que teve nas outras oportunidades. Por mais que tente justificar isso, desprezando a presença do mistério ou distúrbio mental, não consigo nenhuma linha de raciocínio que possa explicar isso. Tudo me indica que é uma verdadeira doença, que não vejo como agir sobre ela, que só o tempo poderá reverter a situação.
Outra coisa que me incomoda muito, é o fato da divulgação do problema, de que todos estão sabendo do que fez (sabem bem menos do que imaginam e julgam sem pudor), pessoas de nossa relação, principalmente vizinhos e conhecidos. Isso pode ser um tremendo entrave para que ela volte ao normal ou assuma a normalidade, por vergonha do que terá que enfrentar, ao reconhecer que agiu erradamente. Poderá não conseguir enfrentar essa dificuldade, o que a impediria de voltar.
Estou sentindo, desde ontem a noite, um aperto no peito que incomoda. Só consegui dormir por volta das 4:00hs, acordei as 6:00hs e dormi de novo até as 7:20hs. Subi pra roçar mas logo voltei, principalmente porque não levara o isqueiro.
26/08
Meu amor foi condenado
Sem delito cometer
A pena exagerada
Me condenou a sofrer
Não tive advogados
Ninguém pra me defender
Consideraram normal
O meu triste padecer
Fui condenado sem culpa
Não há como recorrer
Estou preso em mim mesmo
Impedido de esquecer
Mente por que não relaxas
O melhor é esquecer
Já não podes fazer nada
Conformismo é saber
O saber acha que sabe
Mas nada pode fazer
Suas forças não lhe chegam
Pra se opor a tal poder
Resta-me cumprir o tempo
Da minha condenação
Não conheço esse tempo
Que ficarei na prisão
Só me resta a esperança
Sem saber o que virá
Se ainda serei feliz
Ou se a morte chegará
Porque sofrer mais que isso
Muito impossível será.
Me dá uma pasmaceira
Vontade de não fazer
Sinto estar meio vivo
Sinto metade morrer
Reajo me segurando
Tento só me segurar
Quero agir e fazer algo
Mas só consigo parar
Me esforço pra levantar
Tento andar, até correr
A amargura vai junto
E me faz esmorecer
Ter sido dono de tudo
Sentir-se só e sem nada
Toda a riqueza que tive
Era a mulher amada
Agora o que sobrou
Ë pouco, pouco valor
Se perdi tudo que tinha
Foi por ter demais amor.
27/08
Ontem a noite estive no Nelson e conversei com o Francis a respeito do seu desejo de deixar a empresa do sogro e ir para a Europa. Dei-lhe o arquivo FALA e recomendei-lhe que analise bem as possibilidades, porque a vontade pode depender só de nós mas, a realização, nem sempre. Que o excesso de precaução e o medo não devem impedir que façamos o que nos parece melhor. Mas que, devemos cuidar pra não nos deixar levar pela vontade incontrolada e emoções do mesmo jeito. Que já temos muito pouca autonomia e que devemos cuidar pra que não seja totalmente aniquilada e ajamos como marionetes, por conta de forças alheias a nossa vontade controlada.
Ao chegar no Nelson, a Marta falava com a Mara ao telefone. No final, deselhou-lhe sorte (Não sei por que). Ela deveria estar prestes a fazer algo ou alguma viagem.
A Marta me entregou algumas coisas que a Mara deixara lá pra mim: documentos da moto e recibo, canhotos de cheques, cheques assinados, recibos do Tiãozinho.
Hoje amanheceu chovendo. Ontem dormi logo, antes de terminar o globo repórter. Estava com muito sono, por não ter dormido quase nada na noite anterior.
Hoje, estou até bem, embora ela não me saia do pensamento mas não é muito ruim.
Não me sai da cabeça a maldade de seu comportamento para comigo. Só uma ameaça muito forte e perigosa poderia leva-la a agir assim, com tanto egoísmo, com tanta crueldade. Como me parece que não fiz nada que pudesse provocar isso, tal motivo só pode estar nela. Pode ser o medo de não conseguir enfrentar acusações de que não tenha como se defender, tendo que admitir estar errada (a dificuldade de admitir erros pode levar o indivíduo a cometer as maiores barbaridades), mas, ao que tudo indica, a motivação vem do mistério, que pretende realizar seus objetivos e não quer que nada atrapalhe isso ou, que esse seja o próprio objetivo. De qualquer maneira, é difícil ficar pensando nessa desumanidade, cutucando a ferida com ferpas pontiagudas, aumentando a dor e o sofrimento. Esse é o preço por ter tido tanto: a distância entre o máximo superior e o fundo do poço é muito grande.
A vida conspira! E nós somos carregados.
Me parece que a psicologia, ao considerar que o inconsciente provoca coisas que o consciente não consegue entender, segue o mesmo rumo que as religiões, tentando explicar o todo através de algo que não passa de uma parte. É como indicar o caminho pra se chegar a um lugar, indicando uma porção de ruas, desse caminho, mas não indicando o final, como efetivamente chegar. Fazendo acreditar que o informado chegará quando, na realidade, descobrirá estar totalmente perdido.
O inconsciente, até, pode explicar muita coisa, mas, não resolvendo a questão por completo, abre a possibilidade de que, mesmo o que consegue explicar, esteja errado, criando dificuldade para admitir que tudo seja um mistério.
Acredito ter desenvolvido um raciocínio lógico que consegue explicar quase toda a ação da Mara que motivou a separação e atitudes conseqüentes. No entanto, a atitude de ir de imediato com o Rodrigo, quando nada indica que houvesse qualquer tipo de urgência que obrigasse a isso, escancara a possibilidade da interferência do mistério. Se isso for verdade, todo o resto também poderá estar ligado a ele, e todo o raciocínio desenvolvido foi em vão, por ter apontado causas que não foram o verdadeiro motivo para os acontecimentos.
28/08
Dormi bem, sonhei alguma coisa com gado, que era muito interessante mas não me lembro de detalhes.
Amanheceu com sol e sem chuva.
Assistindo a novela América, ontem, observei o escândalo que a Nina fez no escritório do Glauco, reclamando que havia perdido oito anos de sua vida esperando que ele se casasse com ela. Querendo saber quem era a mulher que o tomara dela.
Essa cena mostrou a revolta pela perda de um amor. Mostrou a reação comum de quem perde um amor. O que a emoção provoca, querendo vingança, cobrando, até coisas absurdas.
A Nina cobrava os oito anos que esperou pra se casar com ele. O amor desfrutado nesse tempo, não valeu nada? Ela cobrava como alguém que tivesse feito um sacrifício pra fazer um investimento e descobre que ele desapareceu de uma hora pra outra. Diante da perda, ela declarava ter feito um investimento, desvalorizando qualquer emoção boa e prazer que vivesse nesse tempo. Havendo, efetivamente, amor, o desfrute dele fora, com certeza, o grande motivo do relacionamento. A esperança de ter o amante transformado em marido e ter filhos, teria sua importância mas, não é razoável que tenha sido o motivo predominante do relacionamento.
Isso mostra o que a emoção, ajudada pelo pensamento involuntário, é capaz de produzir no indivíduo. Transforma-o num idiota, obriga-o a agir com uma imbecilidade assustadora, não deixando perceber que tudo aquilo não resultará em retorno, reconciliação. Só servirá para descarga, que não descarregará, pois a mágoa, o ressentimento, a revolta, o desejo de vingança; permanecerão dentro dele, minuto após minuto, por milhares deles, corroendo suas entranhas, sem trégua, continuamente.
É impressionante verificar a transformação: Ela, há pouco tempo, vibrava com a possibilidade de tê-lo, como queria, acreditando que abandonaria a esposa pra ficar com ela. Agora, sofria porque ele fez com ela, o que ela pretendia que fizesse com a outra.
Se o comportamento da Nina demonstrou reações muito comuns, nesses casos, mostrando a capacidade da emoção em dominar a racionalidade; o comportamento de outros envolvidos, corroborou muito pra confirmar essa afirmativa.
A Vera, que se considerava a super-mãe, demonstrou toda sua revolta, mais pela demonstração de que o que acreditava era mentira, do que pela atitude da filha. Por considerar que deveria ter absoluto controle sobre a filha, e acreditando que tinha; tomou um choque terrível ao perceber que ela agira por conta própria, desconsiderando o que a mãe esperava dela. A mãe, sem conseguir admitir que é falível, que poderia ter errado; jogou a culpa no Glauco, acusando-o de ter seduzido a filha quando, na verdade, o que aconteceu foi o inverso: ela é que armou uma tremenda sedução pra cima dele.
A Lurdinha demonstrou muita capacidade racional para projetar a sedução. Determinação pra executar seu projeto, em busca de satisfazer sua emoção. Por outro lado, demonstrou exagerado egoísmo, desconsiderando, por completo, os sofrimentos que seu comportamento causaria, sem considerar a possibilidade de agir pra minimiza-lo.
O Glauco foi dominado pela emoção, mostrando que conhecera sua força pela primeira vez. Sua racionalidade foi totalmente dominada pela emoção, incapacitando-o de preparar-se para enfrentar as dificuldades que viriam.
A mulher do Glauco, que é apaixonada por outro, que quis deixa-lo, só não o fazendo por causa da filha; reclama, agora, que o marido queira abandona-la. Usa dois pesos e duas medidas sem o menor constrangimento!
Esses episódios mostraram o domínio da emoção e, em nenhum momento, se verificou atitudes propiciadas pela racionalidade, que foi totalmente submetida à emoção.
Considerei o que venho sentindo, a emoção, os pensamentos involuntários (demonstrando toda sua falta de criatividade, repetindo as mesmas coisas, a toda hora) e o tremendo esforço que faço pra manter a racionalidade sob meu controle. O pensamento involuntário realça com letras grandes e brilhantes o extremo egoísmo da Mara. Ela age como a Lurdinha, desconsiderando qualquer possibilidade de contribuir pra minimizar sofrimentos. Isso é um grande indicativo de que ela é outra pessoa pois, a Mari, com a sensibilidade demonstrada em inúmeras ocasiões, sabendo do meu amor, conhecendo o que significa pra mim a sua amizade, e podendo ter certeza do sofrimento que me causa perdê-la e não poder contar com sua amizade; tomaria o cuidado de me ajudar a superar o golpe. Sempre consideramos a possibilidade da separação, dos motivos que poderiam causa-la, que cuidaríamos pra manter a amizade, que nos ajudaríamos como só verdadeiros amigos podem fazê-lo.
Na retomada da relação, em Campo Grande, tudo indicava e nos convencemos disso, que dificilmente poderíamos encontrar companheiros que nos satisfizessem, com quem formássemos casais tão completos como nós, que éramos o máximo que poderíamos ter: um ao outro.
Como considerar que aquela mulher, com sua racionalidade, sua emoção e seus valores; poderia agir com tamanho egoísmo, demonstrando, ainda, uma crueldade terrível, aproveitando os mínimos detalhes para acentuar o meu sofrimento. Que coisa tão diabólica pode provocar tal comportamento?
No final da tarde fui no Nelson. Depois que o Francis foi embora, a Marina veio conversar comigo e comecei a dizer-lhe da nossa dificuldade de encararmos os fatos com tranqüilidade e serenidade necessárias, tendo em vista nossa formação que nos impele a julgar com base em preconceitos, desconsiderando os dados existentes. Isso nos leva a fazer juízos inconsistentes, fora da realidade, mas considerando que estamos sendo totalmente racionais.
Tentei mostrar-lhe fatos, a respeito da Mari, que lhe possibilitariam verificar, por exemplo, a possibilidade de nela existirem duas personalidades. Ela refutou de imediato, antes que eu lhe fornecesse um único fato. Eu disse que , dessa maneira não adiantaria eu mostrar dados, pois eles não seriam considerados e seria pura perda de tempo. O Nelson se meteu dizendo que não era por aí, que eu deveria apresentar os fatos e coloca-los em discussão para que fossem analisados e possibilitassem qualquer julgamento. O problema é que a Marina continuou preferindo basear-se num mínimo de informações, desprezando a grande número das que desconhecia, atrevendo-se a julgar com base nos dados que ela recolheu, desconsiderando os que eu poderia lhe fornecer. Desisti de discutir e calei-me.
Vejamos alguns juízos que a Marina fez, com base em informações insipientes
Ela disse que a Mari me abandonou porque não agüentava mais ficar fechada na região, sem sair, divertir-se e ter amigos de sua idade. Segundo ela, isso seria motivo mais que suficiente pra decidir abandonar-me.
Perguntei-lhe quando ouvira essas queixas e ela respondeu que na segunda-feira, dia anterior ao abandono.
Perguntei-lhe se ouvira algum tipo de reclamação anteriormente e ela respondeu que não.
Perguntei-lhe se notara alguma coisa que pudesse denunciar algum tipo de problema no nosso relacionamento e ela disse que não.
Baseada unicamente em informações recebidas de alguém que estava passando por dificuldades psicológicas, no momento em que elas, aparentemente, acabavam de surgir e estavam em desenvolvimento; considerou motivo suficiente para a tomada de medida tão drástica. Tudo que ela fez, foi pedir à Mara que considerasse as coisas boas e ruins do relacionamento, sugerindo, inclusive, que escrevesse essa lista, pra poder avaliar melhor a situação. A sugestão e recomendação, considero ter sido um comportamento apropriado para a situação. No entanto, não questiona-la a respeito da falta de um mínimo de tempo, pra que a situação pudesse ser analisada, acusando que o estado emocional presente, estava dominando-a e levando-a a desconsiderar o que tinha de bom, é lamentável. Ao invés disso, apoiou a decisão, defendendo que ela precisaria, mesmo, de sair, ter amigos de sua idade, em fim, viver a sua época e não a minha.
No caso de ela ter ido morar com o Rodrigo, a Marina continua defendendo que já havia um relacionamento entre eles anteriormente, nos tempos imediatamente anteriores ao desfecho. Desconsiderou totalmente as informações que lhe forneci: Que não tivera oportunidade de encontrar-se com ele pois, as poucas vezes em que saiu sem mim, o fez com a Marta. Só se a Marta estivesse conivente com tal coisa é que o encontro poderia ter acontecido.
Que ela voltara de São Paulo na quarta-feira e passara a maior parte do dia procurando casa para alugar em Santana da Luz, informado por várias pessoas. Que ela esteve com o Parafuso até por volta das dezesseis horas, alegando que pretendia alugar casa e conseguir emprego.
Portanto, é bastante razoável acreditar que se encontrou com o Rodrigo no final da tarde, que conversaram e resolveram experimentar conviver e ela trabalhar com ele.
Ela desconsiderou todos esses dados e continua se baseando em sua suposição de que se relacionavam já há algum tempo.
Quando coloquei que ela estava doente, ela, imediatamente, discordou, perguntando se algum psicólogo havia diagnosticado essa doença. Quando eu disse que eu diagnosticara e que estava disposto a oferecer os dados que tinha para que a afirmação fosse questionada. Ela disse que eu não era psicólogo e que, portanto, não estava habilitado pra diagnosticar.
Afirmou que, quando conversara com ela, no dia que veio com o Rodrigo na casa da Marta, ela estava falando bem (não caipira), que estava muito bem vestida e muito contente. O que demonstrava que ela não estava com outra personalidade.
Novamente desconsiderou totalmente os dados que eu poderia lhe oferecer e apregoou seu veredicto, com toda pressa, desprezando toda e qualquer informação existente e capaz de mudar-lhe a opinião.
Não bastasse tudo isso, ainda repetiu várias vezes, saber que o que dizia não era o que eu queria ouvir, julgando que eu só pretendia obter concordância, só queria ouvir o que me interessasse, desprezando qualquer coisa que fosse dita em contrário a isso.
Não há como negar que a Marina é um bom exemplo da prepotência. O que vale é o que ela acha. O seu "acho" vale mais que qualquer raciocínio que analisa abundância de dados.
Vim embora totalmente desiludido com a Marina. Acreditava que ela pudesse entender um mínimo do que eu sentia e as idéias que me ocorreram. É impossível! Ela é prepotente demais e nunca aceitará a possibilidade de estar errada em seus julgamentos.
Voltei pra casa um tanto desiludido. Pensei que só meu molinho conseguiu me entender, apesar de sua pouca cultura e experiência.
Vim pensando em ligar pra Mara, pedir-lhe que mantivesse o fone junto ao ouvido pra que eu tentasse falar ao meu molinho:
Molinho, desculpe por ainda não ter conseguido um meio de te livrar dessa prisão em que te meteram.
Estou sofrendo muito, sem você não valho nada. Só consigo sofrer. Tenho pensado muito, procurado entender o que acontece. Descobri muitas coisas novas e muita coisa se tem firmado. Outras, tornadas claras.
No entanto, não consigo ninguém com quem possa conversar, que concorde em analisar comigo, concordando ou não, ajudando-me a ir mais longe. Tentei conversar com a Marina mas me decepcionei. Não consegui nem começar.
Sei que você deve estar sofrendo tanto quanto eu, presa aí, sem conseguir alguém que te entenda, compreenda o que você pensa e diz. Tenha paciência, o mistério conspirou novamente contra nós e, está claro, que é muito mais forte que nós. Só nos resta esperar que ele decida te libertar e que possamos nos reunir novamente, que possamos conversar e tentar entender os porquês de tudo isso.
Quando conseguir a liberdade, me mande recado o mais rápido possível, que estarei esperando pra te resgatar e te trazer pra junto de mim.
Não paro de pensar em você e procuro usar o máximo de racionalidade pra encontrar um meio de te libertar. Até agora não consegui mas não desisto. Não consigo perder a esperança de estar com você novamente, poder conversar, entender e ser entendido.
Enquanto isso não for possível, procure ter paciência que farei o mesmo. Quando for possível, nos juntaremos pra tentar recuperar tanto prejuízo que nos causaram. Um beijo.
29/08
Passei o dia pensando no comportamento da Marina.
A melancolia está atenuada, pela crença, cada vez mais forte, de que o mistério é o responsável pela situação e que não vejo o que possa fazer para interferir nele.
Reli o que havia escrito em Campo Grande, principalmente os relatos que a Mari fez sobre o período que passou no Jusco, à época do casamento. Verifiquei a coincidência com o que vem acontecendo agora. É incrível a similaridade.
30/08
Sigo pensando no comportamento da Marina, concretizando-se a clareza quanto a sua prepotência. Não consigo entender como alguém pode, tão claramente, desprezar dados disponíveis, negando-se a conhecê-los, para poder manter o juízo já feito, baseado em fatos mínimos e pouco consistentes. O que gerará tal dificuldade em admitir que seu julgamento pode estar errado? Essa admissão, propiciaria uma análise mais ampla, que poderia reforçar o juízo feito anteriormente ou, altera-lo se a análise indicasse que isso deveria ser feito. Isso só serviria para enaltecer quem procedesse com inteligência, compreendendo que não há julgamentos definitivos, que eles dependem da análise de dados e que, se estes forem alterados ou surgirem novos, é evidente que o resultado poderá ser diferente, sem nenhum demérito para quem mudou o veredicto após a análise de novos fatos.
Cresce a convicção de que o mistério é o responsável pelos acontecimentos. Isso me tem proporcionado alívio.
Enquanto roçava, me ocorreu a possibilidade de que a Mari possa ter morrido, que a tenham eliminado em definitivo, o que propiciaria à Mara dominar em definitivo. Ocorreu-me, também, que a prisão da Mari, se ainda estiver viva, pode se prolongar por tempo grande.
Na hora do almoço senti muita moleza, uma apatia grande, só queria ficar deitado.
No final da tarde, fui no Nelson disposto a ligar pra Mara e mandar a mensagem pra Mari. Encontrei o Lair no caminho e pedi-lhe pra pegar o leite, que estava na cozinha.
Ao chegar no Nelson, ele estava com o Chico no chalé. Disse que estava se aprontando pra vir me visitar com o Chico e o Martim. Fui na casa dele e liguei, primeiro, pro Rei, depois pra Mara e transmiti a mensagem. Ela interrompeu no trecho em que dizia que a estavam chamando de putinha sem-vergonha que se vendeu barato. Pediu que eu repetisse pois a ligação estava ruim. Isso pode querer dizer que o resto, pode não ter sido assimilado. Ao final, agradeci e me despedi, sem que ela tivesse dito nada.
A Marina não deve ter gostado do trecho que eu disse que não encontrava ninguém para uma conversa inteligente. Ela escutou uma parte e depois saiu pra fora.
Logo que cheguei, a Marina me disse que a Mari estivera lá e que me deixara algumas coisas e recados.
Depois que falei com a Mara, liguei pro Gonzalo e está tudo bem.
A Marina me entregou dois extratos do banco, R$140,00 e o recado que o cartão fôra cancelado e que eu tinha até 30/09/05 pra transferir a firma. A Mara mandou dizer, ainda, que quando cair o pagamento do Nakamo, ela me manda.
Domingo, a Marta me dissera que a Rose depositara R$200,00 e que eram meus. Quando ela ligou pra Mara, esta confirmou. Hoje, ao me mandar o dinheiro que, segundo ela, era meu e que estava na conta, descontou os R$200,00.
Conversei mais um pouco com Nelson e Chico e vim embora.
Fico me perguntando qual o motivo pra ela me espicaçar tanto, como vem fazendo? Ela não perde oportunidade de fazê-lo.
Fugiu de conversar comigo, desde o bilhete de decisão. Me tratou como alguém muito perigoso, evitando se encontrar a sós comigo.
Trouxe a Marina quando veio buscar as roupas e a cômoda, levando as mercadorias, que a bem da verdade, não lhe pertenciam, pois não pagara por elas.
Quando ligou pra Marta dizendo que estava em Cambraia, disse que estava "muito" feliz. Mandou me avisar que poderia dispor das coisas como quisesse, que ela não queria nada.
Mandou buscar o guarda-roupas e tudo que era seu, inclusive as fotos, depois de ter dito que não queria nada. Por que o guarda-roupa, velho, se ela dissera que na casa do Rodrigo tinha tudo?
Pode não ter sido proposital mas, esteve na Marta, num final de tarde, quando sabia que muito provavelmente eu apareceria. Fez questão de mostrar pra Marina que estava bem, feliz.
Agora, depois de ter combinado comigo que eu poderia continuar usando a conta no banco, ter me deixado cheques assinados, cancela o cartão, cancela os cheques, tira o dinheiro, desconta o dinheiro que a Rose depositara e me dá o troco, dizendo ainda que a firma deve ser transferida. Está claro que acredita que eu poderia fazer alguma safadeza contra ela, usando a conta ou a firma. Será que continuará buscando maneiras de me agredir?
Como não há qualquer motivo que, nem de longe, eu tenha dado pra receber tal comportamento, só pode ser coisa do mistério. Só não consigo atinar com o motivo. Tudo indica que é pra me causar sofrimento. Será que ele não vê que isso seria desnecessário, que o sofrimento pelo abandono já é mais que suficiente?
É muito difícil conviver com isto. Assistindo a novela da tarde, vi uma mulher falando que havia tido filhos gêmeos, que morreram depois de vinte dias, o que lhe causara grande sofrimento. Disse que, depois, o pai dessas crianças a deixou e, mais tarde, se casou com a irmã dela. Ela sempre o amou. Perdeu-o pra irmã e ela teve que conviver com eles até que morreram num acidente automobilístico. Fico imaginando o que é sofrer tantos anos a falta de alguém muito amado.
Um mês e meio que fiquei sem a Mari, em Campo Grande, foram de um sofrimento tremendo. Menos de um mês, agora, está causando grande estrago. Imagino o que deve ser esse sofrimento te acompanhando por muitos anos!
O comportamento da Mara no episódio em que ia se casar e neste é muito parecido, praticamente a mesma coisa. Naquela vez também evitava falar comigo, dizia que estava apaixonada pelo rapaz, quis ficar com o carro, que não era só dela, falava sem emoção. Se o desfecho se repetir, ela voltará pra mm. No entanto, o mistério pode ter feito com que ela desaparecesse pra sempre, entregando o corpo à Mara definitivamente. Nesse caso, não a terei nunca mais, nem como amiga. Como não tenho nenhuma alternativa, por enquanto, vou esperar, torcendo para que o reatamento seja possível, que possamos ter conversas inteligentes, pelo menos, que já seria bastante.
31/08
Escrevi no arquivo DUAS e pesquisei no arquivo MISTËRIO.
Quando no início da noite ouvi o ronco do carro do Chico chegando, o coração disparou pela possibilidade de que ele tivesse vindo me dizer que a Mari havia pedido pra ligar. Não foi isso. Era o Fio dizendo que as motoserras quebraram.
01/09
Saí por volta das 8:00hs e fui na venda ligar pro Rei. Fui na Marta pra ver e conversar com o Felipe, pois senti que deveria mostrar-lhe que a Mara não é a irmã que ele tanto gosta, que ela é outra, dominada por uma força do mal.
Comecei contando-lhe uma história, como segue.
A FADA E A BRUXA
Existe uma bruxa feia, o rosto enrugado, um dentão que sai de um lado da boca, porque não cabe dentro dela, ela usa um lenço escuro na cabeça, um vestido comprido, até os pés, escuro e feio. Ela tem uma vassoura de mato, que usa pra voar. Ela monta na vassoura e sai voando. Ela gosta do mal e, por isso, vive provocando as pessoas a pratica-lo.
Existe também uma fada. Ela é mocinha, bonita, usa um vestido leve, comprido, branco e rosa. Usa uma tiara na cabeça, cheia de pedras brilhantes. Ela tem uma varinha de condom que usa pra fazer o bem.
Jesú era uma menina loira, muito bonita que morava num sítio, onde havia galinhas, coelhos, patos, muitos passarinhos nas árvores, uma horta e um jardim muito bonito. Havia, também, sete cachorros, cada um de um jeito. Um era labrador, outro era São Bernardo, tinha um policial e o resto eram viralatas. O mais velho era um viralata, magro, feio e desengonçado.
Jesú era apaixonada pelo cachorro feio que se chamava rebú. Não se largavam, ela vivia acariciando-o e ele se encostando nela, acariciando-a. Se algo a ameaçasse ele estava sempre de prontidão pra socorre-la.
As pessoas viviam dizendo a ela: "Com tanto cachorro bonito que tem aí, por que você só gosta desse cachorro velho e feio?"
Ela dizia: "Não sei, gosto muito dele e sei que também gosta muito de mim, é isso que interessa."
Ela gostava das flores, cuidava delas e passava muito tempo olhando-as em companhia do rebú.
Ela, também gostava dos outros animais e tinha muito cuidado com eles. Quando nasciam pintinhos, ela fazia tudo pra que não faltasse comida, nem água, e passava muito tempo vigiando-os pra protegê-los.
Por traz de tudo isso, sem que ninguém pudesse ver nem perceber, a fada tinha muito trabalho pra manter a bruxa afastada da menina. Esta vivia tentando leva-la a praticar o mal. Ficava roxa de raiva ao ver a menina tão delicada, tratando bem a todos e a tudo e, o que lhe dava mais raiva, era a amizade que tinha pelo rebú.
Um dia, a fada foi chamada por sua chefe pra participar de uma reunião. A bruxa aproveitou a oportunidade e tomou conta da menina.
De repente, Jesú, que apreciava as flores do jardim, mandou o rebú embora. Como ele não entendesse o que estava acontecendo, ficou olhando pra ela. Ela pegou um pau e deu-lhe uma paulada. Ele se afastou surpreso e muito triste, sem entender o que estava acontecendo.
Jesú, saiu do jardim pisando nas flores e foi procurar o taí que era o cachorro labrador. Chamou-o pra que lhe fizesse companhia e passou a acaricia-lo, deu-lhe comida, água e chamou-o pra que a acompanhasse por uma volta no sítio.
Todos estranharam aquela mudança! Quando lhe perguntaram o que tinha acontecido, ela disse que o rebú estava muito chato e que o taí era divertido, brincalhão. Por isso trocara o velho amigo por ele.
Ela foi visitar o galinheiro para ver os pintinhos que haviam acabado de nascer. Taí entrou com ela no galinheiro e comeu todos os pintinhos. O pai da menina que havia visto aquilo, pegou um pau e começou a bater no cachorro. Ela se agarrou no pai, impedindo que batesse no cachorro, defendendo-o.
O pai, surpreso, perguntou-lhe se ela não havia visto que o cachorro comera todos os pintinhos. Ela disse que a culpa era dos pintinhos que não se esconderam. Taí não conseguira resistir à vontade de comê-los. A culpa não era dele e sim dos pintinhos.
O pai colocou-a de castigo, onde ela ficou emburrada, achando que o castigo era injusto, que não fizera nada de errado.
Quando a fada voltou, encontrou a bruxa muito feliz, rindo, dançando e dando piruetas na sua vassoura. A fadinha estranhou e foi procurar Jesú, encontrando-a no castigo.
Tocou-a com sua varinha e recomendou-lhe que voltasse a ser boazinha, pra merecer a admiração de todo mundo mas, principalmente, pra ser feliz.
Quando o pai foi tira-la do castigo, ela lhe pediu desculpas, prometendo não fazer mais aquilo, que reconhecia estar errado, que não deveria ser feito.
Saiu para o terreiro e foi procurar o rebú, acariciando-o e pedindo-lhe desculpas. Rebú ficou muito contente e ficou dançando em volta dela, balançando o rabo e mostrando os dentes como num sorriso. Ela deu-lhe comida e foram no jardim cuidar das flores que ela havia pisado.
Enquanto isso, a fada, que sabia que a bruxa morria de medo de lagartixas, arrumou uma gaiolinha, encheu-a de lagartixas e, aproveitando que a bruxa dormia, amarrou a gaiolinha nas costas da bruxa, num lugar em que ela não podia alcança-la. Quando a bruxa acordou e a fada lhe disse que havia muitas lagartixas em suas costas, começou a se virar, rolar no chão, pular, tentando se livrar das lagartixas mas a gaiolinha continuava ali, firme. Não podendo se livrar das lagartixas, montou em sua vassoura e voou muito alto e pra bem longe.
A fada cochichou no ouvido de Jesú: ä bruxa foi embora, mas tome cuidado porque ela pode voltar. Se isso acontecer quando eu não estiver aqui, ela pode te dominar de novo, te obrigando a fazer coisas feias e malvadas.
Rebú prometeu tomar cuidado, chamou o rebú e foram brincar, rindo e mostrando muita felicidade.
Conversei com a Marta, disse-lhe que estava escrevendo o livro sobre a vida da Mari e Mara e que gostaria que ela se lembrasse de coisas acontecidas pra me relatar. Comentei com ela que estão me considerando um verdadeiro louco, que isso não me importa, que eu tenho evidências mais que suficientes que apoiam minhas colocações. Sei que não consigo fazer nada pra obrigar a Mari a voltar, pois a Mara se oporá a qualquer tentativa minha. Por enquanto, creio que só o mistério poderá liberta-la, quando quiser. Pensei em ir com o Chico, hoje, no Chiquinho Rosa, um benzedor, mas não havia lugar no carro pois ele levaria a família do Lau e a Dália. Gostaria de conversar com ele sobre o caso e, quem sabe, ele poderia dizer algo a respeito, mostrar alguma coisa que possa ser feita. Na primeira oportunidade, tentarei os meios esotéricos, na tentativa de encontrar uma solução.
Gostaria de expor o problemas a estudiosos religiosos, principalmente espíritas. A dificuldade é descobrir alguém que se dispusesse a conversar e analisar os dados que tenho pra oferecer. Infelizmente, a maioria dos religiosos, só quer impor seus rituais, sem concordar em analisar a questão na tentativa de entendê-la.
Amanhã vou tentar ligar pra Mara pra mandar mais uma mensagem pro meu molinho.
Molinho, hoje é aniversário da nossa separação. Faz um mês mas, pra mim, parece que já faz um século. Lembrei que da outra vez a separação durou um mês e meio e pareceu uma eternidade.
Eu sei que não é você quem está agindo. Mas, mesmo assim, é muito difícil ver o que o mistério está fazendo comigo. Ele não se contentou só com a separação, faz o possível pra me castigar ainda mais. Além dela se negar a falar comigo, mandar buscar o guarda-roupas, que não vai usar, é só pra me machucar; depois de ter aceitado me deixar usar a conta do banco e a firma, deixando folhas de cheques assinadas, mandou cancelar o cartão e os cheques que ela mesma me havia dado. Ela me trata como se eu fosse um perigo terrível. É muita crueldade!
Tentei mostrar a várias pessoas que você não tem culpa do que está acontecendo, que é outra pessoa que está usando seu corpo, mas eles não querem ver. Preferem acreditar que estou louco.
Ontem fui visitar o Felipe e ele me confessou que sente muita vergonha pelo que você fez. Eu disse a ele que não é você que está fazendo essas coisas, que é outra pessoa, que você vai voltar e ele vai poder se orgulhar de você de novo. Acho que ele entendeu.
É muito difícil saber que o respeito que eu e outras pessoas temos por você, esteja sendo arrastado na lama por ela. A mediocridade dela me machuca mesmo sabendo que não é você, que só me deu motivos pra te respeitar e admirar.
Pra conseguir o que ela quer, faz qualquer coisa, agindo com um egoísmo desmedido.
Não acredito que ela seja culpada. Ela está a serviço do mistério, como uma boneca de pano, que obedece e pensa que está mostrando capacidade.
Molinho, continuo esperando um sinal seu pra fazer o que for preciso pra te recuperar, mesmo que seja só como amiga. Se você voltar, vamos ter que encarar uma barra. Mas já provamos de sobra que temos capacidade e energia pra superar qualquer obstáculo.
Vou continuar procurando manter contato com você, ainda que só eu possa falar. Adoraria ouvir você mas, infelizmente, parece que isso é impossível.
O livro da sua vida já está com cento e trinta páginas, preciso que você me conte o que aconteceu enquanto está aí para completa-lo.
Te amo muito, beijos.
02/09
Fui com Chico Bento em Campos do Jordão comprar uma motoserra. Liguei pra Mara e pedi pra mandar uma mensagem pro meu molinho. Ela disse: pode. Li a mensagem e, ao final, esperei alguns segundos e nem ouvi sua respiração. Pensei que ela poderia ter deixado o fone em cima de algum móvel e que nem tenha ouvido o que eu disse.
Se ela ouviu, o que será que passa por sua cabeça ao ouvir o que digo?
Encontrei o Zeca, tio dela, em Santana da Luz e ele me perguntou sobre o que tinha acontecido. Disse-lhe que não sabia. Que ela é doente, que se torna outra pessoa, como da última vez. Ele assentiu e disse: ela volta.
No posto, me disseram que a Mara passou lá e disse que não quer que continue a debitar minhas contas em seu nome. Transferi a contra pra mim. Aquilo me magoou muito, foi mais um golpe. Claro que esperado, acredito que a Mari não tenha nada a ver com isso mas, de qualquer maneira, dói.
Sinto uma moleza, vontade de fazer nada, um desânimo incrível. É melancolia, tristeza, aperto no peito.
Acho que ela vai voltar. Outras vezes acredito que a tenham matado e que não voltará mais. Outras, penso que poderá não ter coragem de me encarar e aos outros, preferindo continuar longe, mesmo que recupere a personalidade. Penso, também, que pode ser que não ouça as mensagens que mando e, portanto, não saiba que a quero de volta, que estou disposto a tudo pra recupera-la. Essa mistura de pensamentos, essas incertezas, a esperança, o desencanto; tudo isso provoca um emocional sofrível.
Acho que a idéia de cancelar o banco, a firma e a conta do posto, foi do Rodrigo. É normal que pessoas de má fé, acreditarem que todos agiriam como eles. Com isso, ele contribui com o mistério, pra conseguir me atingir, aumentar o sofrimento.
03/09
Chico Bento, Martim e Nelson vieram por vota das 19:00hs. Eu já havia feito arroz e feijão. Nelson pôs a curvina no forno e fritou, com Martim as carpas. Comemos e conversamos.
A certa altura o Nelson quis me provocar criticando o PT e o Lula, dizendo que eram corruptos, ladrões e aproveitadores. Aleguei que havia muitos desses no PT e em muitos lugares mas, que juntando todos os partidos políticos do mundo, suas safadezas não alcançariam as praticadas pela igreja católica durante os séculos de sua existência.
Ele disse que o Lula nunca foi trabalhador, que cortou o dedo pra parar de trabalhar e que sindicalista não faz nada. Que José Dirceu e muitos outros receberam muito dinheiro da União Soviética pra atuar politicamente na época da ditadura. Que FHC era riquinho e por isso se mandou pro Chile levando uma vida de alta sociedade.
Perguntei-lhe pra onde ia o dinheiro arrecadado pelas igrejas católicas e ele disse que ficava na própria comunidade, que o terreno da igreja e ela própria, eram da comunidade.
Perguntei-lhe sobre a arrecadação da basílica de Aparecida, se ficava na cidade e beneficiava a população. Ele respondeu que sim.
Ele colocou que o comunismo obriga a todos a trabalhar para o estado que enriquece enquanto o povo vive na miséria. Concordei que, na prática, as coisas sempre funcionaram assim mas, que a ideologia comunista prega as mesmas coisas que o cristianismo. Ele disse que não, que o cristão crê em Deus e o comunista não. Concordei novamente mas aleguei que, fora isso, as duas ideologias pregam a mesma coisa: igualdade entre os homens. Ele não soube responder qual eram os princípios do comunismo.
Disse-lhe que os dirigentes comunistas não se comportaram diferentemente dos dirigentes do catolicismo, onde bispos, cardeais e, principalmente o Papa, desfrutam de conforte e luxo, que o próprio Deus deve dispensar.
Ele gritou, esbravejou como fez com o Marco no outro dia. Quando ele parou, fiz o mesmo pra que sentisse que não é assim que se ganha uma discussão.
Questionei-o sobre a excomunhão do padre Cícero do Juazeiro e ele nem sabia que o padre havia sido excomungado. Ficou sem saber o que dizer.
Quando peguei a história sagrada pra mostrar que os católicos chamam Deus de incompetente, e comecei por Adão e Eva, no paraiso, ele apelou dizendo que aquilo era uma interpretação dos homens. Perguntei-lhe em que a religião se baseava, então e ele sugeriu que parássemos de discutir, alegando que numa conversa todos devem falar e que não vale ficar perguntando e pedindo respostas.
Encerramos a discussão e fomos jogar truco.
Fica muito claro que essas pessoas, talvez por incrível preguiça mental, negam-se a conhecer dados, mesmo quando lhe são dados mastigados, sem que necessitem fazer qualquer esforço. É incrível o desconhecimento de coisas básicas e comuns que professores, como ele, deixam de ter.
No entanto, emitem suas opiniões com uma segurança assustadora, baseadas em indicações totalmente questionáveis e, na maioria das vezes, numa parte insignificante do conjunto delas.
04/09
AS GRANDES INCOERÊNCIAS DOS CATÓLICOS
Testemunham a incompetência e incapacidade de deus, ao alegarem coisas feitas por ele, como segue:
1-Criou um homem e uma mulher. Permitiu-lhes tudo, só coisas boas. Proibiu-lhes uma única coisa: comer o fruto proibido (a maçã). Tentada, Eva convenceu Adão a comerem a fruta. Deus, sendo coerente, deveria ter corrigido os protótipos pra que não gerassem descendentes distorcidos. Não o Fez. Permitiu que a imperfeição se alastrasse.
2-Eles tiveram dois filhos homens. Caím matou Abél. Fraticida logo na segunda geração. De onde saíram os descendentes da terceira geração? Adão e Eva, Eva e Caim, Entre filhos de Adão e Eva?
3-Na construção da torre de Babél, com a qual os homens pretendiam chegar ao Céu, criou vários idiomas pra que as pessoas não se entendessem, pretendendo, assim, que a obra não tivesse sucesso. Solução lusitana, né?
4-Vendo que a criação do homem era falha. Resolveu escolher a família de Noé pra ser salva, com um casal de cada animal, pretendendo, ao matar todos os demais, corrigir os problemas existentes. Poderia ter corrigido o problema quando só existia o casal protótipo e não o fez. Por que eliminar os animais também? Que mal eles haviam cometido pra merecer isso? Por que inundar a terra ao invés de só eliminar os homens, salvando a família de Noé?
5-Fez Cristo, Maria e José, passar por tudo que passaram, pra salvar a humanidade (mais uma vez). Veja-se o resultado.
6-A igreja católica tem sonegado conhecimentos. combatido muitos deles, além de incentivar a ignorância. Defendeu durante séculos que a Terra era o centro do sistema, que o sol estava na sua periferia. Matou muitas pessoas na santa inquisição. Queimou inúmeros livros. Condenou as pesquisas e pensadores que questionavam seus dogmas.
7-É contra o controle da natalidade, apregoando que o sexo só deve acontecer para procriação, quando sabe que o ser humano é incapaz dessa abstinência. Por que é contra o prazer? Por que apregoa que o sofrimento e o sacrifício são condições fundamentais pra conseguir a recompensa eterna?
8-Pra onde vai o dinheiro arrecadado junto aos fiéis? Obras assistências, que eu saiba, são financiadas por religiosos abnegados que pedem e esmolam para consegui-las. Existem centros católicos que arrecadam muito dinheiro como a basílica de Aparecida do Norte, Pirapora do Bom Jesus, etc. A igreja arrecada muito dinheiro, principalmente junto aos seguidores mais necessitados.
9-Por que o Padre Cícero Romão do Juazeiro, que dedicou sua vida a ajudar os sertanejos do nordeste, assumindo, inclusive, a defesa política deles, opondo-se aos coronéis, foi excomungado? Quer dizer: punido pelo Vaticano.
10-Por que a igreja católica impede o acesso de mulheres ao sacerdócio, aos mais variados cargos, desde padre até papa?
11-Por que o alto-clero ostenta tanta riqueza, ao mesmo tempo que prega a humildade como indicativo de não questionamento e aceitação da pobreza.
Antes de ontem e ontem, escrevi a versão de que a Mari voltava a ser ela e voltava pra mim. Hoje vou escrever a versão de que, ao reassumir o corpo, decidiu continuar lá, mas veio me explicar o que acontecera e se colocar a disposição de questionamentos que eu fizesse, demonstrando que era minha amiga e para corrigir o que fizera, até ali, negando-me o direito de conversar. (chorei muito escrevendo esse texto).
É difícil saber, definir, os sentimentos que me ocorrem. Tenho esperança de que ela volte, achando que será breve, de imediato. A medida que o tempo passa e ela não dá nenhum sinal, penso que pode não voltar mais. Que nem ao menos se digne a me procurar pra conversar e dizer alguma coisa.
Outras vezes penso que não pode me esquecer, que fui muito importante pra ela e que não fiz nada que pudesse camuflar o que representei pra ela. Será que conseguirá viver com a culpa de ter feito isso comigo?
As vezes penso que ela morreu e que a outra não tem motivo nenhum pra ter a menor preocupação comigo. Portanto, nesse caso, eu estaria viuvo, irremediavelmente.
É um drama! Quero uma decisão, mas sei que só aceitarei se ela me for favorável. Caso contrário continuarei esperando que uma solução favorável aconteça. Como se diz: É melhor uma boa dúvida que uma péssima certeza! É irracional mas é assim.
Sei que dor de amor só se cura com outro amor. Acontecerá? Sei lá! Enquanto isso, só resta esperar, O futuro poderá comprovar algumas da teses que defendo e desmentir outras ou, talvez, mostrar que todas elas são fruto de uma mente doentia.
05/09
Fui com Chico Bento e Priscila em Santana da Luz, buscar a motoserra no Rei. Passei o dia todo com o peito apertado, sufocado, um aperto que ia da altura do coração até a entrada do estômago. Era uma angústia, uma sensação muito ruim. O pensamento involuntário não me dava sossego. Me repetia o quanto ela estava sendo cruel. Que não se contentara em me abandonar, aproveitando as mínimas oportunidades de me machucar. A razão insistia em dizer que não é a Mari e sim a Mara mas, não adiantava. O pensamento involuntário não dava sossego. No final da tarde, ao lavar a louça chorei muito e a angústia passou, dando lugar à melancolia.
É impressionante como o emocional brinca com a gente. Passei o dia como dito acima, chorei muito e, depois do banho, me deu fome, comi o resto do peixe que sobrou no sábado, comi um pratão de feijão com pão e, até, a melancolia diminuiu muito. Terá sido só por causa do choro que descarregou o que me sufocava? Na novela América, quando o Tião foi consultar o espírita, me bateu alguma coisa, do tipo que o mistério pode estar ligado a isso, ao espiritismo. Me ocorreu ligar pra ela dizendo que eu recebera um aviso, num sonho ou coisa parecida, me mandando ligar pra ela, que estaria precisando de ajuda. Os pensamentos involuntários continuam mas, comparando com o resto do dia, até que estou bem. Não dá pra entender!
06/09
Rocei um pouco no morro, fui arrumar a água do mangueiro e montei o eixo traseiro do passat. Enquanto isso, pensava em como as pessoas são inconseqüentes nos seus julgamentos (coisa que já está velha mas continua enchendo o saco). Pensei, também, se a Mara não tem nenhuma consciência do que está acontecendo. Pensando nisso, resolvi escrever o que me ocorreu e ler pra ela na próxima vez que lhe telefone.
CARTA PARA A MARA
Mara, como vai?
Hoje, o que tenho pra dizer é pra você mesma. Por favor me escute e preste atenção, porque pode te servir bastante.
Pensei muito pra te dizer isto, questionando se valeria a pena. Concluí que vale, porque os valores envolvidos são muito grandes e toda tentativa é válida pra tentar resolver um problema. Estou tentando de tudo pra livrar meu molinho dessa prisão mas, até agora, não consegui. Por isso resolvi apelar pra você, desafiar o mistério, enfrenta-lo.
A Mari se esforçou e fez muito sacrifício pra construir sua dignidade e vê-la reconhecida, admirada, e conseguiu.
É muito triste ver que tamanho esforço esteja sendo jogado fora, como um trapo velho, sem qualquer serventia. Foram anos de luta e sacrifícios, enfrentando toda sorte de dificuldades, lutando, vencendo, apanhando, aprendendo, ensinando. Em fim, uma verdadeira guerreira.
Você conseguiu destruir em poucos dias o que levou anos pra ser construído. Como ela dizia: faz uma viagem perfeita daqui até Guarulhos e, quando estava chegando no destino, atropela o guarda, bate o carro e cai num barranco.
Será que você não tem consciência do mal que está causando?
Será que o que você ganhou e está ganhando, compensa tanta dor e sofrimento causado aos outros?
Se fosse por um amor apaixonado, eu compreenderia, sei a força que isso tem e quanto é difícil pensar em outra coisa quando ele acontece. No entanto, não posso acreditar que seja esse o motivo.
Continuo acreditando que tudo foi armado pelo mistério pois há evidências muito fortes que indicam isso.
Primeiro, ele te afastou de mim, sabendo que a meu lado, seria muito difícil que você tomasse atitudes totalmente descabidas, pois eu te alertaria contra elas. Não só te tirou do meu lado, como fez com que você fugisse de mim pra que não pudéssemos conversar e eu pudesse interferir nos planos dele. Por isso resolvi te falar isto agora, pois acredito que o mistério tem medo da minha racionalidade e por isso, a primeira providência foi te afastar de mim.
Quando ele percebeu que você não conseguia uma solução pra continuar longe de mim, colocou o Rodrigo no teu caminho, fazendo com que vocês se encontrassem e te fazendo acreditar que ir com ele era a solução para teus problemas. O mistério explorou tua vontade de realização, colocando a possibilidade de que você pudesse se tornar a administradora dos negócios do Rodrigo.
Fez com que o amor que você já sentira por ele, te possibilitasse um relacionamento, sem maiores dificuldades. Ao mesmo tempo, te fez desconsiderar e desvalorizar as coisas ruins que ele tinha te feito. Te fez acreditar que o motivo do término do relacionamento que vocês tiveram antes, fôra o fato de ele não ter abandonado a mulher pra ficar com você. Agora, isso já estava resolvido, portanto, não havia mais impedimento pra vocês passarem a viver um relacionamento.
Além do mais, ele poderia te propiciar coisas que, até ali, você sentiu falta: como passeios, viagens, almoços, jantares, shows, casa confortável, sem necessidades, com conforto, etc.
O mistério armou seu plano e usou o Rodrigo pra que você pudesse cumprir o papel que ele te destinou.
Uma pergunta fica martelando minha cabeça, insistentemente: será que você considera que essas coisas que ganhou são suficientes pra pagar o sofrimento que causou a tantas pessoas? Será que são suficientes pra pagar sua dignidade, conseguida a tanto custo e sacrifico? Que valores te estão dominando pra que consiga desempenhar esse papel?
A gente sempre acha que a pior dor é a nossa. O meu sofrimento tem sido enorme, imensurável. Mas, acredito que, provavelmente, esse seja o objetivo do mistério. No entanto, me corta o coração ver o que seus parentes estão passando, a vergonha que sentem de você. Agora, o que mais me revolta é ver o Felipe, daquele tamanho, morrendo de vergonha, por ver o que a irmã tão amada e admirada está fazendo. Que conseqüências isso poderá causar no seu futuro?
Repito: um grande amor justificaria tudo mas, me desculpe, não posso acreditar que isso tenha acontecido. Se fosse com qualquer outro, não teria porque duvidar, mas com o Rodrigo, depois do que ele te fez e do que você dizia sentir, não dá pra acreditar. Por isso considero que o que você está tendo é muito pouco pra valer o sofrimento causado e o prejuízo que a Mari está sofrendo.
Eu tenho defeitos, talvez muitos e pode ser que alguns sejam insuportáveis. No entanto, acredito ter algumas qualidades, entre elas, a amizade que dedico. Acho que pra desconsiderar uma amizade assim, é preciso ter um motivo muito forte, pois ela não custa nada, eu não cobro nada por ela, é de coração, pra servir e não pra se servir dos amigos.
Se fosse verdade que você descobrira que amava o Rodrigo, que seria feliz a seu lado, desfrutando o que ele lhe oferecesse, eu te daria todo apoio e ajudaria no que fosse possível pra que essa relação fosse o mais duradoura possível e te propiciasse a maior felicidade. Seria teu advogado junto às pessoas, te defendendo dos ataques que fizessem, mostrando que você estaria buscando a felicidade e que tinha todo o direito de fazê-lo. Pode ter certeza que, pelo teu bem, eu faria qualquer coisa.
No entanto, nem com muito esforço, dá pra acreditar nesse amor. Acredito que as outras coisas que já falei é que fizeram você ir morar com ele. Eu conheço a Mari e seus valores e sei que não se prestaria a isso, por nada neste mundo.
Eu te peço encarecidamente: pense sobre isso que estou te dizendo. Perceba que seu egoísmo está causando muito sofrimento mas, que o pior, é o dano que está causando à dignidade que a Mari construiu com muito esforço e sacrifício. O resto pode passar com o tempo mas, a falta de dignidade será um impecilho pro resto de sua vida.
Quero te dizer, ainda, que o Rodrigo está sendo o Valdir de agora. É diferente, tem outra personalidade e mais dinheiro, além de ter desfrutado o relacionamento por inteiro, mas está fazendo o mesmo papel que o Valdir fez antes.
Da outra vez, o Nadir foi o mensageiro pra te dizer que você deveria pedir uma revelação e que procurasse ajuda. Não sei se, agora, aparecerá outro vidente. Talvez o que estou te dizendo, te leve a buscar essa ajuda e torço com todas as forças pra que a encontre.
Acho que eu poderia ajudar. O problema é que você não se dispõe a conversar comigo, olhando nos meus olhos. Enquanto isso não for possível, que posso fazer? Te tirar à força não adiantaria pois você fugiria na primeira oportunidade. Só poderei fazer alguma coisa quando você aceitar ajuda.
07/09
INDEPENDÊNCIA
Por que as pessoas preferem acreditar em algo sobre o que receberam tênues informações ou que sua racionalidade criou com um mínimo de informações; desprezando dados que poderiam propiciar uma análise consistente e um veredicto coerente?
Acredito que a responsável por isso seja a preguiça mental. Considerar dados, analisá-los, questiona-los, construir um entendimento através disso, exige trabalho mental e, ao que tudo indica, as pessoas consideram isso um sacrifício a que não estão dispostos a se submeter.
Isso faz com que se contentem com o entendimento que chegue mais fácil e, a partir daí, se esforçam pra repudiar qualquer dado que coloque em dúvida o veredicto a que chegaram através do comodismo.
É o caso do pai que vê no filho qualidades e virtudes inexistentes, que só ele vê, negando-se a considerar os defeitos que ele verdadeiramente tem, que todos conhecem e que saltam aos olhos de qualquer um. Esses pais preferem acreditar que os filhos são o que eles gostariam que fossem, do que constatar o que verdadeiramente são. Isso impede que eles ajam na tentativa de ajudar os filhos a corrigir-se e continuar construindo-se com base em valores bons.
Os religiosos são outro bom exemplo do comodismo mental das pessoas. Preferem acreditar na doutrina, ajustando-a às necessidades de cada momento, fazendo verdadeiros malabarismos mentais cada vez que são questionados a respeito da validade do que defendem.
A grandiosidade da criação, a complexidade do funcionamento do mundo, os fenômenos que acontecem, tentam ser explicados por doutrinas simplórias que desconsideram a realidade e a inquestionável grandiosidade que envolve tudo isso. Querem fazer crer que os construtores dessas doutrinas são ou foram íntimos do criador, que lhes permitiu conhecer sua capacidade, suas pretensões ao criar e as regras que deveriam reger seu funcionamento.
Essas doutrinas garimpam dados que as justifiquem, repudiando energicamente os que a questionem, indiquem sua falibilidade.
É incrível a dificuldade do ser humano em admitir a limitação de sua capacidade. Tem enorme dificuldade de admitir que sua capacidade é insuficiente para entender e compreender muitas coisas. A história da humanidade demonstra a construção do conhecimento através do tempo. Ele vem crescendo a cada dia, descobrindo coisas novas, modificando o entendimento de conhecimentos aceitos até ali como inquestionáveis. Isso mostra a incrível capacidade do homem mas, ao mesmo tempo, demonstra sua falibilidade, sua capacidade de desenvolver complexas teorias que, ao final, terminam por mostrar que a capacidade racional pode levar a grandes erros. A inteligência parte de hipóteses, considera dados e procura construir um entendimento que comprove que a hipótese seja válida ou não. Muitos acertos só aconteceram depois de muitos erros. Muitas verdades perduraram por séculos até que fosse comprovado que não passaram de enganos. Essa é a capacidade do ser humano: questionar, não se conformar com o desconhecimento, procurar entendimento do desconhecido, em fim, desvendar mistérios. Daí, querer conhecer o desconhecido, sem percorrer o caminho que possa levar a ele, criando hipóteses absurdas e defendendo teses indefensáveis; é o oposto do que se espera da capacidade humana.
Outro exemplo de dogmatismo se verifica nos seguidores de ideologias. Grande parte desses seguidores, agem como os religiosos. Aceitam os slogans da ideologia, partes atrativas que lhes interessa e se tornam adeptos, passando a defendê-las como algo inquestionável, absoluto, ao mesmo tempo que criticam e repudiam qualquer coisa que se contraponha a elas. Grande parte desses seguidores não conhece a ideologia, seus princípios, os valores que defende e os que condena.
Meu pai é um bom exemplo disso, ele é simpatizante do comunismo porque esta ideologia defende os pobres, quer igualdade entre os homens, se opõe aos poderosos, ao imperialismo. No entanto, age como o mais ferrenho capitalista, tirando o máximo proveito dos seus negócios. Ele sempre disse ser ateu, no entanto, quando eu era criança, via-o, na hora de deitar, ajoelhar-se na cama e fazer o sinal da cruz, talvez até rezasse.
Fico imaginando que, o tempo de sua vida, que ele passou "discutindo" política, tentando fazer prevalecer seu ponto de vista e contestando as idéias contrárias as suas; se tivesse ouvido com atenção seus oponentes, analisado o que diziam, buscando entender e, constatando que aquilo fosse ruim, procurasse mostrar com argumentos consistentes, poderia ter, hoje, um conhecimento substancial a esse respeito. A análise crítica lhe mostraria as coisas boas e ruins de cada ideologia discutida, os porquês de funcionarem ou não na prática, as discrepâncias entre teoria e prática, em fim, essas discussões teriam possibilitado um conhecimento amplo e consistente. No entanto, continua com a mesma conversa de dezenas de anos atras, sem qualquer mudança e, pior, sem compreender o que defende ou ataca. O que ganhou com isso? Quanto perdeu por agir assim?
É o fanatismo, a supremacia da emoção sobre a razão.
Dessa maneira agem os torcedores de futebol e outros esportes. É assim com os fãs que só vêem qualidades em seus ídolos, desconsiderando os defeitos que possam ter. Agem assim os preconceituosos que não gastam um segundo sequer questionando se seus preconceitos são válidos ou não, em que se baseiam. Da mesma maneira, os políticos de oposição ao governo, consideram tudo que vem dele ruim, sem considerar o que está envolvido, as intenções, as razões ou a quem interessam. São contra e acabou. Os políticos que apoiam o governo, tendem a apoiar tudo que venha dele, sem questionar se é bom ou ruim.
Com esse tipo de comportamento atingindo grande parte da sociedade, como poderemos esperar uma vida melhor, correção dos erros que atormentam as pessoas e a busca de soluções que possibilitem justiça?
Será que essas distorções nos indivíduos se deve exclusivamente à distorção de valores, que eles sejam os responsáveis por essa distorção? Ou será que algo, externo a eles os faz agir assim?
Eles agem com egoísmo, buscando vantagens pra si mas, no entanto, na maioria das vezes acabam sendo vítimas de seu próprio comportamento. Tem experiência mais que suficiente pra perceber que isso é assim. Por que continuam agindo dessa maneira, acumulando prejuízos ao invés de buscar mudanças que lhe favoreçam vantagens reais? Agem como o jogador que, perdendo, continua a jogar acreditando que a sorte virará a seu favor e, na maior parte das vezes, perde até o último centavo. O jogador não tem como interferir na sua sorte. O indivíduo que age erradamente, poderia interferir em si próprio, tentando mudar o resultado final. Ou será que não pode?
Por volta das 16:00hs fui na venda comprar cigarros e fui até o Nelson. Eles haviam ido pra Campos do Jordão. Aproveitei pra ligar pra Mara e ler-lhe o que escrevera. Ao final da leitura, ela demonstrou estar percebendo o que está acontecendo e me pediu pra ligar-lhe na semana que vem. Disse que as pessoas tem apoiado suas atitudes, apoiando-a, mas ela não estã achando isso, por isso gostaria de conversar comigo. Disse que o Rodrigo deve viajar no próximo final de semana, por isso me pediu pra ligar-lhe na Segunda-feira. Se ele viajar mesmo, marcaremos um lugar para nos encontarmos Aparentemente ela está voltando ao normal e já percebe o quanto vai ser difícil reparar os acontecimentos. Me coloquei a inteira disposição pra fazer qualquer coisa pra ajuda-la.
Fiquei esperançoso de que ela está voltando ao normal. Imaginei as dificuldades que o Rodrigo possa criar para que ela o deixe. Por isso escreví uma carta para tentar convencê-lo de que deve deixá-la em paz, para que possa seguir seu caminho.
RODRIGO
Como eu te prevenira, na carta que te mandei, a Mara te deixou.
Gostaria que você compreendesse a realidade e vou me esforçar pra tentar te explicar tudo, pra que você possa entender o que aconteceu.
A Mara é doente. Sofre de uma doença muito complicada e, até agora, não consegui descobrir o que poderia cura-la.
De tempos em tempos ela sofre um distúrbio mental que a transforma completamente. Aparentemente, parece que está tudo bem, ela conversa normalmente, se comporta normalmente e nada indica que esteja passando por um problema. No entanto, se a gente reparar nas suas atitudes e no que acontece na volta dela, percebe claramente que é como se ela fosse outra pessoa.
Ela me deixou, de uma hora pra outra, sem que tivesse acontecido nada que justificasse essa atitude. Se negou a conversar comigo e fugiu de mim como o diabo da cruz. Por mais que eu tentasse, ela se negou a conversar comigo e ficava desesperada se achasse que eu poderia encontra-la.
Nós vivemos sete anos juntos e a coisa que mais fizemos nesse tempo, foi conversar. Conversávamos sobre tudo, não tínhamos segredos um pro outro. Ela sempre me contou quando você a procurava, o que dizia, o que fazia. Conheço mais a vida dela e ela a minha, que qualquer outra pessoa. De repente, sem motivo, ela vai embora de casa, deixando um bilhete sem pé nem cabeça e se negou a falar comigo, me evitando como quem foge de uma doença contagiosa.
Como você pode perceber, foi uma atitude que ninguém pode explicar.
Nos dias que se seguiram, ela continuou fugindo de mim e procurando um jeito de ir pra onde eu não pudesse encontra-la. Quando você a encontrou em Santana da Luz, ela estava procurando uma casa pra alugar e um trabalho.
Você, melhor que ninguém, sabe como ela te tratou todas as vezes que você a procurou nesses anos todos. Não te pareceu estranho que ela tivesse aceitado ir morar com você agora? É bem provável que você não tenha percebido nada estranho, pois como te disse, ela parece normal.
O problema é que não é só a mudança de personalidade que ela sofre, acontecem coisas que ajudam o distúrbio dela a se realizar. Quem é que pode explicar que você aparecesse em Santana da Luz no dia em que ela estava lá, desesperada pra arrumar um lugar pra ficar mais longe de mim? Você não acha muito estranha essa coincidência?
Esse problema já aconteceu antes. Há três anos atrás, ela me deixou e quase casou no Jusco. O casamento já estava marcado, os móveis comprados, os padrinhos convidados e tudo acertado. Estava tudo pronto pro casamento. Quando a crise passou, ela abandonou tudo e voltou pra mim.
Ela volta pra mim porque sabe que só eu posso compreende-la, conheço o problema e sempre estou disposto a ajuda-la. Não é fácil! Imagine como eu fico diante dos parentes, amigos e conhecidos, cada vez que isso acontece. Portanto cara, se conforme em perdê-la, assim. Se ela ficasse com você, mais dia menos dia, você teria que passar por isso e não sei se você poderia agüentar.
Vou continuar tentando achar um tratamento pra ela. Não sou religioso, nem acredito em nenhuma religião mas, se for preciso, até nelas buscarei tratamento pra esse problema. Até agora, só sei que é um tremendo mistério, que ninguém conseguiu identificar a causa desse distúrbio.
Sei como você deve estar se sentindo e lamento muito que isso tenha acontecido. Acho que você já estava conformado em tê-la perdido pra sempre. De repente, ela aparece de novo e reacende o que já parecia apagado. Teria sido muito melhor que isso não tivesse acontecido mas, aconteceu. Agora, o jeito é se conformar, procurar esquecer e tocar a vida pra frente. Se você quiser, eu estarei a disposição pra conversar e dar mais detalhes.
Sei que não é fácil se conformar, nem acreditar no que estou te dizendo. No entanto, é a mais pura verdade. Pode ter certeza que você está se livrando de um problema muito maior.
É possível que você não acreditando no que estou te dizendo, queira tentar reconquista-la, leva-la de volta. Dependendo do que sinta, é capaz que pense em usar de violência pra conseguir o que quer. Te peço pra se controlar e não fazer isso pois, tomei providências pra que, se alguma coisa acontecer com ela ou comigo, o primeiro suspeito será você. Isso não é uma ameaça, é só prevenção. Procure manter a calma e siga sua vida da melhor maneira possível. Eu te desejo toda a felicidade do mundo, de coração.
Vou continuar procurando um tratamento pra ela e segurando a onda quando for preciso. Espero contar com sua compreensão.
Ela está mudando. A reversão começou. Terá sido pelo que eu disse ou não tem nada a ver com isso?
Se for como da outra vez, isso pode ser só o começo. Ela poderá recair e prolongar a situação por mais algum tempo.
Ela está com medo dele, da reação que possa ter. Não está absolutamente certa da situação, do que deve fazer. Mas, já deu indícios do final da crise. Isso é o que importa, o resto se ajeita. Qualquer coisa é melhor que o sofrimento que a ausência dela me causa.
Na pior das hipóteses o Rodrigo vai tentar resgata-la, pode querer apelar, querer matar. Não é impossível que pretenda mata-la, naquela de: “Se não for minha, não será de mais ninguém”. Pode querer me matar também, considerando que eu seja o culpado por ela tê-lo abandonado. É compreensível! Por isso todo cuidado é pouco.
Enviar-lhe a carta acima pode ser o primeiro passo. Conversar com ele pessoalmente, o segundo. Vou tentar tudo objetivando desarma-lo, fazê-lo compreender que é impossível que ele possa conviver com ela por longo tempo. Que, mesmo que não fosse o distúrbio, eles são complemente incompatíveis. A carta já o avisa que atitudes violentas, praticadas por ele ou a mando dele, não ficarão impunes. Se preciso reitero isso pessoalmente. Se de tudo ele ainda quiser apelar, vai ter que me matar, pois enquanto eu viver, ele não lhe fará nada. E, se fizer, morrerá.
Ela do meu lado, ainda que só como amiga (só como amiga, não quer dizer que seja pouco e sim, que não haverá relacionamento amoroso), me propiciará motivo pra continuar vivendo e realizando coisas. Sem ela, é preferível a morte.
Não sei como ela vai voltar, com que estado de espírito, com qual disposição para enfrentar as pessoas. Pode ser que não consiga esse enfrentamento e queira sumir daqui. Não será fácil mas, se não houver opção, iremos embora. No entanto, pretendo ficar aqui, aproveitando a situação e o tempo disponível pra fazê-la escrever, ler, relatar. Ajudará a terminar o livro DUAS EM UMA, buscaremos como edita-lo, conseguir palestras, em fim, nos dedicaremos a isso. Pretendo fazê-la minha herdeira intelectual. Sinto que eu não conseguirei sucesso significativo mas, sinto, também, que se ela estiver preparada, poderá alcançar o que eu não consegui. Talvez minha própria morte poderá servir como trampolim para que ela consiga o que não consegui. Afinal, muita gente só conseguiu sucesso depois de morto. Nada mais justo que ela se beneficie disso.
O problema vai ser ela conseguir se dedicar a isso. Se conseguir, procuraremos forma-la, prepara-la, capacita-la. Nos primeiros tempos serei sua sombra, não a deixarei um único segundo só. Não posso facilitar, tenho que protegê-la segundo a segundo. Daqui a algum tempo as coisas voltarão ao normal e ela poderá desfrutar a liberdade.
Aqui poderemos ter a privacidade necessária, Não precisaremos cuidar pra evitar encontros indesejados. Vamos sair como se nada tivesse acontecido. Daremos explicações a quem as mereça e desprezo aos outros. Se ela quiser, poderá continuar vendendo suas coisas mas eu a acompanharei em todos os lugares e não a deixarei sozinha. Procurarei sair com ela pra que não se sinta aprisionada. Vou aproveitar a lição, pensar menos no futuro e mais no presente. Um dia de cada vez, como se fosse o último.
Vou tentar fazê-la compreender tudo que descobri a seu respeito, do mistério, do que ainda pode acontecer por causa dele. Tentarei sua ajuda pra enfrentarmos as próximas crises e, preparar possibilidades de saída caso não consigamos evita-las.
Estou muito melhor mas ainda tenso, por causa da incerteza, por desconhecer o que acontecerá e quando.
08/09
Passei o dia pensando no que vai acontecer até segunda-feira e, principalmente nela.
Pensei que eu poderia estar derrotando o mistério mas, imediatamente, percebi que isso pode ser uma grande besteira. Como o mistério pode me temer?
Pensei que ele, por algum motivo, não consegue me atingir diretamente, por isso usa a Mara pra fazê-lo. Parece provável, também, que possa não dominar minha razão e, por isso, procura me afastar da Mara, pra que eu não possa influencia-la.
Tudo é possível mas é estranho. Em princípio o poder do mistério deveria ser suficiente pra fazer o que quisesse comigo. Será que pode ser uma luta do bem com o mal? Que o mal queira me prejudicar e que o bem queira me proteger?
Não sei. Por isso é um mistério. Se puder ser desvendado, deixará de sê-lo.
Pensei que a Mara está confusa, na transição entre as duas. Pediu paciência para esperar o melhor momento pra resolver a questão. Disse que está pensando em como fazê-lo. Na realidade, eu poderia tomar as decisões necessárias. No entanto, acho que ainda não está totalmente preparada. Só resta torcer pra que não faça nenhuma bobagem. Ela é inteligente e esperta. Tomara que tenha capacidade suficiente pra tomar as decisões mais acertadas.
09/09
Hoje pela manhã, roçando no morro, me ocorreu que a solução pode ser eu falar pessoalmente com o Rodrigo e esclarecer as coisas de maneira muito simples.
Posso dizer-lhe que a Mari é minha mulher, que por algum motivo, foi viver uma aventura com ele. Que, agora, ela resolveu voltar e que a aventura acabou.
Ele vai poder alegar que não é nenhum brinquedo pra ser usado e descartado, pura e simplesmente. Que a ama e que não considera que tenha sido uma aventura.
Contarei a ele o problema pra tentar esclarecer a situação mas, se não quiser compreender, direi que tenho mais direito a ela do que ele. Que na pior das hipóteses, sou um marido traído que está resgatando a mulher. Que sinto muito que ele tenha passado por isso, que tenha reacendido o amor que sente por ela, que vá sofrer ao perdê-la novamente. Alegarei que o avisei, que portanto, não deve ser novidade pra ele que isso poderia acontecer.
O que ele poderá alegar pra tentar mantê-la com ele?
Pode insistir em que ela foi de livre e expontânea vontade e que está agindo como irresponsável, brincando com ele o que mereceria um castigo. Insistirei no problema do distúrbio e se não quiser aceitar, me colocarei na defesa dela, disposto a qualquer coisa.
Se apelar, encontrará enfrentamento.
DE MARI PARA RODRIGO
Rodrigo me desculpe. Acho que vai ser difícil pra você entender mas pode acreditar que é a pura verdade.
Não sei o que estou fazendo aqui. É como se acordasse sem lembrar de ter dormido. Só sei que não deveria estar aqui, não quero estar aqui.
Isso já aconteceu outras vezes e não sei dizer o que acontece comigo. Só posso te dizer que não fui eu que fiz o que aconteceu nesse tempo que estou aqui. Quando tomei consciência do que estava acontecendo, me senti muito mal por ver que estava fazendo algo que não quero, que é contra meus princípios.
O que fiz deve ter causado muitos problemas e, agora, pra voltar a ser eu mesma, vou causar mais problemas ainda, principalmente pra você. Peço que me perdoe pois, mesmo sem querer, fui eu que criou esses problemas. É como se eu fosse outra pessoa, me lembro de algumas coisas mas muito confusas. Não consigo entender o que aconteceu nem porque.
Estou agoniada, quase em desespero pois não consigo continuar aqui mas sei que vai ser difícil pra você entender isso. Tenho que ir embora, tentar corrigir alguns dos erros que devo ter cometido. Te peço, por favor, não tente me impedir pois não vai adiantar. Se eu não for, vai ser a morte pra mm.
Mais uma vez te peço desculpas, peço que tente compreender, não fiz por mal, não sabia o que estava acontecendo. É uma doença terrível, que me faz sofrer e faz com que outras pessoas sofram também. Tente entender, por mais difícil que seja, me deixe ir e não tente me impedir, por favor!
Voltei a pensar na incoerência das pessoas, ao acreditar no obscuro, negando-se a ver o que está claro. Basear-se num mínimo de informações quando tem abundância de dados que possibilitariam análises mais profundas e veredictos mais consistentes.
Me parece que um motivo muito forte pra isso é a preguiça mental, ajudada pela dificuldade de admitir estar errado e tentar manter o veredicto mesmo contra todas as evidências. Não considerando os dados, pode manter a opinião inicial sem remorsos.
Como isso é uma prática comum entre as pessoas, nem precisam se sentir constrangidas ao se comportar dessa maneira. Mas, diante da inteligência, passam atestado de verdadeiros imbecis. Será que isso não os afeta? Ou será que esse tipo de comportamento não depende deles e agem sob comandos involuntários?
Dizer isso diretamente às pessoas é torna-las nossas inimigas de imediato. Como colocar-lhes o problema sem sofrer as conseqüências da reação?
Ao reagir negativamente eles estarão rejeitando qualquer tipo de argumento que se possa oferecer portanto, não conseguiremos atingir o objetivo, que é fazê-los compreender o erro que cometem. É fundamental encontrar uma maneira de abordar a questão sem provocar reações negativas!
QUAIS OS PONTOS FUNDAMENTÁIS A SEREM ABORDADOS?
A existência na mente de:
Memória
Emoção
Razão
Valores
Pensamento involuntário
COMO AGEM?
MEMÓRIA
Armazena dados
EMOÇÃO
Ela age sobre o indivíduo fazendo-o sentir coisas agradáveis ou desagradáveis.
Pode ser provocada por preconceitos, por ações de outros indivíduos, pela razão, por pensamentos involuntários ao indivíduo, por distúrbios do organismo.
RAZÃO
Tem a capacidade de analisar dados, buscando-os na memória, na emoção, nos valores, em fontes de dados externos, em fim, onde esses dados possam existir. Através do raciocínio, pode partir de uma hipótese, desenvolver uma compreensão lógica e chegar a um veredicto, comprovar uma tese. Ela sabe que nada é definitivo nem absoluto e está sempre disposta a reconsiderar a análise, principalmente quando do surgimento de novos dados.
Ela também pode ficar submetida à emoção, só considerando os dados que esta lhe fornecer.
VALORES
Os fundamentais parecem ser congênitos, nascem com o indivíduo. A partir deles, na vida em sociedade, vão se estabelecendo outros, como leis, regulamentos, ética, etc. Os valores são parâmetros e, normalmente servem de obstáculo, dificultando ou impedindo ações contrárias a eles. São usados fundamentalmente pela razão e pela emoção.
PENSAMENTO INVOLUNTÁRIO
Este acontece no indivíduo independente de sua vontade. Costuma dominar a mente, provocando emoções, normalmente, ruins. Funciona como uma gravação que se repete constantemente, insistindo na mesma coisa intermitentemente, provocando a emoção a agir sobre o indivíduo, fazendo-o sentir raiva, remorso, auto-piedade, etc.. Normalmente, provoca sentimentos ruins, fomentando desejo de vingança.
Não se sabe sua origem, impedindo que se possa agir nas causas. A única maneira de minimizá-lo é usando a razão fortemente, mantendo-a sobre controle, impedindo que fique disponível para a emoção.
CONCIENTE E INCONCIENTE
A psicologia defende que consciente e inconsciente existem em nós. O consciente é o que temos acesso. O inconsciente está em nós mas não podemos acessá-lo.
O que comanda o funcionamento do inconsciente? Como ele age em nós?
O que é a hipnose? onde age? como?
Como é possível fazer uma regressão, até a vidas passadas? Onde isso fica registrado? Como é possível acessá-los?
É comum sonhar com fatos recentes e até remotos. São sonhos que tem relação com a realidade, com coisas que conhecemos. No entanto, existem sonhos com coisas ou fatos que desconhecemos, que, conscientemente, desconhecemos.
Podería-se dizer que o pensamento involuntário é produzido ou vem do inconsciente. Mas, quem ou o que comanda o inconsciente? Se não somos nós, quem é que o comanda?
Se não houver explicação pra isso, poderemos considerar que chamamos de inconsciente a origem do desconhecido, que o comando dele pode estar fora de nós.
Se é inconsciente e não está sob nosso comando, o que é que o comanda e administra?
Até aqui consideramos o acontece internamente a nós, independente de fatores externos. No entanto, acontecem coisas no meio que nos afetam e sobre as quais não temos qualquer controle. É comum que essas coisas aconteçam associadas ao que acontece dentro de nós e esse conjunto provoque coisas inesperadas, por nós. É o caso da Mara que, procurando solução pra seu problema, encontrou o Rodrigo de maneira inesperada, numa coincidência incrível. Não é absurdo considerar que isso tenha sido armado por algo que desconhecemos.
O QUE FAZER?
Parece que a única coisa que temos a nossa disposição, que podemos usar, é a razão.
Através dela podemos consultar a memória, considerar os valores, tentar acentuar ou minimizar a emoção, opor-se ao pensamento involuntário.
Quando não tivermos problemas e estejamos felizes, a razão é dispensável. Sua função principal é resolver problemas.
Quando existirem problemas, a primeira coisa a ser afetada é a emoção. Paralelamente, aparecem os pensamentos involuntários. O dois tendem a dominar a razão e usa-la pra justificar suas atuações. Se pudermos manter a razão sob nosso controle, além da possibilidade de encontrar soluções para o problema, evitaremos que ela seja usada pela emoção e pensamentos involuntários. Estes não deixarão de atuar mas terão seus efeitos atenuados até que se consiga a solução do problema.
É muito importante saber que não se cria ou elimina emoção. Só é possível acentua-la ou minimiza-la, porém, se ela existir, não desaparecerá a não ser quando substituída.
PROBLEMAS MAIS COMUNS ENFRENTADOS PELAS PESSOAS:
-Dependência de drogas
-Dependência da moda
-Dependência de dinheiro
-Problemas amorosos
-Problemas de saúde
-Insuficiência de dinheiro
-Problemas causados por prepotência
-Problemas causados por egoísmo
-Problemas causados por preguiça mental
-Vontade indomada, querer mais que pode.
10/09
Ontem a noite senti muita angústia, não conseguia dormir. O pensamento involuntário me colocava que, pra ir embora, ela não titubeou, foi de imediato, sem conversa. Agora, pra voltar, está procurando uma maneira de amenizar o dano.
É mais do que razoável. Agora ela está de posse da consciência e sabe o mal que a volta vai causar. Portanto, é mais que justificável que tenha cuidado, principalmente porque ela corre perigo. Mas, mesmo entendendo, não consegui dominar a angústia. Na verdade sua falta me machuca muito, é muito forte.
Hoje pela manhã, me ocorreu que mesmo que ela não queira mais ser minha mulher, poderia me dar algum carinho, por algum tempo, pra compensar tanto sofrimento e ajudar a preparar-me para a última separação.
Parece que essa angústia que estou sentindo, é adrenalina. Lembrei-me dos saltos de para-quedas, quando a adrenalina começava a me inundar já no começo da Castelo Branco. O peito ficava apertado, a respiração difícil, um verdadeiro mal estar.
Adrenalina é liberada pelo medo. Estou com muito medo, embora devesse estar feliz pois, pelo que ela disse, a Mari já está voltando ou, até mesmo, já voltou. Então, por que o medo?
Um pouco é devido ao que ele possa fazer se ela lhe disser que vai deixa-lo. Outro, é a espera a que eu tenha que me submeter se ela resolver pedir mais um tempo, adiar esta agonia.
É como estar numa decolagem com tempo punk, esperando uma janela pra decolar, sabendo dos riscos envolvidos. No entanto, é essa adrenalina que propicia o grande prazer quando tudo dá certo e chegamos ao pouso depois de um grande vôo.
10/09
Quando o amor nos aquece
Sobre nuvens caminhamos
Derrama felicidade
Só de ver a quem amamos
Tocar em quem tanto amamos
Nos dispara o coração
Não podendo tocar mais
Bate forte a solidão.
É uma estrada tão curta
Desde o viver ao morrer
Do delirar do amor
Ao amor deixar de ser.
Ver o amor ir embora
Dá uma dor lancinante
Perde-se o rumo da vida
A tristeza vira amante
É um jogo muito duro
Com regras desconhecidas
É como jogar no escuro
Entre dores e feridas
Saudade de ser feliz
Saudade de tanto amor
Saudade de tanta vida
presença de tanta dor
Saber que pode voltar
Me enche de adrenalina
Cada segundo é um ano
O tempo nunca termina
Mas pode ser que não volte
Se não voltar sigo em frente
Esta vida quase morte
Lucidez quase demente
A emoção me maltrata
Judia sem compaixão
Me encharca de amargura
Me arrasta pelo chão
Viver sem ela não dá
Não é vida é sofrimento
Sofro pela falta dela
Me castiga o pensamento
Me maltrata o pensamento
Pensamento involuntário
Me esforço pra esquecer
O resultado é contrário
Minhas lágrimas não secam
Meu soluço não tem fim
Me agarro na esperança
Que ela volte pra mm
Dependerá do mistério
O rumo do meu destino
Se vou chorar pela vida
Ou sorrir como menino.
Te imploro ó mistério
Que tenhas pena de mim
Ou permites que ela volte
Ou faz chegar o meu fim.
Depois de ser tão feliz
Mergulhar nesta tristeza
É cobrar sem piedade
Maldade com sutileza
Estou pagando agora
O que recebi outrora
O preço é bastante alto
Mas valeu a sua aurora
É duro ter que pagar
Aquilo que acabou
Não peço me dê desconto
Me devolva quem me amou.
Não me diga que já era
Me diga que ainda sou
Me tire da assistência
Me recoloque no show
Talvez seja pedir muito
Pra quem já recebeu tanto
Estou muito maltratado
Encharcado no meu pranto
Sei que já sofri bastante
Não sei se tanto mereço
Que males eu cometi?
Pra me cobrar esse preço?
Pode ser que eu mereça
Mas merecia saber
Que males eu cometera
Pra tanta dor merecer.
Mistério tanto mistério
Me dedica uma fortuna
Espera que eu relaxe
Me ataca com borduna
Ela disse que amava
E me amou com paixão
Fui o homem mais feliz
Que já pisou nesse chão
Me deixou tão de repente
Sem me dar explicação
Me levara ao infinito
Me socou forte no chão.
Agora estou lamentando
A felicidade perdida
Não sei o que estou pagando
Só sinto a dor da ferida
A cobrança não falhou
Não sabia estar vencida
Não tenho como pagar
Sou fraco, pedra partida
11/09
Domingo, dia de sol, bonito e eu continuo angustiado pela adrenalina, pelo medo.
Faltam vinte e quatro horas pro horário prometido de ligar pra ela. Marcará o encontro sem problemas? Dirá que ele não foi viajar e que teremos que esperar mais uma semana? Dirá que pensou melhor e que decidiu continuar lá? Tudo é possível, por isso a adrenalina!
Como ter certeza de alguma coisa, por mais claras que sejam as evidências?
11/09
Esperar amedrontado
Adrenalina fervendo
O sangue para nas veias
Os nervos todos tremendo
O choro rega a tristeza
Sem controle ele sai
Em silêncio ou ruidoso
Do rosto no peito cai
Ah! tempo como demoras
Pra gastar o que ainda falta
Segundos demoram horas
Adrenalina em alta
Se conseguisse dormir
Pra não perceber o tempo
Ajudaria na espera
Acelerando o que é lento
Se puder tê-la de novo
Esse choro tão chorado
Terá regado o terreno
Pra amar e ser amado
Só de pensar no contrário
O peito fica sem ar
A angústia toma conta
É difícil respirar
Mistério me acuda logo
Decida o que vai ser
Me leva pro paraiso
Se não, me deixa morrer.
A sensibilidade está a flor da pele. Qualquer coisa relativa a relacionamentos me faz chorar. No Faustão, a Carolina Dikmam falava ao Marcos Frota (estão separados), dizendo que o amava, que os olhos dele eram luzes que lhe iluminavam a vida. No entanto, estão separados e aparentemente ela que tomou a iniciativa. Chorei!
Comecei a ler o livro de filosofia.
Faltam quatorze horas pro telefonema. Ansiedade!
12/09
Liguei a primeira vez as 10:20hs. Ninguém atendeu. Tentei até as 11:45. Em duas vezes alguém tirou o fone do gancho mas não falou nada, nem eu.
Voltei pensando uma porção de possibilidades. Ele poderia tê-la matado. Ele a teria incumbido de algum trabalho fora de casa pra que não pudesse atender o telefone. A teria deixado na casa da mãe pra que ela a vigiasse. Ela mudara de idéia e não queria atender. Seria alguma dessas possibilidades? Haveria outras? Como saber? Impossível saber!
A questão fundamental está em que, sendo obra do mistério, não tem explicação e as coisas acontecem como ele quer, sem qualquer lógica. Não consigo acreditar que não seja obra do mistério. Pode ser um distúrbio mental, físico, fisiológico, biológico. Só não há como considerar que seja um comportamento normal. Sendo distúrbio, o que poderia ser feito? Ela está de posse de seus direitos de pessoa. Não me parece possível obriga-la a nada. Continuo considerando que só será possível fazer algo quando ela quiser. Enquanto não, só resta esperar ou desistir.
Por volta das três da tarde fui de novo e tentei. Ela atendeu, só disse alo e ficou muda. Tentei várias vezes e só dava ocupado. Deixou o fone fora do gancho. Liguei novamente as três e quarenta e cinco, e ela atendeu, disse alô e ficou muda. Perguntei se não podia falar e disse que não. Um não repelente. Desliguei.
Está acontecendo como da outra vez: quando ela ligou de Santana da Luz e disse que o relacionamento começara a ter problemas. Me enchi de esperança. Quando ligou da próxima vez, de Paraiso, perto do carnaval, pensei que ligava pra me dizer que concordava em ir passar uns dias comigo; disse que não, que estava tudo bem e que, quando desse, me ligaria. Foi um balde de água fria. Está acontecendo a mesma coisa.
Estou lendo o livro de filosofia e está me ajudando bastante.
Fiquei pensando no Marco, no Baiano, Fio, Martim, Marta, entre outros tantos. Vejamos o caso do Marco:
De todo o tempo que está aqui, tenho lhe recomendado algumas coisas, repetidas vezes. São poucas e, mesmo assim, ele não consegue seguir as orientações. Entre elas:
1-Manter as cordas arrumadas
2-manter arreios e acessórios no lugar
3-Não deixar suas roupas jogadas
4-Não fazer sujeira com farelo, milho, etc.
5-Lavar por fora os baldes e latões de leite antes de coloca-los na cozinha.
Continua fazendo tudo errado, do jeito que sempre fez. Por que?
Não se pode dizer que não ouve ou não entende, uma vez que as instruções foram cansativamente repetidas e explicadas e ele demonstrou ouvir e entender.
Será porque não acha que isso seja importante?
Será uma espécie de contestação, de rebeldia?
Esse procedimento não lhe traz vantagens, só problemas e broncas.
Esse é o fato, a experiência. Sabemos que isso acontece. Falta compreender, descobrir as causas, propor soluções, experimenta-las e conferir os resultados, que poderão confirmar ou desmentir o diagnóstico das causas e se o tratamento funcionou.
Podemos acusar uma causa e propor um tratamento pra ela. Se não funcionar, pode ser que a causa não seja verdadeira ou que o tratamento não produzisse efeito na causa.
Até aqui o caso é um mistério. Conhece-se os efeitos mas desconhecem-se as causas e, por conseguinte, não é possível prescrever um tratamento.
13/09
Ontem a noite terminei de ler o livro de filosofia Pensando Para Viver. Dormi bem.
Acordei com o pensamento involuntário me dizendo que a Mara é desprezível, o oposto da Mari. Totalmente egoísta, despudorada, safada. Como é possível que duas pessoas tão antagônicas possam conviver no mesmo corpo? A Mara pode ser considerada entre as pessoas mais deploráveis que podem existir. Confesso que, diante destas constatações é difícil deixar de associar as duas. Porém, a razão mostra com clareza que não há como considerar que sejam uma mesma. Ou é manifestação do mistério, o que é mais provável; ou é um distúrbio mental. De qualquer maneira não é admissível que, conscientemente, uma pessoa possa sofrer tamanha metamorfose.
Ontem, na venda, o Zequinha voltou a me perguntar se a mulher tinha me abandonado. Perguntou por que e respondi que não havia acontecido nada, que era uma espécie de doença. Ele disse lamentar e que ela havia feito a pior coisa que poderia fazer, ao ir morar com um cara que tem seis mulheres. Ele representa o pensamento da maioria das pessoas, julgando irresponsavelmente as pessoas. Não tem escrúpulos em elogiar exageradamente nem exagerar nas críticas e no apontamento de defeitos.
As 18:00hs (de hoje) percebi que passei o dia bastante bem, escrevi o texto comparando as duas (abaixo de filosofia) e resumindo o acontecido com análise sucinta.
FILOSOFIA
Vou tentar resumir as fases históricas da filosofia, baseado no livro Pensando para Viver, de Mauri Luiz Heerdt. Esse estudo tem por objetivo me orientar e esclarecer o que venho pensando, ordenar esses pensamentos e torna-los mais compreensivos.
MITOLOGIA
O mito foi a primeira tentativa do homem para tentar explicar os fenômenos naturais e todas as questões que não conseguia explicar de outra maneira. A fé e a imaginação se encarregavam de montar e fazer crer nas explicações.
FILOSOFIA (amor a sabedoria)
Explicação racional e argumentada da realidade.
PRÉ-SOCRÁTICOS
TALES DE MILETO (625-546A.C.)
Foi o primeiro filósofo a considerar que o universo teria se formado a partir de um elemento material: a água; substituindo as explicações mitológicas.
"Todo ser vivo é úmido. O que morre se desidrata")
ANAXIMANDRO DE MILETO (610-546A.C.)
Todas as coisas são limitadas. O limitado não pode ser a origem. A origem é algo ilimitado.
ANAXÍMENES DEMILETO (588-524A.C.)
O ar é elemento originante de todas as coisas.
PITÁGORAS DE SAMOS (571-497 A.C.) pg 74
Os números são o princípio de todas as coisas. Cada coisa possui um número que expressa a fórmula de sua constituição íntima. As leis que regulam o mundo são relações matemáticas.
Um é o ponto, 2 a linha, 3 a superfície e quatro o sólido.
HERÁCLITO DE ÉFESO (540-480 A.C.)
A estrutura do mundo é contraditória e dinâmica. Ninguém se banha duas vezes no mesmo rio. A cada instante tanto o banhista quanto o rio são diferentes, em dois momentos diferentes.
OS SOFISTAS
Ensinavam pretendentes a política a discursar e argumentar, com eloquência e sem a menor preocupação com a coerência e racionalidade.
SÓCRATES DE ATENAS (469-399 A.C.) pg 91
"Só sei que nada sei". "Ele supõe saber alguma coisa e não sabe, enquanto eu, se não sei, tampouco suponho saber".
Depois de condenado a morte, ele vende uma galinha pra pagar uma dívida que tinha com um vizinho.
Tudo deve estar aberto ao questionamento. Não pode haver respostas taxativas e inflexíveis, porque elas próprias estão abertas a questionamentos.
Conhece-te a ti mesmo.
Fazia com que os discípulos reconhecessem ignorar o que pensavam saber com certeza. Depois procurava extrair o conteúdo de suas próprias consciências (maiêutica)
PLATÃO (428-347 a.c.)
O objetivo do estado deve ser o de fazer o indivíduo feliz, facilitando-lhe a prática das virtudes.
"Os filósofos se tornem reis ou os reis se tornem filósofos" (ignorantes não podem, governar)
Alegoria da caverna. Caminhar da opinião à ciência. Das sombras à realidade.
ARISTÓTELES DE ESTAGIRA (384-322 A.C.)
O objetivo supremo do ser humano é a felicidade. Não o forte prazer que se esvai logo mas perene e tranqüila.
A justiça é a virtude por excelência.
O poder da palavra tende a expor o conveniente e o inconveniente, o justo e o injusto.
Cabe à razão disciplinar os sentimentos e o instinto
A sabedoria consiste em aplicar generalizações, as idéias, à coisas que existem individualmente.
Lógica de Aristóteles: O silogismo é um razoamento em que, dadas certas premissas, se extrai uma conclusão conseqüente e necessária. Se A=B e B=C então A=C
A linguagem é de suma importância. Ela pode levar a distorções no entendimento desde as premissas até às conclusões. Pelo uso da linguagem, os sofistas fazem crer certo o que é errado.
Metafísica é o anseio de ultrapassar a natureza, na busca do que está além do tempo. São os princípios que não podem ser demonstrados na prática. A criação do universo.
HELENISMO
CETICISMO (PIRRO DE ÉLIDA 360-272A.C.)
As limitações humanas não permitem conhecer nada seguramente ou encontrar certezas ou verdades. Assim não é possível julgar e a dúvida é uma característica que acompanha o ser humano. Os juízos humanos sobre a realidade dependem de sensações, que são instáveis e ilusórias.
EPICURISMO (EPICURO (341-270 a.c.)
Cultivar a amizade, satisfazer as necessidades imediatas, manter-se longe da vida pública e rejeitar o medo da morte e dos deuses são fórmulas práticas de atingir a ataraxia (impertubabilidade)
ESTOICISMO (ZENO DE CÍTIO (340-268 a,c,)
A felicidade consiste numa apatia ou indiferença conseguida pelo domínio dos afetos e paixões.
O domínio racional leva à aceitação do destino e à resignação. O ideal do sábio é a ataraxia (impertubabilidade), apatia (ausência de paixão) e aponia (ausência de dor).
PATRÍSTICA (150-215 dc)
Procurava conciliar o Cristianismo com a filosofia grega, afirmando que o mundo contém traços de algo que difere da matéria, apontando assim para um Deus, eterno, imutável e bom.
Na impossibilidade de fazer valer suas idéias e de não conseguir convencer, os padres apresentam um novo argumento: o dógma, ou seja, verdades reveladas por Deus e, portanto, não podiam ser questionadas, porque dependiam da fé. Com isso surge uma distinção entre verdades reveladas (apresentadas pela igreja) e verdades da razão humana.
Havia três posições a esse respeito:
1-Os que julgavam fé e razão inconciliáveis e a fé superior à razão.
2-Os que julgavam fé e razão conciliáveis, mas subordinavam a razão à fé.
3-Os que julgavam razão e fé irreconciliáveis, mas afirmavam que cada uma delas tem seu campo próprio de conhecimento e não devem se misturar. A fé se refere à vida espiritual e a razão à vida terrena.
ESCOLÁSTICA
SANTO ANSELMO: (Idade média)
É preciso crer para depois entender
A fé é condição necessária para a compreensão racional das verdades reveladas.
TOMÁS DE AQUINO (1225-1274)
As "cinco vias" são cinco argumentos que provariam a existência de Deus a partir dos efeitos por ele produzidos, e não da idéia de Deus.
A primeira fundamenta-se na constatação de que no universo existe movimento. Como tudo que se move é movido por outra força ou motor, deve existir o "primeiro motor imóvel" Afinal não é lógico que haja um motor, outro e outro, e assim indefinidamente; precisa haver uma origem primeira do movimento, um motor que move sem ser movido, ou seja, Deus.
A segunda via diz respeito à idéia de causa em geral. Todas as coisas ou são causadas ou são efeitos, não se pode conceber que alguma coisa seja causa de si mesma. É necessário uma "causa primeira", causa não causada, ou seja, Deus.
A terceira causa refere-se aos conceitos de necessidade e possibilidade. Todos os seres estão em permanente transformação, alguns sendo gerados, outros se decompondo e deixando de existir. É impossível que estas coisas existam sempre. Se tudo fosse assim, todos os seres deixariam de ser e, em determinado momento, nada existiria. Assim, a existência dos seres contingentes implica o "ser necessário", ou seja, Deus.
A quarta via baseia-se nos degraus hierárquicos de perfeição, observados nas coisas. Os seres finitos realizam graus de perfeição, mas nenhum é a perfeição absoluta. Mas existe algo que é perfeitíssimo, sumamente perfeito, causa de todas as perfeições, ou seja, Deus.
A quinta via fundamenta-se na ordem das coisas. Existe algo que ordena todas as coisas, uma ïnteligência ordenadora". Logo, há um ser inteligente que ordena a natureza e a encaminha para seu fim, ou seja, Deus.
O RACIONALISMO
RENÉ DESCARTES (1596-1650)
"Na minha formação, recebi, desde os primeiros anos, falsas opiniões como verdadeiras. Aquilo que fundei em princípios tão mal assegurados, não poderia ser senão duvidoso e incerto. Preciso desfazer-me de todas essas opiniões e começar novamente".
O racionalismo, em oposição ao ceticismo, atribui à razão humana a capacidade exclusiva de conhecer e estabelecer a verdade. Por oposição ao empirismo, considera a razão como independente da experiência sensível. por ser inata, imutável e igual em todos os homens. Contrariamente ao misticismo, rejeita toda e qualquer intervenção dos sentimentos e das emoções, pois no domínio do conhecimento, a única autoridade é a razão.
Penso, logo existo.
O termo racionalismo pode significar três diferentes posições filosóficas:
1-A que sustenta a primazia da razão, da capacidade de pensar, de raciocinar, em relação ao sentimento e à vontade.
2-Só a razão é capaz de propiciar o conhecimento adequado do real.
3-A razão como essência do real ou do ser, pois o ser está reconstituído no pensamento do ser.
A razão é fundamental na compreensão do mundo.
Os quatro princípios de Descartes:
1-Dúvida sistemática ou evidência. Não aceitar nada como verdade enquanto não a reconhecer como tal. Evitar precipitações e preconceitos nos julgamentos. Só aceitar aquilo que se apresentasse à razão tão clara e distintamente que não deixasse nenhum motivo de dúvida.
2-Análise ou decomposição. Dividir cada uma das dificuldades em tantas partes quanto possível, para resolvê-las da melhor maneira possível.
3-Conduzir as reflexões na devida ordem, começando pelo mais simples para, depois chegar aos mais complexos, adotando uma ordem fictícia para aqueles que não mantivessem entre si uma seqüência natural.
4-Enumeração ou verificação. Fazer enumerações tão completas e revisões tão precisas que permitam ter certeza de nada haver omitido.
Descartes explicava o conhecimento humano a partir de idéias inatas que se originavam de Deus.
EMPIRISMO
ROGER BACON (1220-1292)
GUILHERME DE OCKHAM (1285-1349)
O conhecimento a partir da experiência, eliminando o conceito de idéia nata, considerada obscura e problemática.
O conhecimento provém de nossa percepção do mundo externo, ou do exame da atividade de nossa própria mente.
Para Bacon, os elementos fundamentais da investigação científica eram: a observação, a experiência e a indução. A mente é uma tábula rasa, cujo conteúdo vem da experiência.
Nada está no intelecto sem que estivesse, antes, nos sentidos
As características mais comuns no Empirismo são:
-A inexistência de idéias inatas
-O conhecimento é fruto das impressões sensíveis
-As idéias são cópias enfraquecidas das impressões dos sentidos.
-As relações entre as idéias reduzem-se a associações.
-O conhecimento limita-se aos fenômenos, tornando a metafísica impossível.
CRITICISMO KANTIANO
IMMANUEL KANT (1724-1804)
Pessoa crítica é a que tem posições independentes e refletidas, é capaz de pensar por si própria e não aceita como verdadeiro simplesmente estabelecido por outros como tal, mas só após o seu exame livre e fundamentado.
Uma época esclarecida é aquela em que as pessoas atingem a sua maioridade pela capacidade não só de pensarem autonomamente, mas também de não se deixarem manipular e dominar.
O idealismo reconhece a razão como forma de conhecer a realidade e o empirismo que dá primazia à experiência. O conhecimento é um processo de síntese, no qual o intelecto proporciona a forma e a experiência oferece o conteúdo.
Ao solapar os alicerces da casa, o indivíduo poderia saber, a priori, que ela poderia cair. Pelo efeito da lei da gravidade.
MINHA FILOSOFIA
Razão, emoção, memória, valores fundamentais, pensamentos involuntários, instinto; são inatos.
Acho que a memória traz os valores fundamentais e mais nada. Ela vai sendo preenchida durante a vida.
Acho que o cérebro começa a funcionar pela manifestação da vontade, que considero uma emoção. Ela aciona a razão, que começa a colocar informações na memória, inclusive as que recebe dos sentidos.
Acho natural que o ser humano busque o conhecimento, em primeiro lugar, para satisfazer seus desejos. Portanto, tende a direcionar a pesquisa e a argumentação para o que gostaria ver como resultado. Por isso é importante o questionamento dos dados, dos argumentos e do resultado para verificar que eles sejam reais e não fruto de desejo.
No caso Mari e Mara, minha tendência é argumentar de maneira a amenizar o prejuízo, buscando argumentos que possibilitem justificar o comportamento dela, preparando terreno para que possa voltar e retomarmos uma vida em comum. Não resta dúvida disso.
É como o pai do dependente de drogas que procura justificar o filho, alegando que foram as más companhias, a falta de políticas públicas, a ação dos traficantes, etc. que levaram seu filho àquela situação. Procura não perceber e reage intransigentemente contra quem pretenda incutir a seu filho e a ele mesmo, grande parte da culpa pelo desvio do rapaz.
É natural que defendamos o que nos interessa e nos esforcemos pra eliminar ou, pelo menos, esconder o que nos prejudica.
Acho impossível ter isenção na coleta de dados, análise e julgamento de algo em que se está envolvido emocionalmente. Não depende de nós, e sim, da emoção, sobre o que não temos domínio satisfatório.
O importante é que tenhamos consciência disso, saibamos que isso interferirá no trabalho e procuremos meios de minimizar seus efeitos para chegar a um resultado razoável e o mais próximo possível da realidade.
A hipótese que defendo no caso da Mari, é que não é admissível numa pessoa normal um comportamento tão esdrúxulo em pequenos períodos de sua vida, contrapondo-se a grandes períodos que podem ser considerados normais. Aliás, acima da normalidade.
COMPARATIVO ENTRE MARI E MARA:
A Mara foi embora, depois de ter se convencido de que não poderia continuar comigo.
Deixou um bilhete, negando-se a conversar comigo. Mais que isso: Fugindo de fazê-lo, como se foge de algo extremamente perigoso.
A Mari colocaria o problema, defenderia seus pontos de vista, ouviria minhas argumentações, em fim, discutiríamos os problemas e procuraríamos soluciona-los. Ela sabe que muito dificilmente haveria algum problema que ocasionasse o término de nossa amizade. Que, se sentia desejo de uma vida diferente que eu não pudesse participar como companheiro, eu não criaria maiores problemas pra que tentasse. Se encontrasse outro amor, da mesma maneira. Ela sabe que pode contar com minha amizade, principalmente nas horas difíceis. Portanto, não a jogaria fora, muito menos da maneira que aconteceu.
A Mara quis levar o que era seu e o que não lhe pertencia, por direito. Basta considerar que se fosse eu que saísse de casa e fizesse o que ela fez. Ela só ficaria com um guarda-roupas e uma cômoda.
Fez questão de não deixar nenhuma lembrança.
Embora lhe pedisse pra continuar usando a conta bancária e a firma, e ela ter concordado, impediu que isso acontecesse, se apropriou de dinheiro que não era seu, desconsiderando os inconvenientes e prejuízos que isso me causaria. Desconsiderou o que sou e de que tem provas mais que suficientes pra sabê-lo.
A Mari poderia pedir que o que eu não fosse usar ou não fizesse muita falta, entregasse para a Marta, em virtude de sua necessidade. Procuraria me deixar alguma lembrança e procuraria me apoiar no que fosse possível pra minimizar meu sofrimento.
Não se negaria a emprestar a conta bancária nem a firma, nem a conta do posto em seu nome, sabendo que jamais a prejudicaria.
Não seria capaz de se apropriar de um centavo que não fosse claramente seu. Na dúvida, deixaria o seu ao invés de levar o que pudesse não lhe pertencer.
A Mara concordou em ir morar com o Rodrigo e aproveitar as vantagens que ele poderia lhe proporcionar, sem considerar os problemas que ele poderia lhe criar.
Não teve a menor preocupação com a imagem que propiciaria às pessoas formarem dela.
A Mari não faria isso, porque se ainda tivesse algum amor por ele, que acho muito difícil, principalmente pelo tempo decorrido; não aceitaria viver com alguém que sabe desleal, machista, sem escrúpulos, dominador, em fim, características que ela odeia. Ele estaria entre os últimos homens a quem ela se entregaria e, acredito, nunca o faria. Acho que só o respeito que tenho por ela, seria suficiente pra que renegasse todas as vantagens que ele pode lhe oferecer,
Sua dignidade e moral não lhe permitiriam proporcionar às pessoas que a considerassem vulgar, sem vergonha e coisas do tipo, motivos que justificassem tal interpretação. Ela preza muito sua imagem e se esforça muito para mantê-la, embora, quando seja inevitável, não permita que isso a impeça de agir da maneira que julga melhor, desprezando opiniões de quem não mereça sua consideração.
Fica clara a oposição de valores entre as duas. Os dados são evidentes, não oriundos de meu desejo de defender a Mari e condenar a Mara. Eles podem ser constatados por qualquer um. A Mari, como qualquer um, tem defeitos que ela controla bem. Eles poderiam ser responsabilizados pelo comportamento da Mara mas, o que faria com que ela perdesse o controle que sempre teve?
Até agora não consegui encontrar justificativa para esse comportamento que não o mistério.
Pode ser que a Mara estivesse no inconsciente e que assumisse o consciente. Mas, o que provocaria isso?
Pode ser um distúrbio mental. O que o causaria?
O fato é que o absurdo está constatado. Ninguém pode mudar tão radicalmente e com tanta rapidez. A questão é: qual a causa? Com que objetivo?
14/09
Fui em Santana da Luz acertar a conta na serraria. Liguei pra Mara por volta das 10:20hs e ela acordou pra atender o telefone. Pediu-me pra ligar dali a dez minutos. Voltei a ligar e ela pediu pra esperar um pouco e demorou mais um minuto. Pedi-lhe pra falar. Ela disse que não sabia o que faria mas que não voltaria mais, pois, se voltasse, sabia que depois de pouco tempo os problemas ocasionariam nova separação. Tive quase certeza de que era a Mara mesmo, pois a Mari não poderia dizer isso, porque não houve motivo pra separação, só a Mara vê esses eventuais problemas. Disse-lhe que se não me amava mais, não teria condições de viver comigo, como casal. No entanto, não tinha sentido que se afastasse como amiga. Isso mostrava que ela era a outra (Mara) pois a Mari não cometeria o número de absurdos que ela está cometendo. Ela disse que vai resolver sua vida. Disse-lhe que a Mari tem capacidade pra isso mas que, desprezando ajuda de um amigo, não tem sentido. Disse-lhe que não adianta ficar conversando por telefone, principalmente porque ela não entenderia mesmo. Disse-lhe que quando a Mari voltar a dominar o corpo, saberá onde me encontrar, se precisar, e desliguei sem me despedir.
É muito difícil considerar que seja a Mari. O comportamento da Mara é o oposto do que ela teria.
Quando passei no Nelson, pela manhã, ele não estava. Fui na Marta perguntar por ele e verifiquei que havia duas bicicletas novas, uma do Felipe e outra da Marta, segundo o Marco. Pode ser que a Mara as tenha dado.
15/09
Passei o dia até bem. O problema é quando bate a ansiedade, na esperança que ela volte. Isso dá agonia, angústia; é a adrenalina inundando tudo. Quando aceito que pode demorar e, até, não voltar mais, só fica uma melancolia.
Abri um arquivo de filosofia (philosofia) pra ir escrevendo o que vou estudando e aprendendo, inclusive meus pensamentos a respeito.
Tentei mostrar ao Marco que está perdendo muito tempo, deixando de aprender. Já faz seis anos que entrou na escola e ainda está no segundo ano. Lê muito mal, escreve pior ainda e só sabe somar e diminuir. Disse-lhe que o fundamental pra aprender é ter vontade, querer. Que se ele quiser, me disponho a ajuda-lo.
16/09
Enquanto roçava voltou o pensamento que me enche o saco todo dia: o tamanho da besteira que ela fez, metendo a cabeça na boca do lobo. Demonstrando sua incapacidade de sobreviver sozinha, agarrando-se à primeira oportunidade que lhe parece ser solução pra seus problemas. Minha razão me alerta que ela não é ela. É produto do mistério e está a serviço dele. Que não se pode analisar logicamente algo que a lógica não consegue entender. Que a Mari não faria isso.
O pensamento coloca que a Mari, se voltar a dominar, pode não querer voltar. Teria dois motivos lógicos pra isso. Aproveitar a separação e definitava-la, percebendo que já não me ama mais. Como comentamos várias vezes, um dia isso poderia acontecer. Se já aconteceu, o melhor é aproveitar e continuar separada pra estar livre para dar outro rumo a sua vida. O segundo motivo, seria por vergonha, por não conseguir me encarar nem as outras pessoas.
Pensei que a Mari tem coragem e garra, além de capacidade de aprender e se virar em qualquer tipo de trabalho. No entanto, isso não é suficiente, veja-se o meu caso. Ela dependerá de sorte pra encontrar uma oportunidade. Se a sorte não a favorecer, o que fará? Com o Rodrigo dificilmente a Mari conseguiria viver. Não estando com ele, seria muito difícil continuar em Parreiras, pois ele não lhe daria paz. Lá, talvez, ela conseguisse trabalho, mas ele impossibilitaria essa possibilidade. Fora de lá, onde ela poderia ter uma oportunidade? É lógico que bonita e atraente como é, poderá conhecer algum turista que lhe ofereça uma oportunidade, ou, até, acabe se apaixonando por alguém. Tudo é possível mas, a realidade lógica não indica muitas chances de sucesso.
Tudo é possível! A única coisa impossível é adivinhar o que vai acontecer!
Todo dia espero que o Marco traga um recado de que ela pediu pra que eu ligasse pra ela. Até agora, nada!
Durante a tarde senti muita moleza, desânimo. No final da tarde, chorei bastante, tomei banho, acendi uma vela na sala, apaguei todas as luzes e pedi ao mistério que me desse um sinal, uma explicação, uma indicação do porquê. Não aconteceu nada.
17/09
Sonhei que a Mara tinha voltado, mas trouxe uma amiga. Me chamou pra irmos ver um fusca velho, que estava sem rodas. Ao chegar lá, olhou o fusca e continuou andando, passando por outros que também estavam sem rodas. Chegamos a um beco onde havia uma oficina mecânica, tipo boca de porco, onde estava o Rodrigo com uma criança no colo. Ele estava tranqüilo e verifiquei que a Mara quisera ir lá por causa dele. Não me lembro do resto mas ela havia voltado pra me explorar.
Depois de tratar dos porcos fui arrancar ervas na horta. É uma boa terapia mas pensamos o tempo todo. Pensei no mistério, no criador e no que eles podem pretender de nós. Como acreditar em algo que não conseguimos compreender nem aceitar passivamente? Minha falta de fé se deve a não conseguir acreditar no que as religiões defendem. O que eu teria que fazer?
Rezar? Pra quem? Como?
É difícil acreditar que o criador queira que as pessoas se submetam a coisas que não tem sentido. Por um lado, dizem que Deus quer que sejamos felizes. Por outro, que devemos nos sacrificar pra merecer o reino dos Céus.
Como acreditar no livre arbítrio? Onde ele existe de fato?
Por volta das três da tarde fui levar queijos no Antenor e, depois, no Nelson levar o balde. Tinha um escort branco junto da casa da Marta, que imagino estar com a Mara. Fiquei conversando com o Nelson e o Vinícius, depois chegou a Zusa e, mais tarde, a Marta. Ninguém me falou nada. A Marina apareceu depois de um bom tempo que eu havia chegado, vindo dos fundos da casa. Provavelmente estava conversando com a Mara na casa da Marta e entrou pelos fundos pra não dar na vista. Ela não estava com cara de quem estava dentro da casa fazendo alguma coisa. Bom, tudo isso são especulações.
O importante é que dá um aperto no peito, sobre a boca do estômago, dificuldade de respiração, parece que ela fica amarga. É uma condição muito ruim. É um sofrimento ruim.
Cheguei a pensar que ela poderia estar sozinha e que viria aqui à noite, pra que ninguém a visse, pra conversar comigo. Mas, é evidente que dificilmente o Rodrigo a deixaria vir sozinha até a Marta e, claro, que se ele estiver lá, não há como ela vir. Mesmo que estivesse sozinha, é quase impossível que viesse. Nem é tão impossível assim mas, como seria bom pra mim, não virá.
O Fio me disse que a Marta já foi na casa dele duas ou três vezes pra pedir pra ele levar a carteira no Tiãozinho pra dar baixa. Fico me perguntando o porquê dessas atitudes da Mara. Ao que tudo indica é um medo terrível de ter algum contato comigo, pode ser por saber que na minha presença o amor da Mari seja mais forte e a derrube. Pode ser qualquer coisa, mas, que é estranho é! Ela não tem o menor motivo pra desconfiar de minha honestidade e, muito menos, que lhe faça algum mal. Por que esse medo tão grande?
17/09
Só de chegar perto dela
Só de achar que está lá
O peito fica apertado
Respirar normal não dá.
Ah! meu Deus como queria
Ficar livre desse aperto
Parar de chorar sozinho
Ter um futuro mais certo
Quanto isso vai durar
Me pergunto a toda hora
Será que passará logo
Ou a dor ainda demora
Viver assim é um suplício
Só agonia e amargura
É uma tristeza profunda
Solidão que não tem cura.
Se eu tiver tanto pecado
Que mereça esse castigo
Saíram sem consciência
Sem saber ter cometido
Se o objetivo for
Me castigar pra valer
Não poderia castigo
Mais sofrível escolher.
Perdi a mulher que amo
Perdi a sua amizade
Só me sobrou sofrimento
sofrimento da maldade.
Pode ser que ela não volte
É capaz, quem vai saber
O amor estará perdido
Todo mundo vai perder
De pessoa encantadora
A causadora de sofrer
Estou chorando e sofrendo
E o pensamento maltrata
Não dá folga, não esquece
O lembrar é uma chibata
Eu que já fui tão feliz
Tô pagando preço alto
Gargalhei felicidade
Choro me pega de assalto.
Hoje no escuro do poço
Ontem com a luz do alto
Pensei que ela voltava
Minha dor diminuiu
Mas ao invés de voltar
Pra mais longe ela partiu
No começo fugi dela
Não cri que pudesse tê-la
Degustei os seus sabores
E o amargor de perdê-la
Quem do amor pode saber
De onde ele aparece
Ilumina nosso dia
Ao ir a noite escurece
Ao chegar traz alegria
Ao partir tudo entristece
Ah tristeza como é triste
Sofrer de falta de amor
De amor que já tivemos
A perda é que causa a dor
O muito que fui feliz
Agora não vale nada
Felicidade em taça
Que agora está virada
Só enchendo ela de novo
Pra essa dor ver expulsada
Parece que essa fonte
De sofrimento e dor
Cresce indefinidamente
Gelando qualquer calor
Realçando a tristeza
Maltratando o amor
18/09/05
Dormi ontem e acordei hoje com as mesmas coisas na cabeça: Por que essa obstinação em me prejudicar? Ela pode aparecer ou me mandar recado.
Não me sai da cabeça, também, que devo ligar pra ela só pra perguntar como está. Isso fica se repetindo no meu pensamento como um disco riscado que repete a mesma coisa indefinidamente.
O fato de ela se empenhar pra desvincular seu nome de mim, de meus negócios, principalmente, deve ter por um lado a participação dele, que se empenha pra eliminar qualquer vínculo entre ela e eu, e deve argumentar com eventuais prejuízos que ações minhas poderiam causar a ela e seu nome. É comum a pessoas como ele, acostumados a mutretas, imaginar que todos são iguais. Do lado dela, há um medo muito grande de mim. Como não tem justificativa pra desonestidade e agressividade, só pode ser medo de minha racionalidade e, possivelmente, da emoção que sabe a Mari sentir por mim.
O fato de fugir de mim como vem fazendo, tentando eliminar qualquer vínculo, é uma prova evidente de mudança de personalidade, indicativo forte da ação do mistério. Qual será o objetivo dele? Será só me castigar ou haverá algo mais?
A questão é que me atinge fortemente e não consigo dominar esses sentimentos, sofrendo sua ação intensamente.
Que será que passa na cabeça dela?
Quando lhe perguntei o porquê do medo em conversar comigo, disse que achava que não valia a pena ficar falando sobre algo que criaria sofrimento e não resolveria nada (mais ou menos isso).
O que poderia ser isso? Que problemas no nosso relacionamento poderia ser classificado dessa maneira?
Fim do amor dela por mim. Abordamos essa possibilidade inúmeras vezes e sempre a encaramos como possível de acontecer e que, se acontecesse, não seria geradora de maiores problemas, pois poderíamos seguir como amigos. Sempre consideramos que isso poderia acontecer tanto com o amor dela como com o meu.
Os meus defeitos que a incomodavam são: relaxamento, ao deixar espalhados papéis, ferramentas e utensílios. Relaxamento na vestimenta e nos cuidados pessoais. Minha reação ao que me desagrada com expressões fisionômicas desagradáveis e silêncio.
Minhas críticas a ela se devem a incoerência entre discurso e comportamento. Pesos e medidas diferentes dependendo do interesse dela ou de outros, principalmente de mim. A influência que sofre de pessoas e lugares.
Tudo isso não era novidade e sempre administramos com relativa facilidade. Aparentemente, os maiores problemas se deveram à indisponibilidade dela em corrigir os problemas que eu acusava. Sempre procurei argumentar com demonstração de fatos reais que comprovavam o que eu dizia.
Se o problema fosse o fim do amor, não haveria problema pra conversar sobre isso. Se fossem minhas críticas, também não haveria dificuldade em discutir mais uma ou mais vezes o que fizemos muitas vezes. Portanto, a meu ver, não há motivo para esse medo de conversar.
Quando escrevia o texto acima, me deu uma agonia tão grande que peguei o gancho e fui roçar pra descarregar aquela coisa tão ruim que estava sentindo. Melhorou um pouco.
Enquanto roçava, a música Colcha de retalhos não me saia da cabeça e cantarolava em silêncio: Quando o frio chegar no seu corpo inteiro, você vai lembrar da colcha e também de mim.
Ah! se eu soubesse
Tocar viola de pinho
Afogava essa mágoa
Em Tião Carreiro e Pardinho
Dedilhando suas cordas
Tirava do coração
Essa tristeza infinita
Na forma de uma canção
Infelizmente nas cordas
Não consigo posição
Os dedos não se controlam
Como a dor no coração
Da viola desisti
Convencido não poder
Gostaria desistir
Dessa dor que faz sofrer
A música canta a dor
De um amor despedaçado
Alivia o coração
E o peito amargurado
Toca viola e sanfona
Canta sentido ó cantor
Traduz a minha tristeza
Leva embora a minha dor
Cantar os males espanta
Diz o dito popular
O meu canto sai molhado
Pois não consigo parar
De lamentar meu sofrer
Que me obriga a chorar
Queria estar feliz
Distribuindo alegria
Cantando modas alegres
Festejando noite e dia
Alegrando as pessoas
Curtindo a vida e a folia
Gostaria mas não posso
Não consigo esquecer
Minha mente me castiga
Alimenta meu sofrer
Tento pensar no melhor
Mas não deixa de doer
Só espero que ela volte
Que me devolva o viver
Que traga a felicidade
Que acabe com o sofrer
Dirão que eu sou um bobo
Idiota e chorão
Que não tenho inteligência
Que só ouço o coração
Acredito pensar muito
Pensando até demais
Filosofando a tragédia
Buscando causas lá atras
A emoção me castiga
Mas não me entrego jamais
Cada ruído que ouço
Penso que ela está chegando
Gostaria esquecê-la
Mas continuo amando
Hoje está difícil, já rocei, fiz muçarela mas a agonia angustiante continua. O pensamento involuntário só me coloca que ela está sendo cruel, sem a menor necessidade, que poderia ter me ajudado só conversando e explicando o que está acontecendo. Mas explicar como? Como admitir a inversão de valores. Se a Mari não voltar, não vai ser a Mara que se prontificará a falar comigo, com honestidade, sem censura.
19/09
Lendo uns escritos da Mari, deparei com um texto que se referia ao amor. Ela afirma que se deve amar alguém como ele é e não como gostaríamos que fosse.
Esse é um chavão muito usado. Ele pode ser considerado como verdadeiro quando se referir a personalidade. Mesmo assim, aceitar não quer dizer, necessariamente, deixar de tentar mudar o que for possível.
É possível aceitar um dependente de drogas sem tentar ajuda-lo a deixar o vício? Fazer o mesmo com um alcoólatra, um ladrão, uma prostituta? Obrigar a mudanças é uma coisa, tentar ajudar a mudanças que sejam benéficas, é outra.
Na fase da paixão, início do amor, onde a razão fica entorpecida, os preconceitos anestesiados e a emoção é só alegria; é muito fácil aceitar defeitos no parceiro. Aliás, é comum que até nos agradem defeitos que em outros, nos fazem muito mal. Além disso, nessa fase, os dois procuram camuflar seus defeitos, procurando escondê-los. Quando a paixão se esvai, continua o amor, mas a razão e os preconceitos voltam a agir. Aí os defeitos começam a ser percebidos e a prejudicar o relacionamento. É hora de iniciar um trabalho de ajustes, onde cada um procura mudar no que puder e aceitar os defeitos que o outro não consiga modificar. Essa é a realidade. Acontece com todo mundo e, apesar disso, continuam os problemas e as pessoas não se dispondo ao menor esforço para mudar. Isso não vale só pra relacionamentos amorosos, vale pra todo tipo de relacionamento: social, amizade, trabalho, esportes, etc.. O mínimo que se pode esperar da racionalidade é que perceba isso e procure soluções que tornem menos traumáticas as relações entre as pessoas.
Uma coisa que é significativa, é o respeito ao outro. Quando este deixa de existir, além de não se dispor a qualquer mudança, quem perdeu o respeito, passa a considerar que as reclamações do outro são totalmente descabidas, ainda que sejam totalmente reais.
Há personalidades introvertidas, outras, extrovertidas. Há quem adore perfumes, outros os detestam. Há pessoas serenas, outras são abrutalhadas. Essas personalidades dificilmente mudarão. Mas, dentro do possível, poderão envidar algum esforço para controlar seu gênio, com o objetivo de agradar a alguém que amam ou, até mesmo, para se ajustarem melhor ao ambiente que freqüentarem.
Eu, por exemplo, tenho gênio agressivo. Durante a vida, fui aprendendo a controla-lo, pois ninguém é obrigado a suportar esse tipo de comportamento, livre, sem qualquer tipo de controle.
Hoje, por exemplo, depois que o Marco tirou o leite, perguntei-lhe se iria limpar o chiqueiro. Ele disse que não porque já estava tarde. Disse-lhe que ele não tinha vergonha na cara. Disse-lhe isso na frente do Lair e do Negrinho, que viera com ele. No domingo da semana passada, havia combinado com ele que não tiraria o leite pra usar o tempo pra limpar o mangueiro e o chiqueiro. Ele nem veio, Foi pro Jusco. Ontem, veio com o Negrinho, na hora do almoço, tirou o leite e disse que ia embora, que hoje limparia o chiqueiro. Como ele é useiro e viseiro em fazer isso, quer dizer, não ter qualquer compromisso nem responsabilidade, chinguei-o, agressivamente. É possível aceita-lo como é, agindo como ele age?
Logo que a Mari foi embora, pensei que poderia ter "engolido" as coisas que ela fez, evitando que se melindrasse, o que poderia evitar que tivesse me abandonado.
Acho que se tivesse agido assim, teria cometido um erro muito maior, considerando que, errara ao acusar os erros cometidos. Acho que exagerei na dose, deixei de conversar e mostrar com serenidade os problemas, exemplificando ao máximo, deixando claro que não era nenhum absurdo, mas que esses motivos causavam coisas ruins. Que seria necessário cuidar pra evitar tais coisas.
Se eu tivesse calado, ela continuaria cometendo essas distorções, provavelmente mais acentuadamente, o que acabaria gerando motivos para desentendimentos mais graves. E, aí sim, ela teria motivos pra me abandonar, com justificativas, pois pode ser que chegasse a hora que eu não conseguisse controlar a agressividade e revelasse minha revolta com aspereza.
O mistério usou a desavença pra realizar o seu propósito. Se não fosse por isso, arrumaria outro motivo qualquer. Isso talvez tenha acelerado, mas não acredito que pudesse impedir o que aconteceu.
Não fui capaz de entender isso, na hora, nem nos dias imediatamente seguintes. Só quando ela foi pra Parreiras é que me dei conta do problema. Se tivesse conseguido contornar o problema antes de perceber o que realmente estava acontecendo, procuraria soluções que, provavelmente não funcionariam a contento, pois se baseariam em causas irreais.
Se, agora, for possível a reaproximação, é possível articular soluções que possam evitar que isso aconteça novamente ou, pelo menos, prevenir-se contra os males que isso causa, quando acontece.
Estou convencido que ela deve procurar espíritas, pra tentar descobrir alguma coisa sobre essas manifestações do mistério. Não sei se será possível descobrir a verdade mas, considero importante tentar. Não só no espiritismo, mas em qualquer esoterismo que possa oferecer algum indicativo do que acontece. Acho que seria razoável, também, procurar psiquiatria e psicologia, mas isso é bem mais difícil.
Pensar isto me aliviou a angústia que senti esses dias.
É isso aí! O conhecimento é dinâmico, desde que a razão possa atuar, novos dados ou a análise dos antigos, pode resultar em conhecimentos diferentes dos que existiam até ali. Assim é a vida, mesmo com todo o mistério que a envolve, é possível ver a mesma coisa por ângulos múltiplos o que permite, pelo menos, não cometer injustiças, condenando ou absolvendo sem a menor profundidade de análise, sem dar chance a outras possibilidades.
Só pra relembrar, a atuação da Mara ao me abandonar, não tinha sentido, pois não havia motivos pra atitude tão drástica e repentina.
A Marina se gaba de ter sabido que ela me abandonaria, antes de mim. Defende que o motivo foi a somatória de pequenas coisas que aconteceram no decorrer do tempo. Que ela precisava ter amigos de sua idade. Chegou a dizer que a Mara lhe dissera que pretendia ter filhos. Acho natural suas atitudes, concordando com o que ouvira da Mara, sem se preocupar em analisar se aquilo tinha sentido ou não. Segundo ela, apenas recomendou que a Mara ponderasse os prós e contras do relacionamento antes de definir sua decisão. Ela não achou estranho que uma decisão tão significativa, tivesse sido tomada com tamanha rapidez, sem antecedentes que demonstrassem qualquer tipo de problema no relacionamento, muito pelo contrário.
Quando a Mara lhe comunicou que estava morando com um ex-namorado, ela considerou que eles já vinham se relacionando há algum tempo. Classificou a Mara de esperta e inteligente, na mesma conversa que considerou que o romance já existia há algum tempo. Classificou-a de traidora, sem o menor pudor, baseando-se no primeiro impulso preconceituoso.
Essa conversa aconteceu no início da noite em que eles vieram de S.Paulo após a cirurgia do Nelson e que a Mara estava na Marta com o Rodrigo. Depois de ir falar com a Mara a pedido desta, comentou que ela estava bem vestida e feliz e que não voltaria. Como é possível se atrever a veredictos tão sérios com base em dados tão insignificantes, quando eu lhe oferecia a possibilidade de conhecer muitos outros?
Os dados me indicam que ela não teve condições de se encontrar com ele antes de me abandonar, nem enquanto não chegou em Santana da Luz, vinda d casa da Marina em S.Paulo. Todas as vezes que saiu sem mim, o fez com a Marta. Mesmo assim, foram poucas vezes.
Do que ainda tenho dúvida, é se ela encontrou o Rodrigo em Santana da Luz por acaso, ou se ligou pra ele vir encontrar-se com ela. A Maiara me disse que naquele dia, quando saíra pro almoço, encontrara a Mara que fazia uma ligação no orelhão em frente ao Zé Torto. Nesse horário ela não ligou pra Marta, só o fazendo no dia seguinte, já de Parreiras. Ela esteve na casa da Lola, com o Parafuso, por volta das três da tarde, e confirmou que procurava casa pra alugar. Deve ter encontrado o Cidão depois disso, depois das cinco, quando este volta do trabalho. Como ela disse pra Marta que brigara com ele, pode ser que já estivesse com o Rodrigo. Em fim, a primeira conversa entre eles, só deve ter acontecido nesse dia.
O dado mais gritante nessa história, é a recusa intransigente dela em conversar comigo e a urgência em eliminar qualquer vínculo comigo, inclusive voltando atras na promessa que fizera de me deixar usar a conta no banco e a firma. Ela não tinha o menor indício que eu pudesse fazer-lhe mal, usando a firma ou a conta bancária pra isso.
Na quarta-feira retrasada quando liguei pra ela desde a casa do Nelson e li a mensagem pra ela, me disse que queria conversar comigo, que as pessoas estavam achando legal o que ela fizera mas que as coisas não estavam boas. Pediu que lhe ligasse na segunda-feira próxima, pra combinarmos um encontro, tendo em vista que o Rodrigo iria pra Aparecida do Norte. Queria aproveitar essa viagem porque ele não lhe dava trégua. Quando liguei na segunda-feira, ela não atendia e, em duas vezes, chegou a tirar o fone do gancho. Quando ligou a tarde, ela atendeu e desligou. Quando, depois de tentar várias vezes, atendeu, como não falasse nada, perguntei-lhe se não estava podendo falar e ela respondeu que não, mas com um não de quem não quer conversa e não de quem não pode falar por outro impedimento.
Quando lhe liguei na quarta-feira, ela disse que iria fazer alguma coisa pra consertar sua vida mas que não voltaria, pois, se fizesse isso, depois de algum tempo tudo aconteceria de novo. Não entendi ao que se referia e pretendo esclarecer na primeira oportunidade.
Acho que a vida que está levando, não deve estar sendo fácil nem pra Mara. O Rodrigo deve fazer marcação fechada, não lhe dar folga. Ao que tudo indica, ela não o ama. As vantagens financeira e sociais que possa ter, não devem ser suficientes pra agüentar as contrariedades. Ela deve estar tentando uma maneira de se livrar dele, mas tendo uma opção, que não seja voltar pra cá. Isso não é fácil!
Pelo exposto, como não considerar que algo muito estranho tenha causado tudo isso?
20/09
Dormi bem à noite e acordei bem. As considerações feitas ontem, me ajudaram muito.
Recebi uma informação, sobre o que aconteceu na quarta-feira que a Mara chegou em Santana da Luz, vinda de S.Paulo, da casa da Marina. Ela andou por Santana da Luz procurando casa pra alugar, pois essa era sua intenção. Ela estava em frente ao Zé Torto, quando o Lugão parou pra conversar com ela. Ela disse que havia se separado de mim e ele lhe disse que o Rodrigo também estava separado da mulher. Que os dois poderiam tentar viver juntos. Que se ela quisesse, ele ligaria pro Rodrigo. Ela titubeou mas acabou concordando que o Lugão ligasse pra ele. O Lugão ligou, disse que ela estava sozinha e disposta a conversar sobre uma provável ida com ele. Ele disse que em duas horas estaria lá e assim aconteceu. Segundo essa fonte, além do Lugão, a Maiara e a Marta sabiam que ela havia ido com o Rodrigo.
O Fio veio no final da tarde com o Baiano e Zeca. Veio dizer que não quiseram entregar diesel pro gordo. Trouxe os papéis da quitação, dizendo que a Mari o avisara no domingo pra ele descer na segunda-feira, pra dar baixa na carteira pois ela iria mandar fechar a firma. Ele desceu e pegou os papéis da quitação.
Fui na Marta pegar os cigarros que o Marco deixara lá e aproveitei pra ligar pra Mara. Só perguntei se estava tudo bem, que era só o que queria saber. Disse que estava tudo bem, de maneira convincente. Ela me disse que o Fio lhe telefonara pedindo pra dar baixa na carteira porque pretendia pegar o FGTS e o salário desemprego. Disse-lhe que não sabia em quem acreditar, pois o Fio me dissera que fôra ela quem lhe pedira pra dar baixa na carteira. Ela afirmou que não e que não mandara fechar a firma. Que qualquer problema, lhe ligasse. Ela estava com voz normal, aparentemente sem problemas.
Liguei pra Sônia e quando tentava ligar pra Cynthia, o telefone tocou. Era a Mara pedindo pra avisar a Marta pra ligar pra ela.
21/09
Ontem dormi bem e, hoje, acordei bem. Fui em Santana da Luz comprar milho e resolver porque o posto não havia mandado diesel pelo gordo.
Passei no Tiãozinho e paguei a mensalidade. Ele me confirmou que a Mara mandou encerrar a firma. Me perguntei: Por que ela me disse ontem que o Fio foi que a procurou e que não havia mandado fechar a firma?
Pensei muitas vezes hoje, que o Valdir, desta vez, posso ser eu. Que ela tenha voltado pro Rodrigo como voltou pra mim em Campo Grande. Tudo é possível. Mas, que é difícil considerar isso, é. Será possível que um amor tão desgastado e, depois de tanto tempo, possa ser retomado com força?
Pensei que a idade é significativa. Que o amor dela por mim pode ter acabado de vez mesmo. Nesse caso, não haverá volta. Estou sentindo isso muito forte. Estou até conformado e, talvez, isso esteja me dando relativa tranqüilidade.
Li os cadernos que ela escreveu. Tem coisas escritas no Jusco, antes de ficar com o Valdir e outras escritas em Campo Grande.
22/09
Comecei a escrever o que tinha escrito no caderno em Campo Grande, cronologicamente desde o dia em que me disse que tinha ficado com um menino. É incrível como é tudo igual. A diferença é que naquela época, tinha muito menos informações que hoje, o que me levava a especular muito mais. No entanto, a dor e o sofrimento eram iguais. Vontade de morrer. Se tivesse morrido, não teria vivido mais esses, quantos dias? De 14/03/03 a 02/08/05. São dois anos, quatro meses e dezenove dias. Esse tempo foi de muita felicidade. Outra vez eu não estava preparado pra esse golpe. Sempre achei que aconteceria uma separação mas não tão repentinamente, sem explicação. Foi como da outra vez. Total surpresa!
É difícil lembrar como se foi amado, os carinhos recebidos e, agora, sozinho. Chorando a cada cena emotiva vista na televisão. Ao ver duas pessoas que se amam, trocando carinhos. Até do papagaio que voltou pra sua antiga dona depois de muito tempo de aventuras.
Até o Marco foi embora sem a menor comunicação. Preferiu não vir mais, por ter sido chingado, do que aprender e corrigir-se. É duro ver como o mundo anda, o comportamento das pessoas. Tudo isso me aumenta a falta dela, com quem comentava essas coisas e que servia de lenitivo pras dores que esses comportamentos causam.
Por volta das onze horas, o Fio apareceu e me disse que a Mara o chamara para acertar uma coisas mas como ele só conversava comigo a esse respeito, ela me mandara chamar, pra conversar.
Fui de moto. Ela estava na casa da Marta, me cumprimentou sorrindo e fiquei esperando do lado de fora pra que viesse conversar comigo.
Sentamo-nos num tronco de cedro que estava no chão. Ela me perguntou como eu estava. Seus olhos ficaram vermelhos. Deve ter percebido ou imaginado como eu estava realmente. Com a conversa os olhos voltaram ao normal.
Disse que sabia que tinha uma missão a cumprir, que seu santinho tinha voltado e estava sinalizando-a. Que está bem, que o Rodrigo mudou muito e que sabe que essa relação é temporária. Que o está ajudando nos negócios, organizando, uma vez que tudo funciona sem qualquer organização.
Que já a convidaram pra trabalhar numa loja e até num banco. Que a Cristina do Lair, logo que soube que ela estava lá, foi correndo querer saber o que havia acontecido.
Ela parece estar consciente, mas demonstra ainda não estar totalmente no seu domínio. Disse-lhe de como a considero, um verdadeiro tesouro e do meu temor em que isso possa se perder, o que levaria o mundo a perdê-la, não só eu. Abrimos um diálogo. Ela já conseguiu o mínimo de liberdade pra poder pegar o carro e vir até a Marta. Há de se convir que é uma grande conquista: ele permitir que ela chegasse perto de mim. Se ele continuar assim, poderá tê-la por um tempo mais longo.
Quando fomos resolver o problema do Fio, eu havia estranhado porque eu já pagara a quitação dele, portanto não havia mais o que resolver. Ela me disse que o Fio e o Zeca haviam lhe ligado pra resolver o negócio do trator. Que o Zeca, inclusive, havia dito que precisaria acertar com ela a sua parte, a parte a que ela teria direito por causa da separação.
Perguntei-lhe o que ela queria. Ela disse que não sabia, que por isso me chamara pra conversar. Pedi-lhe que analisasse a questão sob a ótica da moral. Que por ela, dissesse que direitos teria. Disse não saber. Mas, que como havia trabalhado comigo, me ajudado, teria direito a alguma coisa. Disse-lhe que se fosse considerar o amor que me deu, o que me ajudou a aprender, o que me propiciou durante nosso relacionamento; nenhum dinheiro do mundo seria suficiente pra pagar. Por outro lado, eu também a amei muito, lhe dei tudo de mim e, isso, também não tem preço. Portanto, é difícil cobrar alguma coisa por esse lado.
Lembrei-a que o trator fôra comprado com o dinheiro do Uno e da moto. Que o Uno foi comprado com o dinheiro da Kombi e, esta, com o dinheiro do uno branco, que era meu. Que nosso capital não aumentou durante nosso relacionamento. A moto foi produto do meu trabalho no socorro.
Disse-lhe que ela ficara com o dinheiro recebido das mercadorias vendidas. Que eu pagara os cheques do Miltom e da compra da Marta, inclusive os das compras do Pari.
Que ela mandara buscar tudo que era seu: guarda-roupas, cômoda, roupas, em fim, tudo que lhe pareceu que era seu. Quer dizer: o que era dela, era só dela. Agora queria dividir o meu. Contei-lhe a piada do propagandista comunista.
Ela disse que olhando por essa ótica, não teria direito a nada.
Disse-lhe que não me importo com capital e que ela sabe disso. Que, se necessário, lhe darei tudo, não só uma parte. Perguntei-lhe se estava precisando de dinheiro e ela disse que sim. Coloquei-lhe que se estava com o Rodrigo e, como ela diz, tem dinheiro suficiente pra arcar com todas as despesas, não vejo onde pode estar precisando de capital. Que se pretendesse comprar uma casa, ou qualquer coisa pra sair da casa dele, seria razoável. No entanto, vivendo lá, eu não via onde ela poderia estar precisando de algo.
Disse-lhe que o que tenho estará a sua disposição quando precisar e está seguro. No entanto, se a Mara quiser tirar proveito da situação, terá que me enfrentar e não será nada fácil.
A Marta chegou e ficou ouvindo a conversa no momento em que eu dizia da malvadeza que foi ela ter mandado buscar o guarda-roupas e as coisas. O quanto isso havia me machucado. A Marta entendeu que eu dizia que ela é que havia feito tudo por conta própria. Expliquei que não, que se entendera isso, entendera errado. Inclusive me ajoelhei e pedi perdão, numa atitude patética e cômica. Ela insistia na sua versão. Disse-lhe que eu conversava com a Mara como amigo. Que estávamos nos entendendo muito bem e que ela nos desse licença pra que pudéssemos continuar. Ela saiu com cara de quem gostaria de continuar teimando que não fôra ela quem decidira retirar as coisas de casa. Ela disse que eu teria dito, no dia em que vieram buscar as coisas, que poderiam levar tudo pois eu não queria nada. Disse-lhe que não era verdade. Que eu dissera que poderiam levar o que quisessem. Não disse, em momento algum, que não queria nada. É quase a mesma fala, no entanto, a interpretação é totalmente diferente.
Vim em casa e gravei os arquivos PONTO e DUAS em disquete e levei pra Mara, pois ela se mostrou interessada em lê-los. Ao chegar, entreguei-lhe os disquetes e lhe disse que o trator não estava em negócio. Que se ela quisesse levar algo, que o fizesse com o carro e a moto, mas que deixasse o trator totalmente livre, porque era uma questão de honra o negócio que eu tinha com o Zeca e Baiano. Ela concordou.
Fiquei junto ao carro esperando o Fio, que ficara de voltar em uma hora e, até aquela hora, não aparecera. A Mara ficou arrumando suas coisas pra ir embora.
Quando ela saiu de casa pra ir embora, o Fio apontou na estrada. Fiquei aliviado por poder esclarecer as coisas na frente dos dois.
Quando perguntei de quem partira a idéia de dar baixa na carteira do Fio, eles ficaram meio sem jeito, No final ficou claro que passaram por cima de mim, não me comunicando suas dúvidas e tentando resolver a questão sem minha participação. Ficou claro pro Fio que o trator é meu e que ele e o Zeca cometeram um grande erro ao não me consultar. Disse a ele que eu ficara muito bravo com essa atitude e que gostaria que eles tivessem consciência do erro cometido. Disse à Mara que eu continuaria conversando com o Fio e que ela, se quisesse, estava liberada. Eu disse pra Marta, novamente, que não a acusara de nada. Ela disse que não daria mais recados. Que não contássemos com ela pra nada. Estava bastante brava.
Enquanto eu conversava com o Fio, notei que a Marta batia no Marco e o Felipe chorava, enquanto a Mara tentava acalma-la. Continuei conversando com o Fio até que a Mara nos pediu que fossemos conversar em outro lugar pois o nervosismo da Marta era por minha causa. Quando eu me retirava, a Marta veio pra cima de mim, pretendendo me agredir com uma vara, totalmente histérica. Subi no carro e fui embora, conversar com o Fio na venda.
Na verdade, a bronca da Marta é comigo. Parece que ela pretendia que a Mara conseguisse a metade do trator mais o carro e a moto, que já estão no nome dela. Ela é pior que a Teresa. Pois além de apelar pro nervosismo como arma pra se livrar de situações embaraçosas, dando chilique, é interesseira e sem escrúpulos. Está se aproveitando da Mara e procurará tirar o máximo proveito do que puder. Ela é o pior tipo de gente que pode existir. Achava-a ruim mas me enganara; ela é muito pior!
Espero que a Mara (pelo menos uma parte dela ainda está naquele corpo), leia os arquivos que lhe dei e possa entender o que eles contam. Que possa libertar totalmente a Mari e construir seu futuro. Que, como lhe disse, deve se empenhar pra lapidar o tesouro que está dentro dela, que deve ser seu principal objetivo. Que não pode deixar a Mara trancar a arca do tesouro, sonegando-o ao mundo. Torço com todas as forças pra que consiga, se livre das mesquinharias e se dedique à sua construção, revelação desse tesouro. Disse-lhe que pretendo editar os livros, que gostaria de sua ajuda e, conforme fosse, eu lhe deixaria a autoria como sendo só sua. Como uma espécie de herança, pra que ela desse continuidade a meu trabalho. Vamos ver o que acontece. Só o tempo poderá revelar a realidade.
Pedi ao Fio que venha com o Baiano e o Zeca pra conversar comigo. Quero deixar tudo em pratos limpos e fazê-los ver o erro que cometeram e preveni-los para o futuro.
24/09
Dormi e acordei pensando no comportamento da Marta.
É uma coisa maluca! Vi a Teresa reagindo a contrariedades. É exatamente a mesma coisa. Se puderem pegar alguém na hora, são capazes de matar com requintes de crueldade, tamanho é o ódio que desencadeiam.
Ao que tudo indica, é uma associação de prepotência com incapacidade racional. Querem ter razão, acreditando que o que defendem é a mais pura verdade, inquestionável, e não tem capacidade para analisar a situação, discuti-la e reconhecer eventuais erros que estejam cometendo. Por não conseguir admitir seus erros e incapacidade mental, apelam para a "doença nervosa". Livram-se de ter que encarar a situação desfavorável, apelando para o emocional de quem está por perto, despertando solidariedade com o "doente".
As duas tem a falsidade como característica marcante. Agradam, acariciam, mostram-se solidárias com as pessoas que gostariam de matar com as próprias mãos, com requintes de crueldade. Mostram-se meigas, compreensivas e dispostas a ajudar, quando, na verdade, estão sentindo o extremo oposto.
A única coisa que eu disse ontem e que poderia ter causado descontentamento na Marta, foi o fato de ela presenciar quando eu disse à Mara que ela fôra cruel ao mandar buscar tudo o que era dela, sem ao menos me comunicar pessoalmente. A Marta interpretou que eu dizia que ela é que tomara a iniciativa de ir buscar as coisas, pra ela. Reiterei o que havia dito: que a culpada era a Mara, que ela, Martim e Chico Bento, foram simples camaradas pra fazer o serviço. Que não lhes cabia qualquer culpa.
Na despedida, quando ia me afastar, pra conversar com o Fio, disse-lhe que não tinha nada contra ela e que, quando ela tivesse alguma dúvida, que me falasse diretamente, sem rodeios, pois eu estava sempre pronto a esclarecer o que quer que fosse.
Aparentemente, não podendo atirar-se sobre mim, partiu pra agredir o Marco. Imaginei que ele lhe fizera algo ruim, o que causara tamanho furor. Quando a Mara nos pediu pra irmos conversar em outro lugar, percebi que a raiva dela era, realmente, comigo, tanto é que quando eu saia, ela veio querer partir pra cima de mim, dizendo que não era pra eu voltar mais lá.
Será que foi só isso que lhe despertou tamanha fúria. Mesmo estando certo, pedi desculpas, quando falei sobre a retirada das coisas. Esclareci a realidade e pedi desculpas pelo seu mal entendimento. Portanto, não seria motivo suficiente pra tanto. Embora esse tipo de pessoas não precise ter grandes motivos, basta a gota que faz transbordar o copo que vinham enchendo há muito tempo.
A não ser algumas roupas, o resto que foi tirado daqui, ficou com a Marta. Ela deveria estar na esperança de receber o dinheiro que achava que a Mara tinha direito ao dividir o que era nosso. Já devia ter planos pra gasta-lo. Ao perceber que conversávamos numa boa e que não sairia dinheiro tão fácil assim, viu seus planos desmoronarem e, isso, pode ter sido o verdadeiro motivo para aquele espetáculo ridículo.
E pensar que cheguei a creditar que estava sendo sincera quando me dizia que era totalmente contra a atitude que a Mara tomara, dispondo-se a me ajudar. O problema dessas pessoas é que a máscara sempre cai, mesmo que demore a acontecer. Infelizmente a interpretação histérica, faz com que a maioria das pessoas deixem de compreender a realidade e as considerem vítimas de quem motivou aquele estado, sem considerar a realidade.
Esse é um tipo não muito raro de mãe, que pretendem ser idolatradas pelos filhos e respeitadas como santas, quando não passam de verdadeiros demônios!
É bem provável que elas estivessem imaginando que a única coisa a ser dividida era o trator, uma vez que o carro e a moto já eram dela, por estar em seu nome. Isso é o que se pode chamar de egoísmo burro!
Como disse à Mara ontem, talvez seja uma boa idéia editar um livro com esta espécie de diário do sofrimento, incluindo o de Campo Grande. Me ocorreu que foram dois sofrimentos muito grandes. No entanto, aquele poderia ter chegado até aqui, ao invés de ter tido esse intervalo de felicidade.
Lembrei-me da mulher que foi no Faustão procurar o pai de sua filha, que procurava a mais de vinte anos, tanto é que já tinha Nelson. A emoção que sentiu ao rever seu grande amor, ficou claro o que deve ter passado durante todos esses anos. Me arrepia que eu possa sofrer por muito tempo ainda. Como está claro, o desfrute de uma amizade verdadeira entre eu e ela, se não acabasse, diminuiria muito esse sofrimento. No entanto, como se pode ver por estes relatos, as coisas não são fáceis e não faltam motivos para agravar a situação. Pobre ser humano, que poderia ser agente de felicidade e se conforma em ser o seu destruidor!
No meio da tarde fui no Antenor levar os queijos e vi o carro da Mara parado em frente a casa da Ana Alves. Ela estava lá.
Na volta, parei na venda e logo chegou o Chico Bento. Contei o que havia acontecido ontem com a Marta e, quando conversávamos, a Mara passou com a mãe do Rodrigo pra cima. Não vi se pra casa da Marta ou pra Cambraia.
Até agora, dezoito e trinta, o Fio ainda não apareceu com Zeca e Baiano, como prometido ontem. Como nesta vida tudo é possível, como a Mara ainda não havia ido embora até a tarde, pode ser que tenha passado no Fio e procurado armar alguma coisa. Quem pode saber?
Quando contar ao Rodrigo que combinou que o trator é só meu, ele pode não gostar. Se ele estiver instigando-a a cobrar coisas de mim, é burro, pois estaria preparando sua própria cama, pra ser a próxima vítima. Portanto, não seria muito lógico que fizesse isso.
A Marta, no entanto, não perderá oportunidade de espicaça-la.
Se não fosse a conversa sobre partilha de bens, ontem, eu acreditaria que a Mari havia voltado. É duro, no entanto, que a possibilidade de que tenha interpretado todo o tempo, pra chegar na conversa do trator, seja verdade. É muito duro e doido considerar isso, mas que é possível, é.
25/09
Fui dormir atormentado pelo pensamento de que ela tenha tido como único objetivo na conversa, resolver o problema do trator e dos bens. Nesse caso não terá dado o mínimo de ouvidos ao que lhe disse. Pensei também em como interpretará os escritos que lhe dei em disquete, se é que vai lê-los. Acho que vai, pelo menos por curiosidade, principalmente o Duas. É que dependendo do espírito com que leia, pode interpretar tudo como acusação e se limite a se defender, considerando que não passam de bobagens. Se for isso, será uma pena.
Ela se referiu a sua vontade de morar sozinha, que não é nova. À possibilidade de continuar trabalhando em Parreiras. Isso a desviará de poder investir em si, descobrindo as influências do mistério, preparando-se para enfrenta-lo ou conviver com ele.
Me disseram que o fato de a Marta bater no Marco, foi motivado porque ele, ao perceber que a Marta queria me agredir, mesmo que só verbalmente, disse que eu tinha razão e que estava conversando numa boa, que ela não tinha qualquer motivo pra me agredir. Isso fez com que ela o agredisse, uma vez que não poderia fazê-lo comigo.
Estou me sentindo mal, angustiado. Um dos motivos é o não tê-la, outro é a possibilidade de que continue armando contra mim, comportando-se egoistamente, sendo mesquinha e traiçoeira.
Entre seis e sete horas da manhã, ouvi os arcebispos do Rio de Janeiro, o atual e o anterior. É impressionante como seus argumentos são vazios, puros dógmas, alegando que a verdade está nas escritúras, mas não só isso, que a interpretação correta é a da igreja, que leigos podem interpreta-las erroneamente.
Na fazenda Pinhão Velho
Com meu amor fui morar
Buscando tranquilidade
Pra nossa vida levar
Curtir a tranqüilidade
Daquele belo lugar
Fazer ali nosso ninho
Para viver e amar
Contar as vacas e bois
Ver nascer os seus bezerros
Devagar roçar o pasto
Buscando acertos, sem erros
No galinheiro galinhas
Criando os seus pintinhos
Ovos frescos pra despesa
Pro amor muito carinho
Uns porcos lá no chiqueiro
Criando e engordando
Dando um pouco de trabalho
Pro amor ir cultivando
Rotina só no trabalho
Movimento pro amor
Viver a vida pacata
No relacionamento ardor
As coisas iam se pondo
Devagar no seu lugar
Erros buscando acertos
Para a vida melhorar
Cinco vacas já domadas
Davam leite com fartura
Pra queijos e pra despesa
Tranqüilidade futura
De manhã roçava o pasto
Melhorando devagar
O mato ia caindo
Melhor pro gado pastar
De vez em quando parava
Deixava o gancho no chão
Admirava a paisagem
Do alto do espigão
Meu amor vendia coisas
Pra banho quarto e cozinha
Andando nas redondezas
No carro que a gente tinha
Era pra ganhar dinheiro
Mais pra quebrar a rotina
Sem ter grande compromisso
Sem apertar a botina
Um erro foi cometido
Deixando a vida rolar
Deixando a filosofia
Fraquejar, quase parar.
De repente o mistério
Deu o seu golpe fatal
Levou meu amor embora
Me causou tremendo mal
Hoje aqui na Pinhão Velho
Continuo a roçar
Tirar o leite das vacas
Os porcos alimentar
Dou milho para as galinhas
Lavo roupa e limpo a casa
Comida não me apetece
Lamento minha desgraça
Escrevo as minhas dores
Analiso pensamentos
Choro a minha desdita
Sofro todos sofrimentos
A vida perdeu a graça
Pra quem viveu como eu
Ficar sem o seu amor
Não vive mais, já morreu
Mas a vida continua
Me arrasta no seu mistério
Luto contra o sofrimento
Quero sorrir, estou sério
Pensamentos que não quero
Enchem a minha cabeça
Procuro me livrar deles
Antes que a razão faleça
É uma luta desigual
A emoção joga duro
Pensamentos atropelam
Distorcendo o que era puro
É duro ver meu amor
Percorrendo o descaminho
Procurando sem saber
O que está no nosso ninho
Ela tem que lutar muito
Descobrir o que a destrói
Estudar esse mistério
Que dá trabalho e dói
Seu futuro é promissor
Pode ganhar grande altura
Com razão e emoção
Estudo e muita ternura
Porém uma escolha errada
Num trevo desse caminho
Pode desviar seu rumo
Para um futuro mesquinho
Tomara que o mistério
A guie no rumo certo
Que ela faça sua parte
Que a razão fique por perto
Eu aqui na Pinhão Velho
Vou lutando contra a dor
Sabendo que ela só acaba
Começando outro amor
Enquanto o amor não chegar
Se é que ele chegará
Vou sofrendo meu destino
Esperando o que virá
Ao perder um grande amor
O peão cai em desgraça
O boteco vira igreja
Oração vira cachaça
Grita chora cai de bruço
Mostrando a sua dor
Bebe pra esquecer aquela
Que levou o seu amor
De bicicleta ou cavalo
Caindo pelo caminho
Quanto mais bebe mais lembra
Que já não tem o carinho
Vomita e mija na calça
Rola no barro ou poeira
Vai bebendo sua vida
Que agora é só besteira
Trabalhar é quase nada
Bebe muito sem comer
A desgraça mora nele
Mas não consegue morrer
Quanto mais bebe mais lembra
Do seu amor que se foi
Chama a mulher de vaca
Se considera um boi
Reza pra Nossa Senhora
Que acabe com seu sofrer
Encharcado de cachaça
Achando que nada fez para isso merecer.
Uns lhe dão algum conselho
Outros riem pra valer
Uns tem pena do coitado
Outros gostam do sofrer
Por mais que beba e não coma
Que durma sob a geada
Não morre e vai sofrendo
Tropicando pela estrada
Se Deus olhasse pra ele
Tivesse dó do coitado
Dava outro amor pra ele
Pra poder recuperá-lo
Mais acho que Deus não viu
O serviço do Capeta
Que caprichou no sofrer
Jogando aquele coitado bem no fundo da valeta.
Briga Deus com o diabo
Luta do bem contra o mal
Um junta homem e mulher
Outro separa o casal
A gente paga a conta
Desse grande carnaval.
26/09
O Fio não apareceu no sábado, como prometido, nem ontem. Por que será? Não posso desconsiderar que ela tenha conversado com ele no sábado.
Ontem passei todo o dia sentindo que ela não voltará mais. ou que, se quiser fazê-lo, vai demorar bastante. Porque está vivendo confortavelmente, com computador, internet, carro, amigos, se sentindo útil no trabalho, podendo ajudar a mãe e irmãos, presenteando-os, em fim, sem dificuldades e ainda desfrutando um companheiro.
Sua vontade poderá empurra-la pra tentar uma vida independente, trabalhando e morando sozinha ou com uma amiga, mas independente de compromisso matrimonial.
Ela está iludida quanto a possibilidade de ganhar dinheiro em Parreiras, por ser uma cidade turística. Claro que com sua figura, simpatia e capacidade, não terá dificuldade em conseguir um emprego, como disse, em uma loja ou, até mesmo, num banco. Porém o salário lhe permitirá manter as despesas de uma vida cômoda e confortável? Conseguirá ficar presa ao compromisso por muito tempo? O Rodrigo a deixará em paz?
Claro que poderá arrumar coisa melhor, o que depende da sorte ou mistério. Mas, analisando racionalmente a realidade, não será muito fácil permanecer ali com uma vida que possa ser considerada boa. A Cristina faz trabalhos artísticos, o que lhe permite ganhar o suficiente e, o mais importante, mantendo a liberdade. Ela poderá aprender artesanato ou até mesmo arte e conseguir a mesma coisa. Será que terá talento pra isso?
O Zeca apareceu, sozinho, a cavalo, antes do almoço. Disse que não ligou pra Mara, que, segunda-feira, foi em Santana da Luz e encontrou a Marta, que lhe disse que a Mara estava no Tiãozinho e que queria falar com ele. Ele foi até lá e ela lhe perguntou se queria transferir a firma para seu nome. Ele disse que não, que não falara comigo e que não se interessava em fazer isso. Disse que foi só isso.
27/09
Acordei as três e meia da manhã, pensando nela, na maneira com que vem se comportando. A aliança em seu dedo me causou mal. Pensei que ela está cozinhando, lavando, cuidando dele, fazendo amor, enquanto eu estou sozinho, sofrendo a sua ausência.
Sei que isso é besteira. Se não está comigo e está com outro, é lógico que isso aconteça. Ela não tem culpa se não tenho outra pra substitui-la. Ela tem o direito de fazer o que fez, deixando-me por se sentir insatisfeita e aceitando a companhia de outro que pode lhe oferecer coisas materiais que não teve. Tudo isso é lógico, inquestionável.
O problema é o seu comportamento. Poderia ter me deixado como marido e me amparado como amigo. Poderia ter minimizado meu sofrimento, conversando, esclarecendo o que estava acontecendo, buscando alternativas, através da análise dos fatos.
Seguramente identificaríamos as causas e buscaríamos as melhores alternativas, evitando sofrimentos desnecessários. No entanto, ela agiu completamente ao contrário. Prepotentemente, acreditando saber o que era melhor pra ela e, provavelmente, pra mim. Deixou-se levar por sua vontade e pela dos outros. Não deixou passar uma única oportunidade de me espicaçar, escarvar a ferida. Por isso não estranharia que a conversa da última sexta-feira tivesse como único objetivo a discussão da partilha.
Seus olhos marejados no começo da conversa demonstraram sensibilidade: Arrependimento ou pena, ou qualquer coisa assim. Na conversa manteve-se serena, alegando que tinha a situação sob controle, que sabia que a estada com o Rodrigo era temporária e que terminaria. Que suas “apologias” tinham voltado a funcionar e que sabia que tinha um destino a cumprir. Disse-lhe que não se equivocasse, pois destino a cumprir todos temos. Tinha pressa em ir embora, quando ficou até sábado por aqui. Quando cheguei, não me atendeu de imediato e quando voltei com o disquete também me deixou esperando, demonstrando que não tinha nenhuma necessidade de conversar comigo, que o principal já estava resolvido.
Só o mistério pode ocasionar algo assim. Nunca lhe dei o menor motivo pra que tivesse raiva de mim. Está agindo como se estivesse com raiva, embora não pareça que esteja. Se deixa influenciar pelos outros contra mim, seguindo seus conselhos e sugestões, sem a menor consideração por mim. É material abundante pro pensamento involuntário.
A sensibilidade a flor da pele tem me acompanhado a cada instante desde que ela se foi. Qualquer estímulo, por menor que seja, cenas na televisão, frases, pensamentos, me fazem chorar.
Como tenho dito ultimamente, acho difícil que volte, pelo menos por um bom tempo. No entanto, imagino ruído de carro chegando pela estrada, trazendo-a. É uma paranóia Imagino-a chegando e dizendo: "cê vai bigá comigo?"
Choveu o dia todo, uma chuva fina que as vezes engrossa um pouco. Esse tempo é pior ainda pra quem está como eu.
Essa mistura de emoção, pensamento involuntário e razão, é complicado. No final da tarde me ocorreu que ela está jogando fora a possibilidade de ser excepcional.
Tem toda cara de muita pretensão minha, né?
Que só eu poderia explorar sua excepcionalidade, fazê-la emergir, aparecer.
É muito provável que a falta dela e o amor próprio ferido, provoquem estes pensamentos e usem a razão pra argumentar em sua defesa. Portanto, mesmo que tudo indique que tenho razão nos argumentos, pode ser que tudo seja resultado da trama urdida pela emoção.
Não há dúvida que colaborei bastante para que chegasse onde chegou. Poderia ajudá-la muito a aproveitar sua excepcionalidade, provocando-a, evitando desvios, mostrando-lhe o que já descobri e, com sua colaboração. descobrir muito mais.
Porém, é claro que, ela pode conseguir sem mim, principalmente se este for o objetivo do mistério.
Na vida que está levando, tudo é absolutamente normal. As únicas diferenças são sua beleza, simpatia e inteligência, o que não é pouco. No entanto, a capacidade que desenvolveu até aqui, não lhe facilita continuar progredindo. A não ser que encontre alguém como nós, terá dificuldade para aprender e, principalmente, se perceber.
A maneira como vínhamos vivendo, não estava contribuindo em nada para seu crescimento. Se não tivesse acontecido nada, pode ser que continuássemos levando aquela vida, sem progresso e tendendo a deterioração mais acentuada. Não resta dúvida que algo precisava acontecer e tinha que ser forte, como foi, pra me fazer perceber a importância de continuar investindo, com afinco, no seu desenvolvimento.
Se ela continuar como está, provavelmente não consiga entender nem o que está muito claro nos arquivos que lhe dei. Pode ser que nem leia tudo, limitando-se ao que lhe interessar, principalmente o arquivo Duas, que conta sua história. O arquivo Ponto, tem tudo o que pensei até aqui e seria suficiente pra que percebesse a importância dos acontecimentos e a possibilidade que eles oferecem para ela crescer e se desenvolver. No entanto, repito, pode ser que não perceba o valor do que tem nas mãos.
Coloquei fogo na lenha
E acendi o fogão
Aqueceu toda a cozinha
Mas não o meu coração
Aquele fogo queimando
Esquentando o fogão
Provocou minha lembrança
Lembrou minha solidão
Sentei no banco da taipa
Olhei para o passado
Lembrei a felicidade
O que ainda está gravado
Lembranças boas se esvaem
Quando vem a amargura
O bom fica esquecido
Desaparece a ternura
Tudo vira sofrimento
A luta pra não sofrer
É uma luta inglória
Que não tem como vencer
O fogo ali crepitando
Queima minha esperança
Me mostra que ser feliz
Agora só na lembrança
28/09
Escrevi uma acusação e uma defesa no arquivo FALA.
Passei o dia sem maiores problemas. Melancolia no lugar da angústia. O pensamento involuntário mostrando a incoerência no seu comportamento.
29/09
Pela manhã, depois de tirar o leite, fui campear o gado. Me ocorreu escrever um poema ou poesia sobre a estrada da fazenda.
Me bateu forte que é o mistério que está agindo, ou agiu, e que não há nada a fazer. O tempo se encarregará de mostrar seu objetivo e o resultado.
Pela estrada da fazenda
Que vai dar na principal
Se foi a felicidade
E chegou um grande mal
Chegamos por essa estrada
Pra construir nosso ninho
Era grande o amor
Enorme era o carinho
Vivíamos um pro outro
Com respeito e paixão
Amizade muito forte
Sem igual nesse sertão
Por essa estrada eu corria
Correndo pro meu amor
Voltando pro nosso ninho
Pra receber seu calor
Tanto amor e amizade
Certamente era invejada
Um marido tão feliz
Uma mulher tão amada
Porém o mistério veio
Visitar nossa morada
Fez meu amor ir embora
Que partiu por essa estrada
Hoje eu ando sozinho
Percorrendo a mesma estrada
Antes andava com ela
Com minha amiga amada
Hoje olho pra estrada
A tristeza faz chorar
Sentindo falta daquela
Que talvez não vá voltar
Sinto muito por aqueles
Que não tiveram amor
Sinto uma inveja tremenda
De quem não sofre esta dor.
Por volta das três e meia da tarde, o Chico Bento veio me trazer o dinheiro do cheque que descontara e me deu o recado de que a Mara pedira pra eu ligar-lhe. Fui no Nelson e liguei pra ela. Pediu a moto emprestada (o carro ou a moto, preferia a moto), pois estava sem condução pra andar lá e pra vir pra cá. Perguntou como eu estava e lhe disse que a razão me manda tocar a vida e a emoção a trava. Ficou de me avisar pra conversarmos. Disse que dois rapazes viriam buscar a moto, ainda hoje, mas não apareceram.
30/09
Continua a velha questão: Acho difícil que volte, acredito nisso pra não me decepcionar ainda mais. É lógico que poderá voltar, se essa for a intenção do mistério. Poderá voltar, ainda, por ter dificuldades lá. Por perceber que comigo será diferente e não uma a mais. Que comigo, pode crescer como pessoa, fugindo do lugar comum. Em fim, há motivos bastante fortes pra que volte. Mas viver esperando por isso é um suicídio. Prefiro achar que isso é muito difícil e ficar aberto pra que alguma coisa aconteça. Afinal, a vida sempre me surpreendeu, com coisas boas e ruins. Esperarei a próxima surpresa, torcendo pra que seja boa. No entanto, não consigo deixar de pensar nela, na possibilidade que volte. No quanto poderíamos investigar o que tem acontecido, juntar dados, analisá-los, buscar entendê-los. Só isso já seria suficiente pra vivermos bastante tempo com motivação, buscando, pesquisando, avaliando. Buscaríamos realizar coisas pra quebrar a rotina, considerando que isso não seria o mais importante mas é indispensável para manter a convivência fora da rotina. O importante é surpreender. Buscaríamos formas de minimizar os efeitos de uma separação, quando ela se mostrasse inevitável.
O que importa, é que não é nada agradável viver assim. Vira e mexe vem o choro, rápido, curto, doido. Pensei em ir no forró em S.Bento, seria uma maneira de distrair. Não tive coragem, faltou ânimo.
O Lair esteve aqui. Mostrei-lhe algumas poesias e parece que gostou bastante. Pedi-me que copiasse uma pra ele musicar. Prometi-lhe que, quando compre a impressora, lhe fornecerei outras. Ele ficou todo animado. Notei que tem dificuldade pra ler. Disse que vai domingo em Gonçalves mandar datilografar a poesia que lhe dei. Até que seria uma boa que ele musicasse algumas. Pensei, até, na possibilidade de ir com ele em alguns lugares onde fossem tocar, declamar alguns poemas. Sei lá! Na verdade fico procurando o que me possa fazer superar esta fase tão ruim, enquanto espero os próximos acontecimentos.
Escrevi no caderno algumas perguntas que pretendo fazer à Mara, se surgir oportunidade de conversar com ela novamente, como me prometeu. Seria bom pra esclarecer algumas coisas.
Não apareceu ninguém pra pegar a moto. Pode ser covardia dos caras de virem busca-la aqui na fazenda. Se for isso, é uma covardia tremenda.
CAMPO GRANDE
Campo Grande tão cantada
Por gente de qualidade
Quem canta agora sou eu
Sentindo a dor da saudade
Cheguei ai procurando
Uma vida diferente
Era um novo desafio
Que eu tinha pela frente
Amizades muito grandes
Desamizades também
Senti que estava perdido
Quando perdi o meu bem
Ela me disse adeus
Senti minha vida acabar
Viver sem ela a meu lado
Sem ela estar para amar
Viver é só sacrifício
Sofrer, doer e chorar
Procurei com toda força
Motivos para viver
Foi difícil, muito triste
Só esperava morrer
Ela voltou para mim
Me devolveu a razão
De continuar vivendo
Com amor e com paixão
A felicidade pobre
Enriqueceu minha vida
Me curou todos os males
Cicatrizando a ferida
O trabalho não deu certo
Que importa isso em fim
Tudo foi muito barato
Devolvendo ela pra mim
Adeus, já vou Campo Grande
Em busca de algum lugar
Adeus amigos que deixo
Que espero um dia encontrar
Adeus Baiano e Buiú
Que tanto apoio me deram
Nas horas de sofrimento
Agradecer-vos eu quero
Espero voltar um dia
Pra Campo Grande rever
Espero estar feliz
Pra sorrir e agradecer.
MENTIROSO
Era um rapazinho baixo
De cabelo arrepiado
Falava pros cotovelos
Palavreado enrolado
Contar verdade é difícil
Para esse rapazinho
Mentindo em cada palavra
Se sente um grande reizinho
Mentindo ele se enrola
Se vira mas não desmente
O caboclinho safado
Acredita que é decente
A mentira vem depressa
E ele fica contente
Nem sabe o que está dizendo
Só quer enganar a gente
É burro mas não se importa
Pra que saber a verdade
Se enganando os outros
Se sente tão a vontade
No que diz ninguém mais crê
Riem do que ele conta
Pequeno grande coitado
Quando ele pensa que monta
Está é sendo montado
Mentira tem perna curta
Diz o dito popular
Quem muito pula quer chumbo
Sentindo o rabo queimar.
O Martim chegou por volta das nove horas da noite. Veio buscar a moto. O rapaz que o trouxe, manobrou o carro na chave de arame e não quis entrar de jeito nenhum. Dei-lhe os documentos também.
Quando o Martim chegou
E na noite me chamou
Pensei que ela voltara
O coração desandou
Não, ela não voltara
Mandara a moto buscar
Foi breve a esperança
Foi rápido o sonhar
A vida tem que seguir
Segue sem pedir licença
Com alegria ou tristeza
Sem ligar pra diferença
Quem sabe o que vai ser
A vida daqui pra frente
Será que vem alegria
Ou atormento pra mente?
Espero ainda ter
Direito à felicidade
Que me tire do sofrer
Me anime com vontade
A vida tumultuada
Está cobrando seu preço
Me deu muito, reconheço
Não concordo com o preço.
CHICO
Conheci esse caboco
Há muitos anos atras
Faz tanto tempo que o ano
Não consigo lembrar mais
Um amigo dele e meu
Que já foi para o além
Foi quem nos apresentou
Virou amigo também
Companheiros no trabalho
Trabalho com dependentes
De bebida e outras drogas
Buscando vida decente
Sofrimento e alegria
Marcaram essa amizade
Dificuldades mostraram
Os amigos de verdade
Amizade bate forte
Como se fosse martelo
O nome desse caboco
Meu amigo Chico Bento.
01/10
Cada coisa que acontece, por mais esperada que seja ou por mais simples, é o suficiente pra desencadear sensações ruins. Angústia, sofrimento.
O pensamento involuntário sempre está a postos pra azucrinar as idéias.
Pela manhã tirei o leite e fui levar sal pro gado no mangueiro de baixo. Enquanto estou ocupado, o pensamento dá um pouco de sossego, mas não totalmente. Depois, ele não dá sossego. O que mais aparece é o fato de ela não ter tido a menor consideração comigo, deixando-me sofrer e acentuando esse estado o quanto pôde. Lembrou-me que ela dissera, na última conversa, que também estava sofrendo. Lembrou-me que pode ser que ainda me ame, o que se justificaria analisando seu comportamento, me evitando e procurando a maior distância possível.
No meio da tarde fui levar os queijos no Antenor. Parei na venda e joguei bilhar com Chico Bento. A angústia está pegando forte, por isso vim pra casa escrever.
02/10
Choveu durante a noite e o dia inteiro. Escrevi uma poesia (Estou) me referindo a que ela pode estar com outro mas não me esquecerá.
Está claro que o que passou não serve de consolo. Está claro que, tendo, deve-se aproveitar ao máximo porque, depois, é como se não tivesse acontecido.
Lendo alguns cadernos da fase de Campo Grande, encontrei uma reflexão que a Mari escreveu no dia dois de janeiro de dois mil e três.
"Como o ser humano pode ser incapaz de pensar ou analisar as coisas mais coerente.
A vida tem provado que tudo e todas as coisas pode mudar a qualquer momento, e nessas situações que acabamos tomando decisões, certas perigosas e erradas, e ainda colocando em risco uma coisa preciosa que é o amor.
Isso pode acontecer em questão de segundos, momento de medo ai que entra a questão lógica e racional.
Ainda bem que eu sou privilegiada em ter sempre alguém que tem capacidade de sempre estar disposto a mostrar uma luz ou acender uma vela.
Por uma questão de dúvida ou até mesmo medo, provoque uma tempestade, que se caísse poderia apagar para sempre essa luz ou esse fogo da vela.
Mas tudo nessa vida tem altos e baixos.
Essa situação que eu coloquei e discuti contra a questão de não ir pra CG foi uma situação um pouco fora do meu raciocínio. Até porque estaria abrindo mão de algo que na verdade foi o que "planejei".
Pensei bastante, acho que o que poderia ter me "chocado" um pouco em não tomar uma decisão de imediato, foi de pensar, na situação que o pai está. O vô Ião que não tem nem perspectiva maior de vida, e emfim, pode morrer a qualquer momento.
Eu até inconsciente posso ter imaginado que seria uma coisa ruim em deparar com uma situação dessa e não poder vim.
Só que tem o outro lado da história, eu não estou vendo o que fazer para äjudar", e se eu estiver aqui ou se estiver morrer vai morrer do mesmo jeito e infelizmente eu não vou poder evitar isso de qualquer jeito.
Em quanto na verdade eu me preocupo com isso que não tem muito o que fazer, eu deixo de viver minha vida e principalmente meu amor.
Eu vou estar pagando um preço de ouro sendo que comprei uma bijuteria.
Será que ele vai entender que só agora que eu consegui clarear as dúvidas da minha cabeça.
Pode ser que ele até entende, mas será que não vai ficar aquela impressão de que eu tinha perdido a noção dos valores? Será que não vai uma sensação de que o amor tinha diminuído.
Isso que eu gostaria que ficasse claro, porque não é verdade, continua do mesmo tamanho ou até maior.
Eu até entendo minhas reações, as vezes.
Essa briga comigo mesma contra uma coisa que é lógica e ainda envolve uma questão muito forte no meio um relacionamento. Pode ser que a sensação de medo está sendo mais forte que a minha capacidade de analisar as coisas.
Eu que devo acreditar que eu estava olhando só por um lado, ou até mesmo, o encociente poderia estar agindo mais forte que o conciente.
Pode até ser que o inconciente agise de uma maneira colocando só pedras no caminho.
De chegar a pensar que a vida iria ser como foi até aqui, e o pior mostrando só o lado ruim das coisas.
Claro que eu não posso pensar assim e nem ver as coisas por esse lado, se eu escolher esse a probabilidade de estar plantando espinhos é bem maior do que estar plantando flores.
Bom nessa vida nunca é tarde para mudar as coisas.
Estou mudando nesse momento.
Estou me sentindo péssima, em poder imaginar o que eu posso ter criado no outro lado, e o risco que pode ocorrer em toda essa história.
Mas vou fazer o possível para que esta situação se esclareça o máximo possível, que isso não seja motivo para atrapalhar em relacionamento."
Ela escreveu isso vinte e seis dias antes de me ligar e dizer que ficara com um menino e que estava em dúvida se voltaria pra mim. (MISTÉRIO).
Como choveu o dia todo, escrevi e assisti televisão. Assisti reprises do programa da Leda Nagle, entrevistando João Ubaldo Ribeiro, que é muito inteligente, culto, alegre. Ouvir um cara desses nos possibilita crescer muito. Depois foi a vez de uma psicóloga falando sobre o amor, como ele chega sem pedir licença. Não a ouvi falar sobre que ele vai do mesmo jeito. Ela abordou os comportamentos exdrúxulos provocados pelo amor. Principalmente as cobranças. Depois foi a vez de um descendente de japoneses, diretor do procon abordando as maquiagens que as empresas usam pra enganar os consumidores. Falou sobre a importância da ética, da dignidade no convívio social, com respeito ao próximo. Infelizmente isso está muito longe de ser realidade.
No começo da noite, assisti uma entrevista do Antonio Ermírio de Morais, aproveitando seu ecletismo, abordando questões empresariais, de saúde, educação e arte. São essas coisas que valem a pena, saber que ainda existem pessoas interessantes, humildes e solidárias, abordando problemas alheios, demonstrando sensibilidade por eles.
Já na hora de ir deitar, me ocorreu que se a Mari não voltar a ser ela, de nada adiantaria que a Mara, por qualquer motivo se dispusesse a voltar pra mim. Eu nem saberia o que fazer com uma pessoa assim. Pode ser que fosse mais sofrível que continuar sozinho.
03/10
Ontem fui dormir agitado. Parecia que algo em meu corpo tremia, como filamentos nervosos muito finos ou o próprio sangue.
Acordei agoniado, com o peito apertado e, claro, o pensamento involuntário me atormentando. É sempre a mesma coisa: querer condená-la, como uma espécie de vingança. Fica me colocando que ela foi traiçoeira ao amigo e companheiro. Que não teve a menor consideração pôr mm, deixando de me ajudar e, ao contrário, fazendo todo o possível pra me machucar ainda mais.
A lógica continua me dizendo que é exatamente isso que demonstra o mistério que envolve suas ações. Que, em condições normais, ela não teria porque agir assim. Sabe da minha amizade e compreensão, portanto, poderia conversar abertamente, colocando o que sente e, até, aceitando ajuda. Mas não, fez o possível pra se afastar de mim, provocando até raiva, talvez na esperança de que isso me impedisse de procurá-la. A justificativa mais plausível para isso é que ainda me ame, não suportando me ver e falar comigo sem se sentir atraída e fraquejar nos seus objetivos.
Continua tudo na mesma. O ideal seria esquecer, como se nada tivesse acontecido e seguir com a vida, normalmente. Mas quem é que consegue? Com esses pensamentos atormentando a cada instante, sem folga, cutucando a ferida, tentando abri-la cada vez mais? É terrível verificar que isso está dentro de mim, não é uma coisa externa que me atormenta, sou eu mesmo, algo que está aqui dentro.
É um sentimento, portanto, um estado emocional. Pode ser que o amor próprio ferido seja mais significativo que o próprio amor perdido. Vejo o caso da Aidê na novela das oito, que ama outro homem, mas não consegue deixar de querer agredir o marido que lhe pediu divórcio. Não poderia ser o amor a causa de tal comportamento, uma vez que ela ama o outro e não o marido.
Pensei que se a Darcy tivesse se comportado como estou fazendo, tentando compreender, ajudando a resolver os problemas, poderíamos estar juntos até hoje, pois, na época, eu a amava. Mas, ela agiu como a maioria, fez o possível e o impossível pra atender os pedidos do pensamento inconsciente e acabou perdendo o meu amor e qualquer interesse que ainda pudesse ter por ela. Pode ser que esse caso, bem como os outros, sejam, também, ação do mistério, como aliás, tudo na vida. No caso da Darcy, seu comportamento deixou claro que era um verdadeiro distúrbio mental, a razão totalmente dominada pela emoção e pensamentos involuntários, que ela acreditava serem dela.
São dez e meia da manhã e continuo com o peito apertado, angustiado, o corpo tremendo.
O Fio apareceu aqui com o Zeca, pôr volta das treze horas. Logo depois chegou o Martim na moto do Nelson. Logo pensei que pudesse estar trazendo um recado da Mari, mas veio pedir pra trazer as vacas do Nelson pra cruzar com os bois daqui. Mais uma decepção.
DESABAFO
Mara, você cometeu a pior e maior traição que alguém pode cometer. Traiu o amigo e companheiro. Acho que ter traído o homem, sexualmente, não teria sido pior. Trair quem dedicou tanta confiança, deu tanta abertura pra discutir qualquer coisa que fosse, é terrível. É a verdadeira punhalada pelas costas.
Não bastasse a traição, emergiu com toda a força possível o egoismo e a prepotência. Egoísmo, ao só pensar em você, no que queria, sem a menor preocupação com o que eu sofreria por isso. A maior parte, se não tudo, o que você está vivendo e ganhando com seu comportamento, logo, logo, virará rotina e perderá muito do valor, ao contrário do que sempre te dediquei. É muito egoísmo, verdadeiro exagero, medíocre.
Como quase sempre acontece, o egoísmo é companheiro da prepotência. Ela pegou forte em você, acreditando que pode tudo sozinha, que pode dispensar ajuda, principalmente sabendo o quanto eu poderia te ajudar. Esse é o problema: você criou um monte de problemas e, provavelmente, não consiga nada em troca, a não ser experiências negativas, que, claro, serão úteis pra quem saiba usá-las. Se continuar agindo dessa maneira, nem essas experiências vão te servir de alguma coisa.
Este é o desabafo de um revoltado, que acredita que o culpado de tudo isto é o mistério e que você não passa de uma marionete nas mãos dele. No entanto, o efeito provocado em mim é terrível e o pensamento involuntário me obriga a acusar culpados pelo meu sofrimento. Como você é a principal atriz nesse drama, vai aqui toda minha revolta, repulsa e indignação!
O desabafo não adiantou. A "nóia" hoje está foda! Não há o que a faça passar. Vamos ver o que vai acontecer.
04/10
Fui cedo com Chico em S.José comprar o computador e a impressora. O estômago incomodou bastante. Estou me distraindo com o livro que comprei do Windows 98 mas, mesmo assim, não está fácil.
05/10
Vai chegando de mansinho
Sem cerimônia ou licença
Nos transborda de carinho
Marcando sua presença
Constrói em nós o seu ninho
Nos impõe a sua crença
Amor vem como salário
Que é pago adiantado
Depois vem o trabalhar
Pra pagar o emprestado
Foi ótimo aproveitar
Mas o preço esta marcado
Depois de lamber o mel
De se lambuzar inteiro
Rodopiar pelo Céu
Ter gasto todo o dinheiro
O amado vira réu
Só bitucas no cinzeiro
O amor se vai como veio
Sem motivo ou razão
Arrasa o que construiu
Dilacera o coração
A conta chega salgada
A cobrança é sem perdão.
Continuo angustiado. O pensamento continua o mesmo, martelando sua crueldade para comigo, a falta de consideração. Não pode ser a mesma pessoa!
07/10
Liguei pra Mara. Perguntei-lhe se havia lido os arquivos que lhe entregara e ela disse que já lera quase tudo. Que estava escrevendo a respeito, abordando os diversos pontos e que, se eu quisesse, me mandaria. Confirmei que quero.
Antes de vir embora, liguei-lhe novamente pra pedir que, já que está escrevendo, escreva sobre os motivos que a levaram a tomar a decisão de ir embora,. Ela disse que já escrevera sobre isso mas que iria escrever mais.
Perguntei-lhe sobre quando percebera que deixara de me amar e ela respondeu evasivamente. Que não sabia se deixara. Que o problema é que as cobranças a sufocavam e que chegou o momento que não dava mais.
Disse-lhe do que acho sobre o comportamento que teve para comigo, ao me deixar daquela maneira, sem explicações nem conversa: traição ao amigo e companheiro.
Me parece que ela está convencida de que minhas reclamações foram exageradas o suficiente pra que tomasse a decisão. Está se agarrando a isso com unhas e dentes. Como não vejo possibilidade de que isso seja verdade, acredito que está se apegando a isso pra se justificar pra ela mesma. Vou esperar os escritos dela com os comentários mas me parece que deve estar se pegando em detalhes que a criticam, desconsiderando a maioria, que a enaltece. Realmente deve ser difícil conviver sem justificativas pra atos que consideramos certos mas que indicam serem errados.
08/10
Passei o dia pensando no que fazer daqui pra frente. Não encontrei nada melhor do que continuar aqui, escrevendo e tentando arrumar palestras pra fazer, embora, saiba o quanto isso é difícil. A primeira coisa a conseguir é um empresário, o que não será fácil.
O trabalho da madeira no Caracy deve terminar muito logo. Se não tiver outro local que o Fio, Zeca e Nildo possam trabalhar, vai ficar difícil.
Pensei bastante, também, no comportamento da Mara. Claro que minha vontade de que a Mari voltasse pra mim interfere muito na minha racionalidade. Pode ser que, totalmente, fazendo-me racionalizar em função disso, distorcendo os fatos a favor de algo que propicie a esperança de que ela volte. No entanto, Falando com ela pelo telefone, sua voz e colocações são muito estranhas. Mais ainda o que diz. Continuo achando um mistério, inexplicável. É muito difícil acreditar que seja possível uma mudança tão radical em tão pouco tempo. É um tremendo mistério!
Mas esse tipo de pensamento não modificou a consciência de que não voltará.
09/10
Acordei agoniado, com o peito apertado. Sonho com ela mas não lembro o que. Tratei a criação e tirei leite, o que me deixou mais aliviado.
Escrevi bastante. No arquivo FALA, escrevi sobre a PARCIALIDADE IRRACIONAL, que leva as pessoas a veredictos sem a menor preocupação com a análise de todos os dados disponíveis, muito menos buscar outros.
Assisti, no canal do senado, uma matéria sobre a imprensa, mídia; onde jornalistas e professores de jornalismo opinavam sobre os problemas desse setor. Ouvindo-os, percebi o quanto, principalmente a televisão aliena as pessoas. Elas já são dotadas, naturalmente, de preguiça mental. A televisão acentua ou, melhor, colabora muito com isso. Ela mostra imagens, fazendo crer que esse é o dado mais importante. Completa a “informação” com análises e comentários , entregando tudo pronto para que o telespectador não gaste tempo pensando. Tudo o que ela faz é grandemente influenciado por interesses econômicos ou de poder. Dificilmente há uma imprensa isenta, que forneça dados reais, sem interesses empresariais ou particulares dos jornalistas. Isso contribui enormemente para que os indivíduos , cada vez mais, aceitem de imediato o que lhes é colocado, sem questionamentos, sem responsabilidade com os veredictos emitidos ou aceitos e passados adiante.
10/10
Sonhei com ela. Estávamos em S.Paulo. Ela não havia voltado pra mim, só estava comigo. Me provocava sexualmente. Mais tarde ela estava aqui e fazia café. Não havia voltado pra ficar, só estava de passagem.
Acordei agoniado, mas logo passou.
Pensando na PARCIALIDADE IRRACIONAL, está claro que eu posso acusa-la de ter invertido totalmente os valores, com relação a mim. Quem analisar esse episódio poderá concluir pela mesma coisa. No entanto, as outras pessoas não tem do que reclamar. Ela continua a mesma que sempre foi.
Não me sai do pensamento que ela está agindo como da outra vez. Daquela vez ela também foi extremamente egoísta, pretendeu até ficar com o carro. Quando lhe perguntei se amava o rapaz, me disse que se não gostasse não estaria com ele. Chegou, como agora, a balançar e declarar que as coisas não estavam indo muito bem e que poderia voltar, pra, no próximo telefonema declarar que estava tudo bem e que não voltaria, demonstrando não estar interessada no meu sofrimento, totalmente egoísta.
O que ela sempre declarou e continua a confirmar, é que naquele tempo estava abobada, inerte, sendo levada pela situação, sem forças pra reagir. O que deve ter acontecido é que isso é o que a Mari acredita mas, a Mara não agia assim, ela deveria ter consciência de tudo e agia. Quer dizer: ou a Mari realmente não tem conhecimento do que aconteceu na realidade, por estar “desativada”, ou ela assumiu essa posição para justificar que não participara de tudo o que aconteceu.
A situação, agora, é bastante diferente. Naquela época estava no Jusco, sem dinheiro, sem ter o que fazer de interessante, convivendo num meio que não a satisfazia e, ainda, tinha que conviver com vários problemas a sua volta, principalmente com a família. Agora, ela está numa cidade agradável, numa casa boa, com conforto, computador completo, inclusive Internet; deve estar participando dos negócios do Rodrigo, de alguma maneira, tem amigos, condução pra sair. O Rodrigo, pelo que ela diz, mudou muito, lhe dá liberdade, deve lhe dar carinho e, afinal, não deve ser tão mula assim. Claro que ele deve estar morrendo de medo de perdê-la e estará fazendo tudo pra agradá-la. Que dizer, ela está desfrutando de muita coisa boa. Isso poderá fazê-la assumir essa personalidade de vez. Um dia, quando aparecerem problemas mais sérios, ela poderá voltar ao que já foi, mas isso poderá demorar muito tempo. Por isso acho difícil que volte.
Não me sai da cabeça a música Colcha de Retalhos.
colcha de retalhos
aquela colcha de retalhos que tu fizeste
juntando pedaço em pedaço foi costurada
serviu para o nosso abrigo em nossa pobreza
aquela colcha de retalhos está bem guardada
agora na vida rica que estás vivendo
teras como agasalho colcha de cetim
mas quando chegar o frio no seu corpo inteiro
tu hás de lembrar da colcha e também de mim.
eu sei que hoje não te lembras dos dias amargos
que junto de mim fizestes o lindo trabalho
se nesta tua vida alegre tens o que queres
eu sei que esqueceste agora a colcha de retalhos
agora na vida rica que estás vivendo
teras como agasalho colcha de cetiim
mas quando chegar o frio no teu corpo inteiro
tu hás de lembrar da colcha e também de mim.
11/10
Estou menos agoniado, menos perturbado, com mais aceitação.
A análise mais racional, tentando dominar a emoção, tem me mostrado, cada vez mais claro; que o relacionamento não estava rendendo tudo o que poderia render. É claro que se eu tivesse percebido isso, procuraria solucionar o problema, mas a rotina, infelizmente, acaba levando a isso: acomodação.
Quando ela me chamou pra conversar, no dia que foi embora, percebi que esse erro estava acontecendo, mas não vislumbrei sua intensidade. Só com a separação e passados alguns dias, é que a “ficha caiu” e percebi a gravidade do problema. Portanto, a separação foi muito importante pra me despertar e aprender uma enormidade de coisas, principalmente sobre nosso relacionamento, que quer queiram ou não, é totalmente diferente da grande maioria e, portanto, tem que ser tratado de maneira muito especial.
Ficou evidente a força da vontade dela, que não mede conseqüências pra sua satisfação, atropelando o que tentar se opor. Acredito que, normalmente, ela consegue controla-la mas em situações especiais (aí é que entra o mistério), ela perde totalmente o controle e age por impulso, sem a menor racionalidade, que passa a ser dominada pela emoção, que usa sua capacidade pra argumentar e justificar os atos que comete (o que, aliás, faz muitíssimo bem).
Para a maioria das pessoas a atitude dela não passou de uma extravagância (“Ela é louca mesmo!” , dirá a maioria). Aliás, ela gosta muito de ser considerada assim: meio louca (eu também). Quem não se detiver para analisar mais profundamente o acontecido, não perceberá a incrível inversão de valores, principalmente a substituição da solidariedade pelo egoísmo e a humildade pela prepotência. Para essas pessoas, nada mudou significativamente. Ela continua simpática, extrovertida, inteligente, bonita, em fim, a mesma pessoa.
Muitos defenderão a acertiva de sua atitude. Afinal deixou um cara velho, sem dinheiro, sem perspectiva de futuro e, ainda por cima, feio e mal enjambrado. Trocou-o por um rapaz mais novo, empresário de sucesso, disposto a proporcionar-lhe conforto e tudo o que o outro não conseguiu lhe dar, numa cidade turística e cheia de atrações. Terá, dessas pessoas, total apoio.
Me lembrei da época de obras, onde: era comum a baixa qualidade dos operários, principalmente porque, a falta de mão de obra, em alguns períodos, propiciava que serventes fossem classificados como meio-oficiais e estes como oficiais, muito antes de terem atingido o mínimo de qualidade pra merecer essa classificação. Acreditando que a classificação se deveu a méritos e capacidade, esses operários passavam a acreditar que já sabiam tudo, desconsiderando a possibilidade de continuar aprendendo, eternizando a mediocridade, perdendo a chance de aprender e desenvolver a capacidade.
Ao desprezar a minha amizade e a ajuda que eu poderia lhe dar na continuidade de seu crescimento, ela está se portando como esses operários: acreditando já saber o suficiente, podendo desprezar ajuda pra continuar crescendo. Ocorreu-me que Platão foi discípulo de Sócrates, até sua morte, o que não o desmereceu em nada, pelo contrário, tornou-se o divulgador de seus pensamentos, aprimorou-os, criou outros e atingiu o status de um dos maiores filósofos da história.
Ela, ao deixar de me amar e, principalmente, considerando que a sua vida estava parada, sem perspectivas, poderia contar com o companheiro e amigo, expondo o que achava e sentia e, juntos, buscaríamos o melhor caminho a ser seguido, nos ajudando a superar as dificuldades resultantes. Ela sabia que isso era possível pois abordamos essa possibilidade inúmeras vezes. A própria conversa que tivemos no dia da separação confirmou isso. Eu lhe disse com todas as letras. O que as pessoas que julgam pelas aparências não podem perceber, é a grande perda que isso representa para o crescimento dela. Com o outro, realmente ela terá mais conforto e condições materiais, mas terá o companheirismo e amizade dedicada que sempre lhe proporcionei? Ela poderia estar com o outro, desfrutando o que ele pode lhe oferecer e continuar desfrutando da minha amizade e do que ela poderia lhe proporcionar. Como ela escreveu numa reflexão antes de me abandonar da outra vez: ”’É bom poder contar com alguém sempre disposto a acender uma luz ou, pelo menos, acender uma vela, quando a escuridão se abater sobre nós”.
A minha perda foi enorme, inimaginável para a maioria das pessoas, No entanto, a dela não é muito pequena também.
Isso não quer dizer que a considere incapaz de continuar crescendo e atingir o máximo possível, sem a minha ajuda, o que seria uma imbecilidade. Ela tem capacidade e muita. No entanto, desprezar essa ajuda é grande demonstração de incapacidade. Agir dessa maneira, só pode ser provocado por algo muito forte e irracional. Prefiro acreditar que seja ação do mistério pois, caso contrário, teria que desclassificá-la, considerá-la uma imbecil, idiota, egoísta, prepotente, em fim, todos os desqualificativos demonstrativos da mediocridade no uso de valores.
Ela sempre demonstrou, sem dúvida, desprendimento quanto a luxo e conforto. A maior prova disso é o tempo que viveu comigo, desprezando muitas oportunidades que lhe propiciariam isso, inclusive oferecidas pelo próprio Rodrigo, quando estávamos em Ribeirão. Ele se ofereceu pra montar-lhe uma lojinha, que aliás, era um sonho dela. Portanto, dificilmente seria essa a motivação que a levou a aceitar viver com ele.
Ao que tudo indica, e não tenho motivos pra duvidar, a separação não teve nada a ver com o novo relacionamento. Ela se separou de mim, ficou uma semana procurando alternativas e, ele acabou surgindo como tábua da salvação.
Pensando sobre os motivos que a teriam levado a optar pela separação, verifiquei que só podem ter sido as críticas que lhe fazia. Inicialmente, cheguei a pensar que eu poderia ter minimizado essas críticas e que, isso, teria evitado o que aconteceu. No entanto, buscando na memória, verifiquei que as críticas que fiz, se referiram a coisas que podem ser consideradas bobas mas bastante indicativas do que vinha acontecendo. Lembrei que no dia da festa do Matol, eu trabalhava no trator e só poderia ir mais tarde. Ela preferiu ir lá pra estar com a mãe a me fazer companhia. É uma coisa boba mas demonstrativa da preferência pela mãe. No casamento do Correia, preferiu a companhia da Rose e do Luizinho à minha. Outra coisa boba mas indicativa da influência que eles exercem sobre ela. Não é agradável ser preterido em relação a pessoas assim, principalmente quando ela tinha consciência das personalidades deles. No entanto, me restringi a apontar o problema, sem criar maiores constrangimentos, nem brigas.
Outra coisa de que me lembrei, foi em relação ao uso de dois pesos e duas medidas quando se tratava de eu esperar ou ela ter que fazê-lo.
Critiquei-a, também, no seu comportamento, se omitindo de tentar corrigir a mãe e os irmãos.
Finalmente, foi o problema da festa de aniversário do Marco e, no Domingo, o fato de ela ter combinado descer sem se preocupar se isso me causaria algum transtorno ou não, abstendo-se de comentar o que pretendia fazer.
Como se pode ver, se não houver outros motivos, esses são muito pequenos pra merecer o tratamento aplicado. Claro que não é agradável ser criticado. No entanto, quem desconsidera as críticas, sem ter argumentos pra rebatê-las e não se dá ao trabalho de tentar corrigir as causas, continuará errando e aumentando as causas de desavenças. Por isso, considero que posso ter exagerado, mas que fiz o que deveria ter feito. Da maneira que as coisas iam, a probabilidade de que as causas aumentassem é bastante provável. É mais um indicativo de que o que aconteceu estava previsto pra acontecer e nada poderia impedir. Pra mim, é um grande mistério, pois não atino com causas lógicas que justifiquem tal procedimento.
Da outra vez, havia problemas bem maiores que os de agora. O período que vivemos no Gonzalo foi muito ruim pra ela. A possibilidade de mudar de cidade, muito longe da família dela. A falta de segurança no futuro, também era significativa. Mesmo assim, ela fez a reflexão transcrita acima.
Ela rejeita e, até se sente ofendida, quando digo que está “doente”, sob o comando do mistério. É compreensível que não seja agradável admitir isso, no entanto, se não for esse o motivo do seu comportamento, terá que admitir uma tremenda safadeza, mau caráter, indignidade e tantos outros pejorativos que se aplicariam com extrema facilidade e sem defesa.
Por isso, não posso considerar que as qualidades que tanto admirei e respeitei, tenham se transformado nisso. O motivo dessa transformação tem que ser extremamente forte, misterioso e, não, uma simples inversão de valores.
Por isso, estou ansiosamente curioso pra ler o que ela disse ter escrito.
Estou ansioso pra ler o que ela disse ter escrito, em relação à leitura dos artigos que lhe dei (PONTO e DUAS). Acredito, pelo que ela disse ao telefone, que leu direcionalmente, interpretando à sua maneira, sem considerar o que realmente está escrito. Ela tem dificuldade de interpretação de textos, o que, aliado ao interesse de interpretar segundo seu interesse deve gerar distorções. Será uma boa maneira de verificar isso. No entanto, estou em dúvida se realmente me mandará os escritos. Pelo menos até aqui, não cumpriu nada do prometido. Espero que cumpra agora.
Promessas feitas e não cumpridas:
Continuar sendo amiga
Estar disposta a conversar
Que não queria nada do que era nosso
Que permitiria que continuasse usando a conta bancária
Que eu pudesse usar a firma
Que mandaria o dinheiro da Lia
Que mandaria o dinheiro do Nakano
Que me procuraria pra conversar
12/10
O pensamento involuntário continua me colocando que, se não for ação do mistério, o comportamento dela foi de extrema safadeza e mau caráter. Esta repetição já está cansativa pra quem ler. Imagine pra mim que estou sofrendo a ação!
O Miltom me convidou pro aniversário do Felipe, no domingo as 16:00hs. Fiquei mal, agoniado, sentindo uma coisa muito ruim. É só alguém falar nela, ou em algo que tenha a ver com ela, me sinto mal. O pensamento involuntário colocando que foi muito safada e todas essas coisas ruins que tenho descrito tantas vezes. Dá uma sensação de raiva. Continuo acreditando que a culpa é do mistério mas não consigo deixar de sentir raiva, por tudo o que estou passando. É muito ruim!
13/10
Estou me sentindo um fraco. Enormemente afetado pela emoção, forçando a razão a funcionar sob meu comando mas sem conseguir dominar o mal da emoção.
Que identidade haverá entre o que estou sentindo e o que sente um dependente de drogas procurando abster-se dela? Não há dúvida que sou dependente do amor e a “nóia”, ao não tê-lo, me parece ter a mesma intensidade do que sente o abstêmio de drogas ou álcool.
Desde ontem estou me sentindo muito mal. É uma sensação ruim, uma mistura de angústia e raiva. Isso está relacionado a ela. É só acontecer algo que se relacione com ela, que esse estado aparece. Agora, é o aniversário do Felipe que, claro, ela virá, O Martim disse que virá toda a família. Isso quer dizer: Rose, Luizinho, Marciel, pessoal do Jusco, etc. Não posso comparecer na festa porque me sentiria muito mal estar próximo a ela, sentindo a maneira como está me encarando, o que está sentindo em relação a mim. Vê-la brincando e distribuindo sorrisos com todos, me fará mal, por saber que não é a pessoa que conheci e que tanto amei e respeitei. Ficará evidente um cinismo terrível, pra mim, insuportável.
O desejo de vingança provocado pelo pensamento involuntário me incomoda. É um sentimento mesquinho e nada construtivo. Se a percebesse sofrendo, por causa de seu comportamento, poderia me sentir vingado. Isso lhe mostraria e comprovaria o erro cometido. Mas, além da emoção, o que eu ganharia com isso? Desejar que ela sofra só pra satisfazer meu desejo, é uma mesquinharia inaceitável. No entanto, esse desejo está dentro de mim. É tão idiota esse sentimento que, ao perceber que ela estaria sofrendo, eu correria a tentar socorrê-la. Isso é construtivo, mesmo considerando que ela poderia rejeitar essa ajuda. Não importa, eu teria sido solidário e isso é uma coisa boa.
O problema é que mesmo com minha capacidade racional e a força que faço pra que ela domine a situação e exorsise a emoção ruim, não consigo me livrar desse terrível mal. Sinto-me totalmente impotente e não me resta outra alternativa que sofrer o sentimento que me domina.
Há dias que me sinto melhor, no entanto, são minoria. Continuo acreditando que o comportamento dela é motivado por causas misteriosas, pois não consigo acreditar que a pessoa que conheci, por tanto tempo, fosse capaz de agir da maneira como ela vem fazendo. Isso me dá a esperança de que ela possa voltar o ser o que era. Ao mesmo tempo, tenho que considerar que o quadro não se reverta, uma vez que as condições de vida que está levando, são muito atraentes e facilitam a possibilidade que ela continue desfrutando-a. De qualquer maneira, se ela voltasse, meu problema estaria resolvido. Portanto, tenho que preparar-me para o caso que não volte, pois isso é problema; a volta seria solução, dispensando qualquer preparativo, pois se isso acontecesse, sei muito bem o que fazer.
No final da tarde me ocorreu que o inferno, como o descrevem, com muito fogo, caldeirões de óleo fervendo e outras quenturas, é suportável, mesmo porque, com o tempo a gente se acostuma com esse calor todo. No entanto, se eu quisesse castigar alguém, eternamente, faria com que se lembrasse de amores perdidos, de ódios e ressentimentos, de desejos de vingança e coisas parecidas. Esse sim seria um castigo, o maior sofrimento que alguém pode passar.
Ela preferiu ser o que é, ao invés de tentar ser o que pode.
POLÍTICA
O ex-tesoureiro do PT, Delubio Soares é acusado de angariar fundos para o partido, ilegalmente.É acusado de operar caixa dois e criar esquemas de circulação financeira atra'ves de empresas e outros trambiques.
A grande maioria das pessoas não acredita que ele possa ter feito tudo isso sozinho. Acreditam que o restante da diretoria do partido também deveria saber do que acontecia.
Administrativamente falando, a diretoria deveria, realmente, saber do que estava acontecendo, pois o tesoureiro deveria ser um dirigido e não um comandante absoluto das finanças.
No entanto, não seria totalmente estranho que o tesoureiro tivesse autonomia suficiente pra fazer isso. O objetivo idealista, pode criar laços de amizade e, consequentemente, confiança absoluta, principalmente quando os outros estivessem empenhados no objetivo principal do partido que seria conseguir influir nas mudanças julgadas necessárias.
Detentor da confiança, o tesoureiro poderia ter decidido fazer o que lhe pareceu melhor, sem consultar companheiros.
Pode ser que, verificando que agindo legalmente nunca conseguiria o suficiente pra que o partido enfrentasse a concorrência em condições de igualdade, teria decidido usar o esquema de angariar fundos e administrá-los da mesma forma que aqueles. Parece muito claro que, o que o PT fez, não é estranho a nenhum dos outros partidos, principalmente os mais tradicionais.
Pode ser, também, que esse tesoureiro tenha sido seduzido pelo dinheiro e, além de angariar fundos para o partido, por meios ilegais, tenha se beneficiado de parte deles pessoalmente. O que o dinheiro pode proporcionar é muito atraente, sedutor, corrompedor de valores e personalidade.
Ao que tudo indica, pelo menos a maioria dos recursos foram gastos com campanhas eleitorais. Claro que manipulando valores muito altos, é bem mais fácil desviar valores significativos para opróprio bolso. No entanto, volto a dizer, parece que a grande maioria dos recursos foram usados em campanhas mesmo. Portanto, seu delito foi usar artimanhas usadas pelos adversários.
É muito dificil julgar quando os dados disponíveis são escassos e, os disponíveis sofrendo todo tipo de manipulação. Mais dificil, ainda, é julgar sem considerar a emoção envolvida.
É muito dificil combater o mal pela lei e pela ética, quando o mal usa e abusa de todo tipo de desonestidade, falcatruas e apelos emocionais.
Se de um lado estiverem ideologias preocupadas com distorções sociais, filosofias que as apoiem e homens que acreditem nelas; e de outro, os exploradores e beneficiários dos males que atingem a maioria; a dificuldade dos primeiros serão enormes e seus objetivos praticamente impossíveis de serem atingidos.
Quando, para ter alguma chance, o bem usa estratagemas do mal, caem sobre ele todos os castigos que, ironicamente, ele quis que caissem sobre seus adversários, enquanto estes saem ilesos e com a oposição desacreditada. Infelizmente falta capacidade estratégica aos idealistas do bem.
É comum que as pessoas sejam seduzidas pelo poder, principalmente pelo do dinheiro. São poucos os que resistem à tentação de usufruir dele. A sedução é tão forte que, só alguns abnegados conseguem resistir. Isso é tão incomum que, quem se comporta assim, não é considerado abnegado e, sim, burro, pela grande maioria.
Como seria possível combater o capitalismo?
Será razoável combatê-lo?
O capitalismo se baseia na concorrência, onde o capitalista busca o maior rendimento. Pode-se dizer também, que a riqueza é resultado da contribuição de pouco por muitos, em favor de uma minoria muito pequena. No caminho inverso, tiraríamos muito de poucos pra destribuir pra muitos, o que daria uma parte mínima pra cada um. Portanto, distribuição de renda, não significa melhoria econômica pra ninguém.
Parece que o maior problema do capitalismo é o não conformismo das pessoas. Muitos querem ter o que só a minoria pode, sem alcançar essa categoria e, por isso, busca satisfazer sua vontade através do crime. O próprio sistema provoca isso, não só pela ostentação mas, principalmente, pela propaganda que provoca ao consumo. A mesma coisa que serve pra fortalecer o capitalismo, é a causa da criminalidade.
A maioria concorda em trabalhar para alcançar o desejado e, claro, muito poucos conseguem, mas a esperança de conseguir os mantém na luta honesta. Porém uma parte significativa da população não se conforma e busca conseguir o que quer por meios considerados ilícitos.
Enquanto isso, há os que consideram uma aberração que a minoria tenha tanto, enquanto a esmagadora maioria sofre todo tipo de necessidade. Esses lutam por ideologias que pregam igualidade pra todos. "A todos segundo suas necessidades e a cada um conforme sua capacidade". Isso implica que cada um tenha direito ao mínimo indispensável pra sobrevivência e, a partir dai, se somaria o conseguido através da capacidade de cada um.
Não é dificil considerar que, esses mais capacitados, logo, logo, estariam ricos. Mas de onde sairia a riqueza se o restante não fosse explorado para propiciá-la?
14/10
O Martim veio buscar esterco com o trator. Trouxe o Tião Pinto, Negrinho, Felipe e Marco (veio de bicicleta). Levou a mesa, dizendo que a Marta mandara pegá-la pra colocar o bolo e que, se eu quisesse, me devolveria. Será?
O Felipe me convidou pra sua festa. Não pude deixar de pensar que se o relacionamento acabou por causa de uma festa, não possa recomeçar por causa de outra. A esperança é uma merda!
Me ocorreu que se eu encontrar o Luizinho e a Rose e eles perguntarem o que aconteceu, não sei o que deveria dizer. Se dissesse que é ação do mistério e que essa não é aquela, provavelmente duvidarão, como todos os outros. Se eu disser dos prejuizos emocionais e morais que me causou, poderão considerar que é despeito, espécie de vingança, com o único objetivo de atacá-la e desmerecê-la. Sei que não é fácil pra quem está de fora entender. Nem eu, que já racionalisei todos os dados existentes, considerando as mais variadas hipóteses não consigo concluir, imagine os outros.
Me ocorreu mais uma justificativa indicando que essa é outra pessoa: ela não me conhece, o que justificaria as ações preventivas contra mim, considerando que eu seria um safado e sem vergonha, capaz de prejudicá-la.
15/10
Ontem acabou a luz no final da tarde e não voltou até a hora em que fui dormir. escrevi duas poesias a luz de velas. Li um livrinho das testemunhas de Jeová, que confirmou a imbecilidade usada pelas religiões pra justificar suas crenças e, principalmente, que a bíblia é um livro sábio e coerente.
Me veio a convicção de que a Mara é o negativo, imagem refletida, verdadeiro avesso da Mari. Ela não merece a menor consideração, pelo contrário, deve merecer todo o repúdio que uma personalidade assim conquista, pelo uso e abuso de valores negativos e destrutivos. Me ocorreu que, se eu fosse na festa de aniversário do Felipe, seria possível que ela viesse com um sorrisinho cínico me perguntar se tá tudo bem. Eu odiaria ver isso!
Não me sai da cabeça a imagem de que ela está se comportando como os operários da construção civil. Está acreditando que já é, quando, na verdade, falta muito pra realmente ser. É uma pena, pois a Mari construiu muito, com grande empenho e ela provavelmente não conseguirá aproveitar nada disso.
Percebo, agora, que ela já vinha se manifestando há algum tempo. Deixou de investir no seu crescimento, não estudou mais e dedicava a maior parte do tempo se preocupando com as vendas, conversas com Marta, Marina, Maria Lola, etc, Eu cheguei a comentar com ela que a comercialização poderia influenciá-la negativamente. Eu não tinha grande convicção nisso, mas senti que aquilo poderia gerar distorções. Em fim, ela já vinha distorcendo valores há algum tempo.
Se eu tive culpa em relaxar no investimento que ela precisava, ela também contribuiu muito pra isso. Poderia ter me cobrado, inclusive maior empenho em divertimento e distrações. No entanto, preferiu calar e esconder o que vinha sentindo, como se eu não fosse capaz de entender e tentar uma solução. É uma pena que isso tenha acontecido, que tanta coisa boa tenha se transformado nisso, mediocridade e sofrimento. O que provocou isso, deve estar satisfeito pois o resultado não poderia ser mais desastroso.
O tempo se encarregará de mostrar os resultados.
Se a Mari voltasse, pediria perdão pelo que aconteceu. Ela não tem do que ser perdoada, pois não cometeu erros. No entanto, a Mara não merece perdão.
No final da tarde passei na venda e o Mauro me entregou um envelope deixado pela Mara. Tinha o dinheiro (R$320,00) e alguns escritos. A maioria era de cópias tiradas da Internet, sobre filosofia e pensamentos.
Transcrevo abaixo o que ela escreveu com a grafia que ela usou.
TUDO NA VIDA TEM UM PRE\CO NÃO SABEMOS OU NÃO TEMOS CERTEZA QUEM E COMO SÃO COBRADAS AS DÍVIDAS EM NOSSAS VIDAS.
LENDO SEUS RELATOS QUE DE SERTA FORMA JÁ HAVIAMOS COMENTADOS SOBRE ESSES ASSUNTOS FAZ COM QUE ERA CERTEZA HONTEM VIRA CONFUSÃO HOJE.
MAS VOU TENTAR FAZER ALGUNS COMENTARIOS SOBRE ALGUMAS COISAS QUE LI.
QUANDO VOCÊ RELATA SOBRE A FILOSOFIA DA VIDA E COLOCA UMA LÓGICA PARA CADA SITUAÇÃO E O QUE JÁ COMENTAMOS VARIAS VEZES TALVEZ SERIA UM CAMINHO MAIS LÓGICO E MAIS CORRETO PARA CADA UM SEGUIR MAS INFELIZMENTE A ESMAGADORA MAIORIA SE NEGA EM PERCORRE-LA ACREDITANDO QUE O MELHOR É O QUE ACHA E FAZ AQUILO QUE ACHA MAIS CABIVEL OU QUE ESTEJA EM SEU ALCANSE, NÃO ESTANDO EM SEU ALCANSE PASSA A VIVER UMA FANTASIA E AFIRMA EM ESTAR FELIZ ASSIM.
POR ISSO QUE JÁ FAZ ALGUM TEMPO QUE VINHA DEFENDENDO A QUESTÃO DE SER MALIAVEL, ISSO NÃO SIGNIFICA ABRIR MÃO DO QUE ACREDITAMOS E NEM PENSAMOS, MAS DIANTE DE DETERMINADA SITUAÇÃO PRECISAMOS SER ARTISTA.
VOCÊ DEVE SE LEMBRAR DE QUANTAS VEZES EU JÁ HAVIA COMENTADO ISSO E ENCLUSIVE LEMBRO DE TER CONTADO VARIAS VEZES COMO EU ERA E AGIA ANTERS DE TE CONHECER MINHA CONCLUSÃO HOJE É QUE CERTA FORMA EU LEVAVA AS COISAS A FERRO E FOGO EMBORA NÃO TINHA CONSIÊNCIA DISSO NÃO TINHA MALIABILIDADE COM NADA SAI RASGANDO TUDO NÃO ACEITAVA E NEM RESPEITAVA OPINIÕES POR ACREDITAR QUE AQUILO TUDO ERA CONVERSA PARA BOI DORMIR SEGUIA MINHAS INTUIÇÕES E AQUILO QUE QUERIA PAGAVA UM PREÇO ALTISSIMO POR ISSO E SEMPRE SENDO O CONTRA. ISSO JÁ NAQUELA ÉPOCA NÃO ME ENCOMODAVA PARA MIM POUCO ME INTERESSAVA O QUE FALAVAM O QUE ACHAVAM E VOCÊ É O PRIMEIRO A SABER QUE ISSO TALVEZ JÁ FOSSE A DIFERENÇA TUDI ISSO ERA INDICIOS QUE O FUTURO PROMETERA MUITAS ARMADILHAS.
EMBORA TINHA ESSE RAIO DO MISTÉRIO PREMOLIÇÕES CHAME DO QUE QUIZER SEMPRE ANDOU NO MEU PÉ FAZIA ME VER COISAS OU FAZER QUE É INACREDITAVEL, UMA COISA É VERDADE “ËLE” SEMPRE AGIU EMBORA SEMPRE ACEITEI ISSO NUMA BOA ACHAVA ATÉ QUE ERA ALGO COMUM TALVEZ PENSASE NA ÉPOCA QUE ISSO ACONTECERIA COM TODO MUNDO ERA MENTIRA DE TODAS AS PESSOAS QUE CONHECI ATÉ HOJE NINGUEM CONTOU HISTÓRIAS DESSE TIPO AO NÃO SER OS PAIS DE SANTOS, MACUMBEIROS, ETC... MAS ESSAS PESSOAS ACABAM USANDO ARTIFICIOS PARA TAL EMBORA SEJA CONSIDERADO COM ALGO DIRETENTE MAS NÃO DEIXA AINDA DE SER DIFERENTE DA MINHA HISTÓRIA.
É ENGRAÇADO QUE O MISTÉRIO AGIA NA MAIORIA DAS VEZES PARA DAR NOTICIAS RUIM COMO POR EXEMPLO AVISAR SOBRE A MORTE DE ALGUEM OU QUE ALGO DE RUIM ESTAVA ACONTECENDO, E TINHA O O NEGOCIO QUANDO QUERIA FAZER ALGUMA COISAS QUE ERA IMPEDIDA PELAS AS PESSOAS O MISTÉRIO IMPURRAVA E FAZIA EU IR E DEPOIS TOMA PAGAR O PREÇO PORQUE
OBS. OUTRO DIA ESTAVA ASSISTINDO A NOVELA AMÉRICA TEVE UMA COISA QUE CHAMOU ÀTENÇÃO: O TIÃO TEM PREMOLIÇÕES E SENTI ALGO DIFERENTE MAS ESTÁ PROVADO QUE QUEM O PERSEGUI É O SEU PAI AGORA PERGUNTO SERA QUE TEM ALGUÉM QUE JÁ MORREU E ME PERSEGUI TAMBÉM QUEM SERÁ??????
E ESSES CAMINHOS QUE EU PERSEGUIA SEMPRE MOTIVO DE MUITOS BAFAFA UNS CONCORDAVAM OUTROS DESCORDAVAM.
ISSO É SÓ PARA RELATAR QUE NO MEIO DAQUELA CONVERSA QUE NOS TIVEMOS LA NA CASA DA MÃE VOCÊ ALEGOU ALGUNS FATOS E MOSTROU PREOCUPADO NO QUE AS PESSOAS JÁ HAVIAM FALADO A MEU RESPEITO E ME MOSTROU MUITO PREOCUPADO COM ISSO. MAS QUERO TE DIZER QUE CONSIDERADO OS FATOS SÃO TODOS FALSOS PORQUE PARA MIM AS PALAVRAS FORAM DIRIGIDAS BEM O CONTRARIO DO QUE FALARAM PARA VOCÊ MAS ISSO TAMBÉM NÃO IMPORTA ISSO SÓ PARA ESCLARECER QUE AINDA CONTINUO DEFENDENDO A MINHA TESE E POUCO ME IMPORTA O QUE AS PESSOAS FALAM OU ACHAM DOS MEUS ATOS PRINCIPALMENTE SE O JULGAMENTO FOR CITADO POR PESSOAS COMUNS ATÉ MESMO PORQUE MUITAS VIVEM A VIDA QUE VIVEM POR FALTA DE CORAGEM DE AGIR E ARISCAR SUAS VIDAS EM BUSCA DE ALGO MELHOR DE CERTA FORMA ISSO NÃO É MUITO MEU FERTIL CERTO OU ERRADO TUDO QUE FOI POSSIVEL FIZ SE NÃO FIZ MAIS NÃO FOI POR FALTA DE CORAGEM E SEM OPORTUNIDADE. EU HOJE SE EU MORRE-SE TALVEZ SERIA UMA SOLUSÃO PARA VARIAS PESSOAS E HOJE JÁ MORRERIA FELIZ PORQUE TENHO CERTEZA QUE QUANTO MAIS O MISTÉRIO OU DEUS SEI-LA QUEM COMANDA DE DER CHANCE DE VIVER MINHA GALERIA DE TROFEUS VAI AUMENTAR TANTO PRO ERROS QUANTO PROS ACERTOS QUEM NÃO ERRA NÃO CORRE O RISCO DE ACERTAR HOJE SE EU FOR PRESTAR ATENÇÃO AS PROPRIAS PESSOAS ACABAM ME SUFOCANDO PORQUE MINHA HISTÓRIA ACABOU VIRANDO UM MITO E COM TODA A IGNORANCIA DAS PESSOAS ELAS SABEM QUE QUALQUER HORA EU VIRO DE NOVO UMA NOVIDADE ENTÃO TODOS FICAM ESPERANDO O PRÓXIMO ACONTECIMENTO QUANDO ME PERGUNTAM QUAL VAI SER O PRÓXIMO PASSO A RESPOSTA É SIMPLES NÃO SEI SE ISSO FAZ DAR MAIS ANCIEDADE E DESESPERO FAZEM AS PESSOAS PENSAR ALGO QUE NEM FAZENDO MILAGRES CONSEGUIRIA FAZER.
DE UMA COISA ESTOU CERTA COMO SE DIZ NEN JESUS CRISTO AGRADOU TODO MUNDO PELO CONTRARIO DAS HISTORIAS CONTADAS A VIDA DELE TAMBÉM NÃO FOI NADA FACIL SOFREU MUITO E PAGOU COM SUA PRÓPRIA MORTE TEVE TANTO SOFRIMENTO HOJE SE SABE QUE VIROU UM MITO É O QUE PODEMOS SABER.
ISSO ME FAZ PENSAR UMA COISA PENSANDO E ANALISANDO SOBRE A VIDA SEMPRE VIVI CARREGANDO MUITOS JULGAMENTOS SEMPRE FUI JULGADA E POUCAS VEZES O JULGAMENTO FOI AGRADAVEL SE NÃO ENCONTRAVAM FATOS SUFICIENTE A ACUSAR DIZIAM QUE PODERIAM SER FUI ACUSADA POR ALGO QUE NÃO FIZ E NEM PRETENDIA MUITAS COISAS ATÉ HOJE NÃO SEI SE FUI ABSORVIDA OU AINDA DEVO. FOI TENTANDO ANALISAR DESDE O COMEÇO DA MINHA VIDA QUE TIVE VONTADE DE ESCREVER ESSAS COISAS HOJE MEUS DEDOS NÃO VENCE A MINHA CABEÇA DE TANTAS COISAS QUE PASSAM POR ELA QUANDO PENSO A FUNDO MEUS SENTIMENTOS ME RESPONDE QUE A FELIZIDADE E FEITA DE MOMENTOS DE PEDAÇOS HOUVE MUITOS MOMENTOS BONS E FELIZES NA VIDA MAS O SOFRIMENTO E O JULGAMENTO CONTRA MINHA PESSOA ERA A CONDUÇÃO DO NÉGOCIO ACHO ATÉ QUE NÃO HAVIA PENSADO TANTO NISSO MAS ISSO É UMA VERDADE E TEMOS FATOS PARA PROVAR.
QUANDO ERA MAIS NOVA ERA ACUSADA DE SER LOUCA, POR NÃO OBECER AQUILO QUE ERA CONSIDERADO ALTORIDADE HOUVIA QUE TINHA QUE APANHAR QUANDO A QUELES CONSELHOS ENTRAVAM POR UM OUVIDO E SAIAM POR OUTRO NÃO PODIA PAQUERAR POR QUE NINGUÉM PRESTAVA E NEM SERVIA NUNCA ME ATREVI DIRIGIR MINHAS MÁ PALAVRAS.
PROCURAVA RESPEITAR E NÃO OFENDER COM QUE PENSAVA MAS TUDO ISSO PARA MIM ERA SÓ MAIS UMA DIFICULDADE PARA SUPERAR. O PREÇO ERA ALTA PASSAVA MUITAS VERGONHAS ME SENTIA MAGOADA COM CERTAS PALAVRAS QUE HOUVIA MAS NEM ISSO IMPEDIU QUE FIZE-SE MINHA HISTÓRIA ATÉ AQUI. UMA COISA ESTA CLARA SE JÁ NAQUELA ÉPOCA ME RENDECE A SER COMANDADA DENTRO DAQUILO QUE O COMANDANTE QUERIA OU GOSTARIA MINHA HISTÓRIA HOJE SERIA OUTRA MELHOR OU PIOR MAS SERIA DIFERENTE, SERA QUE TERIA VALIDO A PENA SE A HISTÓRIA TIVESSE TOMADO OUTRO RUMO????????????NÃO SEIA
ATÉ PARA ESTA QUESTÃO HOUVE BASTANTE DE OPORTUNIDADE TALVEZ SE ESTIVE ME RENDIDO A UMA DELAS HOJE A HISTÓRIA TERIA CIDO DIFERENTE PODERIA TER HOJE UM TITULO DE DOUTORA, DONA DE UMA PROFISSÃO TALVEZ DE BOA CASA BOM CARRO QUEM SABE DE ALGUM DINHEIRO PROVAVELMENTE NÃO SERIA DONA DESSA HISTÓRIA QUE SOU HOJE NÃO SERIA ACUSADA DE TER CAUSADO TANTOS MAUS NAS PESSOAS MAS NÃO ME NEGO PAGUEI, PAGO E SEMPRE VOU PAGAR O PREÇO QUE FOR NECESSÁRIO PARA TER UMA VIDA LOUCA DESSA FIZ MINHA ESCOLHA NADA PARA MIM É CONCRETO, POR ISSO ENQUANTO PUDER CONTINUO BUSCANDO ACERTANDO OU ERRANDO FELIZMENTO OU INFELIZMENTE AS FORÇAS VEM NA HORA DIGO ESTOU AQUI NESSE MUNDO A CUMPRIR UMA MISSÃO POR ISSO TENHO QUE FAZER DE UMA COISA ESTOU CERTA TODOS OS FATOS FORAM E SERÃO DOLORIDOS DE TUDO QUE CONSEGUI PENSAR ATÉ AGORA NO MEIO SEMPRE TEM UM OU MAIS QUE SAEM MACHUCADOS FERIDOS O SOFRIMENTO VEM É INEVITAVEL
NÃO ABRINDO FERIDAS NÃO TEM HISTÓRIA QUEM PASSO POR ESSE BARCO PODE SER QUE TAMBÉM ESTA ASSINANDO UM CHEQUE PAGANDO PREÇO POR ALGO COMETIDO.
HOJE TUDO ISSO ACONTECEU PORQUE É SÓ PARA TER MAIS UMA BOMBA ARMADA QUE PODE EXPLODIR A QUALQUER MOMENTO NÃO TENHO CERTEZA DE NADA É SÓ O QUE EU SINTO ISSO SÓ PARA MOSTRAR QUE VAI SER OUTRO BAFAFA VEM AI DE NOVO ACUSAÇÕES DE TODO LADO A ESMAGADORA MAIORIA VAI ACUSAR E FALAR O QUE DE VONTADE VAI SER A MINORIA SE HOUVER QUE VAI ESTNDER A MÃO E APOIAR É O QUE VEM ACONTECENDO ATÉ AQUI POUCOS SE OFERECEM PARA AJUDAR A FORÇA MAIOR QUER DERRUBAR POR ISSO NÃO DEVO IMCOMODAR COM OS FATO OQUE ESTÃO PENSANDO DE MIM.
SEMPRE ESTÃO PENSANDO ESSE É O PROBLEMA PENSAN OQUER FALAM O QUE QUER SE CONVENSEM QUANDO QUER NÃO É ISSO QUE EU ACHO TIRO PROVAS POR MIM MESMA SE FOSSE TUDO OQUE JÁ ME ACUSARAM SERIA UMA VERDADEIRA BANDIDA MAS NÃO É ASSIM QUE ME VEJO.
VARIAS DELAS VOCÊ PARTICIPOU POR AI DA PARA TER UMA IDÉIA DO QUE AS PESSOAS SÃO CAPAZ
INCLUSIVE SE FOSSE UMA PESSOA DE DAR BOLA A ESSES PRETESTO NEM ME ATREVERIA A TER TIDO UM RELACIONAMENTO COM VOCÊ AFINAL NÃO TERIA FEITO NADA TUDO SEMPRE FOI MOTIVO DE FALAREM DE MIM E O PIOR SEMPRE TUDO ESTAVA ERRADO, ENTÃO VÃO FALAR DE MIM A VIDA INTEIRA E FALEM O QUANTO QUISEREM, O DIA QUE NÃO FALAREM MAIS NADA DE MIM ESTAREI MORTA PORQUE NÃO ESTAREI FAZENDO MAIS NADA NESSA VIDA
O que ela escreveu mostra sua dificuldade em se expressar por escrito, acho que é conseqüência de sua dificuldade na interpretação de textos. No entanto, interpretando o que escreveu, fica claro a confusão mental que a domina.
Ela se refere a minha filosofia, que defende que a racionalidade poderia resolver, quando não evitar, muitos problemas que afligem as pessoas. Ela me coloca como extremista, que pretende que todos sigam o que acredito certo. Ela sabe que sou insistente, mas bastante maleável, compreendendo a dificuldade das pessoas em agir nesse sentido, aceitando sua maneira de ser.
Ela se refere a que, antes de me conhecer, também era intransigente e queria que tudo fosse como ela achava que deveria ser. Ao mesmo tempo declara que era bem comportada, o que a impedia de enfrentar as pessoas na defesa do que acreditava. Não respondia nem discutia mas, sendo possível, agia segundo o que acreditava, sem se importar com o que causava nos outros. Alega que aprendeu a ser maleável, aceitar as pessoas como são.
Ser maleável não implica em ser omisso, nem conivente. Acredito que é necessário tentar, sem forçar, mas com empenho. Quando se verifique nossa impotência para promover a mudança, é hora de ser maleável e aceitar a pessoa como é ou afastar-se dela para evitar problemas.
As acusações que lhe fiz, com relação, principalmente a sua mãe e irmãos, era de que estava se omitindo e sendo conivente. Nunca disse que ela não tentara e, sim, que desistia com muita facilidade, passando a omitir-se e tornando-se conivente.
Ela não defendia o que acreditava porque não queria “desrespeitar” quem se opunha a ela, que normalmente eram pessoas mais velhas, nem tinha argumentação capaz de fazê-lo, mesmo porque as pessoas com quem convivia, não tinham capacidade para discutir algo que os contrariava.
No entanto, agia segundo o que acreditava. Parece que o respeito às pessoas a que ela se refere, é pura questão de semântica, uma vez que a ação mostrava um desrespeito muito maior, desconsiderando totalmente as pessoas.
É claro que a sua excepcionalidade impedia que os que conviviam com ela pudessem entendê-la, muito menos ajudá-la, o que a obrigava a agir dessa maneira, para verificar se o que defendia era certo ou não. Não tinha outra alternativa. No entanto, parece que ela ainda não tem clareza sobre o que acontecia e o que passou naquela época.
Ela se refere ao mistério, premonições ou coisa que o valha. Alega que isso, além de mostrar-lhe coisas, levava-a a agir e, como ela diz, nada conseguia impedí-la. Se refere a que na maioria das vezes, o mistério só lhe mostrava coisas ruins, como mortes, por exemplo. Ele a fazia agir e, depois, ela é quem pagava o preço, tendo que arcar com as conseqüências do que tinha praticado por conta do mistério.
Alega que não se importa com o que digam dela, que faz o que acha que tem que fazer, independentemente do que isso possa causar no que as pessoas pensem ou falem dela. Diz que tem coragem pra agir assim e que, os que a criticam, vivem uma vida medíocre, por falta de coragem para tentar promover as mudanças necessárias em suas vidas, preferindo sofrer a arriscar.
Eu sou testemunha de sua coragem, que é inegável. No entanto, é preciso considerar que ela nunca sofreu significativamente como conseqüência de seus atos. Não conheço nenhum grande sofrimento, seu, como conseqüência de seus atos.
A coragem a que ela se refere no texto em questão, não parece ser necessariamente isso, uma vez que, segundo ela mesma declara, agia sobre o comando do mistério. Portanto, ela não tinha escolha, era obrigada a fazer, independente de coragem ou não. É inquestionável minha crença de que o mistério a comanda em várias ocasiões. No entanto, ela pretende racionalizar o mistério, sem perceber que é impossível fazer isso e, quando tentamos fazê-lo, confundimos mais que explicamos. É o que acontece no texto acima.
Ela demonstra orgulho em ser considerada imprevisível, uma espécie de mito. Só que ao invés de se referir a suas demonstrações reais, dela mesma, e que são muitas; está se referindo àquelas provocadas pelo mistério. Nesse ponto, estou acreditando que quem escreveu esse texto foi o próprio mistério, quer dizer, ela sob o comando dele. É evidente que se ele está comandando suas ações, não permitiria que usasse a racionalidade livre, para argumentar, contrariando os interesses dele.
A imprevisibilidade de que ela deveria se orgulhar, como eu sempre me orgulhei, é a de surpreender pela coragem de enfrentar dificuldades, com determinação, inteligência, sensibilidade e grandeza. Ela não precisa do mistério pra demonstrar sua grandiosidade, excepcionalidade. Infelizmente ele interfere, obrigando-a a agir sob o comando dele. O que ela faz sob o comando do mistério realmente causa espanto e chama a atenção para ela. No entanto, para quem tenha um mínimo de racionalidade, perceberá que suas ações são absurdas, incoerentes e más. É só observar o resultado de suas ações sob o comando do mistério. No texto, ela está se orgulhando disso.
A seguir ela se refere a Ter sido julgada negativamente por coisas que fez e, inclusive, que não fez. Me parece que se refere às injustiças que sofreu por parte de minha família. É verdade que sofreu muitas, totalmente injustificadas e ela sabe o quanto isso sempre me revoltou e o quanto repudiei. Novamente ela está misturando as coisas, juntando injustiças com críticas merecidas. Considerando as duas personalidades, a Mari foi muito injustiçada, enquanto a Mara sempre mereceu críticas.
Ela sabe que a única pessoa que sempre a defendeu, com todas as forças, fui eu. Duvido que possa apontar uma única vez que a abandonei ou fiquei contra ela. Quando discordava dela, sempre procurei mostrar onde estava enganada e, como ela sempre reconheceu, ajudei-a a buscar acertos. É o que ela disse muitas vezes: que eu acendia a luz, nem que fosse uma vela, quando a escuridão aparecia.
Ela declara que acredita que outra bomba está armada e pode explodir a qualquer momento e que, provavelmente, provocará outro “bafafá”, prevendo o desencadeamento de mais comentários desfavoráveis a ela. Ela fala muito em comentários desfavoráveis, mas afirmou nesse texto, que só tem recebido apoio das pessoas neste episódio. São flagrantes as contradições.
Ela diz que dificilmente alguém se dispõe a ajudar, enquanto sobram pessoas para criticar. Continuam as contradições.
No encerramento desse texto, coloca que se não fosse por suas loucuras, não teria se relacionado comigo. É bom lembrar que ela estava loucamente apaixonada por mim, que pôde sentir meu caráter e dignidade antes de se atrever a riscos maiores. Que não só ela, mas muitos de sua família confiavam em mim e acreditavam que eu poderia ser bom para ela. Acredito que poderia Ter feito o que fez, mesmo que isso não fosse verdade. No entanto, ela sabe que levamos o relacionamento com cuidado, preparamos o terreno aos poucos o que propiciou a ausência de maiores contrariedades, a não ser em pessoas totalmente ignorantes como sua mãe, por exemplo.
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BOM VOU TENTAR COLOCAR OQUE ACHO SOBRE ISSO QUE ACABEI DE LER VOCÊ NOVAMENTE FAZ MUITAS ACUSAÇÕES SENDO ASSIM TENHO O DIREITO DE ME DEFENDER EMBORA OQUE VOU DIZER POUCO VAI ADIANTAR ATÉ MESMO PORQUE JÁ SE COLOCOU OQUE VOCÊ ACHA.
O que ela se refere Ter lido, é este arquivo, até o dia que lhe entreguei o disquete com ele. Portanto, todos podem verificar a veracidade sobre as acusações que ela alega que lhe fiz.
Coloca seu direito de defesa, ao mesmo tempo que me considera inflexível, incapaz de considerar sua defesa, afirmando que já emiti o veredicto final e imutável.
EM UMA COISA VOCÊ ACERTOU O PRIMEIRO MOTIVO DE TUDO ISSO TER ACONTECIDO FOI POR FALTA DE MOTIVAÇÃO NOS ULTIMOS TEMPOS TIRAVA CONCLUSÃO INSATISFATORIA DA RELAÇÃO ERA ACUSADA POR COISAS QUE DESCORDAVA MAS VOCÊ FAZIA QUESTÃO DE PERSISTIR EM MOSTRAR QUE ESTAVA ERRADO ISSO ACABOU VIRANDO ALGO MESQUINHO PARA MIM ALGO RUIM COMEÇOU ACONTECER COMO DISCUSÃO E ACABAVA FICANDO SEM SE FALAR PASSADO UM TEMPO CONVERSAVA E SE ENTENDIA OUTRA VEZ DA UMA TREPADA E AS COISAS ACABAVAM VOLTANDO NO LUGAR.
A falta de motivação nos últimos tempos não é de se desprezar. O que é questionável são as acusações que ela diz que eu fazia. Menos aceitável ainda é o fato de que ela discordava. As únicas discordâncias que ela acusou foram em relação à influência que ela sofria de sua mãe e do cunhado, além de usar dois pesos e duas medidas quando se tratava de ela me esperar ou eu a ela. Também aparentava não concordar quando lhe colocava que, se não podia influenciar sua mãe e irmãos na mudanças que se mostravam necessárias, deveria evitar ser conivente com eles. Se discordava de outras críticas que lhe fiz, não as declarou. Foram muito poucas vezes, se é que houve alguma, que os pequenos atritos se resolveram com trepadas.
VOCÊ SABE QUE AS CHANCES DE BUSCA ERAM POUCAS E FAZIA COM EU FIZE-SE COISAS COMO TENTAR VENDER, TRABALHAVA ALGUMAS VEZES NA ROÇA E PRESTAVA SERVIÇO A MARILIA TUDO ISSO ENCHEU O SACO!
ACABOU NO FINAL QUE VOCÊ SE IRRITAVA ATÉ DE CONVERSAR COM A MARILIA MEUS ACERTOS COM ELA ERA MOTIVO DE CRÍTICAS E SE RESUMIA ESTAR TUDO ERRADO VARIAS VEZES FALEI PARA VOCÊ O QUE ACHAVA SEMPRE CONVERSAVA MAS NA HORA AH TUDO SE REPETIA.
AS CONVERSA QUE EU TINHA COM A MÃE IMCOMODAVA MAIS AINDA EU ME LEMBRO ATÉ DE UM DIA QUE NOS CHEGAMOS LÁ E O FELIPE ESTAVA SENTADO EM UMA ARVORE QUE ESTAVA EXPOSTA NO TERREIRO FUI COMPRIMENTA-LO E VOC~E AUTOMATICAMENTE AGIU DIZENDO É LÁ VOCÊ VEIO PARA IR LÁ MOSTRANDO A CASA DA MARILIA NO FINAL COLOQUEI QUE NÃO TINHA GOSTADO DESSE ATO VOCÊ SE DEFENDEU DIZENDO QUE TINHA SIDO UMA BRINCADEIRA PASSOU.
Ela se refere que as chances de oportunidades eram poucas o que a obrigava a vender roupas e utensílios, trabalhar na roça e trabalhar para a Marina. Ela teve a oportunidade de ser assistente comunitária e desistiu porque considerou que vendendo teria mais liberdade e ganharia mais. Concordo que nenhuma delas eram grandes possibilidades, no entanto, ela não comentou que gostaria de tentar algo diferente, o que, com certeza, nos faria buscar alternativas. Eu nunca encarei esta vida aqui como definitiva, mesmo porque a madeira está acabando. No entanto estava acomodado e, aparentemente, ela também, demonstrando satisfação com a atividade de vender.
O que eu reclamava das conversas dela com a Marina e com a mãe, se referiam a falta de objetividade, o gastar um tempo grande com coisas que poderiam ser resolvidas rapidamente. Era um alerta para agilização. Nunca reclamei quando o caso era de jogar conversa fora, havendo tempo pra isso.
No caso a que ela se refere, que foi cumprimentar o Felipe e eu reclamei; foi brincadeira mesmo, embora, tivéssemos ido lá pra ela conversar com a Marina e, normalmente, ela acaba indo na casa da Marta e se demorava, sem que houvesse necessidade disso. É o que parecia e ela nunca demonstrou que isso seria uma necessidade.
ESSES ATOS O INCOMODAVA TANTO QUE CHEGUEI FAZER UMA PROPOSTA QUANDO FOSSE RESOLVER AS COISAS LÁ PREFIRIA IR SOZINHA VOCÊ CONCORDOU, MAS A MAIORIA DAS VEZES POR NECESSIDADE ACABAVAMOS INDO JUNTO E QUASE SEMPRE O PROBLEMA SE REPETIA.
COMECEI A PERCEBER QUE AS COISAS NÃO IAM BEM ACHAVA QUE FALTAVA EM VOCÊ UM POUCO MAIS DE HABILIDADE COM AS PESSOAS POR SABER QUE A CAPACIDADE DE RECIOCINIO DELAS ERAM LENTAS. CHEGUEI A TÃO PONTO QUE NÃO SUPORTAVA MAIS AQUELE NEGÓCIO DE QUE TUDO ESTAVGA ERRADO FALTAVA RACIONALIDADE PARA TODAS AS COISAS VARIAS VEZES TENTAVA MOSTRAR OQUE ACHAVA DE DETERMINADA SITUAÇÃO MAS A CONCLUSÃO ERA A MESMA.
Aqui ela declara, novamente, que eu era intransigente e não aceitava em hipótese alguma a irracionalidade das pessoas. Ela sabe que isso não é verdade, pois se fosse, teria deixado de conviver com sua mãe e outros parentes, que são o oposto do que defendo. No entanto, não me lembro de Ter tido maiores problemas com eles no decorrer desses anos.
As poucas vezes que critiquei a falta de racionalidade e eficiência, foi na sua relação com a Marina, no que diz respeito a prestação de contas ou na marcação de roupas que ela pegava para vender. Quando criticava, mostrava onde estava o problema e oferecia a solução, que nunca quiseram aceitar. Nem por isso criei maiores problemas. O que me incomodava era que as duas tinham condições de racionalizar o trabalho e não o faziam por que não queriam, não por falta de capacidade.
ACONTECEU A HISTÓRIA DO BOLO NÃO TIRO SUA RAZÃO DA ACUSAÇÃO FEITA, INCLUSIVE VOCÊ DISSE UM DIA OQUE PENSAVA A RESPEITO DE FAZER O BOLO ALEGOU QUE O TAL NÃO MERECIA E ISSO COLABORAVA PARA PREJUDICAR MUDANÇAS EM SUA PESSOA E CONCLUIU QUE NEM POR ISSO PODIA IMPEDI-LO DE FAZE-LO ACHEI QUE NESSE MOMENTO JÁ ESTAVA ACERTADO ESSA QUESTÃO MAS NÃO ESTAVA NÃO VOCÊ PERSISTIU EM RECLAMAR FICAR MAU COM A MINHA PESSOA E OQUE FOI MAIS CHOCANTE FOI A IMPRESÃO QUE VOCÊ CONSEGUIU CAUSAR NAS PESSOAS NO DIA. ENTENDE QUE SUA CARACTERISTICA E NÃO É MOSTRAR SORRISOS FALSOS, MAS NA MINHA VISÃO PODERIA TER SIDO UM POUCO MAIS MALIAVEL ATÉ MESMO PORQUE AS PESSOAS NÃO TEM NADA A VER COM ISSO INCLUSIVE É UM ATO COMUM PARA ELES.
FOI MUITO RUIM HOUVIR QUE NÃO IRIAM VOLTAR MAIS “ËM CASA” ALEGANDO QUE FORAM MAL RECEBIDOS.
NO MESMO DIA A NOITE ALEGOU ESTAR IRRITADO COM AQUELA BAGUNÇA SEM DIZER NADA FIQUEI ALGUMAS HORAS LIMPANDO OU PELO MENOS DANDO UMA AJEITADA PARA QUE QUANDO ACORDA-SE DE MANHÃ NÃO IRRITA-SE MAIS AINDA.
Quando ela disse que pretendia fazer uma festa de aniversário para o irmão, disse-lhe que era preciso considerar o comportamento dele no que se refere a relaxamento, resistência a críticas construtivas, desobediência, irresponsabilidade, entre outros problemas que vinha apresentando. Que como era um menino, não deveria ser punido tão rigorosamente a ponto de Ter o aniversário desconsiderado, mas que fosse feita uma coisa simples, só para não passar em branco; aproveitando para que entendesse que, se tiver um comportamento mais aceitável, poderia Ter uma verdadeira festa. Ela concordou com meus argumentos.
Quando, na Sexta-feira a Maria Lola veio fazer o bolo e o fez de tamanho exagerado, à noite, quando voltamos de ir leva-la em casa, comentei que, mesmo eu tendo alertado para evitar exageros, ele ocorrera. Ela concordou e alegou que o exagero partira da Maria Lola, a quem ela não pedira para fazê-lo, mas que se mostrara ofendida por não Ter sido convocada para isso. Aceitou que ela fizesse o bolo mas lhe pedira que fosse pequeno. Tanto é que considerava que a manteiga que tinha em casa, fosse suficiente. Quando percebeu, a manteiga tinha acabado o que a obrigou a mandar buscar mais na venda. Portanto, ela concordou que houvera exagero.
Não bastasse o exagero do bolo, ao fazer a comida, no Sábado, o exagero aconteceu novamente. Sei que a tradição aqui é essa mesmo, principalmente o exagero no tamanho do bolo. No entanto, ela não é como as pessoas daqui, não tem os mesmos engramas e deformações. Além de sua capacidade pra compreender isso, ainda contou com meu alerta. Agiu como se eu não tivesse falado nada e como se não tivesse o menor conhecimento a respeito disso. Me parece claro que já havia um processo do mistério preparando o terreno para o que viria. Ela tem capacidade mais que suficiente para entender o absurdo da situação e não teria problema em evitá-lo.
Quanto a questão do descontentamento dos convidados, que teriam dito que não viriam mais a nossa casa, porque teriam se sentido maltratados por mim; me parece um exagero. Os convidados se limitaram a sua mãe e irmãos, Maria Lola, filhas e genros, família do Fio, do Chico Bento e do Nelson. Portanto, os únicos que poderiam Ter se ressentido comigo eram a Maria Lola e a mãe dela. Não acredito que as fam~ilias do Nelson, do Fio e do Chico Bento, reclamassem de meu comportamento.
Se não me mostrei alegre e feliz, também não agi agressivamente com ninguém. O máximo que fiz foi me manter afastado, conversando com o Chico Bento e Martinho junto a nossa cozinha.
NESSES DIAS NÃO ME LEMBRO EXATAMENTE QUAL FOI O DIA ESTAVAMOS NO BANHEIRO TOMANDO BANHO E VOCÊ VOLTOU A COMENTAR ALGUMA COISA ME LEMBRO DE TER DITO SE EU PROMETER QUE NÃO FAÇO MAIS FESTA NESSA CASA FICA BOM PARA VOCÊ A RESPOSTA FOI SIM.
ENTÃO PENSEI NÃO VAI MAIS HAVER FESTA NESSA CASA FEITA POR MIM TALVEZ TENHA SIDO A GOTA?
É interessante verificar como a busca de motivos que justifiquem sua ação, tendo dificuldade para encontrá-los, apela para coisas insignificantes, distorcendo-as. Quando ela se referiu a que a solução para evitar conflitos fosse deixar de fazer festas em casa, eu lhe disse que lamentava que ela admitisse ser incapaz de corrigir as distorções, considerando impossível preparar uma festa sem exageros. Que se fosse assim, talvez a solução estivesse em evitar tais festas. Ela considera a possibilidade de que isso possa Ter sido a gota d’água.
VOCÊ COMENTOU O FATO DE TER IDO PARA SÃO PAULO E NÃO TER TE AVISADO, DE TER RESOLVIDO VIR PARA PARREIRAS SEM TER COMUNICADO A MÃE, VOCÊ, MARILIA REPETI A MESMA ATITUDE DE QUANDO FUI COM VOCÊ A VÔ IÃO E A VÓ MARIA FOI AVISADO DA DECISÃO QUANDO VIRAM OS SACOS DE ROUPAS CHEIOS E ATÉ POR CURIOSIDADE QUERIAM SABER OQUE ERA AQUILO FOI AI QUE FICARAM SABENDO OQUE IRIA FAZER EM DETERMINADOS MINUTOS ASSIM NÃO TIVERAM TEMPO DE FICAR FALANDO NA MINHA CABEÇA.
Naquela época ela era uma menina apaixonada e acostumada a esconder o que iria fazer por saber que dificilmente concordariam com ela. No entanto, nossa relação já havia sido aceita e eu mesmo me propusera a conversar com seus avós e pai. Ela que não quis.
Hoje ela conquistou credibilidade e capacidade de defender o que acredita. Além do mais, pelo menos eu, acredito Ter capacidade suficiente para compreendê-la se tivesse razões raoáveis para argumentar em favor do que decidira. Comparar-me com o vô Ião, Vó Maria e Cidão, em termos de racionalidade, é uma verdadeira ofensa. A Mari sabe de minha capacidade de discutir qualquer assunto e do que sou capaz para que ela seja feliz. A Mara não poderia Ter vindo conversar, principalmente comigo, por saber que o que estava fazendo era uma verdadeira aberração.
A MÃE SE NÃO ME ENGANO FICOU SABENDO DIAS DEPOIS PORQUE ME LEMBRO QUE FUI UM DIA TENTAR COMUNICA-LA COMEÇOU A FALAR UMAS BABOSEIRAS TENTANDO DIZER QUE NÃO CONCORDAVA COM ISSO, BOM DO QUE ME LEMBRO PEGUEI O CARRO E FUI EMBORA E NÃO MUDOU NEM UMA VIRGULA DO QUE TINHA DECIDIDO. CLARO QUE COM VOCÊ A CONVERSA TERIA SIDO DIFERENTE MAS NA OCASIÃO SERIA MUITO DOLORIDO POR ISSO PREFERI EVITA-LO.
Será que a dor a que ela se refere era a que ela sentiria? Porque a minha não poderia ser aumentada e ela saberia disso. Ela deveria saber que a conversa não poderia me prejudicar mais que seu abandono da maneira que se deu.
ISSO PODE SER CONSIDERADO UMA TREMENDA IGNORANCIA MAS UMA COISA E CERTA HOJE QUALQUER DECISÃO QUE VENOA TOMAR TALVEZ VAI SER A MESMA CONSIDERANDO QUE MINHAS DECISÕES SÃO EXTREMAMENTE ERRADAS.
VOCÊ SABE DISSO SEMPRE NO MEIO TEM OS PROS E OS CONTRAS.
VOCÊ COMENTOU SOBRE A PESSOA DO RODRIGO CLARO E IN EVITAVEL QUE ELE NÃO SEJA UMA PESSOA COMUM COM ALGUMAS VANTAGENS QUE PARA MIM SE RESUME EM SORTE E AQUILO QUE TINHA COMENTADO COM VOCÊ É “BURRO MAS NÃO É BOBO” TALVEZ ISSO JÁ FAÇA UMA DIFERENÇA FILHA DA PUTA! NA HISTÓRIA UMA COISA CONFESO ACHEI QUE AINDA ERA AQUELA PESSOA QUE JÁ TINHA CONHECIDO EMFIM COM TODA HISTÓRIA QUE VOCÊ JÁ SABE, MAS AI ME ENGANEI SOFREU POUCAS MNUDANÇAS MAIS O SUFICIENTE PARA COMPLICAR UM POUCO A HISTÓRIA.
FICO PENSANDO PORQUE? OQUE? COMO? E PARA QUE? TUDO ISSO OUTRO DIA ESTAVA OLHANDO BEM PARA ELE E OQUE VEIO NA MINHA CABEÇA FOI UMA CENA DE FILME VI MAIS UM ALVO NÃO TEM EXPLICAÇÃO PORQUE ALVO TUDO INDICA QUE ESTOU PASSANDO MAIS UMA VEZ NO SEU CAMINHO PARA ACENDER TODAS AS VELAS PLANTAR BONS FRUTOS FAZER BROTAR UM NOVO JARDIM PARA ESPERAR UM FURACÃO QUE AO PASSAR LEVA TUDO.
Ela declara que quando aceitou ir com ele, pensou que ele era o mesmo que ela rejeitou durante tanto tempo. Só depois percebeu que ela havia mudado. Quer dizer: não o seguiu porque ele havia mudado, pois isso só descobriu no convívio com ele.
Está declarando que o vê como um alvo. Que acredita que o ajudará e, depois, o abandonará, causando-lhe grande sofrimento. Ao que ela disse, ele está bem financeiramente. Conseguiu o que conseguiu sem outro tipo de organização que não a que vinha usando. O que ela diz estar fazendo, é tentar organizar os negócios dele, que funcionaram bem até aqui. Portanto o que ela fizer, não deverá ajudá-lo significativamente. Parece que o grande benefício que ela lhe propicia é sua companhia, e disso parece não restar dúvida. Portanto, se ela o abandonar, o sofrimento será terrível e, disso, não parece restar dúvida.
ISSO TUDO ACONTECEU POR UMA RASÃO QUE NÃO SEI QUAL ESTAVA COM OUTROS PLANOS EMBORA SABIA QUE O PREÇO IRIA SER ALTO MAS ESTAVA DISPOSTA A PAGAR TINHA DECIDIDO QUE PELO MENOS POR UM TEMPO QUERIA FICAR SOZINHA ARRUMAR ALGUMA QUE DESSE O MINIMO DE SUSTENTO EM FIM ESTAVA COM A IDÉIA FEITA ESTA ERA A MINHA INTENSÃO MAS POR ALGUMA RASÃO ALGUEM JÁ ESTAVA COM OUTROS PLANOS AGORA VEJA SE TEM EXPLICAÇÃO, JÁ TINHA PENSADO BASTANTE NESSA QUESTÃO DE MORAR SOZINHA ECOLHI TENTAR UM POUCO EM SANTANA DA LUZ TALVEZ PELO FATO DE TER BASTANTE DE CONHECIDO E SER UM LUGAR PEQUENO EM CONVERSA ALI OUTRA AQUI VERIFIQUEI QUE HAVIA BASTANTE DE CHANCE DE ENTAR EM ALGUMAS DAQUELAS FABRICAS SE NÃO FOSSE BEM ISSO QUE QUERIA MAS ERA O SUFICIENTE PARA PASSAR MAIS ALGUM TEMPO COM TODOS ESSES PENSAMENTO EM MENTE NÃO COMENTEI COM NINGUÉM NEM A MÃE.
VIAJEI PARA SÃO PAULO COM A MARILIA CONVERSAMOS BASTANTE ELA DE CERTA FORMA ME DAVA LIBERDADE ATÉ MOSTRAVA VOTOS DE CONFIANÇA E NEM ASSIM COMENTEI O QUE PENSAVA INCLUSIVE DISSE A ELA QUE PRECISAVA DE TEMPO PARA DECIDIR O QUE BUSCAR E DE UMA COISA ESTAVA CERTA QUE QUERIA ME RELACIONAR COM NINGUÉM POR UM BOM TEMPO EMBORA SOUBESE QUE NUNCA SABEMOS O QUE IA ACONTECER AMANHÃ ELA INCLUSIVE ME “ACONSELHOU” COLOCANDO DISPOSTA EM AJUDAR MOSTRANDO ATÉ UMA ADMIRAÇÃO ALEGANDO QUE NÃO CONHECIA O LIMITI DA MINHA CORAGEM ACABOU ENTRANDO EM ALGUMAS INTIMIDADES QUE JÁ HAVIA PASSADO POR MOMENTOS QUE TEVE VONTADE DESPERTADA PARA TAL MAS A CORAGEM NÃO FOI SUFICIENTE EMBORA ESTIVE VOM EMPREGO GANHAVA O SUFICIENTE PARA SUA SOBREVIVÊNCIA MAS FALTA CORAGEM!!!!! E ASSIM PROSEGUIMOS CONVERSANDO E FAZENDO VARIOS COMENTÁRIOS.
NO FINAL ERA PARA FICAR ATÉ NA QUINTA-FEIRA DEPOIS ACHEI MELHOR VOLTAR NA QUARTA, DE SÃO PAULO A SÃO JOSÉ VINHA PENSANDO COMO FAZER QUE NO FIM DE SEMANA TINHA QUE SAIR PARA RECEBER, VENDER VINHA PENSANDO NISSO CHEGANDO EM SÃO JOSÉ TOMEI UM CAFÉ FUMEI UM CIGARRO VAMOS PROSEGUIR VIAGEM, CINCO MINUTOS DEPOIS VOLTEI A PENSAR NOS PLANOS ANTERIOR, PENSANDO, PENSANDO, TOMEI OUTRA DECISÃO AO INVÉS DE SUBIR NO ÔNIBUS DAS 11:30HS PARA O MATOL VOU SUBIR MEIA NOITE ASSIM TENHO UM TEMPO PARA PROCURAR UMA CASA E VER REALMENTE ESSA POSSIBLIDADE O SERVIÇO JÁ ESTAVA MAIS OU MENOS ENGATILHADO, MAS AO CHEGAR LÁ OUTROS PLANOS ME ESPERAVA AGORA SE ESTIVE-SE SUBIDO 11:30HS PROVAVELMENTE NÃO TINHA ENCONTRADO COM ELE PORQUE TERIA DESCIDO NA PONTE NOVA E TUDO TINHA PASSADO NÃO ESTAVA PENSANDO NELE NÃO NEGO QUE JÁ TINHA PENSADO MAS PENSAVA QUE TINHA POSSIBILIDADE DE QUANDO ELE SOUBE-SE DO QUE ESTAVA ACONTECENDO PODERIA SE ATREVER ME PROCURAR NA MESMA HORA PENSAVA QUE NÃO FIQUEI UM POUCO LÁ EM SANTANA DA LUZ CONVERSEI COM ALGUMAS PESSOAS VI ALGUMAS CASAS ESTAVA INDO VER UMA OUTRO E NISSO RESOLVI COMPRAR UMA COCA SEI LA SENTIA UMAS SENSAÇÕES ESTRANHAS APARECIA QUE ESTAVA PASSANDO MAL SEI LÁ, MAS IMAGINEI QUE SERIA PELO CANSAÇO DO TRABALHO DA VIAGEM E MAIS O TANTO QUE JÁ TINHA ANDADO ALI ENCOSTEI UM POUCO NO BALCÃO CONTINUEI TOMANDO A COCA PAGUEI E SAI QUANDO OLHEI PARA FRENTE ALI ESTAVA ELE VOCÊ PODE NÃO ACREDITAR MAS APRIMEIRA SENSAÇÃO FOI DESVIAR DELE MAS NÃO FOI POSSIVEL, LOGO JÁ ME ABORDOU E COMEÇOU A FALAR TEVE A EMOÇÃO DISPERTADA POR TER ME VISTO ACHOU TUDO AQUILO OBRA DE DEUS QUE ATÉ ENTÃO SEGUNDO ELE NAQUELE DIA NÃO TINHA IDO ATRÁS DE MIM E SIM RESOLVER OUTROS PROBLEMAS SEM PERCEBER A CONVERSA COMEÇOU AQUELAS COISAS ASSIM DE ONDE VEM PARA ONDE VAI, NÃO TEVE DUVIDA DE DIZER QUE ESTAVA PRECISANDO MUITO CONVERSAR QUE ENCONTRAVA CHEIOS DE PROBLEMAS E INCLUSIVE PRECISAVA CONTAR ALGO QUE GOSTARIA QUE EU SOUBESSE AFINAL TANTO TEMPO SEM SE FALAR ACONTECERAM MUITAS COISAS
A versão que tenho para o encontro é um pouco diferente mas, de qualquer maneira, não resta dúvida que foi extrema coincidência, que pode ser obra do mistério que envolve toda essa história. É difícil imaginar o que a teria feito aceitar ir morar com uma pessoa, pela qual sempre demonstrou uma aversão muito grande.
Continuo achando bastante provável que o que a levou a companha-lo foi a possibilidade de sair da dificuldade que percebia teria que enfrentar para seguir os planos que traçara. Além disso, a possibilidade de trabalhar pra ele e demonstrar que era capaz, conseguindo admiração, deve Ter pesado bastante também.
Ela declara que, quando o viu, o primeiro impulso foi evitá-lo, desviar-se.
ALGUNS COMENTÁRIOS:
PESSOAS INFERIOS: NÃO CONCORDO COM SUA TESE QUE PREFIRO VIVER COM PESSOAS INFERIORES AMIM, ATÉ MESMO PORQUE ACREDITO QUE TODAS AS PESSOAS TEM SUA CAPACIDADE EMBORA NÃO ESTEJA DENTRO DO PADRÃO DO PONTO DE VISTA MEU E NEM SEU MAS ELAS EXISTEM, ATÉ MESMO PORQUE CADA UM TEM SUA SOBREVIVÊNCIA.
VOCÊ DEVE SE LEMBRAR DE QUANTAS E QUANTAS VEZES ESSA QUESTÃO FOI MOTIVO PARA NOSSO DEBATE EU SEMPRE COLOQUEI A QUESTÃO DE COMO CADA “UM” VIVIA EMBORA NÃO CONCORDA-SE COM VARIAS COISAS MAS PERCEBIA QUE ERA A MANEIRA EM QUE CADA UM ESCOLHEU PARA VIVER PORTANTO AQUELES QUE RECLAMAM NÃO SABEM OQUE FALAM PORQUE NÃO TEM CORAGEM DE ATREVER BUSCAR MUDANÇAS.
O que analisamos inúmeras vezes, é a falta de condiçõers para que as pessoas tenham acesso a educação e informação, sendo obrigadas a viver na ignorância, o que lhes dificulta entender que poderiam Ter uma vida diferente se aceitassem receber conhecimentos. Compreendessem que poderiam mudar muitas coisas, principalmente, deixar de sofrer com problemas relativamente fáceis de corrigir.
A ignorância dessas pessoas as faz acreditar que não tem capacidade de aprender, o que, somado à preguiça mental, impede que se disponham a receber conhecimentos. Não é pura e simplesmente falta de coragem, é toda uma estrutura discriminatória que leva a isso.
As pessoas inferiores a que ela se refere, seriam essas a que me referi acima. Elas são inferiores culturalmente, em conhecimento acadêmico, intelectual. De resto, são tão capazes como qualquer um. Ela sabe que sempre defendi a capacidade dessas pessoas para coisas que pessoas estudadas não tem. A falta de educação acadêmica não impede que sejam inteligentes e, principalmente usuárias de valores bons, sendo humildes e solidárias, principalmente.
Ela deveria saber que, pra mim, o vô Ião, a vó Maria e o Chico Bento, que são exemplos do que considero culturalmente inferiores; são superiores a um enorme número de doutores que conheci durante a vida. Sempre lhes dediquei o maior respeito e admiração. No entanto, não há como admitir que, culturalmente, não sejam inferiores.
|Minha crítica a pessoas que preferem se relacionar com esse tipo de pessoas inferiores culturalmente, é quando pretendem ser admiradas, não acreditando que poderiam sê-lo por pessoas cultas. Para o ignorante, um mínimo de conhecimento demonstrado por alguém, é motivo de admiração. Quem se prevalece disso é mesquinho e, talvez, mais ignorante do que aqueles que procura para receber admiração. No entanto, nunca me referi a ela como fazendo parte dessas pessoas. O que penso é que, as vezes, ela demonstra agir assim, embora isso não seja comum nela.
NESSE TEMPO QUE ESTOU AQUI CONHECI VARIAS PESSOAS NOVAS A MAIORIA FAZ PARTE DO COMUM MAS CADA UM EXERCE O OQUE SUA CAPACIDADE PROPICIA COMO POR EXEMPLO: UNS TRABALHAM EM SERVIÇO BRAÇAL, OUTRAS EM ADMINISTRAÇÃO, OUTROS SÃO DONOS E ASSIM POR DIANTE, PORTANTO CADA UM OCUPA SEU LUGAR.
DEPENDENTE DE SUA POSIÇÃO, E CADA UM TEM SUA VISÃO DE VIDA COMO SONHOS DIFERENTES E MUITOS BUSCAM REALIZAR OUTROS SE ACOMODAM UNS CONSEGUEM OUTROS VAI PARA O BURACO E NO MUNDO DOS HUMANOS ISSO É A BASE PARA QUALQUER LUGAR E CADA TEM O DIREITO DE FAZER SUA ESCOLHA ATÉ MESMO NA HORA DE PAGAR O PREÇO NINGUEM VAI LÁ PAGAR POR ELE.
JÁ DITO ALGUMAS VEZES QUE CANSEI DE ACHAR QUE UM DIA TUDO SE TRANSFORMARIA TENTANDO MUDAR AS PESSOAS ACUSANDO DOS SEUS ERROS ACREDITANDO QUE COM CONVERSAS DEFERENTE MUDARIA ALGUMA COISA, MUDOU SIM O PREÇO QUE PAGUEI DO MAIS CONTINUA A MESMA SEMPRE QUE ENTRAVA EM AÇÃO A RESPOSTA ERA A MESMA LOUCA, CHATA, TEIMOSA, ETC.... ENTÃO RESOLVI VER AS COISAS POR OUTRO LADO COLOCANDO OQUE ACHAVA SEM SUFOCAR AS PESSOAS E OBRIGA-LA A VER A REZÃO DO FATO COLOCADO DANDO O DIREITO DE ESCOLHA MAIS MALEAVEL E MANTEDO AMIZADE.
A confusão que ela faz no texto acima é espantosa. Primeiro diz que cada um é o que quer ou pode ser. Depois diz que cansou de tentar mudar as pessoas, pois isso só lhe trouxe prejuízos, ocasionando que fosse considerada louca, chata, teimosa, etc.. Ai alega que resolveu colocar o que acha das coisas, sem forçar a que as pessoas aceitem suas idéias, dando o direito de escolha a quem se dirige, sendo maleável e procurando manter a amizade.
É exatamente o que sempre defendi: não deixar de tentar, colocando o que penso a respeito das coisas e tentando levar conhecimento às pessoas. Respeitando que não consigam ou não queiram aceitar o que me proponho a oferecer, e procurando manter a amizade, independente dos resultados. O que me entristece e, as vezes causa revolta, é verificar que a ignorância causa terríveis prejuízos às pessoas, que com um mínimo esforço poderia livra-los de tais problemas. A ignorância não é culpa deles e sim de um sistema desumano, que não lhes permite Ter acesso à educação e conseqüente conhecimento.
CAPACIDADE DE ADMINISTRAÇÃO NO TRABALHO: TENHO CONCIÊNCIA DA MINHA INFERIORIDADE EM RELAÇÃO A MUITAS COISAS
VOCÊ COLOCOU ESSE FATO E DISSE SERA TENHO HUMILDADE PARA PARA BUSCAR O QUE NÃO SEI? OU VAI VIRAR UMA IGNORANTE?
GOSTARIA DE DEIXAR CLARO UMA COISA MEUS OBJETIVOS DE BUSCAM CONTINUAM TENHO ALGUNS TRABALHOS HOJE PARA FAZER QUE A MAIORIA DELES NÃO CONSEGUI RESOLVER SEM QUE FOSSE PROCURAR INFORMAÇÃO BUSCAR TER NOÇÃO DO QUE AQUILO SIGNIFICAVA E TER UMA BASE MAIS OU MENOS PREPARADA PARA COMEÇAR MOSTRAR QUEPRECISARIAM SOFRER MUDANÇAS A PRIMEIRA DELAS TER NOÇÃO DE TRABALHAR UM POUCO MAIS ORGANIZADO E ASSIM POR DIANTE.
ENTÃO ACREDITO QUE TENHO PROCURADO MOSTRAR AS PESSOAS QUE ESTÃO ENVOLVIDAS NO MEIO QUE NÃO SOU NEM UM BICHO QUE CHEGOU PARA INCOMODAR NINGUÉM AO CONTRARIO MEU OBJETIVO E SER UMA BOA AMIGA E TENTAR AJUDAR NO QUE POSSO E PARA ISSO PRECISAMOS BUSCAR SOLUÇÃO JUNTO DE CERTA FORMA TROCANDO EXPERIÊNCIA, TALVEZ ESSE É O TRABALHO MAIS DIFICIL DE MOSTRAR AS PESSOAS QUE TUDO QUE SABEMOS É MUITO POUCO DO QUE PODEMOS APRENDER, AI ENTRA A QUESTÃO DE SENTIR INFERIOR
DIANTE DE MINHA PESSOA ISSO SÓ DIFICULTA AS COISAS PARA MIM OQUE TENTO COLOCAR É QUE SOU UMA PESSOA TRABALHADORA COMO ELES ENFIM COM ALGUMAS EXPERIÊNCIAS DIFERENTE ISSO NÃO É MOTIVO PARA SENTIR SUPERIOR ATÉ MESMO PORQUE AINDA NÃO PERDI A CONCIÊNCIA DISSE SEI TAMBÉM QUE SOMADO PERDI TEMPO PODERIA TER APROVEITADO MAIS TER APRENDIDO MAIS, MAS NUNCA É TARDE PARA RECOMEÇAR.
HOJE PRECISO TOMAR CERTAS DECISÕES QUE SE ESTIVES-SE ESTUDADO SERIA MAIS FACIL, OU SE VOCÊ ESTIVE-SE POR PERTO PROVAVELMENTE A SOLUÇÃO VINHA MAIS RAPIDO, MAS NEM POR ISSO DEIXO DE BUSCAR E COLOCANDO SEMPRE QUE NÃO FAÇO MILAGRE.
VOU TENTAR COLOCAR UMA HISTORIA DOS FATOS: QUANDO CONHECI O RODRIGO ELE JÁ ERA DONO DOS SEUS PRÓPRIO NEGÓCIO
EMBORA NA ÉPOCA ELE SÓ ESTIVE-SE A OFICINA MAS ERA ELE QUEM ADMINSTRAVA TRABALHAVA JÁ TINHA FUNCIONARIO NÃO TINHA CONHECIMENTO COMO ELE ADMINSTRAVA MAIS DE QUALQUER MANEIRA TINHA ALGUMA CAPACIDADE PORQUE CONSEGUIU AO DECORRER DO TEMPO CRESCER A AMPLIAR SEUS NEGÓCIOS AUMENTAR OS FUNCIONÁRIOS E DO QUE POSSO VER PAGANDO O JUSTO VALOR PELO SERVIÇO PRESTADO POR TANTO A HISTÓRIA MOSTRA QUE PARA CHEGAR ONDE ESTA TEVE QUE TER UM POUCO DE DIGNIDADE COM AS PESSOAS E OFERECENDO UM BOM SERVIÇO INCLUSIVE ORIENTADO SEUS FUNCIONARIOS QUE MOSTRA-SE BOM SERVIÇO PARA NÃO ACATAR SEUS CLIENTES ISSO SE RESULTOU EM CRESCIMENTO AUMENTO DE RENDA.
HOJE ELE TEM QUATRO COMERCIO SENDO OFICINA MECANICA, LAVA RAPIDO, FUNELARIA E O BAR. OUTRO DIA NUMA CONVERSA COMECEI A PERGUNTAR COMO ERA A ADMINSTRAÇÃO ATÉ AQUI A RESPOSTA FOI ERA COMO VOCÊ ACHOU.
MAS COMO VOCÊ CONSEGUE LEVAR AS COISAS ASSIM TÃO DESORGANIZADO?
FOI ASSIM QUE SEMPRE FIZ MEU COMPUTADOR É A CABEÇA TENDO MARCAR ALGUMAS COISAS MAS DEPOIS ESQUEÇO E A AMIORIA DAS VEZES É FALTA DE TEMPO.
MAS COMO VOCÊ PRETENDE LEVAR AS COISAS OQUE VOCÊ ACHA QUE PRECISA FAZER PARA COMEÇAR A ORGANIZAR?
PRECISA ORGANIZAR TUDO EM TODOS OS COMÉRCIO ATÉ AQUI FOI LEVADO NAS COCHAS.
BOM VOU TENTAR CONHECER CADA COISA E VER OQUE POSSO FAZER
CONFESSO QUE QUANDO COMECEI A LEVANTAR DADOS TROCANDO ALGUMAS CONVERSA VI QUE ESTAVA COM UM ABACAXI NA MÃO
FOI FAZENDO AS COISAS COMO MINHA CAPACIDADE PERMITIA FIZ UMA TABELA DE CONTROLE DE SERVIÇO DE DESPESA PARA CADA UM TENTEI ORGANIZAR AS CONTAS A RECEBER A PAGAR LOCOQUEI A QUESTÃO DA LIMPEZA CONTROLE DE PAGAMENTO, TEM ALGUMAS EMPRESSAS QUE SÃO CLIENTE QUE EXIGIA QUE AS COISAS FOSSEM MAIS CONTROLADA POSSIVEL COMO TALÃO DE RECIBO ORÇAMENTO POR ESCRITO OPSÕES DE PAGAMENTO PREVISÃO DE ENTREGA.
POSSIBILIDADE DE CONTRATO ETC...MUITAS VEZES PERDIA SERVIÇO POR ISSO, ENTÃO PROCUREI FAZER O POSSIVEL PARA ATENDE-LO
ABRINDO SEMPRE A POSSIBILIDADE DE MUDAR E DISCUTIR O ASSUNTO.
PASSEI AS VEZES PASSO APERTADO QUANDO CALHA UMA SITUAÇÃO DESSE PORQUE EM MUITA COISA MEU CONHECIMENTO AINDA É POUCO PRINCIPALMENTE FALANDO DA OFICINA OQUE ENTENDO DE MECANICA, NESSA HORA TEM QUE TER HUMILDADE E PEDIR TEMPO PARA A RESPOSTA, PROCURA A CONCLUSÃO MAIS RAPIDO POSSIVEL AFINAL EM UMA BOA CONVERSA TUDO SE RESOLVE.
SÓ COM ALGUMAS MUDANÇAS A EMPRESÃO JÁ MUDOU UM POUCO MAS ACHO QUE ANTES DE MAIS NADA O PRIMEIRO TRABALHO QUE E PRESTADO O DA “PSICOLOGIA” HOJE TEM VEZ QUE ME SUFOCAM PARA RESOLVER PROBLEMAS QUE EU VEJO QUE ELES PODEM RESOLVER
SÓ UM EXEMPLO OUTRO DIA O GGGGGG PINTOU A PORTA DE UM PALIO E FICOU MANCHADO VEIO DESESPERADO ME PROCURAR PERGUNTANDO O QUE IA FAZER E AGORA PENSA QUEM SERIA MAIS VIAVEL EM PROCURAR UMA SOLUÇÃO ELE OU EU??????????
ENTÃO TEM COISAS QUE NÃO TEM SENTIDO E OUTRA COISA NÃO SOU E NEM QUERO SER MULETA DE NINGUÉM BOM ISSO É SÓ O COMEÇO AINDA TEM MUITA COISA A SER COLOCADA.
RELAÇÃO PESSOAL: PORQUE O TERMO PORQUE ESTA LIGADA A QUESTÃO DO TRABALHO, EM PRICÍPIO É BOA PORQUE É AQUELE NEGÓCIO NÃO POSSO ME RENDER SEMPRE AO QUE ELE QUER QUANDO A SITUAÇÃO E DE ENFRENTA-LO CONCERTEZA ENFRENTO ELE NEM SEMPRE PORQUE O MEDO MAIOR DE PERDE É O DELE ENQUANTO ENTERESAR PARA ELE QUE SEJA UM BOM CAVALHEIRO VOCÊ RELATOU QUE ELE PUDESSE ENCHER O SACO NA HORA DE TER QUE FAZER O SERVIÇO PELA QUESTÃO DE TER QUE ESTAR RELACIONANDO COM OUTRAS PESSOAS INCLUINDO HOMEM MULHERES. PODE SER QUE NEM SEMPRE SUA EMOÇÃO SEJA FAVORAVEL. A DETERMINADA SITUAÇÃO MUITAS VEZES TRANSPARECE SEU CIÚME. DE UMA COISA ELE SABE NÃO VOU ME RENDER NUNCA A FAZER ALGO PARA O CONFORTO DE SEUS CIÚMES, ATÉ MESMO PORQUE ELE NÃO TEM MUITA SAIDA, JÁ FIZ OUTRA PROPOSTA PARA ELE QUE SE ESTIVES-SE MUITO RUIM ESSA SITUAÇÃO PARA ELE ARRUMARIA OUTRA COISA PARA FAZER
ALEGOU NÃO SER JUSTO DE MINHA PARTE FAZER ISSO PRESTAR SERVIÇO PARA ALGUÉM E DEIXAR ELE DE LADO QUANTO ELE TEM TRABALHO PARA MIM, E NÃO VALERIA A PENA ENFRENTAR UMA ROTINA DE TRABALHO PARA O FINAL NÃO TER A RECOMPENSA MERECIDA.
QUANDO O TRABALHO QUE ELE OFERECE FICA POR MINHA CONTA DE DECIDIR A CARGAHORARIA A AS CONDIÇÕES DE TRABALHO, NISSO REALMENTE ELE TEM RAZÃO QUEM DECIDE MEU TRABALHO SOU
ISSO NÃO DEIXA DE ME VER DIANTE DE UMA RESPONSABILIDADE DE CONCLUIR MEU SERVIÇOS, MAS TENHO A POSSIBILIDADE DE ESCOLHER COMO SERA A MELHOR MANEIRA DE FAZE, ENTÃO UM DIA FAÇO O SERVIÇO QUE TENHO QUE FAZER NA RUA OUTRO JÁ É COISA QUE PRECISO FAZER NO COMPUTADOR FICO EM CASA, MAS O QUE EU COLOQUEI FOI O SEGUINTE TUDO ISSO NÃO É MOTIVO PARA ME PRENDER SE ME ENCHER O SACO JOGO TUDO PELO ALTO E VOCÊ SABE MUITO BEM DO QUE ESTOU FALANDO. ISSO É SÓ PARA TE COLOCAR QUE POR ENQUANTO ELE TEM PROCURADO AGIR DA MELHOR MANEIRA POSSIVEL EVITANDO DE ME IRRITAR COM ESSAS COISAS DE QUE NÃO DEIXO, NÃO PODE, NÃO ACEITO, ETC.....NÃO SEI QUANTO TEMPO ELE VAI ME SUPORTAR TALVEZ SE ENCHA O SACO PRIMEIRO DO QUE EU.
QUANDO COMENTAMOS SOBRE ESSAS COISAS OQUE ELE ME COLOCA É QUE ESTA VIVENDO UM SONHO, SEGUNDO ELE DISSE QUE SEMPRE SOUBE QUE COMIGO ELE SERIA DIFERENTE ATÉ MESMO PORQUE TODAS AS MULHERES QUE PASSARAM NA SUA VIDA SÓ TINHA INTERESSE EM DINHEIRO MAS NA HORA DE FAZER ALGUMA COISA ESTAVA FORA ELE ALEGA QUE POR CONSEQUÊNCIA DAS ATITUDES DELAS ELE AGIA COMO ACHAVA QUE TINHA QUE AGIR PORQUE ELAS SÓ QUERIAM DE SABER DE DAR O NÓ NELK E ELE RETRIBUIA COM AMESMA
HOJE ELE É UMA PESSOA DIFERENTE QUE NÃO PRECISA BUSCAR MAIS NADA REALIZOU AQUELE SONHO QUE TANTO ESPEROU HOJE ELE SE RENDE A MJUITAS COISAS QUE ANTES PARA ELE SERIA UM ABSURDO.
VOU DAR UM EXEMPLO: OUTRO DIA UM AMIGO DELE ME PROCUROU E APARENTEMENTE É ATÉ UMA PESSOA LEGAL JÁ É DE IDADE A MULHER DELE TAMBEM ME PARECE UMA BOA PESSOA, ELE ME PROCUROU DIZENDO QUE PRECISAVA CONVERSAR COMIGO PEDI QUE ELE ENTRA-SE MANDEI SENTAR E DISSE QUE PODERIA DIZER, O QUE ELE ME APRESENTOU FOI UMA CARA DE PREOCUPADO QUE NAQUELE MOMENTO IA DESPEJAR FALAR DE PROBLEMAS, MAS ME ENGANEI ELE SIMPLESMENTE VEIO PEDIR PARA EU DEIXAR O RODRIGO IR COM ELE EM SÃO PAULO NA MADRUGADA SEGUINTE COMPRAR UM CAMINHÃO ACHEI ESTRANHO AQUILO PERGUNTEI PORQUE A RASÃO DE UMA COISA DAQUELA ELE VIR PEDIR ESTRANHO, NÃO SABE OQUE É QUANDO PEDI QUE ELE FOSSE COMIGO ELE ME DISSE VAI-LÁ E PEDI PARA A “PATROA”SE ELA DEIXAR EU VOU SE ELA NÃO DEIZAR NÃO VOU MAS EU QUERIA QUE ELE FOSSE PORQUE CONHECE O CAMINHO.
FIQUEI ATÉ SEM RESPOSTA ELE QUEM SABE NÃO MANDO NELE.
O CARA AGRADECEU E SAIU, PASSADO UMAS DUAS HORAS O VOLTOU COM A CARA PIOR DO QUE TINHA SAIDO CHEGOU NA PORTA E DISSE: OLHA DONA EU VOLTEI SABE PORQUE?
EU JÁ COMI O TOCO DELE QUE DONA DONA DO QUE?
ENTÃO DESCULPA, MAS EU VOLTEI PORQUE O RODRIGO FALOU DO JEITO QUE OCÊ DEU A RESPOSTA ELE NÃO VAI NÃO, MEU DEUS A SENHORA “POPOTIZOU” O HOME EU CONFESSO QUE FAZ UNS VINTE ANO QUE CONHEÇO ELE E NUNCA VI ACONTECER UM NEGÓCIO DESSE.
TUDO BEM PODE ELE IR SIM PORQUE NÃO DEIXAR.
SABE OQUE É QUE AS TURMA AQUI É DIFICIL TEM UMA CIUMEIRA DADANA AS VEZES OCÊ PODE PENSAR QUE VAMOS ATRAS DE BAGUNÇA NÉ?
OLHA O NEGÓCIO É O SEGUINTE A CONCIÊNCIA É DELE JAMAIS VOU FICAR PREOCUPADA COM ISSO OU FICAR ANDANDO ATRÁS DELE POR IMAGINAR QUE PODE ESTAR COM OUTRA O PROBLEMA É DELE E FAÇA O QUE QUISER DE SUA VIDA.
AQUELE HOMEM FICOU COM UMA CARA QUE É IMPOSSIVEL DESCREVER AGARDECEU NOVAMENTE.
QUANDO RODRIGO CHEGOU PERGUNTEI A ELE QUAL ERA A RAZÃO PARA TUDO AQUILO, ME RESPONDEU, QUANDO ELE ME PEDIU EU FALEI QUEM DARIA A RESPOSTA SERIA VOCÊ PARA NÃO CORRER O RISCO DE ASSUMIR UM COMPROMISSO COM O CARA E DEPOIS VOCÊ NÃO DEIXAVA EU IR OU ARRUMAR QUALQUER PROBLEMA ENTÃO PREFERI QUE ELE PEDI-SE.
OUTRO EXEMPLO; OS AMIGOS DELE MARCARAM PARA IR PESCAR EM ALFENAS E CHAMARAM ELE INCLUSIVE TODO ANOS VÃO INCLUSIVE O RODRIGO, SÓ QUE TEVE UM DETALHE SÓ FOI OS HOMENS NESSE AS MULHERES NÃO IA PORTANTO O RODRIGO NÃO FOI TAMBÉM E ASSIM POR DIANTE, SÓ RESUMI UMA COISA PARA ELE NÃO FICA SE RENDENDO A ESSAS COISAS PARA AMANHÃ TER MOTIVO DE QUERER ME INPEDIR, VOCÊ VAI OU DEIXA DE IR PORQUE VOCÊ QUER NINGUÉM É DONO DE NINGUÉM, ELE FALOU NÃO FUI NÃO VOU OQUE VOU FAZER SEM VOCÊ LÁ.
quarta-feira, 16 de janeiro de 2008
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