quarta-feira, 16 de janeiro de 2008

ponto1

26/01/06
Ontem foi um dia muito importante. A emoção cedeu bastante e a razão pode influencia-la, mostrando que a Josi não existe mais e que não tem sentido buscar revivê-la na Jose.
A Jose faz parte da maioria das pessoas, encarnando a covardia, egoísmo e prepotência. Usa e abusa da hipocrisia na busca de seus interesses. Ela sabe que a conheço e isso lhe faz muito mal porque, além de saber-se conhecida por outra pessoa, na minha presença, ela é obrigada a ver-se e tem que fazer um esforço muito grande para não admitir que é medíocre.
A Jose, além do corpo, permanece com o conhecimento e alguns valores da Josi. No entanto, olhando para o computador, me ocorreu uma analogia: A Josi era um computador cuja capacidade vinha sendo aumentada no decorrer do tempo. A Jose roubou esse computador, no entanto, deixou pra traz o processador que foi substituído por um antigo e contaminado de virus.
A princípio, a emoção tendeu à revolta, ao ódio, desejando que ela fracasse em suas tentativas de sucesso, como castigo por Ter matado a Josi. No entanto, a razão mostrou que esse não é o melhor sentimento para este caso. A Jose me merece a mesma consideração que dedico a grande número de pessoas: pena e desprezo. Ela é tão perniciosa para a humanidade e para si mesma, como a enormidade de pessoas que são como ela. São verdadeiros criminosos, matadores de vida e de felicidade. São verdadeiros urubus que só se alimentam de carniça. No entanto, eles são maioria, infelizmente; e é praticamente impossível eliminá-los. O melhor que temos a fazer é desprezá-los, procurar esquecê-los, evitando ser atingidos por eles.
Só me resta torcer para não recair. Ainda sinto esperança de que a Josi possa voltar. No entanto, enquanto isso não acontecer, tenho que evitar ver na Jose o que ela destruiu. Ela não merece o mínimo de consideração, somente desprezo. Espero conseguir me manter assim, seguindo a vida e esperando que ela me reserve algum motivo de felicidade, procurando esquecer esse episódio tão negro e causador de tanta infelicidade.

01/02/06
Ontem fui com o Chico Belo, Silvinho, Oscar e Neto, pescar em São Francisco. Na volta, no final da tarde, ao chegarmos no sítio do Neto, Pedi ao Roni que pedisse à Jose o cartão do banco para que eu pudesse retirar meu pagamento hoje. Ela me mandou o cartão e vim embora sem vê-la.
Hoje pela manhã, fui com o Chico Belo em Santana. O pagamento ainda não havia sido depositado. Na volta comentei com o Chico que estava pensando em vender a moto para, com o dinheiro, pagar a quitação da firma que está em nome da Jose, arrumar o carro e o trator. Que o que me levara a pensar nisso, era o fato de a Jose não estar usando a moto e deixando o irmão andar com ela, correndo riscos desnecessários.
Passei na casa dela para devolver o cartão do banco e comuniquei-lhe o que havia pensado em relação à moto. Ela disse que não poderia se opor a que eu a vendesse, mas que tinha feito outros planos pra ela. Que pretendia mandar arrumá-la, uma vez que estava muito ruim e que, por isso, não a estava usando. Que pretendia mandar arruma-la no próximo mês, quando acreditava que teria dinheiro para isso.
Disse-lhe que não pretendia voltar atrás na palavra que lhe dera, que lhe emprestaria a moto para seu uso. Que pensara em vendê-la para usar o dinheiro no encerramento da firma e no conserto do carro e do trator. No entanto, se ela pretendia arrumá-la e usá-la, eu não me oporia. Falei-lhe sobre o risco de o irmão usar a moto e ela disse já Ter resolvido isso, impedindo-o de continuar a fazê-lo.
Ela me pediu para levar a moto em Santana, quando fosse mandar arrumá-la, porque tinha medo que a policia a pegasse pilotando-a, uma vez que não tinha habilitação para moto. Disse que a habilitação de motorista, que demos entrada na renovação em São José, ainda não havia saído. Que procurara o despachante em Santana e que este lhe dissera que não poderia fazer nada, que deveria procurar uma auto-escola para resolver o problema. Argumentei que o processo estava em São José, que ela tinha um protocolo e que, apresentando-o na CIRETRAN, eles teriam que entregar-lhe a habilitação renovada ou identificar algum problema que pudesse estar ocorrendo. Ela disse que o protocolo estava com a Sílvia.
Ela decidiu não continuar trabalhando no Eduardo e, ao que eu soube, não o comunicou dessa decisão. Ele, quando ela não apareceu para trabalhar, teria mandado o Valdinei ir chamá-la em casa. Ela teria lhe dito que não iria mais. Ao saber disso, o Eduardo foi procurá-la e passou-lhe uma descompostura, acusando o erro que ela cometera ao abandonar o trabalho sem aviso prévio.
Infelizmente ela continua metendo os pés pelas mãos, cometendo erro em cima de erro. Este, poderá resultar na perda do processo da renovação da habilitação, obrigando-a a outras despesas para consegui-la.
Ela conversou comigo normalmente, sem demonstrar repulsa nem afeto.

02/02/06
O Chico esteve aqui depois do almoço. Veio a cavalo. Contou que, no Domingo, quando a Jose, Maravilha e sua turma, estavam na venda, beberam e fizeram bagunça e que o Régis acabou apanhando do irmão da Siriema. Que a Cida lhe contou na Segunda feira, que a Jose só chegou pela manhã e que foi trabalhar direto.
É um saco! A Jose é outra pessoa, o oposto da Josi. Tenho certeza disso e, portanto, não deveria me incomodar com o que a Jose faça. No entanto, as atitudes da Jose me incomodam, me fazem mal, me sinto mal. Talvez porque ela use o corpo que amei tanto, que me deu tanto prazer. Talvez porque tenha esperança de que a Josi volte e o que a Jose está fazendo vá pesar para a retomada do relacionamento. O problema é a maldita esperança! Ela gera todos os problemas, faz com que a Jose me incomode e me impede de desconsidera-la, despreza-la totalmente. É um saco!

05/02/06
Desde ontem estou me sentindo tomado de profunda melancolia. Sinto saudade de ser amado e poder amar. Sinto pena e raiva da Jose, que me ocupa o pensamento e não me deixa em paz.

06/02/06
Tive uma recaída forte. Sonhei com a Jose, alguém me disse que ela teria voltado para o Renato.
Essa recaída deve Ter começado na Sexta-feira, quando a encontrei em Santana em companhia do Maravilha, Laura e Cida. Ela usava brincos de aros grandes, parecidos com os que usava quando a conheci.
A maior revolta estou sentindo em relação ao Maravilha. Ele está demonstrando, cada vez mais, o quanto é falso. Reafirmo que não acredito que eles estejam tendo algum tipo de relacionamento amoroso. Ele está se aproveitando de uma situação para massagear seu ego. Deve estar curtindo muito desfrutar da companhia dela. Mas o problema não é esse. Ele traiu a amizade que lhe dediquei e que afirmava ser recíproca. Ele optou pela amizade dela, com quem não tinha maior relacionamento, deixando-me de lado. Não precisaria Ter feito isso, bastava que não tivesse me excluido. No entanto, me excluiu, em favor dela e continua fingindo amizade, que está claro, é uma mentira.
É claro que o ciúmes está influindo na emoção que estou sentindo pelo Maravilha, mesmo considerando que não há relacionamento amoroso entre eles. No entanto, a partir dessa atitude dele, pude rever comportamentos anteriores, em relação a outras pessoas e pude verificar que ele sempre foi falso e hipócrita. Na verdade é um coitado, um ignorante e prepotente que interpreta ser humilde e inteligente.
Quanto a ela, é outra pessoa e, quanto a isso, não resta dúvida. Não consigo acreditar que haja explicação lógica para o que a levou a Ter a personalidade tão mudada. Pra mim, continua sendo um grande mistério. Para quem sabe que a vida tem tantas possibilidades, limitar-se à vida que ela vem levando, é ininteligível. Portanto, está caracterizado que houve a transformação radical, transformando-a em outra pessoa e permitindo-lhe aceitar esse tipo de vida, que para a Josi seria inadmissível por tanto tempo.
Me ocorreu que eu teria amado a Nair e, ao ser abandonado por ela, passei a sentir ciúmes da Nélia, outra mulher, a quem nunca amara. Claro que o problema é que a Jose está no mesmo corpo da Josi e é difícil admitir que seja outra pessoa. No entanto, é isso que acontece. Ela é, realmente, outra pessoa, o oposto da Josi. Se amei a Josi, o lógico é que sinta aversão pela Jose, afinal, o que era admirável naquela é detestável nesta.
Tive um ataque de choro ontem, que se repetiu hoje cedo. Continuo sem ânimo para trabalhar. Tenho muita coisa para fazer, mecher no trator, no carro, na fazenda; no entanto, falta-me ânimo. Até quando esse martírio deve continuar?

O Chico veio aqui depois do almoço. Contou que na Sexta-feira, enquanto a Laura e a Cida vieram no carro do Maravilha, a Jose e o Baianinho subiram na camionete da compra. Que o Baianinho ficou na casa da Cida e que, logo depois o Maravilha foi até lá, fez a volta com o carro no gramado e fui embora, demonstrando muita raiva. Disse ainda que o Baianinho dormira lá, com a Jose.
Ao que tudo indica, o Maravilha ficou com ciúmes. A Jose confirmou a atração que demonstrara estar tendo pelo Baianinho. Pode ser que o clima na casa do Maravilha fique muito ruim. De qualquer maneira ele deverá sofrer bastante. Terá recebido o castigo por sua deslealdade e por sua esperteza idiota.
A Cida teria dito que os dois terão que arrumar um lugar para morar, pois na casa dela não será possível, que a Marília não concordará. Depois, ela teria dito que ao dizer isso pra Jose, que ela dissera que não pretendia ir morar com ele, que só estava namorando e que dormir juntos não queria dizer nada.
Acho que esse relacionamento teria grande dificuldade de dar certo, principalmente porque o Baianinho é muito correto, honesto e trabalhador, porém, mantém conceitos tradicionais e duvido que permitirá a liberdade que a Jose precisa para viver. Além disso, há a dificuldade financeira. A solução para eles, seria arrumar um emprego de caseiros, onde poderiam morar e sustentar-se. Será que o Baianinho conseguirá propiciar a liberdade a ela? Será que ela conseguirá viver sem essa liberdade? Só o tempo dirá.

Como escrevi pela manhã, estou angustiado. Não é melancolia é angústia, causa sofrimento e o pensamento involuntário me domina. A informação a respeito da Jose Ter dormido com o Baianinho piorou um pouco meu estado.
Eu já esperava por esse relacionamento, afinal de contas, tudo indicava que aconteceria. A admiração dela pelo jeito diferente dele, a carência afetiva, a necessidade de Ter alguém ao lado; tudo isso a levaria a aceitar esse relacionamento.
Ele, há tempo, já demonstrava forte atração por ela, talvez esteja realmente apaixonado, o que não é nada estranho. Eu não deveria me importar com isso. Meu problema é não tê-la e não o que faça com a liberdade a que tem direito. A única coisa a recriminar é o fato de ele dormir com ela, desobedecendo uma determinação tácita da Marília proibindo que isso acontecesse. Eles poderiam praticar sexo em qualquer lugar, evitando de correr o risco de criar problemas. Ele não precisaria dormir ali, depois de se amarem, ele poderia ir embora e evitariam problemas. Más, que diferença faz isso para mim? Estou me agarrando em algo reprovável por não poder criticá-los por qualquer outro motivo. Não importa se ela está certa ou errada, está fazendo o que tem vontade e assumindo a responsabilidade. Teve o cuidado de livrar-se do compromisso que tinha comigo, para poder agir livremente. O problema está em mim, em não conseguir viver sem ela e, isso, me lava a analisar seu comportamento, acusando desvios, tentando acreditar que está agindo errado. A lógica mostra que devo Ter razão, que ela está desperdiçando uma coisa preciosa, que sem falsa modéstia, sou eu. Eu poderia continuar ajudando-a a ser uma pessoa diferente, sem precisar abrir mão de coisas que quisesse fazer. Claro que eu não poderia suportar que vivesse maritalmente comigo e mantivesse um outro relacionamento. No entanto, desligada de mim, como mulher, poderíamos se amigos e eu poderia continuar sendo o amigo que sempre fui. Acho que isso me seria menos ruim do que está sendo agora.
No entanto, a verdade é que ela está sentindo que eu sou um estorvo, que ela precisa de outra coisa e que eu poderia ser um estorvo. Ela está fazendo o que pode dentro do que pretende. Ninguém a está obrigando a qualquer relacionamento, seja amoroso ou de amizade. É isso que ela quer, os motivos que a teriam levado a isso, não são importantes. O que importa é a constatação e ela mostra que ela não me quer. Os motivos ficam em segundo plano. Ela não me quer e acabou. Eu deveria me conformar com isso, no entanto, não consigo, fico remoendo os acontecimentos e sendo perturbado pela esperança de que ela possa voltar pra mim. É um verdadeiro inferno, mas é verdade.


07/02/06
A angústia foi diminuindo durante o dia e se transformou em melancolia.
Durante a noite fui atormentado por sonhos com ela, despertando várias vezes.
Estou tentando redigir com fidelidade os pensamentos involuntários e percebi que é muito difícil. Quando tento fixá-los eles desaparecem. Parece que eles provocam um vazio na mente para que a emoção promova os pensamentos.

08/02/06
Estou me sentindo bem melhor. A causa é que consegui considerá-la uma coitada. Está perdida e buscando satisfação onde seja possível. Desfrutar da emoção, do contato físico com um rapaz agradável, não é algo para se desprezar. Continua prepotente, desconsiderando o que suas atitudes possam gerar de mal aos outros. Continua não se importando com o sofrimento que possa causar, ostentando o que quer sem qualquer outra preocupação. Está sendo totalmente egoísta, prepotente e covarde, só pensando em si, sem coragem para enfrentar a realidade. É lamentável. No entanto isso me livra, de certa maneira, de buscar compreendê-la, aceitando que é uma pessoa medíocre e digna de desprezo. Não vou questionar isso, vou aceitar pura e simplesmente, aproveitando a pouca paz que me propicia.

16/02/06
A melancolia continua me atormentando. Não consigo deixar de pensar nela. Do que fez e, principalmente, por que teria feito (a separação).
Voltei a considerar que ela tenha interpretado todo o tempo que esteve comigo, ajudada pela minha adoração que poderia Ter me impedido de perceber sua hipocrisia. É uma possibilidade, no entanto, é difícil acreditar que tenha sido assim. A maior probabilidade continua sendo a mudança de personalidade, realçando defeitos que ela tinha mas controlava e anulando qualidades que evidentemente tinha e que a faziam diferente da maioria.
O motivo dessa transformação fui eu. Alguma coisa a fez agir como agiu e, continua agindo, para me prejudicar, considerando-me uma coisa ruim, de quem deve fugir, evitar. Por mais que reconsidere os dados e análises, não consigo encontrar um motivo que a tenha levado a me considerar tão prejudicial.
Lembrei-me da última vez que fomos a São José. Estava tudo bem até o meio da tarde, quando passamos em um supermercado. Dalí em diante, me lembro de Ter comentado com ela que não estava sendo carinhosa, não pegava em mim ou qualquer outra demonstração de carinho. Mesmo depois desse comentário, ela não foi capaz de me pegar na mão, pelo menos. Aconteceu alguma coisa, que não atino o quê.
Pra mim, continua tudo sendo um verdadeiro mistério.
17/02/06.
Encontrei o Chico na venda e ele me disse que a Jose mandara me avisar que tinha dado um cheque de trezentos e cinqüenta reais para o Tiãozinho, para dia dez de março. Que como meu pagamento seria depositado em sua conta e que eu deveria deixar oitenta reais para pagar a parcela do ourocard, que bastava que eu não retirasse nada e ficaria tudo certo.
Que ela não queira ser minha amiga e evite conversar comigo, é um direito dela. No entanto, tomar decisões e assumir compromissos por mim, sem me consultar, é abuso. Devo procura-la e dizer-lhe isso. Afinal, eu havia pensado em conversar com o Tiãozinho e combinar o fechamento da firma para maio quando vence a carência do ourocard.

Escreverei abaixo o texto da conversa que pretendo Ter com a Jose:

Jose, é uma pena que você tenha desconsiderado o que foi nosso relacionamento. Ele foi uma coisa excepcional, verdadeiro modelo demonstrando que seria possível a convivência harmônica da sociedade, desde que as pessoas fizessem o que nós fizemos.
Infelizmente, alguma coisa muito forte te fez mudar, tornando-te igual a maioria. Isso fez com que o grande valor que você via em mim, se transformasse em motivo para me repudiar, vendo-me como um grande mal a ser evitado.
Procurei fazer tudo que esteve a meu alcance para te mostrar a irracionalidade do que estava acontecendo, oferecendo toda a ajuda que me fosse possível. Não te exigi nada além de sinceridade, Te ofereci minha amizade e a possibilidade de voltar para mim, se esse fosse seu desejo. Em fim, me coloquei como um verdadeiro amigo, solidário e disposto a enfrentar o que fosse necessário para te ajudar.
Você fez todo o possível para me prejudicar, abandonando-me sem maior explicação, evitando conversar comigo. Mandou encerrar a firma, sabendo o quanto eu dependia dela. Me impediu de usar a conta do banco e mandou cancelar a conta no posto de gasolina. Mesmo estando morando com um cara que te oferecia todo o conforto, tentou se apropriar dos bens a que achou que tinha direito. Fez tratativas com o Maravilha sem me consultar ou me dizer o que pretendia. Mandou buscar em casa o que considerou ser seu, esquecendo-se que, se deveria haver partilha, tudo aquilo deveria entrar na conta.
Não teve coragem de dizer que não queria minha amizade, fingindo aceitá-la. No entanto, seu comportamento em relação a mim, demonstra com extrema clareza que não me suporta, deixando claro que me despreza, considerando-me algo pernicioso.
Quando, percebendo que você não estava usando a moto, que estava deixando o Reginaldo andar com ela, correndo o risco de algum acidente; te consultei sobre a possibilidade de vendê-la, usando parte do dinheiro para pagar o encerramento da firma. Você alegou que pretendia reformá-la e que já proibira o Reginaldo de usá-la. Concordei, para não faltar com a palavra que te dera de deixá-la a tua disposição.
Pensei em conversar com o Tiãozinho e combinar com ele para deixar o encerramento da firma para maio, quando vence o ourocard e poderá ser feita a retirada. Você, sem me consultar, foi lá, deu um cheque no valor de trezentos e cinqüenta reais, mandando-me recado para providenciar sua cobertura.
Que você não aceite minha amizade e evite conversar comigo, é um direito seu. No entanto, assumir compromissos em meu nome, sem me consultar, é um abuso. Você tem todo o direito de fazer o que quiser com sua vida, entretanto, não tem direito de invadir meus direitos, assumindo compromissos por mim, sem me consultar.
Estou seriamente desconfiado de que você está acreditando e, talvez, até divulgando, que eu tenha te prejudicado na partilha. Isso seria uma tremenda covardia, pois te mostrei a planilha e me dispus a esclarecer qualquer dúvida, com quem você indicasse, uma vez que sei da sua dificuldade com contabilidade.
Acho que você extrapolou todos os limites da coerência nesses meses em que estamos separados. Gostaria que você pudesse reagir, voltando a ser o que já foi. No entanto compreendo que isso não depende de você e lamento que esse mistério tenha causado tamanha catástrofe.
Estou te apresentando novamente a planilha da partilha e, novamente me colocando a disposição para qualquer esclarecimento. No entanto, se for confirmado que você tenta me difamar, alegando que foi ludibriada na partilha, me darei o direito de divulgar a planilha, procurando reabilitar-me perante as pessoas.

19/02/06
Ontem fui no Chico Belo, no meio da tarde, e não havia ninguém. Passei na Cida para conversar com a Jose e, também não havia ninguém.
Encontrei as filhas do Maravilha na estrada, que me disseram que ele estava na casa do Valdeci. Passei lá e falei com ele. Ele disse que estavam cortando a madeira, que era fina, por isso estavam rolando-a, sem necessidade do trator. Perguntei-lhe se a Jose estava lá e ele disse que não. Que achava que tinham ido a um casamento no Junco, que o Luizinho, também teria ido.
Desde Sexta-feira estou revoltado e me sentindo muito mal, com o fato da Jose Ter decidido pagar o Tiãozinho sem me consultar. Fui procurá-la ontem para dizer-lhe o que escrevi acima. Não a encontrando, a revolta e a angústia diminuíram.
Considerei que dizer-lhe aquilo não teria maior efeito, ela ouviria e desprezaria, alegando que tinha direito de tomar providências, uma vez que era seu nome que estava envolvido. Claro que, como eu é que teria que pagar, não tinha o direito de agir sem me consultar.
Ela está se achando a fudidona, totalmente prepotente, considerando que pode resolver tudo, desconsiderando o bom senso e a justiça. Considerei que talvez seja melhor agir de maneira mais sintética: dizer-lhe que só pagarei quando puder retirar o ourocard e que ela deve procurar o Tiãozinho e refazer o trato feito. Dessa maneira ela terá que se humilhar a renegociar ou arcar com o ônus até que o investimento possa ser resgatado.
Continuo sendo assediado pelo pensamento involuntário. Ontem à noite ele me atormentou, repetindo o que eu deveria dizer a ela: que desprezara o que desfrutamos de bom durante o relacionamento, desprezou meu amor e minha amizade. Que tinha direito de fazer isso. No entanto, não tinha direito de Ter assumido compromisso em meu nome sem me consultar. Vem me repetindo isso desde Sexta-fera, incessantemente, insistentemente. Por mais que me esforce, não consigo me livrar disso.
Acordei hoje com a visão dela nua, em pé, de meio perfil com destaque para seus pêlos pubianos. É um saco! Tenho plena consciência da imbecilidade disso, de que devo me livrar desses pensamentos, no entanto, todo o esforço até aqui tem sido inútil. Só consigo me livrar disso quando escrevo e leio, mas, mesmo assim, ele acaba interferindo, me desviando do que estou fazendo.
É uma mistura de amor, amor próprio ferido, sentido de injustiça, revolta contra o mistério; resultando num mal estar terrível.
Por volta das nove e meia da manhã, já me sentia bem melhor. Pensei no bem e no mal e no como podem aparecer numa mesma pessoa. A Josi representou o bem, o melhor dele. A Jose representa, para mim, um grande mal. Tanto uma como a outra ocuparam o mesmo corpo. Todos nós somos assim, bons e maus, dependendo da situação e dos interesses, das influências que sofremos.
O tempo, o aprendizado e a experiência, vão nos modificando durante a vida. No entanto, também são possíveis modificações instantâneas e muito grandes, como aconteceu com a Jose. Sinto arrepios só de pensar que a prudência recomenda que tomemos cuidado, mesmo com as melhores pessoas que conhecemos, pois o tempo poderá modificá-las e poderão usar nossas confidências para prejudicar-nos.

20/02/06
No final da tarde fui no Chico Belo e, na volta, passei na casa da Jose e disse-lhe que só poderia pagar o cheque que ela dera ao Tiãozinho para dia dez de março, quando resgatasse a aplicação no ourocap, em maio. Disse-lhe que como ela decidira sem me consultar, que procurasse o Tiãozinho e refizesse o acerto. Ela saiu sem se despedir.
Sinto que ela não me afetou. Acho que estou sentindo o que a razão já me expôs há muito tempo: que é outra pessoa, que não tem nada a ver com a Josi. Essa é desprezível.
Ela tem o direito de fazer o que está fazendo, mesmo porque suas ações não tem porque ser condenadas. Não está prejudicando ninguém e parece estar feliz. O meu prejuízo se deve a sua excepcionalidade, uma coisa que acabou e de que ela não pode ser responsabilizada. Ela foi afetada de alguma maneira e teve os valores, em relação a mim, totalmente alterados. Está obedecendo a seus sentimentos, deixando a emoção comandar sua racionalidade para justificar suas atitudes.
Além do meu prejuízo emocional, a grande prejudicada poderá ser ela mesma e como está assumindo a responsabilidade pelo que está fazendo, não há como condená-la.
A única coisa de que ela pode ser acusada, é de Ter desprezado minha amizade, sem Ter motivos que justificassem isso. Do resto, ela não fez nada, até aqui, que eu saiba, que dê motivos para condená-la.
O que me incomoda e não consigo compreender, é o fato de Ter passado de ídolo a anti-herói. Isso é incompreensível!

21/02/06
Continuo com a sensação de ontem: parece que a Jose não me afeta mais. É como se a Josi tivesse morrido e eu começasse a me conformar com isso.
A intensidade da relação que vivi com a Josi, me deixou mal acostumado. Agora sinto uma tremenda falta de amor, amizade, companheirismo e cumplicidade.
Estou considerando que não poderei continuar aqui por muito tempo. Sinto necessidade de me deslocar, de mudar. Não nasci para ficar parado. Nas condições em que estou vivendo aqui, estou condenado a desfrutar de sossego exagerado e isso não é bom. Preciso de motivação, de conversar com gente inteligente, de expor o que penso, ser contrariado e poder questionar e reexaminar minhas teses.
Este tipo de vida e ambiente foram bons nestes últimos meses, porque me propiciaram escrever, registrando emoções, análises e visão poética da situação vivida. No entanto, a emoção está se estabilizando e o escrever já não atende minhas necessidades.
Não sinto disposição para trabalhar. Não tenho coragem de pegar a égua para correr os pastos e verificar o gado. Não me atrevo a pegar o gancho e roçar, nem de capinar a horta e plantar. Só tenho conseguido tratar os porcos e galinhas. Tiro leite para consumo e para alimentar o cachorro. Com um pouco mais de coragem, poderia tirar o suficiente para, pelo menos, fazer um queijo por dia. No entanto, não sinto disposição para isso e não estou afim de me pressionar para fazê-lo.
O ideal continua sendo o que venho sentindo há alguns anos: fazer palestras e participar de seminários e discussões, sendo provocado a pensamentos objetivos, livrando-me dos pensamentos involuntários. Isso me permitiria continuar escrevendo com mais facilidade e com maior motivação. Sei que isso é difícil, que dependo de ajuda mas, principalmente do mistério possibilitando que a sorte me favoreça.
Só sei que tenho que sair. Me deslocar em busca de algo diferente, de motivação. Estou me sentindo atrofiado e o pior; velho, o que nunca tinha acontecido até aqui.
Vou esperar uma resposta do Nakano a respeito da publicação dos livros. Preciso vender o trator, para pagar algumas dívidas. Ele é o maior impecilho no momento. Espero que até o meio do ano possa ir embora, para algum lugar, em busca de alguma coisa.

22/02/06
A quase eliminação da possibilidade de que a Josi volte, está me fazendo bem. Além de saber, racionalmente, que a Jose é outra pessoa, passei a sentir isso também. Portanto, o que a Jose faça não está me incomodando mais (espero que continue assim).
Desde ontem vem me batendo a idéia de que a Jose agiu como quem muda de religião, de uma hora para outra. É como se um católico praticante, convencido de que aquela era a doutrina certa, dedicando-lhe a maior fé; se atirasse de cabeça na doutrina evangélica, renegando a anterior e assumindo a outra como a mais absoluta verdade. É como sentisse repulsa pelo padre com quem se confessara e partilhara seus problemas, pedindo-lhe conselhos e sentindo-se confortada por ele, por tanto tempo; desprezando-o e passando a idolatrar o pastor da nova religião, a quem mal conhece ainda.
A diferença, é que a Jose não passou de uma crença a outra. Ela passou da racionalidade, do esforço para controlar a emoção; para o fanatismo emocional, deixando-se dominar como qualquer fanático religioso, acreditando que o mistério lhe propiciará tudo o que quer, desprezando toda e qualquer racionalidade.
Me parece que a Jose, considerando o mito da caverna, Tendo a oportunidade de sair dela e conhecer a realidade, desfrutando-a; optasse por voltar ao mundo das sombras.

Estou me questionando sobre meu futuro. Vejo que será difícil continuar aqui, da maneira como estou. Acho que estou vivendo a maior liberdade que um indivíduo pode Ter, no que diz respeito a falta de maiores obrigações, de compromissos com o trabalho, ganhando o suficiente para sobreviver, podendo ler e escrever a vontade. No entanto, falta-me o contato com pessoas inteligentes, ver coisas diferentes, poder discutir, conversar, movimentar-me por ambientes diferentes.
Será que conseguirei algo melhor que isto?
Poderia voltar a trabalhar com socorro mecânico para seguradoras, mas não sinto a menor vontade disso. Voltar a trabalhar com engenharia será muito difícil. Até aceitaria para trabalhar fora de São Paulo, de preferência em algum lugar distante. Outra opção seria vender alguma coisa, salgados ou doces em comércios, oficinas e coisas assim. Também não sinto maior atração por isso.
Como primeira opção, devo tentar editar os livros e conseguir palestras. Sei que é difícil, mas tudo é. Se vou tentar algo, que seja o que me atrai. Estou pensando na possibilidade de fazer mestrado em filosofia, por exemplo, o que me introduziria no meio acadêmico. Se não conseguir nada, farei o que aparecer, trombarei no mistério.
O que está cada vez mais forte é o sentimento de que não devo continuar aqui, inerte.
Tenho liberdade em relação a compromissos familiares, só preciso cuidar de mim, de sobreviver. Um dia cheguei a pensar que isto seria o ideal, mas não é! Uma coisa é Ter liberdade e falta de compromissos; outra é sentir-se só, sem objetivos, sem motivação. É preciso analisar tudo isso e tentar compreender o sentido da vida.

Me peguei pensando no bem e no mal. Enquanto alguns se empenham em fazer o bem, ser solidários, estar sempre dispostos a ajudar, outros vivem armando e tramando maneiras de prejudicar a quem estiver em seu caminho. Enquanto os primeiros são cheios de solidariedade, os segundos transbordam de egoísmo.
Como regra geral, os solidários são pobres. Quanto aos egoístas, os mais competentes costumam acumular capital, no entanto, grande parte deles, continuam tão pobres quanto os solidários, não conseguindo se beneficiar das maldades que cometem. Muitos deles, passam a vida toda prejudicando os outros, sem conseguir maiores vantagens.
Ninguém é absolutamente bom ou mal. Até os mais maldosos cometem bondades; enquanto, até os mais solidários, praticam algum mal e são vítimas do egoísmo. A diferença é que os maus cometem muito mal e raramente o bem; enquanto os bons fazem muito bem e pouco mal.
O mal não é resultado da ação só de indivíduos. Muitos indivíduos que geram males, não podem ser responsabilizados por eles. É o caso de uma mulher casada que se apaixona por outro homem. A paixão e o amor não são escolha do indivíduo. Ele acontece, independente da vontade o indivíduo. O empresário que demite funcionários por falta de mercado para seus produtos ou por falta de matéria prima, também não pode ser responsabilizado pelo mal causado aos demitidos, é uma condição de mercado a que a empresa está sujeito. Muitos males são causados por motivos misteriosos e dificilmente se poderá responsabilizar alguém por eles, inclusive indivíduos que participaram das causas.
Os indivíduos, por si só, não poderão por fim aos males porque muitos independem deles. Mas, poderiam contribuir para que os males fossem bastante reduzidos se deixassem de provocá-los.

24/02/06
Tenho dormido bem. Não tenho mais sido atormentado por pensamentos involuntários a respeito da Jose.
Claro que continuo pensando nela, involuntariamente, só que agora com mais aceitação, sem maior sofrimento, compreendendo que o ser humano é suscetível de ações misteriosas, além de ser dominado por suas emoções. É preciso ser forte e Ter muita coragem para tentar enfrentar as dificuldades que se nos apresentam.
É comum que busquemos culpados por tudo que nos causa prejuízos e, principalmente sofrimento. Acredito que é a emoção quem provoca isso, através do amor próprio ferido, do medo de ser acusado de erro, do desejo de vingança, etc..
Quando uma criança brincando, por exemplo, cai ou se machuca de alguma maneira, é comum que avance sobre outra criança ou adulto que esteja brincando com ela ou, simplesmente esteja próximo, culpando-o e mostrando desejo de vingança.
É muito comum, também, que supervalorizemos o que ou de quem gostamos e exageremos na desvalorização do ou de quem não gostamos. Muitas vezes, passamos de um extremo a outro, odiando o que um dia adoramos. Deixar de gostar já é um prejuízo razoável, passar a não gostar causa um prejuízo maior; a supervalorização, tanto no gostar, como no deixar de gostar, eleva o prejuízo ao extremo.
O amor entre duas pessoas é um bom exemplo disso. Quando se está amando uma pessoa e se é correspondido, é natural que a supervalorizemos, destacando-lhe as qualidades e, não raro, até criando algumas que não tem. Isso acontece, principalmente, na fase da paixão. Com o passar do tempo, a rotina se encarrega de ir diminuindo essa supervalorização, considerando os valores mais próximos da realidade, percebendo os defeitos na sua verdadeira grandeza.
O poder desfrutar a pessoa amada, sentindo-se amado, sem maiores problemas, tende a gerar uma segurança que vai provocando a desvalorização daquilo que é fonte de felicidade e prazer. É um fenômeno natural no ser humano.
Se não houver a percepção dessa possibilidade, as pessoas tendem a ser envolvidas por essa desvalorização, deixando de aproveitar tudo de bom que a relação pode oferecer, começando a supervalorizar os defeitos, ao mesmo tempo que desvaloriza as qualidades.
Chega o momento em que o céu se transforma em verdadeiro inferno, virando tudo de cabeça para baixo, transformando amizade em inimizade, fidelidade em traição, solidariedade em egoísmo, humildade em prepotência, companheirismo em abandono e amor em ódio. Se for feita uma análise imparcial, se verificará que não houve mudanças significativas nem em um nem no outro. Continuam sendo as mesmas pessoas. O que mudou significativamente, foi a maneira com que um via o outro, mudou a interpretação, a emoção.
Esse tipo de comportamento justificaria que ele pode pôr fim ao amor, que é uma emoção. Será que o comportamento é que provoca o fim de um amor ou é o contrário: o término do amor é que gera o comportamento que tende a inverter os valores?
Se considerarmos que o comportamento pode provocar o término do amor; estaremos admitindo que ele poderia criá-lo também. Será que isso é verdade?
Quando considerarmos a grande quantidade de exemplos que podem servir de exemplo; verificaremos que muitos amores foram conseqüência de insistência, de empenho para consegui-lo. Da mesma maneira, muitos amores acabaram por causa do número e gravidade dos problemas surgidos. No entanto, uma análise mais imparcial, nos mostrará que amores acontecem sem que nenhum dos dois tenha se empenhado para isso e que amores deixaram de existir porque um novo amor aconteceu. Tanto em um caso, como no outro; não houve influência dos indivíduos, de suas vontades.
É muito difícil estabelecer o que depende dos indivíduos e o que acontece independente de suas vontades. Muita coisa, talvez a maioria, se encaixa em modelos justificáveis, fazendo crer que tudo depende dos indivíduos. No entanto, sempre aparecem pontos obscuros, inexplicáveis que, aparentemente, não teriam grande importância mas que, no entanto, podem invalidar toda a racionalidade que justifica a análise.
Ações, comportamentos, pensamentos, em fim, a própria vida do ser humano depende dos valores em questão. Um único valor invertido, pode gerar mudanças bruscas na personalidade de um indivíduo. É o caso de alguém solidário que, diante de uma catástrofe, se empenha em procurar ajudar sem medir sacrifícios. Ajuda a resgatar feridos, a cuidar deles, a angariar ajuda material, em fim, dedica-se aos sofredores de corpo e alma. De repente, é tentado a apropriar-se da ajuda destinada aos flagelados e passa a desviar produtos em benefício próprio, desconsiderando totalmente o prejuízo que estará causando aos necessitados. Onde se tem verificado esse tipo de comportamento é na política. Muitos políticos foram líderes comunitários de destaque, têm uma vasta folha de serviços prestados, aos quais se dedicaram sem poupar esforços e sacrifícios. Ao chegar a uma posição que lhes permitiria influenciar significativamente em favor dos objetivos tão perseguidos, passam a usufruir da posição conquistada em benefício próprio, esquecendo os ideais que o conduziram até ali e. não raro, desprezando-os totalmente, passando a defender o seu oposto. É o típico exemplo do egoísmo substituindo a solidariedade.
Os valores do indivíduo são o parâmetro para o julgamento do que seja certo e errado.
Eu, quando saindo da infância e entrando na adolescência, decidi abandonar os estudos, contrariando o desejo de meus pais. Eles insistiram e forçaram o quanto puderam, mas acabou prevalecendo a minha vontade de não estudar. Não havia justificativas para que fizesse isso, simplesmente a minha vontade de não estudar. A justificativa que eu usava, era de que para ser motorista de caminhão, como eu pretendia, não era necessário estudar. Que a maioria das pessoas viviam sem estudar e não morriam por causa disso. O bom senso indicava que o certo era continuar estudando.
Fiquei sem estudar por dez anos. Durante esse tempo, fiz curso de datilografia e de motores diesel, por correspondência, que de alguma forma contribuiram para minha formação.
Durante esses dez anos, trabalhei com mecânica automotiva, fui motorista de caminhão e vendedor ambulante. Vivi e aprendi coisas que, se continuasse a freqüentar a escola, dificilmente poderia Ter experimentado e não há como negar que foram aprendizado.
Não deixei de estudar pura e simplesmente, mudei de atividade e me dediquei ao trabalho.
Depois de verificar que a falta de estudo estava me restringindo as possibilidades de trabalho, impedindo-me de trabalhos menos cansativos e mais rendosos; decidi voltar a estudar. Quando retomei os estudos por acreditar que aquilo era importante e necessário; me dediquei ao máximo, sem medir esforços, me dedicando com fervor ao objetivo. Tinha que trabalhar para sustentar a família e estudar concomitantemente. No entanto, foi menos sacrificado do que na época que decidi parar de estudar. Naquele tempo, me foi muito mais sacrificante ir à escola e estudar, sem Ter outros compromissos, do que agora, que tinha que somar estudo e trabalho, além da preocupação com a família, inclusive com filhas pequenas para cuidar.
Quando abandonei os estudos, comecei a trabalhar em escritório, um trabalho bastante leve. Preferi a mecânica, trabalho mais pesado e sujo, contrariando grande parte das pessoas que achavam que o trabalho em escritório oferecia melhor futuro.
Quando seguindo o bom senso, atendi ao conselho de um amigo para seguir seu exemplo, trabalhando por conta própria, num negócio em que ele estava se saindo bem, embora trabalhasse tanto ou mais que ele, me dedicasse com fervor e não medisse esforços para alcançar o sucesso; fracassei, simplesmente por falta de talento para os negócios. Não faltou vontade de trabalhar, nem inteligência. Faltou talento e, isso, não se adquire, é inato ou não existe.
A análise racional me levou a voltar a estudar, por decisão minha, sem interferências de outras pessoas. Embora a maioria considerasse que aquele era um ótimo caminho; muito poucos acreditaram que eu conseguiria vencer os obstáculos, acreditando que seria mais um entre os que tentaram e desistiram. No entanto, fui até o final e continuei lutando por conhecimento por mais vários anos.
Quando me dediquei à luta social, buscando justiça, me criticaram, alegando que estava perdendo oportunidades de crescer individualmente. Quando dei mais valor a aprender do que a ganhar dinheiro, também fui duramente criticado. Pelo mesmo motivo: deixar de ganhar dinheiro. Todos pretendem justiça social e enaltecem o conhecimento; no entanto, poucos são os que estão dispostos a lutar por isso, abrindo mão de ganhar dinheiro.
Optei pela lealdade aos patrôes ao invés de aproveitar as oportunidades de ganhar dinheiro. Mais uma vez mereci críticas, principalmente de familiares e amigos.
Quando fui envolvido por outro amor, não tive capacidade para resistir a ele; voltei a ser criticado duramente. Aventuras sexuais, que são escolha dos indivíduos, são aceitas; enquanto o amor, que independe de quem se apaixona, é repudiado. Claro que é possível evitar se apaixonar mas, para isso, é necessário conhecer os riscos de se expor, principalmente, provocado pela vaidade. Eu tentei resistir mas não tive capacidade para conseguir. Ninguém quis saber disso, esbanjaram críticas e pronto.
A mulher traida não soube valorizar o amor que continuei lhe dedicando, que declarei à rival dela, alegando que não deixaria a primeira. Que amava as duas, mas que tinha, além do amor, um compromisso com a primeira. Prometi deixar a outra e cumpri. No entanto, ela não conseguiu compreender o que eu passara, nem o que estava disposto a continuar lhe oferecendo. Preferiu ser vingativa, atendendo a sua emoção e ao incentivo de outras pessoas, que não se dignam a tentar compreender, preferindo julgar através de preconceitos. Novamente fui alvo das mais duras críticas.
Quando decidi viajar para outros países, a passeio; novamente contrariei o bom senso comum, que defendia que deveria empregar aquele dinheiro em melhorias para a família. Ninguém deu muito valor ao fato de que a família estava bem assistida. Os críticos se basearam no princípio de que o chefe da família deve se anular em função dela, esforçar-se para oferecer-lhe o máximo possível, interpretando como grande erro que ele aproveite isoladamente alguma vantagem. Poucos consideraram que essas viagens propiciaram conhecimento e crescimento.
Quando, novamente, fui surpreendido pelo amor; ao invés de receber ajuda, fui alvo de mais críticas. Não foram considerados os esforços que fiz para minimizar o problema. As duas mulheres envolvidas desvalorizaram o que poderiam Ter desfrutado, negando-se a compreender, esforçando-se na direção de pretender castigar, vingar-se. Mais uma vez as críticas irracionais abundaram, desconsiderando os dados importantes que poderiam justificar e amenizar a dimensão do erro. Mas, quem é que está interessado nisso?
Paraquedismo e depois, vôo livre, foram consideradas verdadeiras loucuras. Era considerado, além do risco de acidentes, até de morte; as pessoas consideravam que era, mais uma vez, jogar dinheiro fora; dar menos atenção ao trabalho e à família. Dificilmente alguém considerava que, estando melhor comigo mesmo, seria melhor no trabalho e para a família. Criticar, pura e simplesmente, era mais fácil.
Quando decidi deixar a engenharia por não agüentar mais as sacanagens que aconteciam ali; novamente as críticas se apresentaram. Nessa época eu estava de saco cheio com a engenharia, vivia grandes problemas em casa e no relacionamento extraconjugal. O que eu sofria não chamava a atenção. O que eu fazia, sim, eram motivos para muitas críticas. Deixar a engenharia e tudo o que ela poderia me oferecer, em termos financeiros, foi considerada uma verdadeira loucura. No entanto, a promessa dos novos empreendimentos, minimizaram as críticas.
Desisti da firma de manutenção de luminosos, para me dedicar à montagem da clínica para tratamento de drogados. Estava realizando um sonho há muito acalentado: abandonar a cidade grande, vivendo na roça com um trabalho que além de poder ser rentável, prestava um serviço meritório e necessário socialmente. A prática mostrou que os problemas fermentavam enquanto as vantagens se esvaiam. Ninguém se interessava pelos problemas, enquanto não faltavam cobranças de resultados.
Quando decidi assumir o amor apaixonado em que me vira envolvido, o mundo caiu sobre mim. Foi considerada a maior loucura, ato de total insanidade! Novamente ninguém se interessou pelos dados, pela verdade, em analisar minimamente o que estava acontecendo. Se contentaram em criticar, em soma-la as outras loucuras de que me acusaram anteriormente. Muito poucos fizeram algo para ajudar, no entanto, não faltaram ações tentando destruir o maior valor que eu conseguira na vida, até ali. Quem não agia contra, torcia para que o resultado fosse desastroso.
Meu grande crime foi Ter desafiado o senso comum, os preconceitos e Ter tentado ser autêntico, mostrando a possibilidade de mudanças que poderiam ser benéficas para o convívio. Não tive ajuda, muito pelo contrário, enfrentei todo tipo de adversidade, de reações e de tentativas de me derrubar.
Confesso que eu, no lugar das pessoas que me criticaram, observando ações como as que pratiquei, provavelmente as teria criticado da mesma maneira. Por isso, sempre me dispus a tentar explicar tudo o que pensava e fazia, possibilitando que as pessoas pudessem analisar e julgar com racionalidade. No entanto, ninguém quis saber, preferiram a crítica pura e simples.
As únicas pessoas que poderiam se julgar prejudicadas por minhas atitudes, foram minha ex-mulher e minhas filhas. Quanto a ex-mulher, fiz o possível para minimizar os efeitos de meus erros, ela, no entanto, fez o possível para me prejudicar, na tentativa de vingar-se de me fazer pagar pelo que considerou que a prejudicara. Se lhe causei mal, não foi intencional, muito pelo contrário, sempre fiz de tudo para poupá-la. Ela, no entanto, foi vingativa e fez o possível para me prejudicar, usando todas suas forças para isso.
Quanto a minhas filhas, procurei preservá-las o másimo possível. Amparei-as até a idade em que poderiam assumir suas próprias vidas, sabendo que não ficariam desamparadas. Acredito que elas tem mais motivos para se orgulhar do que para se envergonhar de mim.
Nos últimos anos, causei prejuízos financeiros para meu pai e irmã. Não pude arcar com os compromissos financeiros que assumi com eles, não pude pagar o que me emprestaram. Além deles, também não pude pagar dívidas bancárias e com cartões de crédito, além de não Ter, ainda, conseguindo saldar as dívidas do trator e do guincho que comprei para trabalhar no corte de madeira. Fora isso, não vejo que tenha causado maiores prejuízos.

O que teria causado minhas atitudes desconformes com o senso comum?
1- Abandonar os estudos.
Nquela época era comum só estudar até o quarto ano primário. Eram poucos os que chegavam a concluir o ginásio. Mais raro ainda, os que concluiam o segundo grau. Portanto, não foi um absurdo tão grande Ter abandonado os estudos. Deixei de estudar no ginásio mas me dediquei de corpo e alma ao trabalho e estudei o que me pareceu necessário, para o momento. No trabalho, aprendi mecânica automobilística, dirigir caminhões e experimentei vendas ambulantes.

2- Freguesia de doces.
Valeu a experiência e pude verificar minha falta de talento para negociar. Me possibilitou sentir a necessidade do estudo, a construção de uma carreira.

3- A luta em defesa dos tecnólogos era uma questão de justiça. Não me envolvi nela enquanto estudante para não perder tempo e prejudicar minha formação. Após a formatura, dediquei-me ao que me pareceu uma luta justa, em busca de melhorias para mim e meus companheiros. Essa luta me propiciou aprender muito, além de me provocar a ser bom profissional, para demonstrar que minhas reivindicações eram justas. Cresi como ser humano e como profissional.

4- A lealdade era uma questão de princípios. Fui leal com os patrões. Algumas vezes não foi só a lealdade que me prenderam a eles, foi, também, a falta de capacidade para dizer não.


5- Tive chance de evitar a Rita e não o fiz. Se não a procurei, não fiz nada para conquistá-la; também não a evitei. Quando percebi estava envolvido pelo amor. Mesmo assim, fui sincero com ela, disse-lhe que era casado e que não deixaria minha mulher, a quem também amava, com tinha filhas e um compromisso. Tentei terminar com o relacionamento e só eu sei o quanto isso me doeu. No entanto não resisti à insistência dela. Quando prometi à ex-mulher que deixaria o novo amor, para que pudéssemos retomar nosso casamento, cumpri o prometido, por mais que me custasse.

6- Quando fiz as viagens internacionais, tive condições de fazê-las sem Ter que causar qualquer privação à minha família. Sempre acreditei que consumismo exagerado era mais pernicioso que construtivo; por isso sempre cuidei para oferecer o necessário a minhas filhas, sem exageros, acreditando que estaria contribuindo para seu preparo para a vida. Não me arrependo de Ter agido assim. Se pudesse voltar no tempo, repetiria esse comportamento. Cabe aos pais ajudar os filhos a se prepararem para a vida, possibilitando-lhes conquistar o que desejarem. Os pais tem que aproveitar sua chance de aproveitar o que for possível, desde que os filhos recebam o que têm direito.

7- No caso da Léo, também não soube resistir e me deixei envolver pelo amor. As atitudes da ex-mulher, me prejudicando em tudo o que podia, contribuiu para que eu não resistisse como poderia. Mas, não deixou de ser uma fraqueza, embora tenha confessado à Léo que continuava amando a ex-mulher.

8- Praticar paraquedismo e vôo livre foi o instinto de aventura, a vaidade, o desejo de parecer diferente, de ser admirado. Outra vez, não vejo que isso tenha causado algum problema à minha família, além da apreensão por algum acidente.

9- Abandonar a engenharia foi uma revolta contra a incapacidade do ser humano em ser humilde e solidário. A exploração de operários, de pessoas de boa fé, o sucesso dos exploradores e opressores, sem que eu pudesse fazer algo para corrigir tais coisas; me causaram profundo desânimo. A convivência com a ex-mulher e com a amante pioravam a cada dia. Por isso, a possibilidade de ir embora, isolar-me na roça, foi mais que a realização de um sonho; foi a chance de fugir de um mundo insuportável. Acreditei que continuar lá, naquele conflito, seria pior para minhas filhas do que deixa-las, permitindo que o que lhes pudera ensinar, até ali, lhes servisse para que dessem continuidade a suas vidas. Claro que, mais uma vez, não me deixei influenciar pelo conceito de que os pais devem abrir mão de si próprios em favor dos filhos.
A primeira filha estava bem encaminhada, formada e num relacionamento estável e promissor. A Segunda, terminava a faculdade e trabalhava. A preocupação com ela, se devia ao namorado, envolvido com amizades duvidosas e com comportamento nada recomendável, embora nada de mais sério lhe pudesse ser imputado. O problema era sua aparente irresponsabilidade. No entanto, minha filha insistia em investir nele, lutando para viabilizar a convivência com quem amava. A terceira filha, também não tinha maiores problemas. O problema preocupante era a filha menor. Ela pendia para o lado da mãe e era infuenciada por ela. Nessa condição, eu não tinha nada a fazer a não ser esperar os resultados. Me senti incapacitado de agir de outra maneira e decidi fugir para a vida com que sonhara.
Quando a Segunda filha ficou grávida, achei que era um tremendo erro e recomendei que abortasse. O namorado era instável e ela estava em início de carreira. Um filho seria uma dificuldade naquele momento e naquela situação. No entanto, ela optou por Ter o filho e eu não poderia fazer nada para impedir. Era um direito dela. Mas foi uma decisão contra minha vontade.
Quando a terceira filha também ficou grávida, expressei o mesmo parecer. No entanto, o namorado dela indicava ser mais confiável do que o da outra. De qualquer maneira, fui contra o prosseguimento da gravidez, sugerindo que fosse interrompida. Acredito nos valores adotados até agora e, se necessário, repetiria os mesmos veredictos hoje.
Enganei-me em relação aos dois namorados de minhas filhas. O que parecia ruim, melhorou muito e se tornou um pai e marido bastante bom. O outro, que parecia melhor, não conseguiu manter o relacionamento. Acredito que mais por causa da minha filha do que dele próprio. Analisei os dois com os dados que eu tinha, sem me preocupar em aprofundá-los e buscar outros que possibilitassem uma análise melhor. Errei, agindo como a maioria, deixando-me levar pelas aparências, eximindo-me de maior trabalho para um melhor diagnóstico.
Portanto, não tenho nenhuma segurança de que tenha agido bem com relação a minhas filhas.

10- Em relação a clínica, fui sabotado em todos os sentidos, impedido de realizar um trabalho que acreditei ser capaz de fazer. A experiência foi válida e promissora. O tempo e o aprendizado me possibilitariam melhorar o sistema, poder sobreviver com dignidade e ser útil a quem necessitava. No entanto, a prepotência e o egoísmo dos outros me impediram de prosseguir. Posso Ter sido intransigente, mas não mereci a sabotagem que me fizeram. Portanto, não me sinto culpado por esse episódio.

11- Quando me apaixonei pela Josi, relutei em aceitar isso e me neguei a manter um relacionamento, considerando queera um despropósito, devido a diferença de idade e os problemas que geraria junto aos parentes dela, que eram meus amigos. No entanto, a emoção foi de tal intensidade e os acontecimentos foram se desenrolando de tal maneira que me foi impossível continuar resistindo. Foi algo excepcional, de uma grandiosidade desconhecida para mim e acho que para a maioria das pessoas. Era tão forte e tão verdadeiro que conseguiu sobreviver às maiores dificuldades. Desta vez, não causei prejuízo a ninguém, a não àqueles que invejaram nossa situação, nosso amor e tudo que pudemos desfrutar. A emoção envolvida justificaria até verdadeiras loucuras, tal sua força. No entanto, eu estava livre e ela também, os únicos impecilhos era os preconceitos e a inveja.

Em resumo, as causas e motivações que me levaram a fazer o que fiz e que foi considerado como incoerências:
1- Facilidade inciaial, comodismo, vontade incontrolada.
2- Agi de acordo com o senso comum
3- Solidariedade, sentido de justiça, vaidade
4- Lealdade e covardia
5- Amor, fraqueza para resistir, sentido de responsabilidade.
6- Egoísmo, aventura, vontade de conhecer, ação para educar
7- Amor, vaidade, egoísmo, fuga da insatisfação
8- Aventura, vaidade, fuga
9- Desencanto com a sociedade opressora e exploradora, fuga
10- Desejo de tranqüilidade, solidariedade, egoísmo.
11- Amor apaixonado, valorizar o admirável e tentar investir na sua lapidação. Responsabilidade, egoísmo.

Considero que acertei e errei, nas atitudes que tomei durante a vida. Os valores que predominaram em minhas escolhas foram: amor, amizade, aventura, coragem para enfrentar o desconhecido e, principalmente, o medo. Nunca fui desleal nem hipócrita. É claro que fui influenciado pelo egoismo e, principalmente, pela vaidade. No entanto, sempre me aventurei em busca de algo maior, do desconhecido, em busca de conhecimento e de compreensão. Fui preguiçoso e comodista, também, no entanto, me esforcei para que isso não afetasse significativamente nem a mim, nem aos outros.
Para o ladrão, trabalhar é errado e roubar é certo.
Para o safado, o honesto e leal é troxa.
Para o vigarista, o solidário é “Mané”
Para o prepotente, o humilde é idiota.
Para o egoísta, o solidário é imbecil.
Para o covarde, o corajoso é estúpido.
Todos agem de acordo com seus valores e o certo ou errado, depende deles.
Como muitos dos valores acima afrontam o senso comum, os que os defendem, usam de hipocrisia para esconder os valores que os norteiam, alegando condená-los, enquanto os usam intensivamente. Muitos dos que defendem a fidelidade e não regateiam críticas à traição; enquanto traem sem a menor dor de consciência. Entre os que condenam publicamente a corrupção, estão os maiores corruptos.
Amizade, solidariedade, humildade, lealdade; são os valores mais travestidos que circulam na sociedade.
A ignorância, associada à prepotência, ao egoísmo, ao comodismo e à covardia; levam as pessoas a interpretar devoção a valores que nunca usam. Nem elas mesmas tem consciência disso, enganam-se a si próprias e, pior, acreditam!
A grande dúvida é se tudo isso é culpa das próprias pessoas, ou se elas não passam de vítimas do mistério, não passando de marionetes nas mãos dele.

25/02/06
Numa desavença entre duas pessoas, ambas acreditam Ter razão, enquanto acusam erros na outra. A questão é a mesma, os valores que cada um usa para analisá-la é que mudam.
Entre religiões cristãs também há desavenças, embora todas se baseiem nos mesmos princípios, defendidos pela bíblia.

02/03/06
Ontem à noite passei na venda e a Jose estava lá com o Baianinho, conversando com o Dito Leme. O Baianinho me cumprimentou com um oi e ela me olhou estendendo o dedo polegar em sinal de “tudo bem?”. Peguei o pão e saí.
Eu já vinha me sentindo mal desde domingo quando a Josi, que havia convidado a Lilian e Daiane a ir a sua casa; não estava por estar trabalhando. Quando voltamos no final da tarde, ela já havia saído. Absolutamente normal! Estava trabalhando e depois do trabalho, resolveu sair. Afinal, aqui é mais que comum as pessoas convidarem para sua casa por simples vício de pretender ser agradável, quando, no entanto, não tem maior vontade de que o convite seja aceito. Quando na Segunda-feira ela se encontrou com a Lilian e Daiane, manteve-se calada, só pronunciando palavras rotineiras de quem não está disposto a conversar.
Ela continua demonstrando a ojeriza que sente por mim, por tudo que me diga respeito e, naturalmente, não iria se arriscar a emitir qualquer conceito a meu respeito ou ao que sente em relação a mim, para a Lilian e a Daiane. Ela tem o direito de fazer isso, no entanto, demonstra a covardia em não enfrentar a situação e argumentar em sua defesa. Claro que pode Ter evitado abordar um assunto que lhe é desagradável o que não deixa de ser covardia, somado a boa dose de egoísmo.
Sentindo-me mal, optei por analisar o que vem acontecendo, mais uma vez, tentando livrar-me do que estou sentindo.
Está claro que ela me abandonou porque algo a fez sentir que eu era culpado pelo que estava sentindo. É provável que sua insatisfação se devesse à falta de maiores perspectivas de realizações; pode Ter sentido falta de sair mais, de divertimentos ou de maiores emoções. Essa insatisfação deve tê-la provocado a procurar a mãe e dedicar-se mais constantemente à relação com ela. Talvez tenha preparado a festa do aniversário do Régis para quebrar a monotonia. O problema é que ela não teve coragem de me dizer o que estava sentindo, omitindo sua insatisfação e usando minhas reclamações como justificativa para a separação. Se ela tivesse colocado o problema, com a devida ênfase, teríamos procurado alguma solução; como aliás, sempre fizemos. Ao que parece, ela não queria uma solução, pretendia a separação, irremediavelmente. Algo suficientemente forte a levou a assumir essa posição.
Foi uma crise que poderia Ter sido colocada, analisada e buscada uma solução. Quando resolvemos sair de Ribeirão, que ela passaria um tempo com a irmã, enquanto eu procurava recomeçar em outro trabalho; o fizemos para que ela pudesse se analisar e o que vinha acontecendo, considerando se deveríamos continuar juntos ou se o melhor seria a separação. Ela teve oportunidade de conhecer outras pessoas, trabalhar em algo diferente, viver sem mim. Teve oportunidade de verificar que a vida é dura em qualquer lugar, que exige sacrifícios, obrigando-nos a conviver com coisas, pessoas e situações com que não gostaríamos de conviver. No entanto, é impossível livrar-se de tudo o que nos incomoda, de tudo com que discordamos. Ela decidiu voltar para mim. Pode ser que o tenha feito por não Ter força de resistir aos meus argumentos. As dificuldades vividas longe de mim, por não conseguir trabalho que a satisfizesse, por não Ter encontrado pessoas mais agradáveis, por Ter que conviver com a irmã e o cunhado, bem como Ter que conviver com a família dele; devem Ter pesado na sua decisão. Além do mais, era mais uma possibilidade de mudança. Aparentemente, ficou demonstrado que ainda me amava. Ela relutou um pouco. Não foi com grande satisfação que voltou para mim, mas considerou que se não era o melhor, era o menos ruim.
Convivemos muito bem, mesmo com os problemas que enfrentamos e que não foram poucos. A pressão de minha mãe, sobre ela, foi o pior. Ela deve Ter sofrido muito por isso; tanto que decidimos nos mudar e recomeçar tudo de novo.
Enquanto eu experimentava a possibilidade de trabalhar em Campo Grande, ela foi passar um tempo com a mãe e a irmã. Tinha dúvida se ela queria me acompanhar em mais essa aventura, por isso fui sozinho, dando-lhe tempo para refletir, enquanto eu fazia a experiência. Algum tempo depois da separação, ela escreveu uma análise do problema, concluindo que não poderia perder um grande amor por causa de motivos que não eram suficientes para colocar em risco uma relação que lhe era tão importante. Concluíra essa análise decidindo se juntar a mim, o mais rápido possível, retomando o relacionamento. Alguns dias depois, ela se envolveu com um rapaz e resolveu casar. Decidiu isso em menos de um mês e marcaram o casamento para o mês seguinte. Compraram móveis e fizeram todos os preparativos. Menos de um mês antes do casamento, ela resolveu abandonar tudo e voltar para mim. Entre a decisão de casar e a de voltar para mim, o intervalo não foi maior que um mês.
Ela alegou que estivera fora de si, que não tinha consciência do que acontecia. Ficou constatado que acontecera um grande mistério, que a levara a agir como agiu. Sua atitude, nessa ocasião, foi absolutamente estranha, incoerente com a personalidade e, principalmente, valores demonstrados até ali. Alguma força muito maior que a que ela tinha para resistir, levou-a a agir como agiu. Não conseguindo identificar as causas de tão estranho comportamento; ficou constatado que era um mistério.
Desta vez, também não consegui encontrar motivos que justificassem suas atitudes, caracterizando, novamente, um mistério. Em determinado momento, ela alegou que, da outra vez, ela ficara abobada, inconsciente do que acontecia; que no entanto, agora, estava plenamente consciente. Confessou que mudara, que era outra pessoa. As características dos dois episódios foram as mesmas. Se há consciência nela agora, houve na outra vez também. É uma dedução lógica, considerando-se as características dos dois acontecimentos.
Desta vez, ela tem cometido várias incoerências, como da outra. Decidiu deixar o relacionamento sem motivos suficientes para fazê-lo, principalmente com a pressa que o fêz. Atirou-se num relacionamento que tinha informações mais que suficientes de que não poderia dar certo. Quando ele fracassou, em menos de dois meses, voltou para a casa da mãe. Poderia Ter voltado para mim, mas não quis. Preferiu manter-se independente de mim, sujeitando-se a conviver com a mãe e os irmãos, em condições que nunca lhe agradaram. Entregou-se de corpo e alma a amizade do Maravilha, por quem nunca tivera maior admiração. Além da empatia, pode tê-la influenciado a promessa dele de ajudá-la a montar um negócio, convencendo-a de que um bar seria um bom negócio, que é o que ele sempre sonhou Ter. Conversas, bebida, comida, bailes e festas; deram a ela satisfação.
Acabou se interessando pelo Baianinho, que é o contrário do que ela sempre admirou num homem: pelos no peito, mais velho e inteligente. O Baianinho é mais novo que ela, não tem pêlos no peito e não tem cultura. No entanto, atração é atração e isso independe de racionalidade ou gostos anteriores. É provável que ela tenha se apaixonado por ele e não haveira nada de errado nisso, pois ele é uma pessoas diferente da maioria e isso é atrativo. Foi o que aconteceu entre eu e ela quando nos conhecemos. Sua atração pelo Baianinho poderia estar repetindo o que aconteceu comigo em relação a ela. Pode ser que tenha sido simples carência, associada a seu amor maternal (ela me dizia que eu ara seu bebezinho), associando o amante ao filho, aproveitando a excepcionalidade dele. No entanto, nada do que ela tem feito, foi motivo para que se separasse de mim. Tudo aconteceu após a separação, portanto, não foram motivos para ela.
É bem provável que ela tenha imaginado que poderia Ter maior possibilidade de obter sucesso e admiração, sem mim. No entanto, não tentou nada de diferente, simplesmente se atirou nas possibilidades que apareceram sem analisar-lhes as possibilidades. Está vivendo praticamente a vida que teria se tivesse se casado no Junco, com a única diferença de que ainda mantém a liberdade, já bem reduzida pelo relacionamento que está tendo.
Como das outras vezes, ela demonstra uma tendência à vida no campo, com todas as suas limitações, onde se sente superior aos outros e, provavelmente isso, a atraia muito fortemente. Se for verdade, é lamentável que se apoie na ignorância das pessoas para sentir-se superior. Ela era considerada superior quando estava comigo; provavelmente mais que agora. No entanto, pode ser que se considerasse sob minha sombra e pretendesse provar que continuaria a ser superior aos outros mesmo sem mim. Isso seria de uma burrice absurda, mas é possível se considerarmos do que é possível o ser humano.
A única novidade que me ocorreu hoje, é que se este episódio não é obra do mistério; o anterior também não teria sido. Ambos teriam sido motivados por distorções, pura e simples, de valores, embasados na hipocrisia e na imbecilidade.

05/03/06
Voltei a me sentir muito mal. Ontem fui no Neto por volta das dezesseis horas, levar limões que a Marília havia pedido. Ela me disse para esperar porque fariam uma festinha para comemorar o aniversário da Maria Júlia, que será no dia treze. A festinha aconteceria no chalé. Fui lá com o Neto encher bixigas. Notei a falta do Roni e da Cida.
Depois de enchidas as bexigas, o Neto foi buscar alguma coisa e fiquei sozinho no chalé, quando notei que a Cida, Roni, Jose e Renam, chegavam pela porteira junto ao Oscar, vindos de cima. Continuei como estava, olhando o lago, de costas para onde eles vinham. Ao passar por mim, a Cida me cumprimentou e a Jose nem me olhou.
Eu já estava mal e cheguei a pesnar em não ficar para a festa, logo que cheguei. Acabei ficando. Logo depois chegou o Maravilha, dizendo que viera buscar a Selma com as crianças, que estava na casa da Cida. Conversamos um pouco a respeito da madeira de Campos do Jordão, quando ele disse que pegaria a Selma e iria para casa dormir.
Quando eles sairam, eu jogava truco com Neto, Chico Belo e Franco. Eu estava de costas para a saída e não vi que saiu. A Jose foi com eles.
Depois de cortar o bolo, fui embora e passei na venda para comprar velas. A Jose estava lá, bebendo e conversando com a Selma. A venda estava bem cheia. Quando saí, o Baianinho que voltava depois de mijar, me perguntou se poderia vir em casa para que eu lhe gravasse um CD. Disse-lhe que não haveria problema e vim embora, sentindo-me muito mal emocionalmente.
O carro morreu perto da porteira e não pegou mais. Cheguei em casa a pé. Não havia luz e, quando abri a torneira da pia, verifiquei que não havia água também. Li um pouco a luz de velas e dormi. Acordei por volta da meia noite, pensando na Jose e me sentindo muito mal. Acendi as velas e li mais um pouco, voltando a dormir.
Acordei com a mesma sensação ruim me incomodando. O maior tormento é sentir o desprezo da Jose. Não consigo enterder a causa e, provavelmente, ela não existe mesmo. O comportamento dela é ocasionado pela coisa ruim que ela construiu em mim. Não tenho certeza se é isso mesmo que me causa mal ou se é o amor próprio ferido, a impossibilidade de desfrutar o amor que me deu tanta felicidade, ou qualquer outra coisa. É provável que o desprezo seja só uma desculpa para encobrir outras coisas. Sei lá!
O caso é que eu não deveria estar me deixando atingir por isso, no entanto, continuo tão impotente como desde o começo. O que sinto é tão forte, que preferiria a morte. É um sentimento horrível, persistente, terrível!
Hoje, com até as duas horas da tarde a luz ainda não tivesse voltado, fui até a venda telefonar para a CEMIG. Fui até o Neto devolver livros e pegar outros emprestados. Fui no Chico e ele ainda não sabia se desceria para a cidade amanhã. Passei na venda e a Jose estava do lado de fora. O Baianinho saiu com uma lata de refrigerante e desceram em direção à casa dele. O vê-la reforçou o mal que eu já estava sentindo.
Quando cheguei em casa, a luz ainda não voltara. Comecei a ler o livro A Entidade de Frank de Felitta. Ele conta que uma mulher é estrupada por algo imaterial, mas que causa traumatismos e dores. A personagem fica atônita e considera que possa estar ficando louca. Eu pensei se não estaria ficando louco também.
Ao que parece, quem fica louco não tem consciência disso. Considerei seriamente se a demência não está me dominando.
Tenho percebido que o Chico Belo, que é a pessoas com quem mais tenho conversado a respeito do meu problema, que sempre me ouviu e me contou o que sabia; me parece diferente, evitando falar a respeito e, parece, evitando que eu toque no assunto. Tenho notado que ele tem evitado me convidar para ir com ela à cidade. Em fim, pode ser que eu é que esteja imaginando coisas, no entanto, essa mudança de comportamento dele é evidente. Ontem, quando elas chegaram, vinham da casa dele, onde estiveram ajudando a fazer pamonhas. Durante o tempo que ficamos juntos na festa, ele não fez qualquer referência a elas.
Agora, estou me sentindo muito melhor. Não sei se é porque a luz voltou, porque tomei banho ou sei lá o quê. Só sei que melhorei bastante e não adivinho o porquê.
Depois de duas horas desde que descobri que tinha deixado de me sentir mal emocionalmente, continuo bem e sem saber porquê, sem atinar com o que teria causado essa melhora!

06/03/06
O emaranhado de dados nos introduz num verdadeiro labirinto, por onde caminhamos muito e, não raro, voltamos aos mesmos lugares.
Começo a perceber que supervalorizei a Josi. Ela, realmente, foi solidária, humilde, inteligente, corajosa e, principalmente, se entregou a mim totalmente. No entanto, com o passar do tempo, foi forçando sua autosuficiência, o que considero normal. Não teria sentido que se acomodasse sob minha proteção. Percebi que ela sempre teve duas personalidades: uma comigo e outra com os outros, principalmente parentes e amigos. Era uma espécie de camaleão. Socialmente, isso é bastante vantajoso pois possibilita a convivência, evita atritos, desgostos e propicia vantagens.
Ao estar com parentes e amigos dela, me evitava ao máximo, como querendo desvincular o que ela era, de mim, como pretendendo esconder que eu contribuia para seu crescimento. Portanto, essa outra personalidade já existia, sempre existiu.
Ao meu lado ela pôde dar vazão a suas fantasias, pôde falar sobre tudo sem restrições, aventurar-se em várias coisas, aprender outras tantas, conhecer coisas, lugares e gente que nem imaginava existirem. Pôde viver um grande amor e não importa se fantasioso ou não. O que importa é que sentiu; da mesma maneira, não importa se a supervalorizei, o importante é que a senti daquela maneira, com toda aquela intensidade.
O que nos afeta é o que sentimos e não o porquê. Se sentirmos dor, não importa se ela tem causas reais ou somatizadas. O importante é a dor que sentimos e não as suas causas.
Na felicidade e no prazer ocorre o mesmo. Não importam as causas e sim o que sentimos. Isso é uma questão emocional, independente da racionalidade.
As causas são muito importantes à racionalidade. Esta fará anaálises e julgamentos baseada em dados, em causas que provocaram efeitos. A tendêwncia natural da racionalidade é tentar compreender o que provoca os efeitos, embora, muitas vezes, se faça o caminho inverso: tentando descobrir que efeitos uma ou várias causas poderiam acarretar.
É importante perceber que existe uma relativa independência entre razão e emoção. O sentimento pode existir e nos afetar, mesmo contra todas as argumentações da razão, demonstrando que ele não deveria nos afetar.
Está claro que a emoção tem o poder de manipular a razão, fazendo-a produzir argumentos que a justifiquem. Isso ocorre quando supervalorizamos qualidades para justificar o amor que sentimos por alguém. O mesmo acontece quando a raiva usa a razão para justificá-la, buscando vingança. A emoção não só usa a razão para valorizar ou desvalorizar, como para criar e ocultar qualidades, dependendo de seus interesses.
Quanto certeza podemos Ter quanto a quem a razão está servindo? A nossa vontade ou a da emoção?
Quando a emoção usa a razão, ela tenta nos fazer crer nós é que o estamos fazendo. É bastante difícil compreender isso, uma vez que a emoção faz parte de nós. No entanto, não é didícil perceber a dicotomia entre emoção e o resto de nós. Ela age sobre nós nos fazendo sentir e nós, muitas vezes, tentamos reagir, procurando evitar os sentimentos que ela nos provoca, principalmente, os ruins, causadores de tristeza e infelicidade.
Aparentemente. a emoção é influenciada por forças misteriosas, provocando sentimentos, independente de nossa vontade. Podemos amar a quem não admiramos e odiar a quem não nos deu motivos suficientes para isso.
É evidente a existência de um grande mistério. Ele se mostra no desconhecimento sobre nós mesmos e se alastra sobre muitas coisas que nos atingem.
Nossa capacidade racional nos induz a desvendar esses mistérios, formulando hipóteses e defendendo teses. Isso, muitas vezes, nos faz acreditar que compreendemos algo. No entanto, muitas dessas vezes criamos modelos irreais que encontram grande embasamento , mas que são falsas, camuflando o mistério, dando-lhe aparência de conhecido.
O que seria a insanidade mental? Seria o total domínio da emoção sobre a razão? O que causaria isso, o domínio da fantasia sobre a realidade? Dados do passado ausentes da consciência? Causas físicas ou fisiológicas? Existe alguma certeza sobre alguma dessas possibilidades?

Além da emoção pura e simples, a Josi teve motivos para me admirar e se dedicar a mim. Eu a respeitava, considerava suas opiniões e questionamentos com seriedade, sem considerá-los loucos ou despropositados. Amparava-a, procurando ajudá-la a se entender e aos outros, bem como ao que acontecia. Ao mesmo tempo, demonstrava que muito do analisado era misterioso e me associava a ela na imcompreensão. Lhe dediquei o mais forte, puro e sincero amor. Propiciei-lhe conhecimento e aventura. Ela pôde se sentir como a pessoa mais importante para alguém reconhecido e admirado por várias pessoas. Ela teve, em mim, um companheiro leal e prestativo. Ela pôde desfrutar de alguém diferente da maioria das pessoas. Tudo isso era motivo para que sentisse atraída. No entanto, tudo isso deixou de Ter valor para ela. Por que?
Terá sido a simples tendência de enjoarmos do que temos a disposição, por maior que seja seu valor? Será medo de continuar em busca do desconhecido? Será a vaidade provocando a necessidade de demonstar que é autosuficiente?
Por que desprezar a amizade, o que poderia desfrutar sem qualquer outro tipo de compromisso? Sem Ter que dar nada em troca, além da própria amizade?
O que eu tinha de atrativo no começo, continuo tendo. Por que essa guinada de cento e oitenta graus?
Ela demonstrou Ter capacidade suficiente para conviver comigo e com os outros, sem maiores problemas. Por que decidiu abrir mão de mim e se atirar de cabeça no que já conhecia e que abominava em muitos aspéctos?
É um mistério!

À tarde fui na venda ligar para a CEMIG, acusando falta de energia elétrica. Como o Chico ficara de me trazer alcóol para o carro, esperei-o . Quando chegou, verifiquei que ele havia levado a Cida e a Jose. Por isso não me quis confirmar, ontem, que iria até a cidade. Não é a primeira vez que isso acontece. Ele tem demonstrado nos últimos dias que está me escondendo alguma coisa. Provavelmente não seja nada de mais, no entanto, ele deve Ter conversado bastante com a Jose e a Cida e não tem me dito nada. Inclusive, no Sábado de carnaval, quando a Lilian passou na venda, a caminho daqui; ele estava com a Jose. Ele tem demonstrado um mal estar na minha presença. Temo por acabar descobrindo mais um amigo desleal. O pior é que não vejo motivo suficiente para que ele tenha esse comportamento. Era só me dizer que não poderia me levar para a cidade porque levaria a Cida e a Josi. Que problema haveria nisso? Depois de tudo o que comentei com ele a respeito do comportamento do Maravilha para comigo, ele deveria tomar cuidado para não enveredar pelo mesmo caminho. Não tenho certeza, mas os indícios não são nada promissores.

07/03/06
Pela manhã, desci com o Chico Belo para Santana, ao enterro do pai do Zetinho. No caminho ele me disse que, ontem, não levara a Cida e a Jose, que só as trouxera de volta.
Disse que a Jose ainda não renovou a habilitação e que estava pensando em fazê-lo em Gonçalves. Disse-me que quando disse a ela que a levaria em S.José para pegar a renovação feita lá; ela teria dito que eu não concordaria em acomapnhá-la até lá.
Disse que a Cida comentara com a Terezinha que considerava que a Jose fizera uma grande besteira ao me abandonar. Gozado né? Na época da separação, ela deu todo apoio à Jose.
Pelos dados de hoje, o Chico ainda não me traiu como cheguei a considerar. Ele anda guardando segredos, mas é um direito, uma vez que não me parece que qualquer deles me prejudiquem.

09/03/06

O Mário me ofereceu a venda, ontem. Eu já tinha decidido ir embora e já me preparava para fazê-lo, uma vez que existe uma grande possibilidade de que o trator já esteja vendido.
Disse ao Mário que pensaria no caso, pois a maior dificuldade seria conseguir alguém para trabalhar comigo, cuidar do negócio na minha ausência. O preço que eles estão pedindo é razoável e a possibilidade de lucro não é desprezível.
A Jose aventara a possibilidade desse negócio, meses atrás. Disse que concordaria em que o fizéssemos juntos. Agora, com os valores que ela está defendendo, é praticamente impossível que essa associação aconteça.
Não fosse a distorção de valores, essa associação poderia ser bastante vantajosa para os dois. Trabalharíamos juntos, ela assumiria a parte legal do negócio e a conta bancária. Cuidaria do negócio quando eu tivesse que me ausentar e poderia sair quando eu pudesse ficar. Não haveria motivos para desconfiança e poderíamos ganhar algum dinheiro. Infelizmente, o comportamento atual dela, não inspira confiança, principalmente pode que pode resolver abandonar o negócio de uma hora para outra, sem aviso prévio e sem motivos que justifiquem isso.
A análise acima é racional e válida. No entanto, o problema não é esse; pelo menos não é o principal. O maior problema continua sendo emocional. Não é possível convivermos, nem como amigos, enquanto ela me considerar como está fazendo: como algo ruim. Portanto, nem deveria pensar na possibilidade de inclui-la no negócio. É totalmente incompatível!
No entanto, não consigo deixar de pensar que ela pode estar arrependida e que gostaria de voltar a ser o que já foi. Não há como negar que isso é uma possibilidade. Sei que é difícil que isso aconteça e continuo acreditando que não dependa dela, que depende do mistério. O problema é que volto a pensar nela e na possibilidade de retomar o relacionamento. É loucura! Mas é a maldita esperança insistindo em que isso é uma possibilidade, ainda que remota.
Não seria um mal negócio comprar a venda. Poderia conseguir alguém para me ajudar e poderia ganhar algum dinheiro, vendendo o negócio posteriormente. Mas, será que conseguiria continuar vivendo aqui, vendo-a e sabendo dos erros que poderá continuar cometendo?
Por outro lado, ali, não me sentiria sozinho e haveria a possibilidade de acontecer algum relacionamento com alguma mulher. O que não sei, é se conseguirei continuar perto dela, vendo-a, sabendo o que faz, sem sofrer exageradamente. Não sei! Preciso analisar com muito cuidado a questão para não decidir e me arrepender logo depois. Não é um negócio que dê para se desfazer de uma hora para outra.

No final da tarde fui na venda e o Mário me disse que a Jose se mostrou interessada em entrar no negócio comigo. Ela teria dito que eu não estava conversando comigo.
Pensei que, ao conversar com ela, ela dirá que eu é que estou evitando-a .
O que eu poderei argumentar para justificar que ela é que iniciou o afastamento, é o fato de na festa de aniversário do Antonio Leme, ela dançou comigo como que se obrigada, demonstrando que não é o que queria. Evitava até me olhar. Quando no dia 25 de janeiro fui até a janela da cozinha de sua casa, falar-lhe sobre o cartão do banco, se mo emprestaria no começo do mês para eu retirar meu pagamento e, depois, voltei para lhe perguntar sobre o que decidira sobre a proposta que lhe fizera para vender utensílios; ela me respondeu secamente. Não se dignou a me informar antes que não aceitaria a proposta, quando já havia decidido por isso. O principal é que tem me evitado desde que foi embora. Nunca conseguiu explicar os motivos e se negou a enfrentar os questionamentos. Nunca fez a lista de prós e contras a respeito do nosso relacionamento.


Acabei de ler, ontem, o livro “A entidade” de Frank de Felitta. Ele conta a estória de uma mulher que, aos trinta e dois anos, passou a ser incomodada por uma entidade que a assediava e estuprava violentamente. Descreve o que poderia ser a manifestação de um fenômeno parapsicológico chamado “Poltergeist” (palavra alemã que define, espírito brincalhão).
A protagonista, filha de um pastor protestante, saíra de casa aos dezesseis anos para se casar com um rapaz irresponsável, com quem teve um filho. O marido morreu num acidente de moto, durante uma corrida clandestina. Ele era usuário de drogas.
Ela ficou sozinha com o filho e mudou-se para um vilarejo no deserto da Califórnia. Quando trabalhava em uma lanchonete, conheceu um homem sexagenário e casou-se com ele, com quem teve duas filhas. O homem morreu e ela se mudou para Los Angeles, onde trabalhou como vendedora de cigarros em um club noturno. Ali conheceu um rapaz que viajava pelo país a trabalho e com quem começou a namorar.
Ficou desempregada e passou a viver com a ajuda da assistência social, que a obrigava a freqüentar um curso de secretariado, para fazer jus à ajuda recebida. Ela passou a morar numa casa cujo aluguel era custeado pela assistência social. Era uma casa popular, num bairro da periferia. Foi ali que os fenômenos começaram a acontecer.
O autor aborda o problema da influência do mistério na vida de uma pessoa. A protagonista recorreu à psiquiatria, psicologia e parapsicologia. Esta última captou fenômenos físicos, através de fotografias e medições eletromagnéticas. Testemunhou a ocorrência do ataque à protagonista e a violência com que ele acontecia, mas não conseguiu registrá-lo, muito menos capturá-lo, para o que se haviam preparado com equipamentos sofisticados. Ficou claro o conflito entre os vários ramos da ciência, que relutam em somar esforços na busca de compreensão de fenômenos, preferindo o confronto, buscando denegrir quem defende idéias contrárias as suas. No caso em questão, o conflito acontece entre a psiquiatria e a parapsicologia, ficando claro, também, a força do corporativismo, dando poder muito maior a instituições mais antigas em detrimento das mais novas. No caso em questão, a medicina tradicional empenha-se ao máximo para fazer crer que a parapsicologia seria verdadeiro charlatanismo.
A primeira ajuda buscada pela protagonista foi a psiquiatria, que não conseguiu minimizar-lhe o sofrimento. Buscou o espiritismo e também não obteve resultado. A parapsicologia constatou a existência de fenômenos externos, caracterizados fisicamente o que contrariava o diagnóstico psiquiátrico que afirmava que os fenômenos eram produzidos pela mente da paciente.
A protagonista, ao final da estória, é internada em um hospital psiquiátrico onde permanece sob controle, mas sem cura.
A importância da obra está em mostrar a existência de fenômenos que atingem o ser humano e quanto eles são desconhecidos da humanidade, por mais avanços que a ciência tenha conseguido até aqui. A obra destaca o mistério e a incapacidade dos cientistas e religiosos, prepotentes, em admiti-lo, acreditando conhecer o que desconhecem completamente. Por mais que teorias e dógmas tenham tido suas justificativas desmentidas, invalidadas através de múltiplos exemplos, seus defensores continuam defendendo-as, demonstrando do que a prepotência é capaz.

11/03/06
No final da tarde fui procurar a Jose, para verificar se ela tinha interesse em participar no negócio do bar.
Quando cheguei lá ela estava no paiol do alto com a Cida. Perguntei-lhe se tinha interesse no negócio e ela, com uma expressão de poucos amigos disse que tinha. Convidei-a a descermos para conversar.
Sentamo-nos na taipa da cozinha da Cida e começamos a conversa.
Ela disse que tinha interesse, sim. Que havia recebido um convite do dono de pousadas em Ubatuba, Monte Verde e outra localidade. Ele pretendia que ela fosse uma espécie de supervisora, visitando as pousadas e coordenando os trabalhos. Ela alegou que não gostaria de viver na estrada, viajando entre as pousadas, cuja distância entre elas ela julga que é muito grande. Alegou ainda a inconveniência de ir a Monte Verde, correndo o risco de encontrar o Renato e Ter problemas.
Logo depois a Cida entrou em casa, enquanto falávamos a respeito do bar. Ela instou a Jose a concordar em participar do negócio.
Aleguei a responsabilidade envolvida no negócio. Que, devido aos problemas que ela costuma sofrer, com mudança de personalidade, havia o risco de, de uma hora para outra, sem mais nem menos, abandonar o negócio deixando-me em apuros. Alertei para o problema do relacionamento que está tendo com o Baianinho, que poderá não gostar que ela passe a Ter uma convivência tão próxima de mim. Ela disse que se comprometia a não fugir à responsabilidade e que o relacionamento não era problema que “daria pipa à pipa”. Dando a entender que terminaria o relacionamento, sem maiores problemas.
Durante a conversa ela foi se soltando e me pareceu que a Josi havia voltado. Conversamos por bastante tempo e ficou tudo acertado. Fiquei de dar continuidade à negociação com o Marino e o Mário.
Comentei com ela a respeito do mistério, destacando as fases ruins e boas que tenho passado durante a vida. Que os finais de ano tem se mostrado ruins, enquanto a partir de março a fase começa a mudar, propiciando coisas boas. Lembrei de quando ela voltara para mim em Campo Grande, que foi nessa época. Coincidentemente, ela me ligou pedindo para voltar, daquela vez, no dia sete de março. Agora, voltamos a nos entender no dia dez do mesmo mês. Coincidência?
Não me referi a reconciliação, nem forcei qualquer tipo de contato físico. Senti que ela está com vontade de retomar o relacionamento. Se for verdade, espero combinar um relacionamento do tipo: amizade e amor, sem compromisso de casamento ou compromisso equivalente.
Desta vez a ansiedade não me dominou e permaneci tranqüilo, sentindo uma espécie de alívio e bem estar.

12/03/06
Ontem, no final da tarde, fui na venda. A Jose estava lá com a Cida e o Roni. Quando cheguei elas já estavam de saída, com pressa de chegar em casa antes da chuva que ameaçava cair.
A Jose me chamou para fora e disse que o Marino lhe dissera que não poderia atender ao que eu lhe pedira no dia anterior: reduzir o preço do negócio e incluir a marajó. Disse-lhe que isso não seria problema. Que eu havia pedido que ele estudasse a possibilidade, mas que não forçara para que a situação fosse aquela.
Perguntei-lhe se tinha compromisso para aquela noite e ela disse que iriam para a praia, saindo no final da noite.
É evidente que essa viagem já estava marcada a bastante tempo. No entanto, me senti mal, por saber que continua ligada ao Maravilha e sua turma. O seu relacionamento com o Baianinho não me incomoda tanto. Ela declarou na última conversa, quando me referi a que poderia Ter problemas no relacionamento com ele, em virtude da proximidade que passaria a Ter comigo; que “daria linha na pipa”. Foi uma demonstração de que ele não lhe é tão importante, que pode descartá-lo sem maiores problemas.
O importante é perceber o quanto ela influencia o meu emocional. Depois da conversa de Sexta-feira, me senti tranqüilo e sem ansiedade, determinado a esperar o desenrolar dos acontecimentos, acreditando que o relacionamento no negócio favoreceria o nosso relacionamento pessoal. A partir do encontro de ontem (onde não aconteceu nada de extraordinário), a possibilidade de que suas distorções de personalidade possam causar problemas ao negócio e impedir o relacionamento pessoal, voltaram a me incomodar.
Fica cada vez mais claro, que a esperança acompanhada da ansiedade, são grandes inimigas do emocional; impedindo o emprego de estratégias, que combateriam as estratégias do opositor. Elas atacam nossa imunologia emocional, impedindo a ação da racionalidade.
Dois detalhes mostram a permanência da transformação da personalidade dela: o relacionamento com os Maravilha e sua intenção de continuar morando aqui. Ela considerava que este lugar é muito restrito, impedindo-a de maior expansão e crescimento. Ela já teve duas oportunidades de fazer o que apregoava ser seu objetivo: a possibilidade de trabalhar e estudar em São José dos Campos e a oferta de coordenar as pousadas. A primeira lhe possibilitaria estudar e Ter boa dose de independência; a Segunda lhe permitiria viajar e evitar a rotina. Recusou as duas. Quando lhe propus o negócio do bar, uma das vantagens que alegou para aceitá-la, foi o fato de não precisar sair daqui. O que deve estar atraindo-a tanto este lugar?
Se a compra do bar se concretizar, terei a vantagem do relacionamento com os freqüentadores, a possibilidade de ouvir estórias e escrevê-las; além de Ter maior oportunidade de algum relacionamento amoroso. Se a Jose abandonar o negócio, sempre será possível conseguir alguém para substitui-la, mesmo que seja de qualidade sofrível. Portanto, ela é importante mas sua ausência não causaria uma tragédia.
A possibilidade de acessar a internet me possibilitará a procura de edição dos livros. Dificilmente terei uma possibilidade de me manter melhor que essa. Portanto, farei o possível para realizar esse negócio.

14/03/06
Por volta das dezesseis horas, fui conversar com a Jose, tentando perceber se sua nova personalidade poderia ser suficientemente confiável para colocá-la no negócio do bar. Disse-lhe que o objetivo da conversa era esse.
Coloquei que a desconfiança se fundamentava no que havia acontecido quando da nossa separação. Ela resolveu, de uma hora para outra, abandonar o relacionamento, negando-se a conversar, tentando resolver o problema, seja pela eliminação das causas ou acertando a melhor maneira, para minimizar os efeitos da separação. Que se ela fizera isso com o relacionamento, é provável que repita o procedimento quando se sentir incomodada com o negócio.
Ela voltou a afirmar que eu poderia confiar, que não se atreveria a faltar ao compromisso que assumíssemos.
Disse-lhe que não era uma questão de palavras, que eu precisava confiar, convencido de que isso não era só retórica. Ela estava tensa e argumentava sem oferecer indicações reais que propiciassem confiança.
Ela me perguntou o que poderia fazer para me convencer. Disse-lhe que ela poderia tentar me dar subsídios para que eu entendesse o que a levara a agir daquela maneira.
Ela confessou que agira por impulso, dominada pela emoção. Admitiu que fôra covarde, fugindo de discutir o problema. Continua acreditando que a separação era a única opção possível e que não se achava capaz de defender isso, logicamente.
Disse-lhe que há uma grande diferença entre o idealismo de sociedade que tenho, e que ela compartilhava, c a sociedade como é. Que é preciso compreender que o convívio exige um mínimo de aceitação das distorções existentes na sociedade, convivendo com elas. Que é importante reagir, mas sem transgredir, ocasionando rupturas que nos causarão grandes prejuizos.
Exemplifiquei com seu procedimento em relação a dois empregadores. Reagiu à incoerência deles, afrontando-os escancaradamente. Considerando que o mercado de trabalho, aqui, é muito pequeno e que ela tem intenção de continuar vivendo aqui; não era bom negócio fechar portas a potenciais contratadores.
Está claro que ela continua confusa, tentando defender sem lógica, buscando ângulos favoráveis e evitando aqueles os que condenam seus conceitos e ações.
Não consegui elementos para que possa confiar no seu comportamento. O dado mais importante nessa direção, é a promessa dela em não se deixar levar pela emoção e pelo impulso. Ela admite Ter errado, por não conseguir argumentar logicamente na defesa do que fez. No entanto, continua acreditando que fez o que tinha que fazer. Claro que o potencial para repetir atitudes está presente nela.
Estou achando que ela não é indispensável para o negócio. Se resolver abandoná-lo, causará só uma dificuldade. Não será um caos. Estou tentado a arriscar, colocando-a no negócio. A pretensão é poder recuperá-la como personalidade e, quem sabe, possamos Ter um relacionamento bom como amigos e, talvez, como amantes. Não tenho maiores esperanças, mas também não me restam outras alternativas. Enquanto não apareça algo melhor, vou tentar recuperá-la.

No final da tarde fui na venda. Liguei para o Tininho que disse que o comprador do trator não ficaria com ele porque o trabalho de corte de madeira estava parado.
O Marino me disse que o Maravilha, bêbado, havia feito escândalo ontem a noite, na venda, e que fôra inquirir o Dito Américo, perguntando-lhe se o meu dinheiro valia mais que o dele.
O Marino disse que, pela manhã, falara com o Rodrigo e este lhe dissera que se ele não quisesse continuar no bar, este seria tocado pelo seu irmão: Gilmar. Que se não fosse assim, seu pai preferia deixar o armazem fechado.
O Marino disse que a Jose assistira o escândalo ontem a noite. Fui procura-la e ela me contou, o mesmo que o Marino já me contara.

15/03/06
Hoje passei o dia bastante deprimido, melancólico. Sentindo um vazio pesado (?).
Até quando terei que suportar esse estado de espírito?

16/03/06
Sonhos
Para que servem os sonhos?

Sonhando eu fui feliz
Sonhando eu viajei
Por lugares só sonhados
Que em meus sonhos eu moldei
Sonhei gente solidária
Humildade eu sonhei
Sonhei amores ardentes
Muita amizade sonhei
Ah! sonhos como são bons!
Se é feliz ao sonhar
Sonhar realizações
Realizados chorar
Realidade é veneno
Pra sonhos envenenar
Transformando o grande amor
Em motivo pra chorar
A humildade, coitada
Prepotência vai virar
Sonhar solidariedade
Ver egoísmo grassar
A amizade sonhada
Em traição vai virar
Portanto, matar um sonho
É o sonho realizar.

QUEM...O QUE?
Me ocorreu questionar
Quem sou e o que já fui
Sou alguém que quer viver
Já fui muitos, vários fui
Verdades se transformando
Mentiras mostrando ser
Verifiquei quantos erros
Se consegue cometer
Na busca do acertar
Estar certo pretender
Fui constatando meus erros
Sofrendo o constatar
Me sentindo pequenino
Envergonhado ao errar
Lutei para aprender
Sobre os erros caminhar
Usando-os como escada
Para mais alto chegar
Caindo pelo caminho
Retomando o caminhar
Compreendendo que a vida
É um eterno lutar
Buscando realizações
Fracassos acumular
Sorver sôfrego o sucesso
Fracasso minimizar
Deleitar-se com o sonho
Sofrer o realizar
Felicidade vivida
Não causa maior prazer
Se não estiver presente
É apatia ou sofrer
Viver é metamorfose
É um eterno mudar
Desmentindo o que foi certo
Na busca do acertar.

17/03/06
Fui em São Bento com o Chico Belo arrumar o alternador do carro dele. Enquanto esperávamos o conserto, conversamos sobre a Jose. Ele me disse que combinou com ela que iremos na próxima Segunda-feira em São José tentar conseguir a habilitação de motorista, dela, em que demos entrada lá em novembro passado. Ele me disse que ela lhe perguntara se ele iria junto, pois não queria ir sozinha comigo. Saber disso, me fez um grande mal. Sempre que fico sabendo que ela se refere a mim como alguém perigoso, que lhe possa causar qualquer tipo de mal, me provoca este sentimento muito ruim. Não deveria me deixar influenciar por isso, mas não depende de minha vontade ou razão. O mal estar acontece, independente da racionalidade que diz que eu não deveria me deixar atingir por isso.
Enquanto conversávamos, voltei a verificar que não há lógica no comportamento dela, que alguma força maior a domina. Não é possível que ela não perceba o mal que está se fazendo, da mesma maneira que não tem sentido o repúdio que me dedica, sendo que não lhe fiz nada que pudesse causar isso.
Ela não está, como quer fazer crer, buscando algo novo e diferente; está se entregando à vida que está cansada de conhecer e que sempre repudiou, além de conviver com pessoas do tipo que lhe chegavam a causar repulsa. É um grande mistério!

20/03/06
O Chico Belo me comunicou, na semana passada, que iríamos em São José na Segunda feira para tentar resolver o problema da renovação da habilitação da Jose. Ele viu-a ontem na venda e ela estava bêbada. Disse-lhe que a pegaríamos hoje as oito e meia e ela concordou.
Passamos para pegá-la e ela lhe disse que não iria. Deu-lhe uns papéis e lhe disse que eu sabia onde era a CIRETRAN. Disse ao Chico que não adiantaria ir a São José, pois só o interessado, pessoalmente, ou um despachante pode tratar de documentos. A que ponto ela chegou!

25/03/06
Li o caderno em que a Josi escreveu o acontecido quando ia se casar com o Vanuir. Senti muita tristeza porque ali ela confessava a todo instante que eu era o seu amor e que me perder seria terrível.
No final da tarde fui na venda e a Jose estava lá com a família, Agostinha, Pedro e Baianinho. Acenei um cumprimento e ela retribuiu com um sorriso. Ela estava bebendo cerveja e conversando com o Dito Leme. Ao sair acenei-lhe um adeus e ela respondeu. Me deixa triste vê-la nessa vida que está levando.
Quando eu ia sair para ir na venda, aconteceu uma coisa estranha: ao entrar no quarto para pegar a blusa, o livro Dom Quixote, que está sobre a cadeira na cabeceira da cama, estava aberto, mostrando uma fotografia da Josi no Uno, no portão da garagem da casa do Gonzalo. Esse livro tem capa grossa, difícil de ser aberta pelo vento. É claro que eu posso tê-lo aberto, ao pegar alguma coisa, mas não me lembro de Ter feito nada que possa Ter provocado isso.
Ontem o Chico Belo veio ajudar a contar o gado e curar dois bezerros. Combinei que levarei as coisas para a casa dele, onde ficarão guardadas até que eu resolva o que fazer com elas. Ele me disse que teme que a Jose queira pegar o freezer, alegando que seria dela. Disse´lhe que esclarecerei isso junto a ela, na presença dele, para que não restem dúvidas.
Pensei no balanço da vida em comum que tive com a Josi. O amor que ela me dedicou não foi maior do que eu dediquei a ela. Minha amizade por ela foi total e irrestrita. Ela me deu sua beleza e eu lhe ofereci minha sabedoria. Portanto, não considero que lhe deva alguma coisa.
Eu disse ao Chico Belo que tenho esperança de que, um dia, ela me procure e possa me contar o que realmente sentiu durante esse tempo e o que a teria levado a agir dessa maneira. Minha esperança (minha?) continua acreditando que ela se arrependerá. É até possível que ela se arrependa, no entanto, o que seria bom que acontecesse é que a Josi voltasse a assumir a personalidade.

26/03/06
Estou me sentindo um tanto angustiado, oprimido. Penso na possibilidade da Josi voltar e reconhecer os erros cometidos pela Jose. Sei que isso é uma possibilidade, mas enquanto não acontecer, se é que vai acontecer, não há o que fazer. É possível que, se voltar, não tenha coragem de me procurar, envergonhada pelo que a Jose fez; acreditando que eu não a perdoaria.
A atitude da Jose me livrou de compromisso com o futuro da Josi. Compromisso financeiro, o direito que ela teria a bens que eu possa Ter ou herdar e a que ela teria direito. No entanto, o que posso lhe oferecer é muito maior que isso. Posso passar-lhe o conhecimento e compreensão adquiridos em tatos anos e experiências. Isso poderia ajudá-la a compreender a vida e capacitar-se para enfrentá-la.
Será que isso é muito importante? O que eu estou conseguindo com isso?
Sei que não nos cabe decidir o que nos seja melhor e, muito menos consegui-lo. Que é preciso esperar, procurando administrar o sofrimento até que algo bom aconteça. Que não devemos confiar totalmente nas pessoas, mas que não devemos permitir que isso nos impeça de desfrutar o que possam nos oferecer de bom. É preciso desfrutar o bom ao máximo, sabendo que ele é extingüível. Que devemos nos esforçar para usar a razão, contrapondo-se às emoções ruins. Que devemos evitar a sedução da facilidade incial que pode ocasionar grandes prejuízos futuros. Que a amizade é algo muito maior que as pessoas costumam avaliar. Que é preciso Ter esperança, mas que ela não deve nos ancorar, impedindo que procuremos algo diferente.

26/03/06
Nos últimos dias tenho pensado se falo com a Jose para me despedir e o que diria nessa conversa. Confesso que ainda não tenho certeza do que seria melhor fazer. Reuni algumas coisas que ela não levou como: carteira profissional, diplomas de computação e CIEE, fotos, etc. Coloquei tudo numa pasta para devolver-lhe.
Está me parecendo melhor não conversar com ela, mesmo porque ela não deverá dar ouvidos ao que eu disser. Entrará por um ouvido e sairá pelo outro sem que nada fique registrado. Pelo menos é isso que tem acontecido. Portanto, o que poderia surtir algum efeito, seria dizer-lhe algo por escrito. Se ela não jogar fora, poderá servir-lhe algum dia, quando mude de personalidade. Vou escrever abaixo o que poderia lhe dizer.

JOSE

Estou indo embora, triste por acreditar que isso te dará prazer.
Acredito que, hoje, você seja outra pessoa, como você mesmo me confessou. Por isso te chamo de Jose e não de Josi, que foi o meu molinho.
Reconheço o direito que você tem de ser como está sendo. Hoje você é uma mulher adulta e ninguém tem o direito de interferir na sua vida, contra sua vontade. A vida é sua e você tem todo o direito de fazer dela o que bem entender.
Eu detesto criticar. Adoraria só ter motivos para elogiar. Passei sete anos elogiando a Josi e foi maravilhoso. Tive muito poucos motivos para criticá-la e, quando a critiquei, doeu mais em mim do que nela. Infelizmente, em relação a você, aconteceu o contrário. Gostaria que você guardasse esta carta para lê-la no futuro, quando você compreenda que pode ter agido de maneira errada. Não tenho a menor intenção de te agredir. Só gostaria que você entendesse o porquê da minha contrariedade pela maneira como você vem se comportando.
A Josi tinha sede de realizações, de aprender, de crescer como ser humano, de se aventurar em busca do desconhecido, com coragem de enfrentar dificuldades para conseguir seus objetivos. Eu a admirei profundamente, dediquei-lhe o maior respeito que já dedicara a qualquer pessoa, senti muito orgulho pelo que ela foi e pelo que fazia. Amei-a da maneira mais intensa que essa emoção pode alcançar. Ela foi a melhor pessoa que conheci, a melhor amiga, a melhor companheira. Ela tinha defeitos como qualquer ser humano. No entanto, suas qualidades positivas eram tantas e de tamanha intensidade, que seus defeitos podiam ser desconsiderados.
Eu continuo acreditando que a Josi era minha alma gêmea. Nós tínhamos os mesmos valores, os mesmos ideais, a mesma garra de lutar, a mesma necessidade de aventura, a mesma necessidade de encarar desafios, a mesma determinação de encarar dificuldades na luta por objetivos.
Jose, eu te peço descupas por não conseguir aceitar essa sua nova personalidade. Você não é ruim, nem tem feito muitas coisas erradas. O problema é que não posso deixar de te comparar com a Josi. Ela era corajosa, sensível, inteligente, amiga leal, companheira. Ela era excepcional! Você é uma pessoa comum, honesta, trabalhadora. No entanto, não tem coragem de enfrentar a vida, deixando-se levar, acreditando que está fazendo o que quer. Você preferiu voltar a levar a vida que levava antes de me conhecer, desistindo de lutar por algo melhor para você e para as pessoas que te cercam. Preferiu conviver com pessoas do tipo que você cansou de me dizer que não concordava. Voltou a beber, por falta de algo melhor para fazer. Você é totalmente o contrário do que a Josi foi. Por isso não consigo aceitar essa personalidade em que você se transformou.
Pode ser que eu esteja totalmente errado, no entanto, acredito que uma força misteriosa e muito forte é que causou essa mudança de personalidade. Acredito que seja muito difícil para você admitir que está sendo dominada pelo mistério, sem forças para reagir, preferindo acreditar que você é que escolheu essa mudança.
Enquanto você continuar acreditando que está certa, que está fazendo o melhor e que não errou; nada poderá te convencer do contrário. Talvez você nem chegue a ler esta carta até este ponto.
Desde que eu decidi assumir um relacionamento com a Josi, me preparei para perdê-la um dia. Tinha plena consciência das dificuldades que esse relacionamento encontraria e acreditava que ela não suportaria a pressão. O tempo foi passando e ela demonstrando toda sua força, inteligência, sensibilidade e coragem. Compreendi que eu estava me relacionando com uma pessoa excepcional, que além de tudo, era capaz de uma amizade como eu nunca conhecera até ali.
Continuei acreditando que um dia ela poderia se apaixonar por outro homem e que eu perderia uma mulher maravilhosa, uma amante sem igual. No entanto, passei a acreditar, com todas as forças, que nunca perderia a amiga. Eu sabia que dificilmente encontraria outra amizade como a dela. Acreditei que mesmo que ela passasse a viver um outro amor e se dedicasse a ele como se dedicou a mim; que poderia continuar me dedicando aquela amizade maravilhosa, que poderíamos continuar conversando, nos ajudando, nos apoiando nas horas difíceis, torcendo para que cada um pudesse ter o máximo de felicidade, contribuindo para que isso fosse verdade. Imaginei muitas vezes que eu seria amigo do novo amor dela, que lhe daria mil parabéns por ter tido a sorte de poder desfrutar de mulher tão maravilhosa. Imaginei que ela se apaixonaria por um cara muito legal, pois não conseguiria se relacionar com alguém medíocre, que não a merecesse. Imaginei que se ela se relacionasse com outro homem, ao invés de perder a amiga, eu ganharia um novo amigo. Eu faria tudo para que o seu novo amor entendesse que não teria motivos para ter ciúmes de mim, que se ela me deixara e fôra com ele, é porque o amava mais que a mim e, portanto, ele não teria motivos para acreditar que ela pudesse traí-lo.
Eu estava preparado para perder a mulher e a amante. No entanto, não acreditava que pudesse perder a amiga, muito menos que ela pudesse me desprezar. Confesso que isso nunca me passou pela cabeça. Não pensei um único segundo que isso pudesse acontecer.
Quando me senti abandonado, acreditei que ela estava passando por uma crise emocional e que precisaria de um tempo para se recompor e perceber que era só uma crise.
Comecei a procurar motivos que eu pudesse ter oferecido para que essa crise acontecesse. Achei que eu tinha exagerado nas críticas nos últimos tempos e que isso seria motivo suficiente para provocar a crise nela. Me senti muito mal, acreditando que eu era o único culpado pelo que ela estava passando e senti vontade de me agredir, de me castigar por ter sido tão idiota, por ter colocado em risco a coisa mais maravilhosa que eu já tivera. Achei que o que eu estava sofrendo era pouco, que merecia sofrer mais para deixar de ser burro e aprender que não se pode vacilar com o amor, que ele é muito sensível e pode ser agredido por coisas idiotas.
Procurei dar um tempo para que a crise passasse e ela tivesse tempo de se recompor. Esperei que isso acontecesse, que pudéssemos conversar, que eu pudesse pedir desculpas pela minha imbecilidade, confessando meus erros, reconhecendo-os, prometendo cuidar para que isso não voltasse a acontecer.
No entanto, isso não aconteceu. Não tive oportunidade de confessar os erros que eu achava que tinha cometido, não tive oportunidade de pedir desculpas, não pude falar e ouvir as acusações que ela teria para me fazer. Me senti um condenado, sem direito a julgamento.
Continuando a analisar o problema, percebi que eu realmente havia errado. No entanto, os erros que eu cometera não eram suficientes para uma atitude tão drástica como ela tomou. Principalmente porque as críticas que eu fizera não eram gratuitas. Ela havia dado motivos para que as críticas acontecessem. Nem os erros que ela cometera eram grandes nem as críticas que eu fizera eram tão exageradas. Percebi que não havia motivos suficientes para que acontecesse o que aconteceu.
Analisando tudo o que tinha acontecido quando eu estava em Campo Grande, compreendi que não era a Josi quem tinha me abandonado. Era a Jose que ocupara o corpo dela. A Jose não me amou, não me tinha amizade, tinha outros valores, em fim, era outra pessoa. A Josi me amava e era minha amiga. A Jose nunca me amou, nunca foi minha amiga. A Josi me admirava. A Jose me despreza. É mais que natural que a Jose queira distância de mim.
Você não é ruim. É igual a milhões e milhões de pessoas que vivem no mundo. Você é mais bonita e simpática que a maioria, é agradável e não é tão burra quanto os outros. O problema é que eu conheci a Josi e, dificilmente alguém pode ser o que ela foi. Ela era boa demais, excepcional! Comparado com ela, todo mundo fica pequeno, sem graça. Esse é o problema. Não é você que é ruim. Ela é que era boa demais! Eu tive a felicidade de conviver com ela. Ninguém no mundo foi tão feliz como eu, vivendo ao lado dela. Mesmo que eu ganhasse todos os prêmios de todas as loterias do mundo, tenho certeza que não conseguiria a felicidade que desfrutei ao lado dela. Eu tive a sorte de ganhar o maior prêmio que alguém pode ganhar. Tenho consciência de que é praticamente impossível que essa sorte se repita. Portanto, sei o quanto vai ser difícil viver sem ela. Há oito meses venho lutando para descobrir uma maneira de continuar vivendo bem, agradecendo a sorte de tê-la desfrutado e me conformando em não tê-la mais. Não consegui e sei que não vai ser fácil.
Acredito ter feito tudo que eu podia para tentar fazer a Josi voltar a assumir a personalidade desse corpo. Acho que se ela voltasse, eu teria boa chance de tê-la de volta. Se não como mulher e amante, pelo menos como amiga e isso já seria bom demais. No entanto, não tenho direito de forçar a barra, nem acho que isso resolveria o problema. Esperei até agora que ela pudesse voltar e imaginei a cada minuto que ela desse algum sinal de vida, que eu pudesse mostrar a ela tudo que aprendi nesses meses de sofrimento, que pudéssemos usar isso para ajudar outras pessoas e a nós mesmos.
Fracassei! Fui derrotado! Não me considero um fraco, nem insensível, nem burro, nem covarde. O problema é que o mistério é muito forte, poderoso e, principalmente, desconhecido. Se a intenção dele era me castigar, tenho que lhe dar os parabéns! Se ele tivesse me colocado um cancer na cabeça ou em qualquer parte do corpo, não teria causado tanto sofrimento. Se tivesse me deixado cego ou paralítico, também não. Se tivesse me tirado qualquer outra pessoa, também não conseguiria ter me maltratado tanto. Se a intenção dele era me machucar, parabéns! Acertou na mosca!
Como acho difícil encontrar outra pessoa como a Josi, só me resta levar a vida e torcer para que a Josi esteja escondida em algum canto e que, um dia, possa aparecer e eu tenha a oportunidade de conversar com ela e ela possa me contar o que aconteceu e como se sentiu. Se isso acontecer, será como ter ganho na maior loteria do mundo, novamente.
A vida é um grande mistério e não sei o que vai ser da minha daqui para a frente. Já que não consigo esquecer a Josi, seja lá o que me acontecer, estarei esperando que ela volte. Ela saberá como me encontrar.

28/03/06
Quando passava com o trator, levando parte da mudança para a casa do Chico Belo, ao passar pela porteira do sítio do Oscar, o Renam me parou e disse que a Jose queria falar comigo.
Não posso deixar de confessar que considerei a possibilidade de que, lendo a carta que lhe entreguei ontem, ela quisesse conversar a respeito. No entanto, considerei imediatamente que o assunto deveria ser outro. E foi. Ela me pediu para entregar a sua mãe uma cômoda e cadeiras que estavam em casa.
Perguntei-lhe se lera a carta e ela disse que já a lera três ou quatro vezes. Me pediu para impremir as duas últimas páginas, novamente, porque ela deixara que essas folhas se molhassem e que ficaram borradas.
Disse-lhe que ela estava se escondendo dela mesma, dizendo uma coisa, enquanto suas atitudes demonstram o contrário. Que ela se entregou ao tipo de vida que levara antes de me encontrar. Que estava sendo covarde, se refugiando naquele ambiente, convivendo com pessoas com quem não concordava antes, bebendo, escondendo-se de si mesma.
Ela disse que foi convidada para trabalhar como agente comunitária e que pretendia mudar-se para a cidade, pedindo-me, inclusive, se emprestaria o fogão, uma vez que as outras coisas ela já tinha. Voltou a citar que o que ela queria e ainda quer, é tornar-se independente, morar sozinha. Disse-lhe que ela tem agido contrariamente ao que está declarando. Que ao sair de casa, depois de uma semana foi morar com o Renato, que ela sabia ser uma roubada. Que voltara e estava, até agora, morando com a mãe. Que depois de oito meses, continuava mais dependente dos outros do que quando viveu comigo.
Disse-lhe que o mais ininteligível, é o seu desprezo pela minha amizade. Nesse ponto ela começou a demonstra o quanto a conversa a estava desagradando e eu me despedi e fui embora.

05/05/06- A Jose chegou na venda e fui dar-lhe os R$80,00 da última parcela do ourocap e pedir-lhe que, quando fizesse o saque da aplicação, entrgasse o saldo para o Chico Belo para que ele me entregasse. Ela disse se eu estaria precisando desse dinheiro agora. Que tensionava renegociar sua dívida com o banco. Disse-lhe que não haveria problema mas que ela precisaria racionalizar sua situação. Disse-lhe que eu não falaria nada pois, nas tentativas que fizera não conseguira tê-las consideradas. Ela pediu que eu dissesse. Disse-lhe que ela vinha enfiando os pés pelas mãos, perdida em suas contas, sem conseguir esquematizar uma saída. Ela disse que ficara doente e que precisara pedir dinheiro emprestado para curar-se. Que gostaria de fazer algum negócio e disse que lhe ofereceram um bar no caminho do Zé da Rosa. Disse-lhe que o melhor seria retomar as vendas domiciliares e que isso eu toparia fazer com ela. Ficamos de conversar mais a respeito amanhã. Troquei-lhe um cheque de R$360,00.

06/05/06- .Por volta das 9:00hs desci no Neto para conversar com a Jose e encontrei-a na estrada, com a moto, conversando com a Neide. Ela disse que ia me procurar. Voltamos na casa da Cida e conversamos. O caminhão do Zé Hailton chegou e fui com ele carregar o trator. Quando passava pela porteira do Zé Orestes, o Arildo me pediu para puxar seu caminhão que encravara no Eduardão. Puxei-o, coloquei o tratoir sobre o caminhão e voltei par conversar com a Jose. A conversa girou em torno da minha preocupação com sua instabilidade entre as duas personalidades. Ela garantiu que não haveria problema. Como ela iria para o Junco, ficou de verificar se o Milton ainda estaria vendendo o Gol. Depois do almoço, fui com Neto, Marília e Chico Belo levar o Milton na Terra Fria, passamos no Zé Ovídio e voltamos por Gonçalves, chegando a noite no Paiol. Passamos para visitar o filho do Silvinho que nascera.

Fui com o carro do Chico no Zé Orestes. A mãe, irmã, cunhado dele e Juninho com Daiane, estavam lá. Tomei cerveja, comi churrasco e quando saia para esperar a Jose no Chico, ela chegou. Conversamos bastante e fomos levar o carro para o Chico. Desci com ela a pé até a porteira do Neto onde ficamos conversando até que o Chico chegou e desci com ele para pegar o ônibus. Ela falou sobre a relação com o Baianinho e eu inquiri seu comportamento ao desprezar minha amizade e fugir de mim como o diabo da cruz. Ela contiuna querendo argumentar que a fuga se devia a evitrar sofrimento para mim e a sua vontade de ter vida independente.

16/05/06- Liguei para a Jose por volta das 8:16hs e ela confirmou que iria comigo em Paraisópolis para ver o uno. O Adriano me trouxe o escort por volta das 9:30hs. Fui direto para o Caracy, peguei a Jose e fomos para Paraíso. Não tinha nenhum uno e o cara disse que tinha um pálio 98 por R$13.500,00.. Passamos na agência de São Bento e tinha um uno 95 e outro 96 por R$9.000,00 cada. Namoramos na pousada Florada da Serra, abasteci o escort e subimos para o Caracy. Deixei-a em casa, fui no Chico Belo e voltei para dormir no Neto.

17/05/06- Acordei as 7:00hs. Tirei 4L de gasolina do escort para por na moto da Jose. Ela veio conversar comigo e combinamos que eu voltaria no final de semana para a festa do Paiol ou lhe ligaria na segunda feira para combinarmos o dia em que eu irei busca-la para virmos para São Paulo fazer as compras.

18/05/06- Quando cheguei em casa, no final da tarde, a Jose já tinha me ligado várias vezes. Ligou as 19:00hs e disse que o ourocard vai demorar quarenta dias para sair. Pediu para eu depositar R$700,00 na sua conta para ela pagar a Jacinta e o Maravilha. Disse-lhe que a Jane me disse que já está resolvido o problema do prontuário em Campo Grande. Ela foi ver uma moto nova e disse que o Helinho está interessado na nossa moto.

29/05/06- Saímos por volta das onze horas. Passamos na CIRETRAN de São José dos Campos e a renovação da CNH da Jose estava na mesma. Pegamos resposta impressa e fomos ao Forum. Nos indicaram a defensoria pública, mas esta não funciona as segundas-feiras. Roubaram o rádio/CD do carro, bolsa e oupas da Jose, maletinha c/ ferramentas de bijuteria, CD e meu ray ban. Só conversamos o indispensável durante a viagem. Estourou o pneu trazeiro esquerdo.
Fomos assistir o código Da Vinci no shoping Aricanduva. Fomos para o motel na entrada da Fernão Dias. Perguntei se ela preferia tomar banho sozinha ou comigo. Ela optou pela Segunda opção.

30/05/06- Fomos trocar o pneu na recauchutadora da av. Itaquera, perto do cimitério. Quando chegávamos no David, o pneu já estava vazio. Deixamos o carro lá e fomos comprar na vinte e cinco e no anhangabau. Troquei o pneu do carro e fomos no Pari. Ela queria ir embora hoje e demonstrava necessidade disso. Fomos na Bresser comprar calcinhas e ficamos até as lojas fecharem, as seis horas da tarde. Teremos que ficar até amanhã. Jantamos no Gonzalo, fomos para o motel onde nos amamos e conversamos bastante.

31/05/06- Saímos por volta das cinco e meia e fomos na feira da madrugada. Fomos na vinte e cinco comprar CDs. Na Penha, compramos blaser para o Marino e toalha de mesa para dona Célia. Saímos por volta das onze horas, passamos no Capim Azul e vendemos para a Roty e Ana Paula.

01/06/06- A Cida não gostou do Chiquinho Rosa. A Jose disse que ele lhe disse que para ela não diria nada. Que sabia que vivera amigada e que isso era pecado. Disse, ainda, que enquanto eu viver, ela não se casará. Que ela está certa (?).

02/06/06- Combinei com a Jose que iríamos para Santana as onze horas, tirar dinheiro em São Bento, depositar na conta dela, mandar declaração de cancelamento da matrícula para habilitação de moto que ela tentara tirar em Campo Grande; fazer compras pra casa dela e vender um pouco. Fizemos a declaração no Tiãozinho, colocamos no SEDEX c/ xerox do RG, CNH e CPF. Depositamos o cheque de R$10.000,00 na conta da Jose, com a promessa do caixa de que, na Segunda feira, o dinheiro estaria disponível. A Jose fez compora no Zé Verti e vendemos na Patrícia, Luzia e dona Jandira.
A Jose disse que terá que trabalhar amanhã, alegando que me avisara, no começo, que isto aconteceria de vez em quando. Disse-lhe que isso não é bom, pois os finais de semana é quando a gente pode vender e que cada final de semana perdido resulta de perda de 25% de faturamento do mês.

04/06/06- Fui na venda pela manhã tentar vender alguma coisa. A Jose chegou no carro do Nelson queijeiro por volta das dez horas, me pedindo para arrumar a moto que ela havia deixado no Marino ontem à noite. Sequei a vela e a moto pegou. Levei-a até a casa dela e, ela, depois de pegar uma blusa e uma mochila, me levou de volta na moto até a venda. Como o Luizinho do Ladi estivesse lá com o Toninho e a Cristiane; a Jose voltou para pegar a Rose e foram para o Nakano. Vendi uma jaqueta para o Pimenta. À noite a Jose chegou na venda com toda a família. Me deu um cheque assinado e o cartão para que eu retirasse dinheiro para cobrir a conta do Chico, depositar algo na conta da Lilian e ficar com dinheiro para as compras. Ela me deu um cheque do Oscar de R$455,00 para depositar e pediu que eu retirasse R$180,00 para ela dar de troco pelo cheque e mais R$350,00 para a Rose.

05/06/06- Depois do almoço, fui no Oscar perguntar à Jose se era para dar o dinheiro para a Rose. Ela pediu para eu voltar depois das quatro horas, quando estaria em casa. Perguntei se iríamos hoje ou amanhã. Ela disse que não via necessidade de irmos hoje e que poderíamos ir amanhã de madrugada. Disse-lhe que se é para ir amanhã, não iremos de madrugada e sim, por volta das sete e meia. Ela alegou que precisa levar a Rose até Santana, que precisa estar lá as seis e meia. Disse que se eu não quiser levá-la, que ela pediria ao Chico para levá-la. Fui embora para voltar mais tarde e resolver.

06/06/06- Saímos as seis e quinze, deixamos a Rose, Ana Paula, Renam e Régis em Santana. Fomos pela Carvalho Pinto. Notei um chupão no pescoço dela, que disse que dez minutos de beijos resultaram naquilo. Pedi-lhe que fosse honesta e dissesse se pretendia se associar ao Marino, no bar para fazer festas de fim de semana. Ela disse que optara por nosso negócio, desistindo daquele. A Jose ficou com a Darcy enquanto eu arrumava o carro. Almoçamos no Gonzalo e fomos para a Bresser. Dormimos no motel. Sugeri a ela que desabafasse comigo. Ela desconsiderou minha sugestão. Fiquei aborrecido com a falta de confiança, prepotência, egoísmo e covardia. Demorei pra dormir.

10/06/06- A Jose saiu ontem logo depois do almoço e voltou hoje cedo, sem dormir, mostrando isso na cara quando saímos para vender no Karaci e Paiol. Voltamos para almoçar e ela dormiu até as cinco horas. Fomos na Lúcia, Cabral e Geraldinho.

11/06/06- Fomos vender em Santana, almoçamos na Silene. Vendemos bem.


21/06/06
Depois de quase onze meses de separação, vou tentar analisar o que tem acontecido, considerando as constatações feitas durante esse tempo e, principalmente, ultimamente.
Quando da separação, ela foi covarde e traiçoeira ao omitir que estava descontente com o relacionamento e que, por isso, estava disposta a interrompê-lo. Usou pequenos desentendimentos como justificativa para o desfecho. Provavelmente ela provocou esses desentendimentos para justificar o que pretendia.
Está evidente que ela não sabia o que queria, que o grande motivo estava no que não queria: não queria mais continuar com aquele relacionamento.
Ela traiu a lealdade que sempre marcara aquele relacionamento. Não teve coragem de expor seu descontentamento com ele, de que o que fora maravilhoso havia se transformado em motivo de mal estar. De confessar que a causa daquilo era emocional, sem motivos racionais que embasassem seu descontentamento.
O que poderia ter causado essa repulsa por algo que fora tão atraente? O que teria provocado a traição onde a lealdade fora tão importante?
Ela considera que isso foi uma coisa natural mas não consegue justificar racionalmente o que teria motivado tal comportamento. Ela foi dominada pela emoção, sentindo a insatisfação no relacionamento, resolvendo aventurar-se na busca de alguma satisfação, sem racionalizar, sem coragem para discutir o que sentia, tentando buscar uma solução, desprezando a possível ajuda que eu poderia oferecer na busca da melhor saída. Aceitou o convite do Renato sabendo que o resultado seria desastroso. Quando essa tentativa mostrou a inviabilidade, refugiou-se no Maravilha e sua família, como quem se esconde da realidade.
A convivência com o Baianinho, a revelação de que ele gostava dela e sua carência afetiva, somados à falta de perspectivas; levaram-na a se relacionar com ele, sentindo-se atraída e passando a gostar de sua companhia, do sexo e da emoção que a dominou.
Ao perceber que esse relacionamento não teria muitas chances de progredir, pela imaturidade dele e por seus defeitos, decidiu encerrar o relacionamento. Pouco tempo depois, percebeu que a emoção que a ligava a ele era mais forte do que ela imaginara e não consegue manter-se longe desse relacionamento, embora alegue que essa emoção não é tão forte assim.
Ela não consegue racionalizar e sua emoção usa a racionalidade para convencê-la e fornecer-lhe argumentos para tentar convencer os outros de que está desfrutando de liberdade, curtindo os prazeres possíveis, sem compromissos, sem ter que dar satisfação a ninguém.
Ela se mostrou incapaz de aceitar desafios, ao desprezar as oportunidades de trabalho que teve fora dali. Dedicou-se à faxina para esconder sua incapacidade de aceitar desafios sozinha, sem alguém para ampará-la.
Está escravizada pela emoção que a prende ao Baianinho e pela repulsa que sente por mim.
É interessante que quando está comigo não consegue beber. Quando está na roça, em companhia do pessoal de lá; bebe bastante e se expõe mais do que seria natural. Segundo o que ela disse, foi assediada por um rapaz que a agarrou e chupou-lhe o pescoço, deixando uma marca acusadora. Ao invés de um chupão, as conseqüências poderiam ser mais agressivas, provocadas pelo entendimento do rapaz que ela lhe dera oportunidade para desfruta-la e, ao sentir-se rejeitado, procurar agredi-la.
É natural ser dominada pela emoção, querer desfruta-la, sentir o prazer que ela pode propiciar. É difícil resistir à emoção. No entanto, está claro que ela não racionaliza, não se esforça para buscar alternativas e se entrega ao desfrute sem considerar as conseqüências.
O que continua evidente, é a repulsa que sente por mim, quando não estamos sozinhos e que acontece, em menor grau, quando nos relacionamos.

Esse comportamento dela é tão estranho assim?
Ela está considerando que sem qualquer compromisso, está livre para desfrutar qualquer oportunidade que surja, obtendo o prazer que isso possa proporcionar.
Aproximou-se do Baianinho e foi fisgada pela emoção. Esse relacionamento lhe proporciona prazer e ela o desfruta o quanto pode, evitando assumir qualquer compromisso. A emoção que a atrai para ele é bastante forte e impede-a de deixa-lo. O fato de ele ter vários problemas de personalidade não tem sido impecilho para que ela o deseje e o desfrute.
Ela sente uma emoção forte, o rapaz está disponível, ela sente bastante prazer com esse relacionamento. O prazer está disponível e ela o aproveita. Que mal a nisso?
O problema é que ela está sendo rotulada por influência dele. “di-me com quem andas que te direi quem és.” Ela não se limita a desfrutá-lo na intimidade; expõe-se em companhia dele, desfilando em sua companhia, deixando perceber que mantém um relacionamento continuado.

O que mais me intriga, é o fato de ela sentir uma repulsa em relação a mim. Se relaciona comigo mas evita dar carinho, demonstrar afeto, principalmente em público, diante de pessoas conhecidas. O fato de beber em companhia dos conhecidos e não faze-lo em minha companhia, é outro fato estranho.

O meu relacionamento com a Léo foi bem parecido com esse que ela está mantendo. No entanto, ele não impedia que eu desse carinho à Darcy. Eu procurava evitar que uma visse que eu dava carinho à outra, no entanto, desde que a outra não estivesse, não regateava carinho com nenhuma das duas, sem o menor sacrifício.

Portanto, ela desfrutar outros relacionamentos e perseguir o maior prazer; não tem nada de estranho. O não conseguir evitar o relacionamento com alguém de personalidade pouco recomendada; também é compreensível. O excesso de exposição, atraindo desejos, não parece razoável. A repulsa por mim não me parece ter qualquer justificativa. Continuo sem compreender o que acontece com ela. Portanto: um mistério!

02/07/06- Ontem, fui buscá-la como combinado as 8:45hs. Ela não dormira em casa, segundo a Cida, descera ontem para fazer compras, prometendo voltar ontem mesmo e não voltou. Chegou um pouco antes da nove, na camioneta do mercado, descarregaram as compras, conversou por dez minutos com a mãe e saímos para vender. Só conversamos o indispensável. Ela não comentou nada a respeitop do churrasco que fizeram em sua casa na Quinta-feira e não me convidara.
Na volta, perguntei-lhe se não poderíamos dormir em Santana para irmos, amanhã, no Zé da aRosa, como combinado. Ela alegou que a Neide lhe pedira para ir trabalhar, pois gostaria que ela participasse do ritual que desenvolveria com os hóspedes. Disse que isto já estava previsto, que, de vez em quando, poderiam surgir imprevistos.
Argumentei que ela estava cedendo com muita facilidade, preterindo o nosso trabalho. Ela sugeriu que arrumássemos outra menina para substituí-la quando fosse necessário. Disse-lhe que não, que se isso acontecesse, seria definitivamente e que, nesse caso, ela ficaria livre para fazer o que bem entendesse.
Ela argumentou que eu já vencera a dificuldade que tinha para abordar as pessoas para vender. Disse-lhe que estava sendo prepotente, acreditando que sabe mais do que eu sobre essa minha dificuldade. Que ela estava arrumando um jeito de se livrar do compromisso que assumira comigo, sem admitir isso, pretendendo livrar-se de qualquer responsabilidade.
Mostrei-lhe o balanço que fizera na movimentação da conta bancária, que mostrava que ela já devia R$1495,00. Ela se assustou, dizendo que não gastara esse dinheiro. Mostrei-lhe o demonstrativo, que ela verificou e reverificou, não encontrando erros.
Disse-lhe que fizera aquilo para mostrar-lhe o quanto estava sendo irresponsável com a sua administração financeira, demonstrando que não é tão capaz quanto acredita ser. Disse-lhe que isso me obrigará a retardar o pagamento do que devo a seu namorado, uma vez que ela gastou o que eu estava reservando para o pagamento. Disse-lhe que ela estava usando dinheiro para pagar despesas dele, sem me consultar, por isso, me dava o direito de retardar o pagamento do que lhe devo.
Sei que estou agindo com a intenção de mantê-la junto a mim, tentando mostrar-lhe os erros que vem cometendo. No entanto, está mais que claro que sua repulsa por mim é grande e está aumentando. Tenho procurado não forçar a barra, reclamando o mínimo possível, no entanto, não tem adiantado, ela continua distorcida, metendo os pés pelas mãos e me sinto impotente de ajudá-la.
Para se relacionar comigo, os mínimos motivos são justificativas suficientes. Para se relacionar com os outros, nenhum empecilho é suficientemente grande que não possa ser removido.
Ao que tudo indica, ela não optou pelo melhor; simplesmente se agarrou ao possível para me evitar, fugir de mim. No entanto, algo tão misterioso quanto a repulsa, não permite que ela se afaste de mim totalmente.
A comparação do que ela viveu comigo e, ainda, poderia viver e desfrutar; com o que estpa vivendo, chega a ser ridículo. Amor havia e não era menor do que ela pode estar sentindo agora. Diversão, aventura e conhecimento havia em quantidade muito superior do que agora. Portanto, racionalidade não pode explicar esse comportamento. MISTÉRIO.
Ela está traindo todos os valores que demonstrou defender. Colocou a hipocrisia no lugar da sinceridade e da lealdade. O egoísmo no lugar da solidariedade. Está abusando da vaidade. A prepotência substitui a humildade. A covardia atropelou a coragem. Hoje ela se sente exageradamente envaidecida com a admiração que causa e os assédios que acontecem. Acha-se plenamente capacitada e desconsidera a necessidade de justificar o que defende e acredita. Não dá a menor importância ao que possa causar aos outros; está preocupada só consigo mesma, sem ao menos perceber o mal que está causando. Tem mostrado total incapacidade na administração financeira. Está escancarada a traição que me faz como amigo e ao seu amor; ao se relacionar comigo. Ela alega que o seu “amado” já tinha os defeitos de personalidade que vem demonstrando, no entanto, ele sempre trabalhou, não bebia nem fumava, pelo menos em público. Hoje é um perfeito vagabundo, fuma e bebe exageradamente. Tudo isso depois de se relacionar com ela. Qual a verdade?
Não vou mais praticar sexo com ela enquanto não houver carinho e vontade da parte dela. Isso está me fazendo mal. Trepar não me satisfaz, preciso fazer amor. Ela trepa comigo por obrigação, tem se obrigado a isso. Tenho a impressão de estar trepando com uma puta, louca para acabar e receber pelo serviço.
Chega! Já me afundei demais. Enquanto persistir esse estado de coisas, vou encará-la como companheira de trabalho, pura e simplesmente, sem amizade ou qualquer ligação emocional.
O amor que lhe tenho já está começando a ser afetado pela revolta. O desprezo já dá indícios de aparecer.
Ela é uma coitada, otária acreditando que é malandra. Acredita ser capaz de me enganar, confunde bondade e compreensão, com imbecilidade.
Se o mistério não colocar sorte em seu caminho, a lógica a levará cada vez mais fundo, enterrando-a na lama.
QUE PENA! Ela tem tudo para ser uma pessoa maravilhosa, no entanto, está caminhando para a vala comum, buscando buracos mais fundos.
A somatória de atitudes da Cida contra mim, há muito tempo, são forte indício de que ela é o principal instrumento do mistério para a transformação da Jose.

04/07/06- A Jose desceu de ônibus e a peguei na padaria do Zé Justo, as oito e trinta, como combinado. Fomos até São Paulo sem dizer uma palavra. Fizemos compras até por volta das quatro e meia e conversamos só o estritamente necessário.
Fomos para a casa do Gonzalo e, depois de algum tempo, descemos para ver os meninos na casa da Lilian. Tive uma alteração com a Darcy porque ela queria dinheiro, alegando que era para comprar remédio para a Daiane. Quando eu me alterei, mostrando minha revolta, ela disse que eu só fazia isso quando estava diante da Jose. Protestei, alegando que não era verdade. Que seu desejo de dinheiro me revolta sempre.
Liguei para o celular da Daisne porque a Darcy havia ligado para o serviço dela e informaram que ela havia passado mal e saíra mais cedo. Atendeu, disse que estava passando mal e passou o telefone para a Célia, que estava com ela. Fui buscá-las na estação Arthur Alvim e a Jose foi comigo. Fomos até o hospital da vila Matilde, onde a Daiane foi atendida e ficou mais de 3 horas sendo medicada.
Enquanto esperávamos, a Célia, Jose e eu conversamos a respeito da minha impotência para combater a trava que me impede de abordar pessoas, principalmente para vender ou pedir algo. Voltei a explicar que, embora tenha tentado por todos os meios a meu alcance, não consegui resolver esse problema, o que mostra que acontecem coisas conosco que independem de nossa vontade e esforço para impedi-las.
Quando a Daiane foi liberada, levei-as pra casa e fomos para o motel, onde temos pernoitado em São Paulo.
Cumprindo a determinação que me impus, deixei-a tomar bganho sozinha e, ao deitar, mantive-me afastado dela, sem qualquer tipo de toque. Ela demonstrou insatisfação com a situação. Dormimos e acordamos as cinco horas, tive a impressão que, durante a noite, ela me tocava com os pés e pernas. Levantamos as cinco horas e fomos para a feira da madrugada. Ela demonstrava muita irritação, nada lhe agradava d os mínimos detalhes eram motivo para ela demonstrar desagrado. Aacusei o que estava acontecendo e ela concordou estar nervosa. Propus-lhe conversarmos sobre os motivos daquela irritação e ela disse que faríamos isso depois.
Quando fomos para o carro, já no seu interior, propus, novamente, que acusasse o que a estava irritando. Ela disse que o faria quando terminássemos as compras.
Quando entramos na via Dutra, pedi-lhe que colocasse o problema.
Ela, com o rosto muito vermelho, começou a falar, dizendo que algo estranho vinha acontecendo com ela. Que no Domingo se sentiu péssima e que aproveitara o ritual preparado pela Neide, para os hóspedes, para tentar encontrar alguma explicação para o que vinha sentindo. Disse que colocara parte do que vinha acontecendo para o psicólogo que participava dos trabalhos. Disse Ter dito a ele que, mesmo gostando do trabalho que vinha desenvolvendo comigo, mesmo que eu não criasse qualquer problema e estivesse sempre disposto a ajudar; ela se sentia mal e não conseguia estar comigo. Que ela se sentia muito mal junto de mim. Ele, alegando a escassez de informações, se atreveu a colocar que, realmente, o problema dela era comigo.
Eu aleguei que não era preciso ser muito esperto para concluir isso; que os fatos são evidentes demais. A questão é: o que teria motivado isso?
Ela afirmou que não há motivos, muito pelo contrário, que a racionalidade mostra claramente que eu só fiz coisas positivas, sempre disposto a ajudar.
Eu repeti a ela o que já havia dito tempos atrás: que uma força muito grande e misteriosa, criou nela uma repulsa por mim e que isso motivara nossa separação. Que a origem de todos os problemas está nesse fato, no que causou que ela me abandonasse.
Disse-lhe que, enquanto ela teimava em acreditar que agiu corretamente, na separação e na vida que vem levando desde então, não vejo qualquer possibilidade de solução para o problema. Disse-lhe que seu problema é como o do dependente de drogas: enquanto não admitir que está errado, não há quem possa ajudá-lo na tentativa de eliminar a dependência. Que é preciso muita coragem para olhar para dentro de si mesma, considerar os fatos, analisá-los com isenção e admitir os erros cometidos. Aleguei que, enquanto isso não possa ser feito, não vejo como ela possa resolver os problemas que vem vivendo e evitar sua continuidade e agravamento.
Ela me perguntou sobre o que fazer.
Repeti-lhe que é necessário encontrar forças e encarar a origem dos problemas. Prontifiquei-me a fornecer-lhe uma grande quantidade e fatos que indicam com clareza o que vem acontecendo. Que eu sou o alvo de tudo isso, mas que não fui eu que provoquei absolutamente nada.
Ela se mostrava compreensiva, concordando comigo, embora não demonstrasse intenção de se submeter a essa “mea culpa”.
Ela disse Ter conversado com a Neide, no final do Domingo, e que esta se propusera a ajudá-la, considerando que o lado mau das “forças do universo” estavam agindo nela. Que a Neide demonstrara que não compreendia como ela poderia sentir repulsa por uma pessoa sensível, agradável, super inteligente e prestativa. Que a Neide lhe teria dito que ela precisava de uma folga, de relaxar, para abrir caminho para que as forças do bem pudessem ajudá-la.
Quando entramos em São José, a Jose me perguntou se eu teria como substitui-la no negócio ou se poderia continuar sozinho. Colocou isso de uma maneira confusa, de tal modo que, só percebi o que ela pretendia, mais tarde.
Quando eu afirmei acreditar que a causa de tudo era um grande mistério e que as forças envolvidas eram muito grandes; ela argumentou que não nos era possível fazer nada contra isso.
Disse-lhe que, se havia alguma possibilidade, ela estava em unirmos a força de nossas bondades para enfrentar o mal. Que a única coisa que podemos fazer é lutar, enfrentando o mal com a força do bem.
Logo percebi que ela já havia decidido, no Domingo, ou qté mesmo antes, deixar a atividade que vinha realizando comigo. Que toda aquela conversa tinha como único objetivo preparar o caminho para que ela conseguisse seu intentnto sem Ter que arcar com o ônus devido.
Ela argumentou de uma maneira muito confusa que outra crise, como as que aconteceram das outras vezes em que ela me prejudicou, estaria na eminência de acontecer.
Quando percebi o que ela estava querendo dizer, esclareci que não havia nenhuma crise nova a caminho. Que a anterior ainda estava ativa, que não desaparecera, nem mesmo fora minimizada.
O fato é que a intenção dela era se livrar de mim e da responsabilidade que assumira ao garantir que, em hipótese alguma, abandonaria o negócio que se popusera a realizar comigo. Isso está evidente, com uma clareza ofuscante.
No entanto, ela mostra plena consciência da grande aberração que é a repulsa que sente por mim, sem qualquer motivo que a justifique. Essa consciência foi explicitada por ela com muita clareza.
Disse-lhe que ao realizar o que estava pretendendo, demonstrava enorme covardia, entregando-se ao problema ao invés de enfrentá-lo. Aleguei que não adiantaria ela se afastar de mim, uma vez que o problema está nela e, sem enfrentá-lo, continuaria sofrendo os efeitos. Afirmei que ninguém poderá ajudá-la como eu. Que meu conhecimento do problema e força para enfrentá-lo, é maior do que o de qualquer pessoa. Isso é um tanto pretencioso, mas acredito que é verdade. Eu acumulei fatos e os analisei exaustivamente, a tal ponto que qualquer outra pessoa gastaria um tempo enorme para chegar até onde cheguei. Não tenho a pretenção de que só eu possa audá-la; no entanto, eu poderia ser de grande ajuda a quem tivesse a capacidade de buscar solução para os problemas dela.
Quando percebi que ela estava irredutível na decisão que tomara previamente; coloquei-lhe com todas as letras meu julgamento sobre o que estava acontecendo.
Disse-lhe que ela estava sendo covarde, prepotente e egoísta, além de muito burra. Que estava enterrada nocrime, cercada de criminosos e que, sendo assim, não merecia a menor consideração e contemplação.
Ela insinuou que eu é que havia radicalizado e não deixado outra opção que não o fim do nosso relacionamento no negócio. Reagi com veemência e disse-lhe que ela já estava com esse desfecho armado há tempo. Que ela era a única responsável e provocadora por esse desfecho.
Ao chegar em Monteiro Lobato, verifiquei se eu estava com os recibos da moto e do passat. Verificando que eles estavam ali, comuniquei a ela que passaríamos em Santana para que ela assinasse os recibos no cartório. Ela concordou impassível.
Ao chegar no trevo de Santo Antonio, parei o carro, peguei as fichas de venda no junco e da mãe dela, somando os valores a receber. Someios R$1815,00 que ela me devia, descontei o cheque de R$501,91 que ela dera na Lorens e ela ficou me devendo mil novecentos e poucos reais. Disse a ela que eu transferiria essa dívida para o Baianinho, quitando a dívida que eu tinha com ele. Ela protestou com veemência, alegando que ela não tinha nada a ver com a minha dívida com o Baianao. Argumentei que ela me devia aqueole valor, que se apropriara indevidamente dele, sem me consultar, portanto, se ela não tivesse gasto esse dinheiro, eu poderia usá-lo para pagar a dívida. Além do mais, eles haviam feito transações financeiras, contando com o dinheiro que eu devia a ele, sem me consultar sobre a conviniência disso, sem considerar se o cheque que eu recebera era bom ou não. Eles vêm conspirando contra mim há tempo. Portanto, já que eles estão se relacionando tão bem, é razoável que a dívida dela comigo garante a dívida que eu tenho com ele. Isso é uma sacanagem, mas eles não foram menos sacanas comigo. É justo que provem do próprio veneno.
Depois de reconhecer a firma dos recibos, fomos até S;ao Bento ver a moto na oficina para onde ela a mandara para fazer orçamento de reforma. Esclarecido que o orçamento era pra mim, que era o dono da moto, voltamos para Santana, onde ela recebeu a bolsa escola e foi no banco do Brasil.
Na subida, parei no Maravilha, chamei o Baianinho e esclareci a situação com ele. Ele protestou. A princípio, mas acabou aceitando (pelo menos aparentemente). De certa maneira senti-me realizado ao frustrar as pretensões que eles tinham.
Soube que eles tinham programado ir para a Aparecida e para Cruzilha, em dois finais de semana, caracterizando que ela se descincilhara do compromisso que tinha comigo. Ela esperava não me pagar e eles contaram que eu pagaria o Baiano. Deveriam estar contando com esse dinheiro para as viagens que programaram. Ele ficou sem dinheiro e ela com uma dívida considerável para sua capacidade.
“Isso é que é um tiro saindo pela culatra;”

05/07/06
Hoje o mistério mostrou sua força e capacidade!
Desde a madrugada, quando fazíamos compras na feira, notei que a Jose estava irritada. Depois de algum tempo que notei isso, acusei o modo como estava procedendo, dizendo que aquilo não poderia fazer-lhe bem. Que se o problema era comigo, que acusasse o motivo e procurássemos acertar as coisas.
Ela disse que era verdade, que estava irritada mesmo, mas que falaríamos sobre o assunto mais tarde.
Quando terminamos as compras na feira, ao chegar no carro; propus-lhe que acusasse o que estava provocando toda aquela irritação. Ela disse que falaria após terminarmos o que tínhamos para fazer.
Ao entrarmos na estrada, de retorno para casa; provoquei-a a abordar o que a estava influenciando e causando aquela irritação. Ela confessou não identificar as causas, porém, era verdade que algo a atormentava e lhe causava grande mal. Disse que, no Domingo passado, fôra acometida por grande mal estar emocional. Que isso acontecia de vez em quando, sem causas aparentes.
Disse Ter participado do ritual exotérico preparado pela Neide para os hóspedes e que conversara com um psicólogo que participava dos trabalhos. Contou-lhe sobre o que estava sentindo e que estava sentindo grande repulsa pelo trabalho que vinha realizando comigo. O psicólogo, mesmo acusando que as informações que ela lhe dava eram insuficientes para um diagnóstico; disse-lhe que o problema estava em mim; Que eu seria a causa dos seus problemas.
Ela disse Ter dito a ele e, mais tarde, à Neide, que não havia qualquer motivo para que sentisse repulsa por mim. Que eu nunca lhe fizera qualquer mal, que sempre a apoiara e procurara ajudá-la em tudo o que pudesse.
A Neide teria dito a ela que estranhava que ela sentisse qualquer repulsa por mim, considerando meu caráter, sensibilidade, inteligência e solidariedade.
Ela demonstrou plena consciência de que a repulsa que sente por mim não tem a menor justificativa, não consegue identificar qualquer causa que a justificasse. Ela disse que tinha consciência dos fatos, mas não tinha a menor idéia sobre o que fazer para resolver o problema;

Disse-lhe que, se eu não estiver errado, o problema está nela. Uma força muito grande a levou a repulsar-me. Isso aconteceu enquanto estávamos juntos e foi o que provocou nossa separação. Ela foi levada a sentir o oposto do que sentira por mim até ali: O amor foi substituido por uma repulsa extrema, fazendo com que eu me tornasse insuportável para ela, levando-a a fugir de mim como o Diabo da cruz.
Disse-lhe que enquanto ela não admitir que o mistério está agindo, dominando-a e causando essa repulsa. Que enquanto ela não deixar de tentar justificar que o que tem feito é razoável; não vejo o que possa ser feito para resolver o problema. Lembrei-lhe que, para se afastar de mim e manter esse afastamento; fez uma porção de bobagens. Aceitou ir Morar com o Renato, sabendo que as possibilidades de aquilo dar certo, eram a menores imagináveis. Como totalmente previsível; esse relacionamento terminou rapidamente. Ao voltar para a casa da mãe; ao invés de aceitar minha ajuda, entregou-se de corpo e alma ao relacionamento com a família Maravilha, mantendo-se afastada de todo o resto dos amigos e conhecidos. Esse convívio levou-a a sentir-se atraida pelo Baianinho e, provavelmente, se apaixonar por ele. Descobriu os defeitos de carater que ele tem e tentou afastar-se dele, mas não conseguiu e voltou a se relacionar com ele. Todas essas ações seriam rigidamente condenadas pela Josi. Disse-lhe que ela “entrou no crime” e que estava achando isso natural e acertado.
Argumentei que não consegui atinar, até agora, com qualquer causa que justificasse o que tem acontecido. Que para mim isso é um enorme mistério. Que a força que age é muito maior do que a que dispomos para enfrentá-la. Que é provável que isso só se altere quando esse mistério determine. Que a única chance que temos de conseguir superá-la é através da força da bondade, do amor, do bem. Que poderíamos nos unir para tentar enfrentar esse problema e, no mínimo, poderíamos nos amparar para suportar as adversidades. Que não via outra alternativa possível para enfrentar o que vem acontecendo.
Depois de Ter concordado com tudo o que eu disse; de afirmar que não houve qualquer motivo que justificasse a repulsa que sente por mim; ela me perguntou se eu teria como prosseguir com o negócio que vínhamos desenvolvendo, com outra pessoa. Não percebi de imediato o que estava acontecendo.
Ela argumentou que a Neide defendera que era fundamental afastar-nos do foco dos nossos problemas para que possamos preparar-nos para enfrentá-lo.
Perguntei-lhe se ela estava pretendendo se afastar de mim, como forma de buscar resolver o problema. Ela disse que sim.
Disse-lhe que ela estava sendo covarde, fugindo do problema ao invés de enfrentá-lo. Que não adiantaria ela se afastar de mim porque o problema estava nela e, portanto, permaneceria atuando. Que acredito que se alguém pode ajudá-la, esse alguém sou eu, por tudo o que conheço sobre ela, pelo acúmulo de fatos e as análises que tenho feito.
Percebi que ela já havia determinado se afastar de mim, dias antes e que toda a conversa que tivemos, durante a viagem, não havia passado de simples preparatório para o desfecho que já estava determinado. Acusei isso e demonstrei minha revolta por estar sendo usado novamente, como se fosse o maior dos idiotas, pronto a ser ludibriado e usado. Ela mostrou grande determinação de levar a fim seu intento. Disse-lhe que ela estava, novamente, cometendo um grande erro. Ela continuou demonstrando determinação em conseguir seu objetivo, escancarando toda sua prepotência e total desprezo pelos meus argumentos.
Percebendo a impossibilidade de qualquer ação que pudesse convencê-la de que deveria aceitar minha ajuda e prontificar-se a trabalhar comigo na tentativa de solução do problema; decidi fazê-la arcar com as conseqüências de seus atos. Como ela havia cometido erros financeiros, individando-se além de suas possibilidades; usando dinheiro meu; comuniquei-lhe que eu não arcaria com esse problema. Como eu devia o saldo do que devia ao Baianinho; trnsferi a dívida dela para comigo, para o Baianinho. Isso não teria sentido e nem seria honesto, se eles não tivessem conspirado contra mim, ao usar dinheiro que eu ainda não havia liberado para o pagamento dele. Argumentei que, como eles estão se relacionando numa boa, que isso não causaria maiores problemas. Quer dizer: ela não tem como pagar o que deve, no entanto, como estão juntos, poderão conseguir resolver o problema entre si. O Baianinho continua sendo vítima desse relacionamento e da confiança que depositou nela. Continuo acreditando que a causa de tudo isso é um mistério. Eles estão sendo usados por esse mistério, portanto, é razoável que arquem com as dificuldades provocadas por ele. Se ela não tivesse usado esse dinheiro, eu teria como pagar o que devia. Por isso, é justo que ela arque com o problema.
Não há dúvida que há algo de vingança em minha atitude, no entanto, não acredito que esse tenha sido o motivo que me levou a agir dessa maneira. Que sinto alguma satisfação em Ter agido assim, não há como negar. No entanto, preferiria poder continuando ajudando a resolver o problema e, se preciso, arcando com os ônus disso.
Perdi a parada! Sinto toda a minha impotência diante do problema, impossibilitado de fazer qualquer coisa.

É evidente que existe uma intenção misteriosa para que tudo tenha acontecido. Que é uma força muito maior do que a que ela tem para enfrentá-la, impedindo-a de reagir.
A possibilidade de que o principal objetivo fosse me atingir, me causar sofrimento; perdeu muita força, em função do que vem acontecendo. Meu sofrimento, embora ainda exista, é grandemente menor. Ela, no entanto, se encaminha para problemas bem grandes.
Se ela tivesse voltado a se relacionar comigo, como vinha acontecendo ultimamente, e as arestas fossem sendo aparadas; ela poderia sair dessa situação com poucos arranhões, como aconteceu da outra vez. Agora, ela se deparará, de imediato, com propblemas financeiros, inclusive envolvendo o seu parceiro e, isto, deverá provocar sérios problemas a curto prazo. O relacionamento deles poderá não sobreviver e ela continuará com os problemas, sozinha. Como já demonstrou não Ter capacidade para isso, deverá se entregar a outros relacionamentos que poderão causando outros problemas. Isso indica que ela também tem algo a pagar.

11/07/06- A Telemar veio ligar o telefone na casa do Chico Belo (3655-1361). Fui em São Bento ver a moto na oficina para conversar sobre o orçamento. Estava fechada. Por volta das quatro horas fui para São Paulo fazer compras. Dormi no Gonzalo. A Lilian foi lá com o Adriano e o Gabriel. Contei-lhe que a Jose desistiu do negócio.

12/07/06- Fui na Maria Lázara e ela me disse que a Jose havia ido lá, hoje, receber e ela pagara R$85,00. /ela devolveu a calça dela e o rádio. Voltei na Cida e perguntei à Jose porque ela estava recebendo o que não era dela. Ela alegou que fôra na Maria Lázara e esta lhe dera o dinheiro. Disse que ficará com ele para colbrir o cheque da Lorens. Perguntei-lhe sobre a conta do Renatinho e ela disse que nem o vira. Disse-lhe que ela tinha que arcar com as conseqüências de seus atos e que cobrir o cheque da Lorens era problema dela. Ela disse que não queria falar a respeito e entrou em casa. Disse-lhe, quando entrava, que eu tinha pena dela. Ela disse que não tinha pena nenhuma. Passei na venda, onde o Renatinho me disse que havia pago a conta para a Jose e que a mãe dele fizera o mesmo.


21/07/06
Estou sentindo uma coisa estranha em relação à Jose. É uma espécie de mistura de pena, raiva, incompreensão. Está mais que claro que ela está totalmente perdida, agindo sob comando de alguma força estranha que tenciona prejudicá-la e a mim também. Não estou sofrendo como anteriormente, no entanto, continuo afetado, sentindo uma coisa estranha, uma espécie de apatia, falta de motivação. Além da racionalidade, sinto que está para acontecer alguma coisa com ela. É totalmente irracional o que ela está fazendo. Alegou, desde que saiu de casa, que pretendia desfrutar de liberdade, aproveitar a vida semrestrições; dançar, conversar, namorar, sem restrições. Agora, vai morar com o Baianinho e sofrer a restrição de liberdade, associada às dificuldades financeiras que serão inevitáveis. É uma verdadeira loucura. Qual será a intenção do mistério? A quem pretende atingir primeiramente? Por que?
Tenho me questionado se agi certo ao impíngir-lhe o encargo de arcar com as dívidas que tem comigo, repassando-lhe a divívida que tenho com o Baianinho. Continuo achando que fiz o que tinha que fazer: dificultar o caminho que o mistério lhe determinou. Se eu tivesse sido complacente, eles poderiam curtir a relação sem maiores problemas e me forçariam a pagar o que devo a ele. Essa personalidade ruim que o mistério fez dominá-la, tem que arcar com as conseqüências dos seus atos. Não consegui uma maneira de interferir para ajudá-la. Portanto, a única coisa que restou fazer, foi dificultar o caminho que o mistério quer que ela percorra. Continuo me sentindo mal por Ter feito isso, no entanto, considero que fiz o quedeveria ser feito e não me arrependo. Se ela voltar à personalidade da Josi, estarei pronto para ajudá-la no que puder. Enquanto não, não farei nada para facilitar-lhe a vida.
Não consigo deixar de considerar que a Cida é o instrumento principal do mistério para influenciar a Jose. Ela é uma coitada, simples instrumento, no entanto, é uma forte arma a serviço do mal.
O que identifica a ação do mistério, não é o fato de a Jose Ter optado por se relacionar e, contrariando todas as suas afirmações, passar a viver com um menino, bonito, provavelmente carinhoso e agradável, que possa lhe proporcionar um prazer sexual muito grande; o que demonstra a aberração é a ojeriza que sente por mim, gratuitamente, sem motivos; passando do amor ao desprezo, sem a menor justificativa.
Como é que um relacionamento totalmente envolvido pelo amor, com tanta amizade, solidariedade, lealdade, compreensão, afeto tão carinhoso; em fim, coisas tão raras entre os casais, pode resultar nisto: eu apático, tendo sofrido horrores e continuando sem motivação para a vida e, ela, vivendo uma fantasia, acreditando que está vivendo o melhor, sem perceber o que perdeu. A quem pode interessar uma aberração como essa? Claro que várias pessoas gostariam que isso acontecesse, por ciúmes, inveja e frustração. Mas eles não tem poder para causar o que aconteceu. Portanto, quais os objetivos dessa força misteriosa?

22/07/06- Ao subir para vender no Paiol, Karacy e Capin
Azul, vi a Jose sentada com a Laura no banco em frente a cozinha do Maravilha. Isso indica que ela está morando lá. Quando eu vendia para a Albertina, o Baianinho passou com o trator do Neto e a carreta, levando o Renem e o Roni. Fiquei com pena da Jose e do Baianinho. Eles, assim com eu, estamos sendo vítimas do mistério. Até quando durará esse relacionamento? Acho que só o mistério tem a resposta.
Sinto melancolia e alguma inquietação. Sinto-me impotente, incapaz de fazer alguma coisa para interferir. Só me resta esperar o desenrolar dos fatos para verificar o que vai acontecer.

25/07/06- Meu pensamento voltou a ser invadido pela Jose, mais freqüentemente do que vinha acontecendo. Sonhei com ela ontem à noite. É duro lembrar o quanto fomos felizes e, hoje, eu apático e ela vivendo uma ilusão. É dificil acreditar que uma personalidade safada e maldosa tenha ocupado o lugar de outra tão boa e admirável. Por mais que se queira incutir essa mudança de personalidade a patologias psicológicas ou psiquiátricas, não é possível compreender o que possa Ter causado isso, os porquês. Não há como negar que uma força misteriosa e com objetivos desconhecidos tenha causado essa mudança, bem como a anterior. A força que ela fazia para argumentar a favor da decisão de me deixar estão caindo por terra. Ela pretendia se livrar de um compromisso, desfrutar a liberdade. Disse, no início, que o Baianinho gostaria de ficar com ela, mas que ele era uma criança, da idade do Renam, que não tinha sentido, mesmo que o achasse um cara interessante. Acabou se relacionando com ele, e entregou-lhe a liberdade que pretendeu manter. Gasta sem controle e acumula problemas financeiros. Bebe a solta, enquanto, comigo, não consegue tomar um copo de cerveja. São indícios muito fortes, mostrando a ação do mistério, para serem desconsiderados. Isso não me sai da cabeça e me atormenta. Como esquecer uma coisa assim? Mesmo que não houvesse emoção envolvida, seria muito difícil desconsiderar tudo o que tem acontecido e continua acontecendo.
Os indícios mais fortes de quem provocou isso é uma força misteriosa são:
- A repulsa, sem causas, que sente por mim.
- A incoerência entre discurso e ações
- O fato de beber com os outros e não conseguir fazê-lo em minha presença.
- A ligação com a família Maravilha, sem maiores justificativas; mantendo-se isolada dos outros.
- A relação com sua mãe, copiando-a em muitas coisas, que deplorava.

26/07/07- Pensei no que deverá acontecer com a Jose quando ela voltar a mudar de personalidade, se é que isso vai acontecer. Acho difícil que ela me procure, por vergonha. Não sei se terá coragem de enfrentar alguma outra coisa fora daqui. Será que se submeterá ao Baianinho por falta de opção? Não acredito.

31/07/07- O Chico disse que a loja de Paraiso, onde a Jose comprara os móveis, alegara que um homem velho fôra até lá e dissera que ela não teria condições de efetuar os pagamentos. Disse que ela teve que pedir ao Tiãozinho uma declaração de rendimentos para comprovar a possibilidade de efetuar os pagamentos. Me perguntou se fôra eu quem fizera a denúncia. Disse-lhe a verdade: que não fôra eu. Ele acha que foi o Maravilha.
Disse que na Sexta-feira, véspera do dia em que vi o Baianinho com o trator do Neto indo para sua casa; que ele (Chico) havia ido com o trator carregar os móveis que estavam na casa do Baianinho para a casa que alugaram do Joninha e onde vão morar. Que no Sábado, o Baianinho pegara o trator para carregar os móveis novos que chegariam nesse dia.
Me senti bastante incomodado por falar da Jose. Ela continua me incomodando. Sinto cada vez mais forte a ação do mistério. Ao que tudo indica, ela comprou os móveis em seu nome e será difícil se livrar desse problema. Sinto muito forte que a reação a mim é muito mais forte do que a emoção que está sentindo pelo Baianinho e que ele não passa de uma vítima no processo. O que deverá estar acontecendo dentro dela? Eu devo estar lá e isso deve incomodá-la muito. Se a estou incomodando, não tenho certeza. No entanto, ela me incomoda bastante. Sinto que será muito difícil ela recorrer a mim quando as coisas se tornarem ruins. A dignidade da Josi tentará impedir que o faça, opondo-se a que a confiança que tem em mim e que lhe dirá que só eu poderia ajudá-la. Bem, só o tempo mostrará o que vai acontecer. Enquanto isso, continuo incomodado.

02/08/06- Hoje faz um ano que a Jose me deixou. Cheguei a pensar em ligar para ela e dar-lhe os parabéns, mas desisti. Essa personalidade não merece nem um cumprimento desses, mesmo que sarcástico.

05/08/06- A Maria Lázara alegou que a Jose recebeu a dívida que ela tinha comigo. Disse-lhe que terá que reaver o dinheiro, pois terá que me pagar. A Jose lhe teria dito que o escort era dela e que precisava de dinheiro para pagar cheques que dera a mim. Mostrei à Maria Lázara e à Michele os recibos da moto e do passat para mostrar que a Jose não tem mais nada comigo e que assinou os recibos comprovando que tudo era meu. Disse-lhes da dívida que ela tinha comigo, o que era suficiente para pagar os cheques e a dívida que eu tinha com o Baianinho. Ela disse que a Jose deve ir lá entre os dias nove e dez, para pagar produtos que comprou da Avon e que tentará que ela lhe restitua o que pagou a ela e que deve a mim. O Antenor disse que pagou à Jose a jaqueta que o Charli comprou e que deveria Ter pago com o dinheiro que receberia pelo trabalho que prestava à Cida.

06/08/06- Por volta das dez horas fui na Silene levar a jaqueta do Tiago. Ele disse que encontrou a Cida e a Jose no banco e que a Jose lhe disse que recebeu R$50,00 da Cida por conta da conta do Charli e que só faltam vinte reais, que ela pode pagar quando puder. A Silene lhe disse que pagará a mim. O Charli confirmou que não comprou nenhuma blusa dela, a não ser a jaqueta que lhe vendemos. Portanto, a Jose cobrou essa jaqueta do Antenor.


07/08/06- Hoje me ocorreu considerar o que teria acontecido para que a Jose assumisse a personalidade e fizesse o que fez e continua fazendo.
Sentiu-se insatisfeita com a vida que vinha levando comigo e decidiu mudar, buscando algo melhor. Aacreditou que tinha capacidade e que não lhe seria difícil conseguir condições mais favoráveis e atraentes de vida.
Em poucos dias ela percebeu que não seria fácil e que nenhuma oportunidade atrativa aparecia.
Não admitia a possibilidade de voltar para mim, o que consideraria uma derrota. Não estava satisfeita com a vida que levava na casa da mãe e a proximidade comigo a incomodava. Optou por tentar um novo relacionamento com o Renato, acreditando que, com a capacidade que imaginava Ter, poderia Ter sucesso ao trabalhar nos negócios dele. No entanto, ele lhe era muito desagrável e ela percebeu que não teria grandes chances profissionais. Decidiu abandoná-lo e voltar para a casa da mãe.
Por algum motivo, decidiu abandonar totalmente o bom senso. Não lhe bastou se afastar de mim, afastou-se de todos que representavam a normalidade. Como a minha diferença em relação aos outros lhe ficara inaceitável, buscou a diferença na direção oposta e se ligou à família do Maravilha, isolando-se do resto.
A convivência a aproximou do Baianinho e ela acabou se ligando a ele emocionalmente.
As dificuldades financeiras a forçaram a aceitar trabalhar comigo. No entanto, não conseguiu ser honesta e aproveitar a oportunidade que lhe dei em encarar a realidade, admitir que estava envolvida emocionalmente com o Baianinho, negar-se a se relacionar comigo intimamente e limitando-se ao relacionamento profissional.
Quando percebeu que a concomitância do relacionamento comigo e com o Baianinho seria impossível; quis livrar-se de mim sem admitir que isso estava acontecendo. Quis usar minha convicção da interferência do mistério, para justificar o que pretendia: afastar-se de mim e assumir a relação com o Baianinho. Ela só nção contava que eu lhe cobraria o que me devia, o que implicaria não Ter o dinheiro que eu devia ao Baianinho e com o qual deveriam estar contando para começar a nova vida.
Ao invés de Ter dinheiro para começar a vida em comum, tiveram que encarar a falta de dinheiro, agravada pelos compromissos que ela teria que saldar: os cheques que seriam cobrados. A falta de opção levou-a a apropriar-se dos fiados que eram devidos a mim por pessoas suas conhecidas.
Além das dívidas que já tinha, assumiu outras, com a compra de móveis. Não se contentando com isso, dá-se ao luxo de comprar cosméticos que não são nada baratos.
A conta bancária é o único valor que lhe restou e ela está fazendo o possível para mantê-la, por isso se esforça para evitar a devolução de cheques. No entanto, dificilmente conseguirá saldar os compromissos: aluguel, prestação dos móveis, cheques da suspensão do escort, além da despesa normal de uma casa.
As únicas coisas que lhe sobraram é a disposição de trabalhar e a vontade de manter a conta bancária. De resto, tem cometido todo tipo de irracionalidade e incoerência.
O que, pra mim, não tem qualquer justificativa; é a repulsa que sente por mim, sem motivos que a justifiquem. Outro detalhe é o fato de, quando comigo, não conseguir tomar bebidas alcóolicas, bebendo exageradamente quando não está comigo. É muito estranho!

07/08/06- Estou tentando identificar qual é o meu sentimento em relação à Jose na atualidade. Está difícil!
Deve ser ciúme o que sinto quando penso que ela está tomando banho com o Baianinho, dormindo com ele, beijando-o e fazendo amor. Sinto o amor próprio ferido por Ter sido trocado por outro. Não sinto desejo por ela, nem de beijá-la. Sinto uma amargura bastante grande, que deve ser motivada pela perda de uma pessoa tão maravilhosa como a ví durante todos esses anos. Não sinto raiva. Sinto pena dela ao pensar em quanto deve estar agoniada para saldar os compromissos bancários, correndo atrás de dinheiro, atrevendo-se a me roubar as dívidas que eu deveria receber.
Sinto algo que deve ser frustração, desencanto com a humanidade, por Ter perdido a única pessoa que demonstrou ser diferente, verdadeira exceção. Sinto esperança de que ela volte à antiga personalidade e sinto disposição de ajudá-la a se recuperar. Ao mesmo tempo, sinto que o atual estado pode ser irreversível e que ela esteja condenada a sofrer até que o mistério resolva que deve tirá-la dessa situação, colocando outra pessoa em seu caminho.
Sinto que ela deve estar com muita raiva de mim, principalmente pelas dificuldades financeiras que está passando. Acho que ela não acreditava que eu pudesse cobrar-lhe a dívida e que permitiria que ela partisse para a nova vida livre de encargos financeiros e sem maiores dificuldades para reiniciar.
Sinto que o Baianinho é totalmente dominado por ela e que essa relação durará enquanto ele se submeter. Quando ele não estiver mais afetado pela paixão, acredito que começará a viver independente dela, como fazem todos os homens comuns. Os móveis que ela comprou, servirão como pagamento da dívida que eu repassei para que ela pagasse. Ela ficaria com as dívidas. Sinto tristeza ao pensar nas dificuldades que ela está se metendo.
Uma coisa que deve lhe estar causando muito mal, é o fato de estar contrariando com atos o que declarou em palavras: que não queria saber de relacionamentos com compromisso, que queria se divertir e curtir a liberdade. Assumiu um compromisso e se encarcerou nele, principalmente por falta de condições financeiras de se divertir, a não ser bebendo. Não posso deixar de pensar que é grande a probabilidade de que engravide, contrariando outra afirmação que fez com muita ênfase.
Em fim, são muitos os motivos racionais e emocionais para me provocar essa angústia, melancolia e tristeza. Quando comparada a realidade atual com o vivido, é bastante dolorido. Há um vazio muito grande, onde se deposita esse mal estar, esse sentimento ruim, num canto, como se fosse um cestinho de lixo.
Nem mesmo sei como seria uma relação com ela, caso voltasse à personalidade anterior. Acredito que haveria uma desconfiança, mesmo com toda a vontade de eliminá-la. Recuperar uma pessoa com tantas qualidades, seria muito bom, no entanto, a sombra da desconfiança rondaria a todo momento.
Ela está cumprindo o seu destino, sem forças para reagir. A mim só cabe esperar o desenrolar dos fatos e verificar o que acontecerá.
Na análise que fiz pela manhã, a respeito do que sinto, atualmente, pela Jose; deixei de considerar uma possibilidade. Empenhando-se no trabalho no Oscar, ela poderá conseguir um aumento de salário e um valor razoável por horas extras. Se o Baianinho trabalhar com afinco. Poderá conseguir um salário razoável. Os dois juntos poderão enfrentar os compromissos financeiros e, com tempo, resolver a situação. Essa é uma possibilidade real. O difícil é que eles tenham racionalidade e bom senso para conseguir essa possibilidade. No entanto, é uma grande possibilidade.

14/08/06- É inegável o quanto a Jose continua me perturbando, me causando sensações ruins, quando alguém fala dela e, principalmente, quando penso que ela está com outro e como deve se relacionar com ele. Acredito que seja ciúme. No entanto, não é só isso, à minha perda soma-se o desgosto de verificar a transformação de uma pessoa admirável em outra, desprezível; que comete ações insensatas, burras e com falta de honestidade. O conviver com outras pessoas, dançar e namorar; tem ajudado bastante a melhorar o meu estado de espírito. No entanto, continuo sendo incomodado pela lembrança e por pensamentos involuntários, que me fazem imaginá-la tendo prazer e sendo feliz ao lado de outro. Sinto que é muito difícil que ela me procure, mesmo que retome à outra personalidade e que se sinta em grande dificuldade. Nesse a caso, a dignidade da Josi poderia impedi-la de procurar a quem causou tanto mal. No entanto, lá no fundo, continuo acreditando, debilmente, que ela me procure.

14/08
Se alastra no meu peito
Como uma lama ruim
Pressiona por todo lado
Vai, mas logo volta pra mim

Deveria esquecê-la
Mas não depende de mim
Ela volta amiúde
Em um tormento sem fim

Se eu tivesse algum domínio
Pudesse me dominar
Expulsaria essa angústia
Voltaria a respirar

No entanto, não consigo
Minha força é incapaz
Luto com todas as forças
Mas não encontro a paz

Quem é você que domina
Minha mente desse jeito
Por que tu me aprisionas
Como a um enfermo no leito

Por que não posso agir
Segundo minha razão?
Por que me falta o domínio
Sobre a minha emoção?

Será que eu sou tão fraco
Sem forças pra reagir
Ou a força que se opôe
Tem sobras pra progredir?

Comparado aos semelhantes
Não sinto essa fraqueza
Porém frente ao mistério
Me falta toda a defesa
Não passo de marionete
Dedilhado com destreza

Afinal o que é que sou?
Pra onde serei levado?
Quais interesses me levam?
Pra onde vou arrastado?

Não acredito que o homem
Possa me esclarecer
O mistério não me atende
Não me permite saber
Continuo ignorante
Sobre o meu próprio ser

Não me considero fraco
Sou bastante racional
Porém isso é muito pouco
Para enfrentar o meu mal

Só me resta esperar
Que o futuro me alivie
Que a felicidade volte
Que o rumo se desvie

Quem nunca teve não sabe
Como é sofrível perder
Quem nunca foi mui feliz
Não sofre pelo perder

Remo contra a correnteza
Não querendo naufragar
A correnteza me leva
Mas continuo a remar
Lutando contra o mistério
Que teima em me dominar

Prostrado humildemente
Reconheço o poder
Do mistério sobre o homem
Sobre o nosso viver
Mas não posso me entregar
Minha luta é pra valer.

19/08/06- A Jose chegou de mãos dadas com o Baianinho, acompanhada da Cida, Roni e Milton. Ela demonstra estar apaixonada, servindo-o, sentando-se no seu colo e fazendo-lhe carinho. Passaram a maior parte do tempo juntos, só se separando quando ele saia de perto dela para conversar com amigos. Demonstram ser um casal apaixonado e ~e bonito de ver. Observei-a por um momento e verifiquei o quanto continua bonita e desejável.
Pensei que ela poderia estar vivendo essa relação e contiuando a ser minha amiga, o que não a atrapalharia em nada. Eu, por outro lado, teria a sua falta compensada por vê-la feliz, desfrutando um grande amor, reconhecendo-lhe os valores e a excepcionalidade. No entanto, vivo o desgosto de sabê-la ruim, traiçoeira, egoísta, prepotente e covarde. Não foi capaz de ser leal, preferindo mentir ostensivamente, pretendendo esconder a paixão pelo Baianinho, que eu acusara várias vezes, e tentando jogar comigo. Eu lhe pedi, várias vezes, que fosse honesta e partilhasse comigo sentimentos e realidades, propondo-me a ajudá-la no que me fosse possível. Abri-lhe a possibilidade de acusar todos os seus relacionamentos e emoções, livrando-se de tudo que pudesse Ter escondido e que continuássemos amigos solidários. Ela desprezou isso e preferiu mentir, traindo minha confiança, pretendendo enganar-me e fazer-me de idiota; sem a menor preocupação com os males que pudesse me causar. Ela preferiu considerar-se como padrão, que eu agiria como ela, deixando de acreditar que eu poderia continuar sendo amigo e solidário, mesmo que meu maior desejo estivesse sendo impossibilitado. Ela acreditou que eu seria egoísta como ela e que não conseguiria ser solidário ao ver meus interesses contrariados.
Acredito que ela esteja verdadeiramente apaixonada pelo rapaz. No entanto, é uma paixão provocada, pela necessidade dela de se afastar de mim. Se fosse uma paixão natural, acredito que ela teria se manifestado muito tempo atrás e não quando aconteceu. Acho que o mistério provocou essa paixão para ajudá-la a manter-se afastada de mim, para que não fraquejasse. Está claro que ela não teve qualquer motivo para desprezar minha amizade e os benef~icios que ela poderia lhe propiciar. A consciência disso fazia parte do nosso relacionamento e era relembrado amiúde. Não bastasse isso, depois da separação, reiterei essa condição inúmeras vezes e ela nunca teve indícios de que eu estava mentindo ao declarar essa convicção. Portanto, está claro que não existiram motivos para que ela desprezasse minha amizade e, tal atitude é, no mínimo, uma demonstração de incapacidade, de desprezo de um valor fundamental tão sublime e raro.
Outro ponto ininteligível no comportamento dela, é o fato do descontrole econômico, metendo-se em dívidas desnecessárias e assumindo compromissos financeiros que terá dificuldade de cumprir. O amor não precisa disso e ela já demonstrou, ao meu lado, grande capacidade de viver com o mínimo, sem necessidade maior conforto e ostentação; não se importando com as limitações, mas não criando dificuldades que poderiam ser evitadas. No entanto, compraram móveis, alugaram casa, mandou arrumar uma moto, tudo ao mesmo tempo e concomitantemente com a dificuldade que vinha tendo de saldar compromissos anteriores. São atitudes, até, normais em indivíduos comuns e ignorantes, como a mãe dela, por exemplo. No entanto, totalmente descabíveis numa pessoa com um mínimo de racionalidade.
Acredito que uma paixão justifica irracionalidades e atitudes incomuns. No caso dela, seria justificável o fato de se submeter a uma vida que ela cansou de repudiar, desprezar a luta pelo seu próprio engrandecimento através do conhecimento e experiências, em fim, limitar-se a um universo muito restrito. É justificável, inclusive, estar contrariando vários conceitos que emitia com grande segurança, demonstrando acreditar seguramente neles. Entre eles, o relacionar-se com homens mais novos, sem pelos no peito e ignorantes. A Paixão não escolhe o alvo de nossa emoção pelas características que gostaríamos que essa pessoa possuísse. Alíás, raramente isso acontece. No caso do nosso relacionamento, o fato de termos encontrado um ao outro, satisfazendo a maioria de nossas expectatívas, foi uma excepcionalidade. Imagino o quanto deve ser difícil para ela Ter que admitir estar a mercê do que declarou aos quatro ventos, repudiar.
Como disse acima, a paixão justificaria muitas das atitudes dela, se fosse a causa. No entanto, a maior parte dos seus desacertos aconteceram antes dessa paixão acontecer. E, volto a dizer, essa paixão tem grande possibilidade de Ter sido causada, como fuga, como a única possibilidade de evitar que ela tivesse que admitir que errara e voltar atrás.
Ela sempre afirmou não pretender ser mãe, justificando que filhos imporiam dificuldades a uma vida aventureira, tolhendo a liberdade. Mesmo com essa convicção e apoiando meus conceitos sobre a irracionalidade de expor uma criança às dificuldades que teria que enfrentar na vida; várias vezes deixou transparecer que essa convicção não era tão extremada e revelava alguma vontade de ser mãe. Na atual situação, não será nada estranho que engravide, somando mais uma contradição às que já concretizou.
É uma pena que estejamos inimigos, causando ressentimentos, quando poderíamos conviver harmoniosamente, aproveitando a beleza de um relacionamento amoroso, reconhecendo a felicidade que isso propicia aos apaixonados e o prazer que pode causar a quem o observa. Acredito que ver a mulher que amo feliz, seria um lenitivo para a minha perda, e a tristeza de não tê-la seria amenizada por sabê-la feliz. No entanto, sinto que o amor que ainda lhe tenho esteja muito diminuído, mesmo admitindo que essa personalidade não é a que amei e que tal mudança seja obra de um grande mistério. Com certeza, essa não é a personalidade que amei, no entanto, o corpo é o mesmo e, ao vê-la, vejo a Josi, toda a beleza que desfrutei, os prazeres que senti e de que não disponho mais. Se é terrível Ter perdido uma personalidade maravilhosa e admirável, não é menos ruim Ter aquele corpo como parâmetro, dificultando que me relacione com outras mulheres com predicados físicos tão inferiores. É como se o céu tivesse caído no inferno e não tivessem sobrado alternativas para minimizar o drama.
É preciso reconhecer que ela continua com alguns valores muito fortes, entre eles, a fidelidade ao seu amor. Provavelmente, esse foi um fator decisivo para que ela decidisse se afastar do negócio que vinha desempenhando junto comigo. Ela não conseguia continuar se relacionando comigo, ao mesmo tempo que se relacionava com outro a quem amava. O estranho é que, na nossa última noite em São Paulo, eu não me aproximei dela, nem a toquei. Senti, durante a noite, que ela desejava que nos tocássemos mas resisti, considerando que um relacionamento deve ser embasado no carinho e isso não vinha acontecendo. Portanto, considerei estar livrando-a de um relacionamento indesejável. Não sei o quanto essa minha recusa em me relacionar com ela influenciou sua decisão. Ela pode Ter se considerado desprezada e desvalorizada. Tenho a impressão que ela quis provocar um rompimento comigo, mas não como uma coisa definitiva. Talvez pretendesse deixar uma porta aberta e sentiu que seria impossível diante de minha reação. Em fim, ela demonstrou a tendência a ser fiel ao seu amor, evitando misturar relacionamentos e, mostrou sua vontade imperiosa, fazendo-a desconsiderar qualquer racionalidade que mostrasse a incoerência de satisfazê-la.
Já não acredito que nosso relacionamento tenha qualquer
possibilidade de ser retomado. Isso exigiria dela uma humildade muito grande, difícil de existir no ser humano. Também não tenho certeza de como eu me sentiria numa provável reconciliação. Não sei se poderia voltar a confiar nela como amante e, muito menos, como amiga. Sem isso, seria terrível Ter que viver com a adaga da desconfiança rondando nosso relacionamento. Estou num processo de afastamento, com a decepção apoiando esse processo e com a convicção de que o futuro não depende só de mim. Espero encontrar um outro amor que me livre dessa angústia e me possibilite viver alguma felicidade e desfrutar de algum prazer.
Lamento profundamente que o paraíso tenha caído no inferno e esteja sendo consumido pelas chamas. Não me foi permitido morrer nessa catástrofe e estou convalescendo das feridas que ela causou, esperando a condução que me levará ao futuro e ao que ele me reserve.

21/08/06- Pela manhã, ouvi um segmento de uma entrevista que um psiquiatra estava dando, a respeito de comportamento dos filhos e coisas parecidas. Ele disse que a psicologia havia se preocupado muito em identificar as causas do comportamento humano, dando grande crédito à influência do meio na personalidade do indivíduo. Ele disse que, atualmente, se considera que o indivíduo já nasce com algumas características de personalidade, que lhe provocam ações independente do meio em que ele viva. Disse, ainda, que trata seus pacientes preocupado em sanar-lhes o problema, sem se preocupar com as causas.
Me perguntei: será possível agir sobre os efeitos sem conhecer as causas?
Parece que livros, cursos e palestras de auto-ajuda, objetivam isso: resolver os efeitos sem questionar as causas. Pra mim, isso só é possível se o indivíduo for acometido de alguma espécie de fanatismo.
Hoje acredito que o indivíduo nasce com algumas características definidas. Além disso, que ele é influenciado, durante a vida, por forças alheias a sua vontade, misteriosas. Sofre, também, influências do meio em que vive. Pela racionalidade, é possível corrigir alguns dos distúrbios, desvios, ou seja lá como se queira chamar o que se possa considerar como uma conduta prejudicial a ele e aos outros. No entanto, como impedir que sua mente seja ocupada por coisas que ele não quer, que lhe causam problemas e que podem levá-lo a agir desastradamente?
Pensei no que tem acontecido comigo, o quanto sofri ao não poder desfrutar o amor da Rita Helena, da Léo e, ultimamente, da Josi. Se eu pudesse Ter me livrado de pensar nelas, não teria porque sofrer. No entanto, por mais que tivesse tentado, algo as colocava em minha mente, constantemente, fazendo-me sofrer verdadeiros horrores. Atualmente estou vivendo a amargura causada pelo pensamento na Jose. Ele não me deixa em paz e ocupa minha mente a maioria do tempo. Tenho consciência de que não posso fazer nada para mudar a atual situação dela, principalmente em relação a mim. Portanto, o ideal seria esquecê-la, deixar de pensar nela. No entanto, sua lembrança, suas atitudes e tudo o mais, me ocupam a cabeça, causando sofrimento e, claro, dificultando que eu use o pensamento em coisas produtivas.
É muito fácil a um profissional dar receitas, criticar comportamentos e coisas assim. No entanto, será que algum deles sabe a receita para que nos livremos do pensamento involuntário?
Ah! Como eu adoraria Ter essa receita!

22/08/06-
O que fazer com quem erra?
O assunto abordado hoje pela manhã no programa de televisão foi a agressão a mulheres, praticadas por seus maridos.
Uma série de reportagens mostrou várias mulheres agredidas em Pernanbuco, o atendimento que elas podem receber através das delegacias da mulher, casas abrigo, assistência psicológica, etc.
Uma psicóloga, que participava da análise da questão, defendia que esses maridos devem ser tratados. A apresentadora se revoltou contra ela, defendendo que eles devem ser punidos, criticando o tempo de prisão previsto pela nova lei de proteção da mulher. Ela considerava que três anos de prisão é muito pouco. A psicóloga alegava que a cadeia é um ambiente dos mais sofríveis e que o tempo passado lá, por menor que seja, marca profundamente o indivíduo. A apresentadora alegava que, enquanto a mulher fica escondida em casas de proteção, o homem permanece livre, sem maiores problemas.
A jornalista que fez as reportagens, alertou para o fato de que muitas dessas mulheres haviam confessado continuar a amar o homem que as agrediu, não conseguiam afastar-se deles e que tinham esperança de recuperá-los.
Tanto a jornalista como a psicóloga demonstravam que a convivência com grande número desses casos de violência, lhes propiciara acumular informações que lhes permitia uma análise mais racional e menos emocional do problema; enquanto a apresentadora, frente as imagens e declarações editadas, mostrando os efeitos sofríveis naquelas mulheres, era totalmente dominada pela emoção e, a falta de melhor compreensão do problema, a levava a ser dominada pela emoção, provocando-a a desejar vingança, com todas as forças.
Esse é o grande problema do ser humano: o domínio da emoção na discussão de problemas. Ela impede que os dados sejam recolhidos, pesquisados e analisados, culminando com soluções possíveis. A discussão emocional não busca soluções e sim, satisfações emocionais, principalmente a propiciada pela vingança.
O sensacionalismo leva as emissoras a editar as reportagens, mostrando, condensadamente, as agressões, o sofrimento causado, com imagens e declarações fortes e impactantes. Esse procedimento esconde a maior parte do problema, a maioria de dados que possibilitariam uma compreensão mais ampla da questão, facilitando a atrofia da racionalidade e reforçando o domínio da emoção no julgamento. Esse tipo de procedimento leva a que cada problema seja considerado isoladamente e visto como se fosse o maior causador de sofrimento. Isso esconde que aquele problema é um dos efeitos, entre tantos, causados pelo mal comportamento do ser humano.
Uma matéria aborda as crianças de rua, abandonadas pela família. Outra, mostra o sofrimento de quem precisa de socorro médico, perambulando de hospital em hospital, enfrentando enormes filas, sem conseguir o socorro necessário. Em outra, são mostrados os sem terra e sem teto, vivendo em acampamentos, expostos a todo tipo de sofrimento. Hoje são constantes as reportagens mostrando o poder da criminalidade que ridiculariza o sistema de segurança pública, mostrando sua incapacidade de proteger o cidadão, uma vez que não consegue proteger a si mesmo. Os problemas causados pelas drogas aos dependentes, suas famílias e à sociedade como um todo, também são bastante abordados. A ineficiência da educação é outro tema muito abordado. Todos eles são apresentados isoladamente, como se não tivessem nada a ver com os outros. A cada matéria apresentada surge uma avalanche de revolta, de inconformismo e, principalmente, de desejo de vingança. Enquanto isso, o tempo passa, os problemas se agravam e não se vê nada que indique possíveis soluções.
O que se tem feito, até aqui, é tentar resolver os problemas agindo sobre os efeitos. O maior exemplo é a criação de leis e regulamentos, na tentativa de evitar os efeitos. A ação tem sido na direção de proibir, acreditando que isso seria suficiente. Quando a proibição não surte efeito, o próximo passo é a punição. Mesmo depois de tantos séculos de aplicação desse sistema, dos resultados escancarados e conhecidos por todos; a sociedade continua no mesmo caminho: tentando represar a água através de peneiras.
Muitos humanistas e, principalmente os acadêmicos, defendem a ação nas causas e defendem que elas estão na falta de educação e na pobreza. Parece evidente que esses dois fatores são causa de grande número de problemas. Muitas ações prejudiciais ao indivíduo e à sociedade são causadas pela falta de conhecimento e conseqüente falta de compreensão. A ignorância os leva a agir inconseqüentemente, desconsiderando os resultados. Aa compreensão, propiciada pelo conhecimento analisado, poderia evitar grande parte dos efeitos maléficos. A ausência de miséria também pode evitar grande quantidade dos problemas. No entanto, qual o conhecimento necessário e, que condições identificam a ausência de miséria?
Sociedades onde a falta de educação e a miséria se limitam a pequenas exceções; não estão livres de problemas, prejuízos e conseqüentes sofrimentos, causados pelos indivíduos. Por outro lado, são evidentes os exemplos de sociedades onde inexiste a educação formal e onde as pessoas vivem com o mínimo para a sobrevivência, que é menos do que possuem muitos dos que se consideram miseráveis; com um número de problemas muito menor do que os existentes em sociedades mais estruturadas e com razoável abundância de consumo. Isso mostra que educação e falta de miséria são importantes, mas não suficientes.
Ao que tudo indica, o problema está no indivíduo, na falta de controle dele sobre si mesmo. No que o leva a considerar certo o que ele sabe estar errado. O que o faz aceitar como bom o que ele sabe, de sobra, ser um grande mau. O que impele o indivíduo a praticar ações cujo efeito ele reconhece como mau e, muitas vezes, repudia?
É evidente a autonomia da emoção e seu domínio sobre a racionalidade. O indivíduo tem grande dificuldade de usar a racionalidade para tentar impedir as ações maléficas pretendidas pela emoção. É muito difícil ao indivíduo, por exemplo, sufocar o desejo de vingança provocado pela emoção, que o impele a causar prejuízo e sofrimento a quem ele considera que o prejudicou. Só a racionalidade ou o medo possibilitam que ele reaja ao desejo de vingança. O efeito da emoção sobre o indivíduo é reconhecido, tanto é que ele é aceito como atenuante em ações criminosas. O fato de estar sob forte emoção, pode absolver um assassino. Isso é o reconhecimento de que a emoção pode dominar o indivíduo, levando-o a agir contra sua própria vontade.
O bom e o ruim, na vida do indivíduo, dependem exclusivamente da emoção. Nada é mais importante ao ser humano do que a felicidade ou infelicidade, prazer ou sofrimento e, tudo isso é causado pela emoção.
É evidente que o objetivo do ser humano é o prazer e que ele aja para consegui-lo. Quem determina as fontes de prazer é a emoção. O problema é que essas fontes de prazer nem sempre estão disponíveis, obrigando o indivíduo a procurar meios de consegui-las. A tendência à lei do menor esforço faz com os indivíduos pretendam conseguir seus objetivos pelas maneiras mais rápidas e que exijam menores sacrifícios. Se não houver qualquer tipo de controle, o indivíduo desconsiderará qualquer tipo de prejuízo que suas ações possam causar a terceiros ou a si próprios, desconsiderando as conseqüências danosas que poderão atingi-lo no futuro. Portanto, é bastante provável que a causa básica dos problemas do ser humano estejam nesse ponto. Como obter o máximo de prazer sem causar efeitos colaterais maléficos? Como evitar sofrimento sem transferi-lo a terceiros?
Que emoções provocam prazer?
Podemos citar os prazeres propiciados pelos sentidos: tato, visão, audição, paladar e olfato. Degustar comidas e bebidas podem proporcionar grande prazer. Odores também podem propiciar grande prazer. A visão é outra fonte de prazer, que também é propiciado pela audição. O tato é capaz de propiciar prazeres muito grandes. Na relação entre um casal, além do amor e das sensações que ele propicia; é significativo o prazer em apreciar o corpo do parceiro, acaricia-lo e ser acariciado, ouvir declarações de amor, gemidos, exclamações; sentir os odores naturais, papilar sua pele, boca e genitais. Não resta dúvida que uma relação amorosa é uma enorme fonte de prazer, se não, a maior.
Além do amor e dos cinco sentidos, o que causa grande prazer é a vaidade. Sentir-se admirado é um dos maiores prazeres do indivíduo, comparado ao propiciado pelo amor e pelos cinco sentidos naturais. A vaidade leva o indivíduo a provocar admiração, através da aparência, capacidade física, destreza, coragem, aventura, conhecimento, inteligência, poder, etc.. O sentir-se admirado pode provocar prazer tão intenso quanto um orgasmo sexual.
O prazer propiciado pelas drogas pode ser pequeno quando comparado àquele que o usuário sente ao ser admirado por outros membros do submundo, reconhecendo sua coragem e ousadia ao contrariar regras e correr riscos como: ficar doente, ser preso ou até morrer. Portanto, as drogas, além de eliminar barreiras naturais como o medo e a timidez, provocar sensações gostosas; propicia ao indivíduo a possibilidade de chamar a atenção para si, destacando-se, ainda que pejorativamente. O sentir-se destacado é o que importa, por isso muitos indivíduos não se importam se tal destaque é causado por coisas admiráveis ou repugnantes. O que lhe importa é sentir-se destacado. Essa mesma motivação faz com que indivíduos cometam arbitrariedades e, até crimes. Para provocar admiração, motoristas dirigem imprudentemente, abusando da velocidade e de manobras perigosas, arriscando-se e colocando a segurança de terceiros em perigo. Pela admiração eles arriscam a própria vida. É verdade que o risco, por si só, é capaz de propiciar prazer e muitos se arriscam para consegui-lo. No entanto, tudo indica que a maioria não valoriza esse prazer e, sim, a admiração que pode provocar, mesmo que negativa. O que demonstra isso é o fato de esses indivíduos não se arriscarem no anonimato. Só o fazem na presença de público, mesmo que desqualificado. Outros, sem coragem para se arriscar, contentam-se em relatar aventuras fictícias como se as tivessem protagonizado. Pretendem provocar admiração através da fantasia, por falta de coragem e disposição para realizar o que contam haver realizado.
Tudo indica que não é dada à vaidade a importância que ela tem, ao influenciar e, até comandar totalmente, a conduta dos indivíduos. Por ela, as pessoas se submetem a grandes sacrifícios físicos, como regimes, tratamentos estéticos, entre outros. A vaidade de ser reconhecido como poderoso, leva indivíduos a cometer todo tipo de corrupção, falcatruas e ações criminosas. Até o amor tem sido pisoteado pela vaidade. A vaidade propicia o aparecimento da prepotência e alimenta seu reforço, fazendo com que o indivíduo acredite que tem todo o conhecimento necessário e se considere totalmente apto a julgar qualquer coisa com absoluta segurança e sem possibilidade de erros. A prepotência faz com que o indivíduo medíocre se considere onipotente e onisciente.
A vaidade, em dimensões adequadas, é fonte de motivação, levando o indivíduo a esforçar-se para sobressair e merecer admiração e reconhecimento. Nessa condição ela propicia progresso, felicidade e prazer. Nesses casos, o indivíduo identifica seu potencial e talento, esforçando-se para lapidá-los e reforçá-los; tendo paciência para esperar o tempo necessário para atingir os objetivos; fazendo por merecer o reconhecimento, a admiração e os elogios.
O problema é que, além de ser dominado pela vaidade, o indivíduo não se dispõe a trabalhar, fazer o necessário para conseguir os objetivos, nem tem paciência para esperar os resultados de seu empenho. Ele quer resultados de imediato, sem esforço, sem empenho, sem luta. Por maior que seja o número de exemplos que demonstrem a falência de quem age assim, os prejuízos e sofrimento que esse comportamento causa; o número de indivíduos que optam por esse caminho continua crescendo.
Será possível, a qualquer indivíduo, controlar sua vaidade, rechaçar a preguiça física e mental, controlar a ansiedade e enfrentar com honestidade e lealdade a luta por conquistas?
Parece que se não é totalmente possível, é provável que se consigam resultados satisfatórios. O problema é o nível de sacrifício exigido ao Ter que lutar contra tanta desonestidade, corrupção, falcatruas e todo tipo de armação promovidas pelos que optaram pela preguiça, pela prepotência, pelo egoísmo e pela covardia.
A racionalidade nos possibilita identificar as causas mencionadas acima como responsáveis por grande parte dos problemas vividos pelos indivíduos em sociedade. Ela nos permite analisar possíveis soluções e experimentá-las. A experiência mostra a dificuldade e, até impossibilidade, de o indivíduo se opor aos desmandos da emoção, faltando-lhe forças para enfrentá-la e tentar dominá-la, evitando os malefícios que causa.
Quem ou o que comanda a emoção e de onde provém a força que demonstra?
Porque a emoção consegue dominar o pensamento, dificultando o uso da racionalidade pelo indivíduo, conscientemente?
A racionalidade nos mostra a incrível capacidade humana de coletar dados, analisá-los e propor soluções, continuamente, descobrindo coisas novas, aperfeiçoando as existentes, mostrando a evolução através dos tempos, trazendo compreensão a muita coisa que era totalmente misteriosa, iluminando o que, antes, eram trevas. O conhecimento humano tem avançado a passos largos nas mais variadas áreas e segmentos. No entanto, as forças que interferem no indivíduo, dificultando e, até impedindo, que ele aja de acordo com a racionalidade, continuam misteriosas, imcompreensíveis.
Por que não conseguimos nos livrar de lembranças indesejadas, que nos fazem mal e nos causam sofrimento? Quem ou o que as coloca no nosso pensamento, contra nossa vontade? Como é possível lutar contra um inimigo totalmente desconhecido, que não sabemos quem é, onde está e o que pretende? Que influência temos sobre nossas próprias vidas? O que somos realmente?
A falta desse conhecimento tem desvirtuado os avanços conseguidos pelo ser humano, municiando os exploradores e fragilisando os explorados, acentuando desigualdades, provocando lutas entre os que deveriam se unir para promover a felicidade e o bem estar. A prepotência não tem permitido ao ser humano reconhecer o mistério que o domina, buscar a melhor maneira de conviver com ele enquanto não puder desvendá-lo. O ser humano não é capaz de admitir sua impotência diante de forças desconhecidas, apelando para fantasias exotéricas e religiosas que pretendem explicar o inexplicável. Os sistemas educacionais teimam em continuar abarrotando os educandos com informações, muitas delas supérfluas; enquanto se abstém de enfrentar a realidade, sonegando a informação de que existe um grande mistério interferindo nas nossas vidas e contra o quê não temos capacidade para impor nossa vontade. Estamos iludidos e passando essa ilusão para a frente, fazendo com que os educandos acreditem na capacidade humana, para a qual nada é impossível. Isso impede que os indivíduos se capacitem para conviver com o inexorável, enquanto lutam para tentar desvendar o mistério.
Como é possível criticar a dificuldade dos educandos para aprender, se os educadores não conseguiram aprender sua incapacidade e impotência frente a forças indesvendáveis e totalmente misteriosas?
Enquanto não for encontrada uma maneira de propiciar ao indivíduo capacidade de opor-se às forças que o impelem a agir prejudicialmente, qualquer esforço para corrigir ações maléficas será inócua, consumindo muito, sem que se consigam resultados significativos.
O que o indivíduo poderá fazer para opor-se à vaidade descontrolada que o impele a agir sem escrúpulos, com egoísmo, dominado pelo comodismo e pela prepotência?
Como opor-se à vontade desmesurada, egoísta, prepotente e irresponsável?
Como propiciar forças ao indivíduo para que ele possa opor-se ao comodismo, à preguiça, à tendência à facilidade inicial?
Como propiciar ao indivíduo consciência de que existem forças muito grandes agindo sobre ele, difíceis de serem derrotadas e, principalmente, que sua origem é totalmente misteriosa?
A tentativa de educar indivíduos, carregando-os de informações, dirigindo-os a aceitar preconceitos sem questioná-los, fazendo-os acreditar que tem capacidade para qualquer coisa, desde que se empenhem, sonegando informações sobre sua fragilidade, sua incapacidade frente ao mistério; é o mesmo que plantar uma lavoura num campo susceptível a pragas, sem qualquer providência para neutralizar-lhes o efeito.
Enquanto não for possível agir sobre os problemas estruturais do indivíduo, dificilmente se conseguirá algum sucesso no combate aos problemas sociais.

23/08/06- O Baianinho foi no Chico com o Roni buscar o leite. Não chegou onde nós estávamos. Logo depois fui na venda e encontrei-o lá. Estar na proximidade de onde está a Jose me incomoda e me faz mal. Passei o resto do dia pensando nela e em como vem se comportando. Agora a noite, ocorreu-me escrever uma historinha para dizer o que pensei durante o dia.

Encontrei um amigo que não via há bastante tempo. Depois dos cumprimentos ele perguntou?
- E a Josi?
- Perdi o contato com ela.
- Como assim?
- Ela desapareceu.
- Como, desapareceu? Você está bem? Parece maluco!
- Tá certo que pode parecer uma maluquice, mas é a mais opura verdade. Ela desapareceu e eu não sei onde anda.
- Mas...você não a procurou?
- Muito. Mas infelizmente não consegui encontrá-la.
- Cara, que coisa estranha! Como é que alguém desaparece assim, sem deixar qualquer pista? Nem a família dela sabe onde ela está?
- O corpo dela está lá. Perto da mãe dela. Eu mesmo o encontrei várias vezes.
- Cara, acho que você está totalmente maluco. O que quer dizer com “o corpo dela está lá?”, ela morreu?
- Não sei. O corpo dela continua bem vivo, ocupado por outra personalidade.
- Que maluquice é essa? Você tá querendo gozar com a minha cara?
- Não. Estou te relatando a realidade.
- Explica esse nogócio cara, senão quem vai ficar maluco sou eu.
- É uma história muito estranha, misteriosa, que não consegui desvendar até agora, por mais que tenha buscado informações, analisado dados, especulado. Sei o que aconteceu, mas não sei os porquês.
- Conta logo, cara; que maluquice é essa?
- Um dia, depois de termos passado três dias sem conversar, por um desentendimento besta, ela me chamou para conversar, acusando a imbecilidade que estávamos vivendo nesses três dias, sem conversar por motivo insignificante. Concordei com ela, reconheci minha culpa e mostrei-lhe que ela própria havia reconhecido Ter exagerado na festa que preparava para o aniversário do irmão. Ela disse que achava que o melhor seria nós nos separarmos. Levei um choque. Afinal a origem daquele mal estar havia sido um desentendimento besta. Pedi-lhe que refletisse, procurasse se acalmar e quando eu voltasse da cidade, onde iria buscar uma peça do trator, conversaríamos e nos entenderíamos facilmente. Que havíamos passado por grandes dificuldades sem que nossa relação fosse arranhada e que não seria um pequeno mal entendido que iria nos separar.
- E aí?
- Quando voltei da cidade, encontrei um bilhete onde ela dizia que decidira ir embora e que estaria na casa da mãe.
- Você tem certeza que está me contando a verdade? Não está direcionando a história para te favorecer? A Josi não faria uma coisa dessas. Você sabe a admiração que sempre tive por ela e por você. Eu costumava dizer que vocês eram o casal perfeito, que talvez fosse o primeiro e o último desse tipo. Eu costumava dizer que vocês deveriam ser de outro planeta. Você muito mais velho e feio. Ela, jovem e bonita. Você detentor de grande conhecimento, de uma inteligência previlegiada e ela com quase cultura nenhuma. Mesmo com essas diferenças, vocês demonstravm um amor imenso e, principalmente, uma cumplicidade, uma amizade, uma complementação que causava inveja, não só a mim, mas a muitos outros. É difícil acreditar que ela tenha feito isso, se o que você diz for verdade.
- O pior, é que é a mais pura verdade. Eu mesmo demorei muito a acreditar que aquilo estava acontecendo.
- Mas, você não a procurou?
- Dei-lhe um tempo, acreditando que ela estava nervosa e que precisava se afastar de mim para pensar. Depois de dois dias fui procurá-la e, como não estivesse na casa da mãe, deixei recado para que me procurasse assim que voltasse.
- E ai?
- Ela não me procurou e foi com a patroa da mãe para São Paulo, ficando de voltar no começo da semana e me procurar. Voltou e não chegou na casa da mãe. Encontrou um ex-namorado e foi embora com ele.
- Que loucura cara! Tem certeza que está me contando o que aconteceu e não um livro de ficção que você tenha escrito?
- Não é ficção não. É a mais pura realidade. Depois de menos de dois meses, ele abandou o cara e voltou para a casa da mãe.
- E você não falou com ela durante todo esse tempo?
- Liguei para ela algumas vezes, previnindo-a da insensatez do que estava fazendo e colocando-me a sua disposição para ajudá-la no que me fosse possível. Disse-lhe que o seu amor me fazia muita falta, mas que sua amizade era fundamental pra mim. Reiterei isso várias vezes. Quando ela decidiu abandonar o cara, havia pedido para que sua mãe arrumasse um carro para ir buscá-la em uma cidade vizinha. Como não tinha certeza se a mãe conseguiria isso, me consultou sobre a possibilidade de ir pegá-la, caso a mãe não conseguisse. Prontifiquei-me de imediato. Procurei-a quando voltou, conversamos e ela se mostrava confusa, pedindo um tempo para colocar as coisas no lugar. Depois de alguns dias, quando a procurei, ela propôs que tivessemos uma relação descompromissada, até ver como as coisas se encaminhariam. Concordei e passamos a nos encontrar quando ela tinha vontade.
- E ai?
- Desde que voltou, ela começou a se relacionar com uma família vizinha, mal falada na região. Acabamos rompendo novamente.
- E depois?
- Depois de alguns meses, encontrei-a e ela alegou que estava difícil sobreviver e arcar com as despezas só contando com o salário que ganhava trabalhando como doméstica em uma pousada. Propús-lhe fazermos uma sociedade para vender roupas e utensílios domésticos, coisa que ela fizera enquanto estávamos junto e que havia apresentado um resultado razoável. Ela concordou e iniciamos o negócio. Eu sabia que ela estava se relacionando com um rapaz da família que eu mencionei acima. Ela alegava que ele era um menino e que só estava curtindo sua companhia, que era bastante agradável, mas que não tinha nada de sério com ele. Aleguei que não havia problema em que ela se relacionasse com ele ou com quem quer que fosse, que nosso compromisso era de amizade e de negócio, que ela, tanto como eu, tinhamos plena liberdade de fazermos o que nos parecesse melhor. Pedi-lhe, várias vezes, que não tentasse me enganar, que fosse leal, como sempre fôra, que isso, sim, era importante para mim.
- E ai?
- Ela, novamente, desconsiderou minha amizade, tentou me enganar, escondendo o que realmente pretendia, acreditando que eu fosse um imbecíl e me tratando como tal. Ela havia decidido assumir a relação com o rapaz e abandonar o negócio que estávamos tocando. No entanto, ao invés de me declarar isso, fez o possível par esconder esse fato, alegando que estava sentindo algo estranho e que estava difícil continuar trabalhando comigo. Aleguei que ela estava sob domínio de uma força misteriosa, que precisava de ajuda e que eu estava disposto a dar a própria vida para livrá-la disso. Que teríamos que lutar muito, mas que, juntos, venceríamos como havíamos vencido tantas outras dificuldades, durante nosso relacionamento. Ela acabou se enrolando e ficou claro que estava pretendendo me enganar. Fiquei puto, pois era uma coisa idiota. Ela poderia fazer o que bem entendesse, não me devia satisfação e tinha toda a liberdade para decidir o que fosse melhor para sua vida. Se havia decido assumir uma relação com alguém, que considerara absurda até outro dia, era problema dela. Todos tem o direito de mudar de opnião, principalmente, quando a questão é emotiva, independente da racionalidade. No entanto, percebi que ela já havia tomado a decisão e que a conversa que estava tendo comigo tinha como objetivo tentar me iludir, fazendo-me acreditar que os motivos fossem outros. Que precisava se afastar de mim e que eu era o seu problema.
- E ai?
- Ai eu não tinha mais nada a fazer, a não ser dizer-lhe que descobrira que ela pretendia me fazer de idiota e que, se se considerava capacitada para recusar minha ajuda, que deveria assumir todas as responsabilidades, inclusive o pagamento do dinheiro que me devia. Como eu devia um dinheiro ao rapaz com quem ela iria morar, transferi a dívida que ela tinha comigo, para ele. Ela reagiu, mas diante de minha argumentação, de que ela me devia mais do que eu devia a ele. Que iriam continuar se relacionando e, portanto, seria mais seguro para ele Ter a ela como devedora do que a mim, que poderia sumir e nunca mais pagar o que lhe devia. Eu disse isso a ele, na frente dela. Ele também reagiu a princípio, mas acabou aceitando, por falta de argumentos que mostrassem alternativa melhor.
- Olha cara. É difícil acreditar que a Josi tenha feito isso!
- Eu também não acredito que ela tenha feito isso. Por isso, acredito que a personalidade que está ocupando seu corpo é outra e, por isso, te disse que não sei onde a Josi está. O corpo dela está lá, mas a personalidade dela desapareceu.
- É incacreditável que o amor que ela demonstrava por você, que cansou de demonstrar com ações, submetendo-se a sacrfícios incríveis por você; tivesse acabado assim.
- O amor poderia Ter acabado, afinal não depende de nós quando ele aparece ou some. O inacreditável é que ela tenha jogado a amizade que nos unia, no lixo, como se fosse uma porcaria qualquer, sem o menor valor. Passou a me considerar um inimigo, mesmo que eu cansasse de declarar que estava disposto a ajudá-la, mesmo que não a tivesse mais como mulher. Que sua amizade era mais importante do que o seu amor, embora este fosse de valor inestimável. Não se contentou em jogar nossa amizade no lixo, procurou me prejudicar de todas as formas possíveis, só não conseguindo sucesso por incapacidade dela e pela minha dignidade, reconhecida por muita gente.
- Cara! Não dá pra acreditar que isso tenha acontecido.
- É, mas aconteceu. Acredito que ela está sendo manipulada por forças misteriosas, com objetivo de nos prejudicar. Infelizmente ela não tem forças para se opor a isso e está sendo manipulada como verdadeira marionete. Verdadeira coita, digna de pena. Se continuar do jeito que está, terá muito tempo para lamentar Ter agido como agiu.
- Você não acha que o ciúme pode Ter te afetado de tal maneira que você está criando uma ficção para justificar o fato de tê-la perdido?
- Já considerei essa hipótese. Infelizmente não é isso. Ela poderia estar vivendo com esse rapaz, curtindo a felicidade que ele deve lhe propiciar e continuar minha amiga, ajudando-me e recebendo minha ajuda. Eu teria a lamentar a perda da mulher amada, mas teria o lenitivo da sua amizade, que era importantíssima para mim. Por outro lado, ela continuaria me tendo como amigo e, sem falsa modéstia, algo raríssimo de conseguir. Se isso acontecesse comigo e, ao tomar consciência, me desse conta de que havia perdido um amigo assim, por minha culpa, garanto que choraria lágrimas de sangue.

24/08/06- Oi! Tudo bem? Como é que vai?
Você deve estar feliz, saboreando os prazeres de desfrutar o homem que está amando, recebendo o amor dele, sentindo o prazer de comandá-lo.
Além disso, que não resta dúvida ser muito, o que essa relação te oferece? Que tipo de conversa vocês tem?
Você me abandonou porque pretendia ser livre, poder sair, dançar, estar com amigos, em fim, curtir a vida sem compromissos. Um dia te perguntei se você achava que encontraria um marido melhor que eu. Você afirmou que não pretendia mais se prender a ninguém. Que continuaria livre, sem compromissos. Você disse isso no mesmo dia que me disse que o rapaz estava interessado em você, que o achava interessante, mas que o considerava um menino, da idade de seu irmão, o que era impecilho para que se relacionassem, mesmo que achasse a sua companhia agradável.
A que forrós você está indo? Que bares está frqüentando e com quem?
Que amigos você está desfrutando e o que faz com eles?
Teu trabalho está te satisfazendo e rendendo o suficiente para tuas necessidades?
Quem é você? O que você é? Pra onde vai? Fazer o que?
Você não sabe. Você não é dona de você, não tem o menor domínio sobre sua vida, é uma boneca manipulada, jogada de um lado para o outro, sem capacidade para reagir, tentar assumir o mínimo de comando que cada pessoa pode Ter sobre si mesmo. Quando a o personalidade da Josi deixou de comandar esse corpo, ele se transformou em marionete e ficou a deriva, sob o comando do mistério que faz o que bem entende, jogando com você, que não passa de simples objeto.
Que pena!

27/08/06- Como é possível entender o ser humano verificando a quantidade de incoerências cometidas?
Veja-se o caso da Lena: Fugiu com um cara aos treze anos. Teve o primeiro filho aos quatorze e, em seguida, mais três. O cara viva saindo com outras mulheres e bebendo muito. Batia-lhe e maltratava-a . Levou-a para sua terra, na Bahia e, depois de pouco tempo, ameaçou matá-la o que a obrigou a ir embora para a casa da mãe. Nunca mais viu os três filhos que ficaram com o pai.
Mora e trabalha em um sítio com a mãe, uma irmã e a filha. Namora com o Márcio e mantém um relacionamento com um cara casado, de São Paulo. Aceitou manter um relacionamento comigo, que é totalmente descompromissado. Freqüenta o forró com freqüência e bebe bastante.
Ela, que mantém três relacionamentos concomitantemente, se dá o direito de expor um ciúme exagerado. Cobra fidelidade do namorado e dos amantes, com uma insistência inacreditável. Como alguém, que é o exemplo da traição, pode cobrar fidelidade com tamanha força?
É incrível verificar o sofrimento causado por ações sofridas, iguais às que a pessoa que sofre, pratica sem o menor constrangimento, sem considerar que suas ações podem provocar nos outros, o que ela sofre quando sofre essas ações. A Lena ficou arrasada quando, ao invés de surpreender o namorado traindo-a, como esperava; viu-o indo embora, acusando que sabia que ela fizera algo errado. Quem saiu à caça, foi caçado e sofreu terrivelmente com isso. O que motivará esse sofrimento? Será o amor próprio ferido? A consiciência pesada? O egoísmo exagerado? Não sei! Pude verificar o sofrimento de quem agiu erradamente, ignorou isso e pretendeu encontrar motivos para crucificar a quem estava enganando. É incrível, quase inacreditável, mas, verdade!

28/08/06- depois do almoço fui no posto e perguntei ao Jabá se o cheque do Chico que eu lhe dera para pagar a conta, não havia voltado. Ele disse que não. Fui no Zé Fernandes perguntar se ele estava descontando cheques e ele disse que está sem dinheiro. Fui em São Bento e depositei R$270,00 na conta do Chico para cobrir parte do cheque que dei no posto. Liguei pro Adriano para que ele verifique se o cara que desconta cheques pra ele, descontaria um pra mim. Fui esperar a Daiane no ônibus e ela me disse que só precisa de panos de prato e a blusa de moleton para homem. Se conseguir descontar o cheque, vou pra São Paulo amanhã.

Ontem à noite, conversando com a Lena, percebi a possível personalidade do Márcio, namorado dela. Ela disse que viveu com ele durante um ano e que se separaram porque ele saiu para jogar bilhar, deixando-a em casa. Ela tomou banho e saiu, sentando-se em uma mesa, na frente de uma padaria, no Zé da Rosa, perto de onde o Márcio jogava bilhar e podia vê-la.
Ele saiu com amigos para ir a uma festa no Paiolzinho. Ela juntou-se a outras pessoas e foi também, chegando lá antes dele. Dançou e bebeu bastante. Na volta, passou pelo Márcio e chamou-o de corno. Ele deu-lhe um tapa na cara.
Ao chegar em casa, ele pediu-lhe desculpas, mas ela não aceitou e, no dia seguinte, pegou suas coisas e foi para a casa da mãe. Como era Sábado, foi no barracão, dançou, bebeu e ficou com um cara.
No Domingo, ela foi no forró do Raimundinho, em São Bento. O Márcio foi lá, pediu desculpas e pediu que ela voltasse pra ele. A princípio, ela se negou a conversar, mas depois aceitou. Pediu cinco minutos para pensar e decidiu que voltariam a se relacionar, mas sem morar junto. Assim estão até hoje.
Ela disse que, se houver algum homem na cozinha da casa dele, ele não permite que ela vá até lá. No entanto, não a proibe de ir ao forró no Gaucho.
Ele tem todas as possibilidades de saber que ela se relaciona com o Dito a mais de quatro anos. No entanto, faz de conta de que não sabe de nada. Até o relacionamento que ela vem mantendo comigo, ele teria condições de sobra para ficar sabendo. Está configurado que ele é do tipo que prefere não saber, eximindo-se de Ter que tomar uma atitude, que no caso, seria terminar o relacionamento com ela e que parece ser o que ele menos quer.
Quando ele foi embora do Gaucho, no Sábado, logo depois que ela chegou; deve Ter sido porque ele sabia que acabaria sabendo que ela o estava traindo. Preferiu ir embora para não saber a verdade.

11/09/06- Saí por volta das oito e quinze e fui na cidade esperar a Ana Maria e o David, que ficaram de me pagar. Quando estacionei o carro perto do Nei, vi a Jose que andava pela calçada do banco em companhia da Cida, Cabeção e Régis. Ela olhou algumas vezes para o carro e, ao passar diante dele, acenei para que viesse até ali. Ela fez sinal para que eu esperasse e voltou logo depois. Perguntei-lhe se havia mudado de personalidade. Ela disse que continuava a mesma. Lamentei e disse-lhe que, não conseguia conviver com bandidos, mas se mudasse, poderia continuar com minha amizade e me procurar quando quisesse. Ela alegou Ter que levar o Régis no posto de saúde e foi embora.

14/09/06- Estou me sentindo amargurado (Que novidade!)
Desde Segunda-feira, quando disse à Jose que: quando se libertasse dessa personalidade ruim, ou estivesse estivesse disposta a lutar para consegui-lo, poderia contar com minha amizade; estou me sentindo assim.
Não bastasse isso, a pressão da Lena para ficar comigo, declarando-se apaixonada e querendo fazer amor a todo instante, está me sufocando. Venho prevenindo-a de que não sou o tipo de homem que ela precisa, que não poderá me dominar e que não sei até quando poderei ficar com ela. No entanto, ela não se convence disso e continua pressionando. Isso deveria me ajudar no problema com a Jose, ou melhor, por causa dela. Mas não é isso que acontece. Essa paixão me sufoca e me faz mal. Além da demonstração de paixão, ela tem uma bunda admirável, bem como seios atraentes, além de estar disposta a praticar sexo total a qualquer momento. Isso deveria satisfazer meu ego e prazer sexual, mas não é isso que acontece.
A Daiane está tendo um procedimento estranho, como que fugindo de mim para não Ter que enfrentar algum tipo de problema. Está enrolando para prestar contas e trouxe menos de um quinto do dinheiro que deveria Ter trazido.
A Patrícia foi viajar sem se importar com a necessidade de receber o dinheiro das vendas que fez, além do que já me devia.
O Neto demonstra-se “onipotente” desprezando opiniões e fazendo asneiras uma atraz da outra.
Não posso usar a casa par encontros amorosos, como se isso fosse algum tipo de crime.
A Shirlei da Global me liga todo dia perguntando quando vou fazer o depósito, mesmo que lhe diga que quando o fizer lhe telefonarei, desconsiderando que não poderei fazê-lo enquanto não tiver o dinheiro. Para aliviar a pressão, resolvi depositar os R$350,00 que já tenho. Cheguei no banco as três e quinze e verifiquei que a agência fecha as três horas.
Pode ser que eu esteja exagerando, mas não é fácil suportar tanta coisa errada!
Será que tudo isso é fruto de meu estado emocional e que os motivos que apresento sejam exagerados e não justifiquem a revolta que sinto? Não sei

15/09/06- Quem sou eu?
Sou um cara muito sensível, que conhece algumas maneiras de evitar alguns problemas criados pela grande sensibilidade e compreendendo que é largamente afetado por ela, reconhecendo sua incapacidade para dominá-la e evitar todos os danos que ela causa.
Sou um cara racional, sem ser nenhum prodígio nem excepcional, por mais que alguns teimem em afirmar isso. O que me faz diferente da grande maioria é que uso a racionalidade que tenho, buscando dados, analisando-os e tirando conclusões, convicto de que são provisórias e poderão mudar pela análise futura ou por mudança de dados, bem como pelo surgimento de novos.
Não tenho problemas de saúde e convivo com pequenas deficiências dela, sem maiores problemas. Isso não se deve a cuidados que eu tome com ela, que não me merece maiores preocupações. Tenho consciência de que abuso e não sigo a maioria das recomendações médicas para prevenir doenças. Meu organismo tem se mostrado com grande capacidade regenerativa, curando-se a si próprio.
A racionalidade na análise dos acontecimentos me mostrou a intervenção de forças misteriosas em nossas vidas, onde a presença de pensamentos que não queremos é a maior prova disso. Pude constatar, inúmeras vezes, que verdades que julguei absolutas, se mostraram falsas. Isso me obriga a compreender que qualquer coisa certa, hoje, pode ser demonstrada como errada amanhã. Isso é mais que suficiente para demonstrar nossas limitações e reconhecer nossa fraqueza.
Como qualquer pessoa, tenho tendência à preguiça, inclusive a mental. Procuro vencê-las na medida do possível, bem como a vontade incontrolada. Claro que tento, mas tenho consciência de que não consigo êxito total.
Não sou hipócrita, embora tenha consciência de que não é possível ser totalmente autêntico. Sou leal e tenho grande respeito pela amizade, considerando-a como o maior valor depois do amor sexual.
Sou vaidoso e sei o quanto a vaidade é perigosa, por isso procuro impedir que ela me leve a cometer imbecilidades para satisfazê-la, embora reconheça que nem sempre consigo.
Sou bastante solidário, pouco egoísta, bastante humilde e muito pouco prepotente. Tenho plena consciência de minhas limitações. Não que as conheça todas, mas sei que existem e são grandes; isso me dá consciência de minha falibilidade, do quanto posso errar e me possibilita tomar alguns cuidados para não reincidir em erros já cometidos.
Acho que tenho algum atrativo físico, que por mais que tenha tentado identificar, não consegui até hoje. Ele chama a atenção e atrai pessoas, mas não sei como nem porquê.

17/09/06- Quando estávamos no Chulé, uma prima da Lurdinha contou para a Lena que a Jose fôra minha mulher. Ela ficou brava porque eu não lhe contara quem era. Lembrei-a de que a avisara de que ela ficaria sabendo e que achava estranho que ainda não lhe tivessem contado, uma vez que todos sabem quem era ela. Lembrei-a, também, de que um dia lhe dissera que o Cidão fôra meu sogro, que, portanto, eu já lhe contara quem fôra minha mulher.
Disse-lhe que eu vinha passando por momentos muito difíceis em minha vida, que ela me ajudara muito e que era importante para mim. No entanto, confessei não saber o que o futuro me reserva e que, por isso, tenho prevenido-a para não se ligar a mim, nem abandonar a vida que vem levando, muito menos seus relacionamentos, pois acho que nossarelação não pode ser satisfatória para ela. Ela está fortemente ligada a mim emocionalmente e, dominada pela sua vontade, me pressiona para ficar o maior tempo com ela, o que me incomoda bastante.
Ela seria a mulher ideal para mim, no que se refere à idade e ausência de compromissos com filhos. No entanto, sua incompreensão e desejo sexual são incompatíveis comigo. Enquanto for possível, vamos levando essa relação, esperando o que o futuro nos reserva.

25/09/06- O mistério que envolve a vida existe e não há dúvidas disso. A Lena, que no começoi dizia amar o namorado e estar apaixonada pelo amante; diz estar apaixonada por mim e que não quer mais saber dos outros dois. Ela é nova, tem um corpo desejável, apaixonada e sempre disponível para amar, sem compromissos que a prendam a ninguém e a nada. Essas condições fariam dela a mulher ideal para mim, num relacionamento descompromissado, que possibilitaria muito prazer. O problema é a sua “cabeça”, a maneira como vê a vida, o domínio de sua vontade, o egoísmo e a prepotência. A prepotência ocasiona a falta de cultura e de maiores conhecimentos, o que dificulta muito essa relação. A pressão que ela faz, querendo ter-me a todo instante, tentando dominar-me, mesmo sabendo que isso é impossível; me incomodam e me fazem mal.
A lembrança da Josi continua me atormentando e o comportamento da Jose ainda me faz muito mal. “Quem eu quero não me quer, quem me quer não satisfaz.” Não tenho o que me faria feliz e serei causa de sofrimento a quem me quer e gostaria de viver a meu lado.
Quando vejo a Lena falando em amor eterno, que nunca deixará de me amar e que fará qualquer coisa para Ter-me; lembro-me de quantas vezes isso foi dito pela Josi. Por que continuamos a dizer coisas que sabemos irreais?

26/09/06- Pensamentos sobre a Jose continuam me atormentando todos os dias. Não é uma coisa muito forte, mas incomoda bastante. Me é impossível entender o que a levou a desprezar minha amizade, fugir de mim como o diabo da cruz. Até aqui ela só tem acumulado problemas, enquanto os prazeres se limitaram a pequenos relacionamentos, bebida e um pouco de dança. É inacreditável que alguém se submeta a isso, por tanto tempo e não consiga tentar voltar atraz.
Ao que tudo indica, a Josi é uma criação minha e só existe junto a mim. Sem eu, a Josi não existe e a Jose domina a personalidade. É incrível como a Jose não consegue usar nada do que a Josi aprendeu. A Jose é uma verdadeira mula.
A Lena, que poderia ser um lenitivo para os meus pesares, está se transformando em fonte de problemas, me sufocando com seus desejos e vontades.

29/09/06- Estou me sentindo vazio. Vazio não, cheio de desinteresse, de sensações desagradáveis. O vazio se refere a ânimo, motivação, interesse em alguma coisa. Nada me atrai, nem mesmo deitar e dormir. A Jose ocupa grande parte de meus pensamentos. É uma coisa idiota pois não há nada de novo. Os pensamentos são sempre os mesmos. Ela é uma coitada que não percebe o quanto está sendo dominada. Deve acreditar que está de posse de seu total domínio e agindo segundo sua racionalidade. A justificativa a que ela deve estar se agarrando, é a necessidade de provar que pode viver sem mim. A realidade está comprovando que, sem mim, ela não é nada, não passa de uma verdadeira mula, como tantas outras. Me ocorreu que, do jeito que vai, até sua beleza deverá diminuir de modo acelerado. O que acontecerá quando a beleza não puder ajudá-la mais?
Ao que tudo indica, ela ainda não se transformou no que se pode chamar de “biscate”. Os relacionamentos com o Renato e o Baianinho, foram uma tentativa de encontrar emoção que justificasse que eu não era, mais, importante. Se está saindo com o guardinha, deve ser para livrar-se do problema com a moto do Régis ou coisa parecida. A verdade é que o tempo vem comprovando sua incapacidade para sair da situação em que está.
Ocorreu-me a situação do personagem Bira da novela Páginas da Vida. Ele foi deixado pela mulher e não consegue se conformar, entregando-se à bebida, incapaz de reagir, de continuar vivendo uma vida normal e digna; mesmo com o empenho da filha, que cuida dele, tenta protegê-lo, aconselha-o a esquecer a mãe. Nada adianta, nada pode faze-lo aceitar que a mulher não o ama mais e que não há como reatar o relacionamento com ela. No caso dele pode-se dizer que se entregou sem tentar outros caminhos, nem se empenhando para livrar-se dessa obcessão. Será que estou numa situação muito diferente da dele?
Não tomei uma única gota de alcóol por causa da separação, da perda do meu amor. No entanto fui dominado pela droga da esperança que me inundou por muito tempo e que ainda me mantém dopado, ainda que com força infinitamente menor. Tudo que consegui fazer para me livrar do problema foi Ter deixado a fazenda, ido para São Paulo. No entanto, a possibilidade de estar junto dela me levou a tentar trabalhar com ela, aproveitando a oportunidade que se apresentou, mesmo que os indícios revelassem que não teria muita chance de recuperá-la. Não consegui resgatá-la da força que a domina.
Mudando-me para a cidade, procurei distração no forró e, claro, acreditei que outra mulher poderia me ajudar a esquecê-la, a retomar a vida com motivação. Ledo engano! Encontrei uma mulher nova, com atrativos físicos, sem maiores impedimentos para se relacionar comigo, que dizia me amar e me desejar, até, com exagero. No entanto, era só uma mulher, só uma pessoa do sexo feminino, sem maiores atrativos, prepotente, dominada por sua vontade, egoísta e inconseqüente. Me deu carinho, me amou e me deu prazer sexual; no entanto, pude confirmar que isso é muito pouco, diante do que necessito.
Tento, a duras penas, me ocupar, fazer alguma coisa como? Bijuteria, aplicação em roupas, vendas e recebimentos. Fazer qualquer dessas coisas me custa muito. Não é verdade que eu tenha me entregado totalmente ao domínio das forças que querem me destruir. No entanto, elas minam minha capacidade e impedem que tente outras coisas. Já considero que a retomada daquele relacionamento seja muito difícil, praticamente impossível, pela dificuldade de recuperar a confiança, a lealdade e, inclusive, o amor. Se não fiz mais na direção de me livrar do problema, é porque forças maiores que as minhas, me impedem. A questão fundamental continua: sou fraco ou a força contrária é que é muito forte? E mais: de onde ela vem? Quem a domina?
Parece que essa força é a esperança. É ela que nos amarra ao que desejamos, fazendo-nos acreditar que conseguiremos conquistar e obter. Sem a esperança, talvez, fosse mais fácil resolver o problema, diminuindo o desejo, que tenderia a diminuir com o tempo. No entanto, existem exemplos suficientes demonstrando que, mesmo quando não há motivos para a menor esperança, que é o caso de quando o objeto do desejo é uma pessoa que morreu; os danos seguem atormentando fortemente. Esses casos podem ser incomuns, mas existem. Aí não há como justificar que a esperança seja a causa do sofrimento.
Esperança, carência de amor, amor próprio ferido; podem ser causa desse sofrimento, dessa incapacidade de reagir. No entanto, continua inexplicável o que os causa e que impede o indivíduo de reagir, de esquecer, de conformar-se com o inevitável. Eu já tentei tudo que pude. O sofrimento diminuiu muito, no entanto, continuo imprestável, sem motivação, sentindo dificuldade para fazer as coisas mais simples.

Voltei para Santana, para dar plantão. Já havia visto a Jose pela manhã e a encontrei saindo da praça quando eu descia da Luzia. Nas duas vezes ela me sorriu. Quando voltei à tarde, vi-a em frente ao Nei com a mãe e os irmãos. A Lena chegou perto de mim por volta das duas e meia, quando a Jose já havia ido embora de lá. Por volta das três e meia, resolvi vir até em casa e a Lena me pediu para deixá-la na Florada. Quando passávamos pela pracinha, vi o Cidão no banco da praça e a Jose que conversava com ele. Acenei-lhes e vim embora.

Deitei na cama para assistir televisão e o pensamento na Jose não me abandonava, pra variar. Ouvindo o Zezé di Camargo e Luciano, no Faustão; ocorreu-me a imagem de que meu relacionamento com a Jose poderia ser representado por uma carreta, onde nós dois ocupávamos a cabine, transportando como carga a nossa história.
Ela saltou da cabine, mas ficou agarrada na lateral da carga da carreta, muito próximo ao retrovisor direito, enchendo-o e desviando minha atenção do parabrisa, desconsiderando o que vinha pela frente, fixando-me no que ficava para traz, prendendo-me a isso , agarrado à esperança de recuperar a copilota e voltar a olhar para o parabrisa, empenhado em percorrer a estrada para o futuro;
Ela não saltou da cabine, foi arrancada por uma força maior do que a que a fizera permanecer alí por sete anos.
Ela não ficou em um ponto na estrada para reconstruir sua vida; ficou presa à carreta, sem percebê-lo, acreditando que se livrara dela e de mim. Tentou livrar-se da carreta e de mim, arriscando trabalhos e relacionamentos, mas estava alí, presa à carga, que fez parte do cenário em que viveu.
Por duas vezes voltou a entrar na cabine, percorremos curtas distâncias e ela voltou a sair. Suas ações foram afastando-a para a trazeira da carreta, fazendo sua imagem ficar mais distante e mais fraca ao meu olhar. Foi se distanciando mas permaneceu ali no retrovisor, menos viva, menos dolorida, mas ali; prendendo minha atenção, distraindo-me da vida, dificultando os caminhos que tentei percorrer, tirando-me o ânimo e a motivação.
Eu gostaria que, no momento em que ela não pôde mais ser a copilota na estrada da minha vida, que tivesse ficado em um ponto lá atraz, que tivesse sumido do meu retrovisor e que eu pudesse Ter seguido minha viagem, em busca de novos lugares, de outras pessoas, do que o destino pudesse me reservar. Mas, não foi assim; ela continua ali, refletindo visões ruins no meu olhar, obstaculando minha vida, impedindo que eu possa desfrutar a vida que me resta, livre do que, hoje, ela representa para mim.
A carga da carreta, que é a nossa convivência, está coberta por pesada lona, que impede o desfrute do que ela contêm. Ela está presa à carga, pelo lado de fora, refletindo no espelho o que fez e o que continua fazendo, mostrando-se inteiramente, causando sofrimento, principalmente pelas pancadas que sofre e os estragos que vem fazendo e sofrendo.

02/10/06- A Lena continua dominada por sua vontade. Ela não pensa; quer e pronto. Tenho dito a ela o quanto isso é pernicioso para qualquer relacionamento e para ela mesma. Quando ela levantou, procurei entrevistá-la e saber o que ela pensa. Respondeu que o que mais gosta é de passear. Confunde Deus com Jesus Cristo, Não tem idéia de que forças externas afetem os indivíduos. Em fim, como muitos, é levada pela vida, sem perceber qualquer relacionamento entre as coisas, sem raciocinar, dominada por preconceitos, vítima do egoísmo e da prepotência e escrava da sua vontade incontrolada.
Reiterei o que já havia dito várias vezes: que meu relacionamento com ela está fadado a terminar; só não sei quando isso se dará. Repeti que ela não conseguirá me dominar, nem impor sua vontade. Disse-lhe que sou um guerreiro difícil de combater pois não tenho segredos que possam me acovardar e não tenho medo da morte; as duas condições que impedem a maioria das pessoas de enfrentar lutas.
Disse-lhe que tive enormes felicidades e proporcionais prazeres, o que me dificulta ser feliz e Ter prazer com motivos menores do que aqueles. Que já fiz de tudo para eliminar lembranças que me atormentam, sem conseguir. Que quando ela me força a satisfazer suas vontades, me atormenta em dobro, pressionando-me e fazendo-me lembrar do que gostaria de esquecer. Portanto, ela me faz muito mal, pressionando-me e atiçando a memória, fazendo-me lembrar de coisas sofríveis e que eu gostaria de esquecer.
Perguntei-lhe se ela teria idéia de algum motivo para que uma mulher me abandonasse, depois de me amar profundamente e sem que eu tivesse feito alguma coisa especial que justificasse tal atitude. Claro que ela não conseguiu responder. Disse-lhe que se isso já havia acontecido, não seria estranho que voltasse a ocorrer com ela, fugindo de mim como o Diabo da cruz. Ela disse que não, que me ama demais e que isso nunca acontecerá. Já ouvi isso várias vezes, e amargo os acontecimentos contrários ao que foi declarado com tanta ênfase.
Ela demonstrou sentir a gravidade do que eu dissera, declarando que mudará rapidamente, ajudada por alguém que não quis identificar, mas que deixou escapar que seria uma espécie de guia, alguém exotérico ou espiritual. Disse-lhe que torceria para que isso acontecesse, mas que, a experiência me indica que isso é muito difícil, que exige muito empenho e tempo. Ela continuou afirmando que mudará rapidamente.
Acho que consegui atingi-la, pois não resistiu quando a chamei para levá-la para casa e demonstrou haver entendido o meu sofrimento pelas coisas que passei, sem saber do que se trata, muito menos dos detalhes. Me senti uma espécie de guru, sem deixar de sentir as coisas ruins resultantes do que sofri.

16/10/06- Nos últimos dias tive uma recaída. A Jose não me sai do pensamento. É a Jose e não a Josi, pois o pensamento só me ocorre no que aconteceu depois da separação, até as últimas informações. Se dependesse da minha vontade, eu lembraria da Josi, da felicidade que vivemos.
Tenho feito um esforço enorme para afastar esses pensamentos, considerando que eu é que os tenha provocado. No entanto, fica cada vez mais claro que eles são expontâneos, que vencem a minha resistência e se estabelecem, contrariando minha vontade.
Se eu não consigo me livrar desses pensamentos, como posso acusá-la de estar sendo dominada por forças que a impelem a fazer o que tem feito? Ela não estaria me fazendo mal algum se eu a esquecesse, se não pensasse nela, se não desejasse tê-la de volta. Ela não fez coisas que me prejudicassem e, as que poderiam me trazer algum prejuizo, tive como remediá-las. Portanto não posso acusá-la de fazer o que fez e considerar que ela é a culpada pelo meu sofrimento, apatia e falta de motivação. A culpa é do que me obriga a lembrar dela, que me faz acreditar que poderei retomá-la, que voltarei a Ter a felicidade que tive a seu lado. A culpa é disso: do que me impede de esquecê-la, de considerar que tudo acabou, que a vida continua e que poderei encontrar outra mulher que me possibilite o que já tive. A culpa é do que a levou a agir como agiu: sem qualquer racionalidade, desconsiderando a ajuda que eu poderia lhe oferecer para livrar-se dos males que sofreu, dos desatinos que cometeu. A culpa é disso, que fez terminar uma grande felicidade a dois e ocasionou o sofrimento, que trocou o céu pelo inferno. Isso é o culpado, poderoso desconhecido, que nos transforma em marionetes e faz de nós o que bem entende.
É certo que um novo amor pode levar ao esquecimento dos anteriores, a deixar de sofrer por eles. A Lena poderia Ter sido a solução para o problema, permitindo-me esquecer a Jose e retomar a vida sem os impecilhos que sua lembrança me coloca. No entanto, o resultado está sendo desastroso; a falta de racionalidade, egoísmo, prepotência, domínio da vontade incontrolada, irresponsabilidade e total falta de cultura; fazem com que a relação com ela seja muito sofrível, ofuscando, inclusive, o que ela me oferece de bom: amor e sexo. Em termos de mal estar, troquei seis por meia dúzia.

18/10/06- Pouco antes da sete horas a Lena apareceu. Ela disse que não conseguia parar de pensar em mim. Disse-lhe que isso comprova o que venho dizendo: que não temos como interferir em nosso pensamento involuntário. Que somos levados a amar quem nos destinam e não a quem gostaríamos de amar. Que ela pode estar me amando apaixonadamente, enquanto eu a amo como amiga e que isso é praticamente impossível de evitar ou modificar. Ela ouve com atenção, mas desconsidera o que foi dito. Disse-lhe que, como ela, eu também sou assaltado por pensamentos involuntários, que não gosto de Ter, mas que não consigo evitá-los. Que eles me causam sofrimento e que ela, com seu comportamento, abre feridas que luto para curar. Ela disse que isso lhe faz muito mal, dando a entender que sabe que essas feridas se referem ao meu caso com a Jose. Ela se recusa a enfrentar a realidade, me pede para que a chame de amor, mesmo sabendo que isso não é verdade. Estou consolidando a posição de que não a amo e de que poderei deixá-la, principalmente se um amor verdadeiro acontecer em minha vida.

19/10/06- O que é significativo e importante ao ser humano é o que ele sente. Seu objetivo é ser feliz e sentir prazer.
Algumas coisas que propiciam prazer e felicidade podem ser conquistadas e podem depender do próprio indivíduo. Se dinheiro pode propiciar felicidade e prazer a um indivíduo, ele pode se esforçar em estudos e trabalho para consegui-lo. Se ele pretende ser reconhecido e admirado; pode se esforçar para ser um bom esportista, profissional, artista ou qualquer coisa que lhe propicie o desejado. No entanto, esforço, dedicação, talento, persistência, em fim, o uso de toda a capacidade potencial, não são suficientes para que ele obtenha o sucesso desejado. Este dependerá de circunstâncias e fatores que não dependem do indivíduo e que não sabemos de quem ou do que dependem. Pode-se dizer que é o que chamam de sorte e azar. Muitas vezes o indivíduo mostrou-se capaz e se empenhou no uso de todo seu potencial, sem medir esforços nem sacrifícios e não obteve o desejado. Por outro lado, outro indivíduo, sem tanto potencial, sem despender maiores esforços e sacrifícios, acaba por conseguir mais que o outro.
A análise considerando potencialidade, empenho, esforço, condições, sorte, azar, etc., é complexa e, principalmente, dependente de valores, conceitos e preconceitos individuais de quem faz a análise ou participa da discussão. Os cépticos tendem a considerar que tudo é explicável e, o que não conseguem compreender ou explicar, é fruto de incapacidade, de algum tipo de falha. Os religiosos e exotéricos tentam justificar o imcompreensivel através de dógmas, crenças e crendices. O que é evidente, é que empenho, trabalho, estudo, talento e outras potencialidades ajudam, mas são insuficientes para a obtenção de objetivos, principalmente quando a meta é a felicidade e o prazer.
Felicidade, prazer e seus opostos são estados emocionais. O sádico sente prazer em causar sofrimento a alguém, o masoquista é feliz com seu próprio sofrimento, sua dor (paradoxo); há os que3 sentem enorme prazer em vestir-se com esmero e tratar a aparência com o máximo cuidado, enquanto outros tem prazer em vestir roupas velhas, folgadas, descuidar da aparência e passar um tempo sem a menor preocupação com isso. Para esses últimos, o Ter que vestir-se bem e cuidar da aparência é um verdadeiro martírio, enquanto para os primeiros, o martírio é não conseguir preparar-se com esmero para sair. Portanto, o estado emocional é particular para cada indivíduo, o que causa prazer e felicidade a uns, provoca sofrimento e infelicidade a outros.
Existem evidências inquestionáveis do surgimento de emoções independente da vontade do indivíduo. O caso mais evidente é o amor que acontece independentemente da vontade do indivíduo e por alguém que ele não escolheu. Ele não consegue amar a quem quer, tendo que aceitar o amor pela pessoa que lhe é imposta. No início o amor vem acompanhado do cerceamento da razão para analisar qualidades e defeitos da pessoa amada. Essa condição leva o indivíduo a supervalorizar as qualidades e minimizar ou, até mesmo, não perceber os defeitos. O amor acontece e pronto, no tempo, lugar e por pessoa que independem da vontade do indivíduo. Outra coisa que acontece, independente da vontade do indivíduo, é a empatia que faz com que ele simpatize ou antipatize com uma pessoas, antes mesmo de Ter qualquer informação sobre ela, a não ser o visual.
Se a vontade do indivíduo não é capaz de se impor à emoção, seria razoável que considerássemos que ela é fraca. No entanto, se ela não pode se impor à emoção, age sobre o indivíduo, levando-o a tentar satisfaze-la a qualquer custo, sem racionalidade, sem responsabilidade, sem coerência; obrigando-o a cometer verdadeiras loucuras. Isso acontece nos mais variados graus, desde o domínio absoluto, até pequenas influências decorrentes de grande esforço do indivíduo para resistir. O domínio da vontade impede que o indivíduo estude, analise, planeje, trabalhe, se esforce e se sacrifique para conseguir o possível, com maior consistência e durabilidade.
Excesso de cuidados e, principalmente, o medo de errar, podem impedir realizações possíveis e propiciadoras de grande felicidade e prazer. Existem coisas que não se pode prever e que, excesso de cuidados podem fazer prever perigos ultrapassáveis ou até inexistentes. O que não é possível prever é porque não é conhecido e, portanto, imcompreensivel. A análise do custo/benefício indicará se vale a pena aventurar-se e correr os riscos. Grandes benefícios justificam grandes riscos, no entanto, não justificam que se cometam erros cujo resultado é previsível e danoso. Correr riscos sobre o que não é possível prever é aventura. Correr riscos com grande possibilidade de erro, é burrice.
O desconhecido e imcompreensivel é o que se denomina como mistério. O mistério fica caracterizado quando se conhecem os efeitos, desconhecendo-se as causas, o que impede a compreensão. No caso do amor, sabemos que ele acontece, mas desconhecemos o que o provoca por uma pessoa e não por outra que o indivíduo gostaria de amar. O mistério também está no que os religiosos classificam com milagres. Sabe-se que o fato aconteceu, no entanto, a atribuição a qualquer divindade, espírito, ou exoterismo, não passa de expeculação, uma vez que não é possível comprovar as alegações e os argumentos para justificar o acontecido não resistem à menor racionalidade. Portanto, cada um pode acreditar no que quiser, uma vez que a argumentação não passará de crença. Quando existe um mistério, ao mesmo tempo que não se pode afirmar nada como verdadeiro, não se pode rechaçar qualquer coisa como possível.

Quantas loucuras e surtos psicóticos são distúrbios físicos ou psicológicos, ou quanto isso se deve a forças misteriosas que agem sobre os indivíduos?
O que leva o indivíduo a agir em prejuízo próprio, continuadamente, sem reconhecer os erros cometidos por mais que sejam evidentes e por mais que isso lhes tenha sido mostrado? O que os leva a repetir erros que já mostraram, com sobras, suas conseqüências prejudiciais ao próprio indivíduo? O que impede o reconhecimento dos erros e as maléficas conseqüências? Será só incompetência, irracionalidade, comodismo, preguiça mental, em fim, distorções de caráter e valores do indivíduo? Ou será a ação de forças misteriosas que agem sobre ele com objetivos misteriosos?
É comum debitar-se à fraqueza, a incapacidade dos indivíduos de reagir contra coisas, situações e estados, que lhe causam grandes prejuízos. É o que acontece com dependentes de drogas, com cleptomaníacos, com muitos delinqüentes e com os que foram abandonados por seu amor, entre outros. Será, mesmo, fraqueza do indivíduo ou grandeza da força que age sobre ele, dominando-o, impedindo-o de reagir, obrigando-o a agir contra si próprio, com objetivos desconhecidos?
São inúmeros os exemplos que demonstram a fragilidade humana, sua submissão a forças misteriosas que os impede de fazer o que gostariam e os obrigam a agir contra sua vontade, contra a racionalidade, em fim, sem domínio de si mesmos.
O meu caso e o da Jose, nos relacionando ou separadamente; são um vasto campo de dados para análise do que acontece ao ser humano, sua submissão e falta de controle sobre si próprio. O nosso relacionamento foi de uma excepcionalidade espantosa. Além de um amor apaixonado, havia cumplicidade, amizade, lealdade, respeito, admiração, solidariedade, fidelidade, companheirismo, solidariedade e humildade, em fim, valores muito raros, principalmente quando associados. Nós tivemos a felicidade de Ter isso por vários anos, propiciando uma convivência excepcional e dificilmente encontrada em outros casais. A excepcionalidade da reunião desses valores, não foi suficiente para impedir o término desse relacionamento.
A história dela, até que nos conhecemos, mostra algumas características da sua personalidade. A que aparece com maior evidência é a força de sua vontade. Ela a levava a uma certa obstinação para satisfaze-la. Muitas vezes agiu para satisfazer essa vontade, desprezando qualquer outro valor, atropelando os obstáculos que surgissem, desprezando valores positivos e usando valores negativos que se mostrassem úteis para ultrapassar as barreiras, desprezando todo e qualquer prejuizo ou mal que pudesse causar a outros. Mesmo com grandes limitações de conhecimentos, tinha boa capacidade racional, principalmente para articular planos que satisfizessem sua vontade ou necessidades, suas ou de outros. Assimilou muitos preconceitos, principalmente morais, de bons valores, defendidos pelos avós paternos, principalmente, honestidade, respeito aos mais velhos, necessidade do trabalho, fidelidade ao parceiro, etc. Ela sabia que a convivência social exigia comportamento aceitável, mesmo que acreditasse, pensasse e agisse de maneira contrária. Sua capacidade de fantasiar e sonhar e levava a planejar uma vida diferente da que conhecia, mesmo sem saber o que.
Era uma personalidade inconformada com o que era e a vida que levava, procurando comportar-se aceitavelmente aos olhos da sociedade, sem se furtar a desafiá-la quando julgava que isso lhe era importante ou quando dominada por sua vontade incontrolada.
Os relacionamentos amorosos que teve não foram satisfatórios e lhe causaram vários problemas, porque, embora existisse emoção, não havia compreensão e valores que ela julgava importantes numa relação.
A soma dessas características demonstravam que ela tinha uma personalidade diferente da maioria dos que conviviam com ela. Claro que isso gerava conflitos internos muito grandes. Associado a isso, havia uma característica que lhe causava premolições ou coisas do tipo.
Eu lhe dediquei um grande amor, valorizei o amor que sentia por mim, identifiquei e valorizei suas qualidades, seu potencial, admirei-a, respeitei-a, abri caminho para que se aventurasse em suas fantasias e sonhos, orientei-a e lhe forneci conhecimentos, incentivei-a a tentar e arriscar, oferecendo-lhe amparo e proteção. Procurei manter sua auto-estima em alta, admirando-a, elogiando-a, incentivando-a. Inspirei-lhe confiança e ela sabia que podia contar comigo.
Essa convivência possibilitou que as características ruins de sua personalidade fossem trancafiadas e as boas ressaltadas. Ela tinha consciência disso e algumas vezes em que estivemos separados, ou que ela estava em companhia de familiares e do ambiente em que vivera; demonstraram que essas características negativas continuavam existindo e só estavam controladas.
Já analisei, exaustivamente, a possibilidade de que essas características negativas fossem a causa da nossa separação. Vários pontos demonstram que isso seria possível, no entanto, a análise do conjunto elimina essa possibilidade, se não vejamos.
Temos a tendência a desvalorizar o que temos e supervalorizar o que desejamos e não possuímos. Isso pode tê-la provocado a considerar que poderia conseguir uma vida diferente e melhor da que vivia. Pode Ter sentido falta de maiores aventuras e considerado que sua vida estava estagnada, sem motivação. Pode Ter considerado que meus valores eram restritivos e impediam maiores avnços. Sabendo que eu não abriria mão desses valores, considerou que não teria como aventurar-se em minha companhia, sabendo que eu não seria conivente com ações que eu consideraria indígnas.
Logo percebeu que não seria fácil aventurar-se sozinha e buscou a companhia de um ex-amante que poderia lhe oferecer condições para prosseguir na busca de uma vida diferente. Ai surge o primeiro ponto contraditório: ela tinha informações mais que suficientes de que ele, embora pudesse lhe oferecer estabilidade financeira, conforto e lazer, nunca lhe dedicaria confiança e a desejada liberdade, muito menos possibilidade de crescimento pessoal que lhe propiciasse independência. Em pouco tempo ela teve que reconhecer o erro e desvencilhar-se desse relacionamento. Foi a demonstração de um grande fracasso e de falta de inteligência; agravado pelo fato de ela Ter ostentado esse relacionamento e declarado que havia vencido, tendo encontrado uma vida melhor do que a que vivera comigo. Se tivesse mantido a discrição, o fracasso não teria sido tão público e notório. Os anos de convivência comigo, lhe mostraram claramente o que eu era, meus valores, minha personalidade. Isso lhe possibilitou me conhecer profundamente e saber da minha honestidade e lealdade. No entanto, ela duvidou disso, deixando claro, ao me impedir de continuar usando a conta bancária, que era minha e só estava em seu nome e, inclusive, de continuar usando a conta nos posto de gasolina que também estava em seu nome. Ficou claro que ela temia que eu a prejudicasse.
Ao saber do fracasso que ela sofrera, prontifiquei-me a ajudá-la, me coloquei a sua disposição para fazer o que fosse possível, sem exigir contrapartida, a não ser a lealdade devida à amizade. Ela relutou a acabou propondo um relacionamento descompromissado, sujeito à sua vontade. Ela me procuraria quando sentisse vontade de faze-lo e, a mim, caberia esperar que isso acontecesse. É possível que ela tenha feito essa proposta para se livrar do que considerara uma pressão de minha parte para que acontecesse uma reconciliação. Na verdade ela não queria nenhum tipo de relacionamento comigo, propôs isso como uma forma de evitar o que considerou um assédio meu sobre ela e uma forma de deixar a porta aberta para uma saída em caso de futuros fracassos. Ela pretendia continuar procurando alternativas para sua vida, convencida de que a que levara comigo, não a satisfazia.
Sujeitou-se a trabalhar como doméstica, coisa que sempre repudiara e para uma pessoa que sempre criticara por sua maneira de ser e a quem conhecia há muito tempo. Paralelamente, entregou-se a uma amizade íntima com uma família pouco recomendável e de fama bastante negativa. Dedicou-se inteiramente a esse relacionamento, excluindo todo o resto da comunidade. Era uma convivência dioturna, promovendo jantares e festinhas continuadamente. Essa convivência mostrou o quanto ela e o chefe dessa família, a quem eu considerava um grande amigo; foram desleais comigo. Com essa evidência, tive que romper o relacionamento que vinha mantendo com ela.
Ela se idudiu, novamente, acreditando que esse amigo poderia lhe propiciar meios de se estabelecer com um negócio, possibilitando-lhe a nova vida pretendida. Alertei-a para o engano que estava cometendo, mostrando-lhe fatos evidentes de quanto isso não passava de ilusão e que, a insistência na tentativa lhe acarretaria mais um fracasso e mais negatividade na sua reputação. Não considerou o que eu lhe alertara e continuou na ilusão.
A convivência com essa família aproximou-a do filho mais novo, que acabava de entrar na maioridade, de boa aparência e com ar de bonzinho; que acabara por se declarar apaixonado por ela desde a época que vivíamos juntos e que ele trabalhava comigo, embora nunca tivera coragem de se declarar. Isso resultou num relacionamento entre os dois, freqüentando o baile na cidade, bebendo e jogando na venda do bairro, onde, um dia, ao brigar com o irmão, o rapaz deu um murro no olho dela, deixando-o roxo. Depois disso, ela decidiu abandonar o relacionamento. Ela, antes de que esse relacionamento começasse, ela havia me dito que ele se declarara, mas que ela não poderia se relacionar com ele, por ser muito novo, da mesma idade do irmão dela. Disse-lhe que isso não impedia que se relacionassem, ao que elaretrucou com veemência.
Encontrei-a, depois do final desse relacionamento e, quando ela me disse que precisava encontrar um trabalho que lhe propiciasse uma remuneração melhor do que a que estava tendo, sugeri o comércio de roupas, que ela já fizera quando estávamos juntos. Prontifiquei-me a tentar o negócio com ela e ela concordou. Iniciamos o negócio e retomamos um relacionamento sem compromisso e restrito aos dias que passávamos em S.Paulo p/ compras. Logo ficou claro que ela só aceitara o negócio por falta de outra oportunidade, mas que o fato de se relacionar comigo, mesmo que só no trabalho, lhe era difícil. Reatou o relacionamento com o rapaz e voltaram a sair juntos, freqüentar o baile e a bebida. Pouco tempo depois ela me comunicou que não poderia mais continuar no negócio comigo.
Ela tinha toda a liberdade de se relacionar com quem quisesse, o que fôra claramente acertado no início do negócio. Não era obrigada a se relacionar amorosamente comigo. O negócio prometia bons resultados. Por que teria que abandoná-lo, se o único motivo fosse o relacionamento com o rapaz, mesmo que fosse a decisão de morarem juntos? É claro que ela sabia que estava demonstrando, mais uma vez, seu fracasso ao não conseguir manter afirmações que fizera com ênfase. Demonstrava, mais uma vez, que não tinha domínio sobre si mesma, não conseguindo realizar o que afirmara com grande segurança.
Como alguém que demonstrara, com sobra de exemplos, grande capacidade racional, bom senso e comedimento; poderia cometer tantas aberrações? Todas foram tentativas sem chances de sucesso, com quase certeza de que resultariam no que verdadeiramente resultaram. Foi morar com o rapaz, comprou móveis caros, em seu nome, sabendo que não poderia pagá-los e, pouco tempo depois, aconteceu o que qualquer um poderia Ter previsto: a separação, com brigas.
Encontrei-a depois disso e voltei a me prontificar a ajudá-la, como amigo, no que fosse possível. Não me procurou.
O irmão menor e o último ex-companheiro foram a uma festa com a moto do primeiro, que não tinha documentos dela nem habilitação, o que o outro também não tinha. Sofreram um acidente e se machucaram. A guarnição da viatura do polícia militar foi até a casa dela e ela foi com eles até o local do acidente e, provavelmente, até o hospital onde eles foram socorridos. A partir daí, ela começou um relacionamento com um dos pms. Teria sentido uma emoção por ele ou isso acontecera como uma espécie de paga para que o irmão não fosse penalizado pelas infrações cometidas?
Ela tem acumulado prejuízos, sofrimento e desgaste moral. O custo benefício de suas atitudes tem sido altíssimo. Até onde ela tentará continuar se aventurando com enormes possibilidades de fracasso?
Como o grande amor que sentiu por mim acabou, sem maiores motivos? Não há burrice suficientemente grande que explique a quantidade de erros cometidos, quando a evidência de que isso aconteceria eram tão grandes. O que pode explicar a insistente recusa a retomar a amizade comigo, sabendo que isso só poderia ajudá-la, sem que isso significasse qualquer outro tipo de compromisso? Teria sido só a vaidade de não admitir fracassos? Vergonha deles? O não poder admitir que errara tanto? Por que toda essa repulsa por mim?
Quanto a mim, tenho plena consciência, desde o começo, de que o melhor seria afastá-la do pensamento, mesmo que tivesse grande esperança de que voltaria para mim. Sei que a emoção descontrolada atrapalha e, até, impede a racionalidade, que é o meio de se resolver problemas. O ideal seria só lembrar dela quando eu quisesse e para encontrar alguma fórmula de recuperá-la. À medida que os fatos foram mostrando a dificuldade da reconciliação e, até mesmo, a retomada da amizade; tive consciência de que deveria esquecê-la, deixar de ser afetado por sua lembrança e pelas ações que praticava. Fiz tudo a meu alcance para conseguir isso, mas não foi possível. Verifiquei que a esperança era o principal motivo para que sua lembrança se mantivesse viva em mim. Demonstrei que a possibilidade de reatamento era infinitésimamente pequena, portanto, deveria ser desconsiderada. Mesmo assim não consegui me livrar da sua lembrança, de ser maltratado pelo conhecimento do que fazia, de viver amargurado e, principalmente, sem motivação para o que quer que fosse.
Tenho conseguido manter-me afastado dela e evitado falar sobre ela, sabendo que isso não me ajudará em nada, pelo contrário, pioraria a situação. Esforço-me para afastá-la do pensamento, deixei de analisar o ocorrido e os fatos que chegam a meu conhecimento, no entanto, se o sofrimento está amenizado, acredito que se deve mais ao tempo do que a meu esforço para que isso aconteça.
Se eu, com toda minha capacidade racional, não consigo controlar os pensamentos que me afetam tão negativamente, como posso criticá-la por agir de maneira tão idiota? Chega ser absurdo considerar que alguém com a capacidade já demonstrada, possa Ter cometido tantos absurdos, agido com tanta irracionalidade, acumulando prejuízos emocionais, financeiros e morais. Portanto, a conclusão plausível é que uma força externa a ela está agindo, comandando-a e levando-a a cometer tudo o que tem cometido. Ela estaria totalmente dominada por essa força, que aniquilou sua personalidade anterior e construiu a atual, aproveitando os valores negativas que ela tinha e eliminando tudo o que ela tinha de positivo e bom.
É interessante como a emoção pretende que culpemos quem ela considera que nos prejudicou, no caso, a Jose. No entanto, o problema não é ela Ter me abandonado, que era um direito seu e, diga-se de passagem, agiu corretamente, deixando-me primeiro para depois cometer os desatinos que cometeu. A culpa é do que não me permite esquecê-la, coloca-a no meu pensamento e reforça a esperança de que ela volte a ser o que foi. Isso é o grande culpado. Se eu pudesse esquecê-la, qualquer coisa que ela fizesse não me afetaria. Portanto o meu problema não é o que ela faz e, sim, a impossibilidade de esquecê-la.
O desejo vingativo da emoção nos coloca pensamentos que tentam nos convencer da culpa de quem ela pretende que nos vinguemos. Me ocorre constantemente que o fato de a Jose levar seus parceiros para dormir na casa da mãe dela, onde mora; é uma tremenda falta de respeito, um mal exemplo para os irmãos, em fim, um comportamento descabível. Em primeiro lugar, ela desfez o compromisso que tinha comigo para, depois, entregar-se a outros relacionamentos. Em segundo lugar, ela não se relacionou com qualquer um, que eu saiba, foram o Baianinho e, agora, o pm. O fato de Ter dormido e se relacionado com eles na casa da mãe, não tem porque ser criticado. Ela está assumindo a responsabilidade e demonstrando que não tem nada a esconder. No entanto, esses pensamentos vivem me atormentando, pretendendo torná-la a única culpada pelo que tenho sofrido, tentando desviar a atenção da verdadeira culpada, que é a força que a levou a agir assim, contra a racionalidade e a força que me impede de esquecê-la. O não conseguir esquecê-la é o meu problema, o que faz com que qualquer coisa que ela faça me incomode, me agrida e me faça mal.
O caso com a Lena me relembrou uma situação que já vivi no passado. Fui amado por alguém a quem não amava e sofri cobranças e pressões indevidas. É muito ruim ser pressionado a amar, a um relacionamento que não queremos. A Jose pode estar sentindo isso, embora eu não a tenha pressionado em momento algum, muito menos para que o relacionamento amoroso fosse reatado. Se fiz alguma pressão, foi no sentido de que mantivéssemos a amizade, que eu pudesse continuar desfrutando da sua amizade e da sua lealdade. Acredito que isso teria sido de muita valia para mim. Mesmo assim, não acredito que tenha pressionado exageradamente. No entanto, não importa o que eu tenha feito e, sim, o que ela tenha sentido e acreditado.
Outro mistério é o que tem acontecido em relação a mim, ao que tenho vivenciado, os dados que tenho coletado e as análises que tenho feito. Tudo isso poderia ser usado, pelo menos para questionamentos, discussões e estudos na tentativa de esclarecer algumas coisas. No entanto, não encontro receptividade em lugar algum. É certo que não tenho procurado muito, mas, mesmo assim, todos me acham inteligente e não conseguem argumentar para me desmentir. Entretanto, tudo continua trancado dentro de mim e ninguém se dispôe a aproveitar o que tenho para oferecer e que poderia ser usado para pesquisas, pelo menos.

24/10/06- Nos últimos tempos, tenho alegado que gostaria de me tornar um grande imbecil, convencido de que isso me pouparia muitos sofrimentos. Pensei nisso verificando como as pessoas que não racionalizam, dominadas por preconceitos, emoção e pela vontade; aparentam sofrer menos. Será verdade?
Aparentemente, essas pessoas vivem uma espécie de mentira. Elas tentam demonstrar aos outros e a si mesmas, que estão felizes, que não têm maiores problemas. No entanto, não é difícil verificar os problemas que vivem. A grande diferença é que são profundamente afetadas por problemas que não justificam tanto sofrimento, mas o efeito é passageiro, principalmente, porque logo esse problema é substituído por outro e isso se repete numa espécie de corrente. A outra vantagem é que eles se divertem com coisas insignificantes.
Pequenos problemas não me causam mal. Resolvo-os ou compreendo a impossibilidade de resolvê-los, me livrando deles, sem maiores afetações. No entanto, o que me atormenta são os problemas que não consigo resolver e que não consigo esquecê-los. São como ferimentos que não cicatrizam porque algo impede que isso aconteça. Outro lado desse problema é a questão dos valores. Se eu não valorizasse tanto o amor e a amizade, provavelmente não sofreria tanto o não poder desfrutá-los como gostaria. O não conseguir ser hipócrita também é outra dificuldade. Não conseguir viver uma mentira, interpretando-a e acreditando nela.
Assistindo a propaganda eleitoral, verifico a capacidade dos candidatos argumentar defendendo coisas que eles sabem impossíveis ou alegando facilidades que eles sabem não existir. Sei que é uma estratégia para atingir os eleitores que não se dispõe a ouvir verdades e possibilidades reais de soluções. No entanto, eu não conseguiria fazer isso, não teria coragem de defender com ardor algo que contrarie a racionalidade, que eu reconheça como impossível. Pelo que conheço dos dois candidatos à presidência da república, não acredito que eles tivessem coragem de defender o que defendem, para uma platéia de pessoas racionais e de bom senso. No entanto, o fazem diante das câmeras de televisão com uma naturalidade espantosa, com um cinismo admirável.
Veja-se o caso da Lena: ela sabe que não a amo, no entanto, faz toda a força para que isso não seja explicitado, não que ouvir a verdade, prefere acreditar que a situação possa ser mudada e que eu venha a amá-la. Embora eu lhe diga que suas atitudes me fazem mal e, portanto, tendem a me afastar dela, contrariando o que ela pretende; continua pressionando, agindo contra suas intenções. Acredita, por exemplo, que se conseguir gerar um filho meu, conseguirá me prender, mesmo eu afirmando com ênfase que não quero mais filhos e, se isso acontecesse, não seria motivo para me prender a ela. Ela sabe que ainda amo a Josi. Tenta anular isso evitando abordar o assunto e faz o possível para evitar que o fato seja abordado, como se isso pudesse resolver o problema.
Ela é totalmente dominada por sua vontade. Ao mesmo tempo que traia seus parceiros, considerava um direito natural tolher-lhes a liberdade, tentando impedir que, ao menos, olhassem para outras mulheres, comportando-se como verdadeira proprietária, com direitos absolutos e sem qualquer dever. Isso identifica claramente a total falta de racionalidade, o pleno domínio da emoção e da vontade. Ao contrário de fazer-lhe bem, esse comportamento lhe causa grande sofrimento, pois ela se considera traída, mesmo quando não há qualquer motivo para isso e ela sofre profundamente, sendo corroída pela raiva.
Quando eu fui obrigado a ser duro e deixei claro que não havia a menor possibilidade de que ela pudesse dormir aqui em casa; ela, convencida de que isso era verdade e que não teria como realizar seu desejo; partiu para tentar alugar uma casa, onde pudéssemos nos relacionar com liberdade e dormir juntos. Ela não considera que não tenha possibilidade de arcar com essa despesa. Simplesmente considera que isso satisfaria seu desejo e pronto.
Pessoas como ela, fogem da realidade, refugiando-se na fantasia, com o único objetivo de tentar satisfazer suas vontades, desprezando totalmente os obstáculos, por mais evidentes que sejam, considerando que têm capacidades inexistentes e que conseguirão seu intento. Será que esse comportamento lhes possibilita ser mais felizes que eu, ou sofrer menos?
A Lena é um exemplo representativo de grande número de pessoas. A prepotência lhes possibilita acreditar que sabem o necessário, eximindo-se da necessidade de aprender e de reconhecer erros cometidos. O egoísmo lhes possibilita desprezar os direitos alheios, o sofrimento que possam causar a terceiros e lhes possibilita usar meios ilícitos e indignos para tentar seus objetivos. O domínio da vontade os impulsiona para suas ações. A irracionalidade lhes permite acusar bodes espiatórios, como culpados pelos desatinos que eles próprios cometem, eximindo-se, assim, de qualquer culpa. Esse tipo de personalidade sequer se dá ao trabalho de camuflar suas intenções, desprezando o ridículo a que se expõe. Esse tipo de personalidade, normalmente, atinge pessoas de pouquíssima cultura e reduzido conhecimento.
No entanto, conhecimento e cultura não impedem que pessoas se comportem dessa maneira. A única diferença é que, estas, camuflam as atitudes consideradas reprováveis, maquiando-as, dando-lhes ares de racionalidade e bom senso. Não agem assim racionalmente, acredito que são induzidas, principalmente, para atender suas vontades. O que é comum a todas essas pessoas é que não percebem a força da emoção e da vontade, obrigando-os a agir e pensar como verdadeiros autômatos ou marionetes.
Essa influência sobre as pessoas, leva-as a contaminar as instituições, gerando o que não se pode classificar de outra maneira do que verdadeiros absurdos. Quando fui ajudar o Tiago a regularizar a documentação de sua moto, os encargos para o licenciamento foram pagos no banco, eletronicamente. Depois de três dias o processo foi devolvido com a justificativa de que o pagamento ainda não entrara no sistema. O pagamento eletrônico deveria ser registrado no sistema automaticamente. Não bastasse isso, jogam para o contribuinte a responsabilidade e os custos de providenciar junto à secretaria da fazenda a devida atualização. Detalhe: o posto mais próximo da secretaria da fazenda, fica a quase cem quilômetros daqui, em Taubaté.

26/10/06- Ela tinha se acostumado a trabalhar há poucos quarteirões de casa; teve que aceitar um emprego há duas horas de distância.
Ele se acostumara ao conforto do carro próprio; teve que conformar-se a andar de ônibus e a pé.
Ela se acostumara tanto à lavadora automática que foi um choque Ter que esfregar as roupas com as próprias mãos.
Ele gostava tanto de churrasco, cerveja e conversa animada; que tem dificuldade de limitar-se a sopinhas e sucos, entre lamentos e ais.
Ela só percebeu o quanto gostava da maquiagem, dos perfumes e das roupas novas, quando teve que contentar-se com sabão de coco e aproveitar as roupas até esgarçarem.
Cheques e cartões eletrônicos pagavam o bastante que ele podia comprar. Ter que juntar moedas para pagar despesas fundamentais foi um golpe muito duro.
Amar e ser amado intensamente, desfrutar a amizade ilimitada e leal entre o casal, sentir-se constantemente apoiados e admirados mutuamente, respeitar e ser respeitados. Ser amado por quem não se ama, sentir-se oprimido ao receber carinhos, sentir-se incomodado com declarações de amor e por despertar desejos, não ver a hora de se despedir e livrar-se da companhia. A culpa não é do que temos no presente e, sim, do que tivemos no passado. Continuar vivendo sem aquilo? Difícil..... !

27/10/06- Ao passar pela pracinha, vi que a Cida, Roni e Jose caminhavam em direção ao posto de saúde. Elas entraram no posto e eu passei pela calçada oposta. Quando fui no Nei comprar cigarros, encontrei a Jose que chegava com o Roni. Ela me cumprimentou como quem está revoltada, com mêdo ou envergonhada. Não havia descontração em seu semblante. Sentei na mureta da praça e, logo depois, elas passaram e foram até o orelhão na calçada da padaria. A Jose tentou ligar várias vezes e, aparentemente, não conseguiu falar. Imaginei que ela tentava ligar para o PM para que viesse pegá-las e levá-las para casa. Depois de algum tempo, elas foram se sentar num banco na frente da igreja,
O vê-la me provoca uma sensação ruim, mas bem menor do que já aconteceu. Procuro pensar que a culpa não é dela e sim da minha emoção, dos pensamentos que não me deixam em paz e da impossibilidade de esquecê-la. Ela pode estar me culpando pelos problemas financeiros que sofreu, quando fí-la assumir a responsabilidade de pagar o que me devia, repassando-lhe o pagamento de cheques e dívidas que eram minhas. Ela não pode reclamar disso pois a dívida que tinha para comigo era real e eu não tinha nenhum compromisso de adiá-la. Já que ela quis decidir sozinha o que queria, é justo que arcasse com a responsabilidade das implicações.

29/10/06- Ao chegar na casa da Silene vi que o Renam estava lá. Fui no Zé Orestes dar um recado para o Juninho. Quando estava na sala verifiquei que a Rose estava na cozinha. Logo depois a Jose saiu do banheiro e foi para a Cozinha. Havia um caminhão parado na porta com um trator de guincho encima e alguns móveis. O Tiago me disse que o caminhão era do Luizinho e os móveis eram da Jose que estava se mudando para Santana. Quando percebi que ela estava na casa da Irene, sai e fui para a Silene. A Andréa quis ver sainhas e shorts. Enquanto lhe mostrava a Rose veio me cumpeimentar e, depois o Luizinho. A Jose passou da casa da Irene para a da Silene e olhou para mim com expressão indefinida. Eles foram descarregar a mudança e a Rose e o Luizinho se despediram de mim. Quando se dirigiam para o caminhão notei as pernas da Jose, que estava de short, que estão mais feias e o cabelo mais curto. Pode ser que eu esteja buscando motivos para desmerecê-la, no entanto, sempre considerei que as pernas nunca foram seu forte e a celulite e as estrias lhe ofuscavam a beleza do corpo. O cabelo era um ponto forte na sua beleza. Embora ainda a ache bonita, perdeu muito do queera, principalmente a ausência do brilho que tinha, da irradiação de vida. O Tiago comentou que o Pm com quem ela vai morar deixou a mulher e três filhos e que judiava da mulher. Caso seja verdade, não demorará para que passe a agredir a Jose. Eu disse ao Tiago a pena que sinto dela.

07/11/06- A Lena acha ruim quando eu digo às pessoas que nós não somos namorados, que não vamos nos casar, que somos amigos, que eu não sou o homem que ela precisa, que não sou esse homem porque não sinto por ela o que seria necessário para um relacionamento compromissado pela dedicação. Ela me obriga a dizer isso quando quer que as pessoas acreditem que temos um compromisso e que vamos Ter uma vida em comum. Como sei que esse tipo de relacionamento entre nós é impossível, não posso deixar que as pessoas acreditem nisso, que possam me cobrar isso e que a considerem tendo sido enganada quando o relacionamento que vem existindo deixar de acontecer.
Hoje à noite, quando a levei em casa, ela voltou a insistir no assunto. Argumentei que ela me obriga a agir dessa maneira e que eu gostaria de não precisar fazer isso, ser obrigado a ridiculariza-la. A ausência de um amor intenso em mim não é o maior problema. A falta de racionalidade dela é o maior entrave. Ela é totalmente dominada por sua vontade o que causa egoísmo, prepotência, irresponsabilidade, em fim, o oposto dos valores que eu defendo. Tenho quase certeza que uma vida em comum nos tornaria insuportáveis em muito pouco tempo, portanto, ao invés de atrair-nos, isso nos afastaria definitivamente. Ela teima em insistir no contrário.
Ocorreu-me que, se o mistério pôde transformar a personalidade da Josi, não seria impossível que transformasse a da Lena, fazendo-a compreender a verdadeira escravidão a que está submetida, possibilitando-lhe humildade e solidariedade, reconhecendo a importância da racionalidade e dispondo-se a enfrentar a vida com responsabilidade e disposição para as mudanças necessárias. Isso nos possibilitaria um relacionamento mais intenso até que a emoção nos obrigasse a rompê-lo para assumir outros relacionamentos. Isso seria compreendido e nos possibilitaria enfrentar a separação, ajudando-nos a aceitá-la e a nos ajudar-nos a enfrentar as dificuldades. Se o mistério pode estragar a Josi, por que não poderia consertar a Lena? Disse isso a ela, argumentando que seria a única maneira de nós podermos assumir um relacionamento consistente.

Lena, demonstrando contrariedade e revolta:
- Cê pensa que eu num vi?
Eu - Viu o quê?
Lena - Cê pensa qui eu sô cega?
Eu - Bom, eu só posso dizer que não olhei pra nada, nem pra ninguém em especial. Se você não quiser me dizer o que acha que viu, pra o quê ou quem eu estava olhando, pacoência, não posso fazer nada.
Pausa. Como eu não dissesse mais nada, ela disse:
- Eu vi! Vi ocê olhano pro rabo daquela biscate.
Eu - Qual biscate? Afinal de contas, pra você toda mulher é biscate, principalmente se achar que pode me querer ou que eu pretenda alguma coisa com ela.
Lena - Cê vai dize qui num olhô prela?
Eu - Prela, quem?
Lena - Aquela piranha!
Eu - Continuo sem saber a quem você está se referindo.
Lena - Cê pensa Qui eu sô besta? Vai negá Qui olhô prela?
Eu - Já disse que não olhei pra ninguém em especial. Por outro lado, nada me impede de olhar pra quem quer que seja, não tenho nenhum compromisso com você que me impeça de olhar para quem quer que seja. Já te deixei claro que nosso relacionamento é de amizade e que, enquanto não assumamos algum compromisso mais sério, podemos nos beijar, trocar carinho e fazer amor. No entanto, está muito claro que não temos o direito de cobrar, um do outro, nada além de lealdade.
Lena - Não senhor! Nóis temo um compromisso sim!
Eu - Você gostaria que fosse assim. No entanto, sempre deixei bem claro que isso não é possível. Se você acha que uma decisão particular sua pode me prender a um compromisso, contra minha vontade, paciência. Eu não me considero compromissado e me reservo o direito de olhar, conversar, dançar, etc., com quem quer que seja. Se isso te fraz mal, a solução é nos separarmos definitivamente, acabar com qualquer tipo de relação pessoal.
- Dito isso, atravessei o salão e sai.
Ela foi atraz de mim e com voz chorosa disse:
- Num sei purque ocê ficô nervoso! Num falei nada de mais.
Eu - Você me acusa, cobra comportamentos que eu não prometi assumir, me pressiona de tudo que é jeito e diz que não tenho motivos para ficar nervoso? Não é uma questão de eu querer ou não. O problema é que não consigo conviver com esse estado de coisas, sendo pressionado dessa maneira.
Lena chorosa, pegando no meu braço: - Eu num quero larga docê. Num quero terminá cocê.
Eu - Você fala como se estivéssemos terminando um namoro. Isso nunca existiu. O que você está provocando é o término de uma amizade e de um relacionamento amoroso descompromissado.
Lena - Mais eu amo ocê. Num quero perdê ocê. Num vô mais ti pertubá...juro.
Eu - Não adianta você prometer, Lena. Isso é mais forte que você, te domina e te faz agir dessa maneira. É melhor nos separarmos pra evitar problemas maiores no futuro.
Lena - Não! Eu num quero. Num posso ficá sem ocê. Discurpa. Prometo qui vô mudá.

17/11/06- Quando será que vou parar de pensar na Jose, involuntáriamente? É sempre a mesma coisa: que ela é burra, que comete suicídio moral, que sem mim ela não é nada diferente das outras pessoas e assim pór diante. Isso me enche o saco e me deixa amargurado.

Fui feliz sabendo disso
Não deixei de aproveitar
Curti aquela mulher
Deixei o amor comandar

Foram grandes aventuras
Felicidade na dor
Um viver maravilhoso
De compreensão e amor

Como sempre chega a hora
Pra mim chegou o terror
Ela siau da cabine
Ficou no retrovisor.

Quem tiver um grande amor
Aproveite com carinho
Antes que o retrovisor
O arranque do caminho

26/11/06- O Cidão me ligou por volta das nove horas. Queria saber se eu ainda tinha livros e se os emprestaria para a Jose. Disse-lhe quesim, Ele quis saber se eu estaria aqui na parte da tarde e se a Lena estaria aqui. Disse-lhe que ela não estaria e que poderia vir. A Jose falava o que ele deveria dizer. Ficou de vir com ela na parte da tarde. Levei a Lena até a entrada da estradinha da casa dela e pedí-lhe não viesse em casa, que nos encontraríamos no Gaucho, à noite.
Senti ansiedade, mas não exagerada. Uma espécie de aperto no peito, suave. É claro que o pensamento de que teria chegado a hora de ela voltar e retomarmos o relacionamento dominou. Ela está precisando falar comigo. Não posso dizer o que pretende, mas é muito provável que tenha caído em si, que tenha percebido que eu posso ajudá-la a reencontrar o caminho que perdeu. Querer voltar a estudar pode ser o primeiro passo. Pode ser que tenha usado isso como pretesto para se aproximar de mim. De qualquer maneira, é uma mudança de rumo. Poder voltar a ser seu amigo, podermos conversar sobre tudo o que aconteceu e buscar entender um pouco de tuso isso, já será uma grande ganho. Só resta esperar e verificar o que está acontecendo. Tendo-a perto de mim, ajudando-me e aceitando minha ajuda, será um grande lucro.
Quando soube que o Nelsinho veria para o sítio, senti que algo poderia acontecer, afinal, ele esteve aqui na festa do aniversário do Régis, que foi o estopim que desencadeou o final do relacionamento. É a primeira vez que ele volta, depois daquilo. Será que ele faz parte dessa trama (claro que inconscientemente, como uma espécie de sinal). Pode ser pura coincidência, mas que é estranho, é.
Outra coincidência é o fato de eu estar gravando CD com músicas de vários CDs e, ao escrever isto, estou ouvindo o CD do Chico Rey & Paraná, com as mesmas músicas que eu ouvia na fita deles em Campo Grande, quando ela me deixou da outra vez.
O Cidão me ligou por volta das seis e quinze, perguntando se ele a Jose poderiam vir, se a Lena não estava aqui. A Jose pegou o telefone e disse não querer criar problemas para mim, que a Lena andara falando muito sobre ela e que tinha muito ciúmes. Disse-lhes que viessem. Eles chegaram antes da sete horas. A Jose falou sobre sua vontade de lutar para conseguir uma formação. Conversamos até por volta das oito horas e ficamos de nos encontrar, aqui, amanhã as duas horas. Deixei-os na praça, onde ela, antes de descer, me deu um beijo no rosto e um selinho; e fui no Gaucho, onde encontrei a Lena. Ela reclamou da minha demora e, quando percebeu que eu estava diferente, controlou-se e não falou mais nada. Quando a levei pra casa, disse-lhe que havia passado o dia sentindo que alguma coisa iria acontecer, que, provavelmente, a nossa separação aconteceria em breve. Ela chorou bastante, mas sem agressões, parecendo muito sentida. Fiquei de procurá-la na Terça-feira e ela concordou, pedindo que eu pensasse bem e que não terminasse com ela.

27/11/06- A Jose veio as duas horas. Conversamos sobre a vontade e, contra minha vontade, pois pretendia abordar isso mais tarde, sobre alguns acontecimentos do tempo em que estamos separados. Ela alterna pensamentos de que foi induzida pelo mistério e de que agiu conscientemente. O atual companheiro dela, paga as despezas e usufrui dela, embora não convivam maritalmente, pois ele dorme na delegacia ou na casa da ex-mulher. Ela levou um livro de português e pedi-lhe que se empenhasse na interpretação de textos. Sugeri que procure a prefeitura e peça os livros do telecurso.
Aparentemente, a Jose está sendo dominada por sua vontade, que a provocou a desejar uma formação profissional. A ansiedade o provocou a me procurar, sabendo que eu poderia ajudá-la a adquirir conhecimento. A ansiedade foi tão grande que ela me telefonou e, como não conseguisse falar comigo, veio até aqui. Não me encontrando, pediu ao Cidão que ligasse para a casa do Gonzalo. Está configurada a vontade ansiosa como causa desse comportamento.
O que a teria provocado a me beijar no rosto e, depois, me dar um selinho, quando nos despedimos, onde os deixei?
Hoje, a conversa me levou a acusar erros que ela cometeu. Claro que isso provocou repulsa nela, pois não consegue admitir críticas. Essaq dificuldade a impede de enfrentar a realidade, buscando justificar seus atos. Ela continua falando muito para fugir dos fatos que a obrigariam a enfrentar a realidade. Isso aconteceu quando lhe pedi que traçasse um paralelo entre os relacionamentos: comigo, Baiano e Cabo. Ela demonstrou a impossibilidade de se manifestar a respeito e tentou fugir alegando que cada casa era um caso, que não é possível comparar coisas assim. Disse-lhe que uma constatação evidente mostrava que os relacionamentos com os outros, quando aconteceram, foram melhores pra ela do que seria comigo, pois, caso contrário, ela teria ficado comigo e não com eles. Mostrei-lhe, também, que ela não tem conseguido ficar sem a companhia de um homem. Falei-lhe sobre a repulsa que sentiu por mim, que, como não encontrei motivo para tal, considero que foi obra do mistério, com objetivos que desconheço. Ela foge dos assuntos que não lhe interessam, através do silêncio.
Quando afirmei que ela vivia maritalmente com o cabo, ela negou, alegando que ele não morava com ela, que o fazia na delegacia ou num quartinho que tinha na casa da ex-mulher. Que ela fazia comida pra ele, quando ele queria e que lavava suas roupas. Chama-o de Zé arruela, mas admite que se sente bem com ele, pretendendo fazer crer que não existe amor. Isso, mais o fato de ela não Ter qualquer fonte de renda, caracteriza que esse relacionamento lhe possibilita a sobrevivência, sem dificuldades econômicas. Fica caracterizada a condição de amante que é sustentada pelo amante. O salário de cabo não deve ser pequeno pois permite que ele mantenha duas casas e, ainda, possa viajar a passeio. Disse-lhe que isso não é crime, que é bastante razoável que ela se aproveite de uma situação assim para sobreviver e tentar alcançar objetivos próprios, como o estudo e a profissionalização. Sei que é bastante difícil para ela admitir essa constatação. Ela sempre pretendeu ser independente, o que não conseguiu até aqui. No entanto, essa vontade é forte demais para permitir-lhe admitir que está totalmente dependente.
A conversa entre nós sempre foi ineficiente devido a quantidade de desvios que acontecem. Enquanto estivémos juntos isso não era grande problema pois tínhamos bastante tempo. Gastávamos dias para concluir algo que poderia Ter acontecido em horas ou, talvez, até em minutos. No entanto, quando o tempo é limitado, isso é uma dificuldade, pois aborda-se muita coisa e não se conclui nada.
As coisas ficam se esclarecimento, formam uma colcha de retalhos. Ela disse que foi abordada na rua pelo cabo. Que ele veio com uma conversa besta, querendo saber quem ela era. Disse que sentiu repulsa, que não sentiou qualquer atração, que considerou que ele a abordara com o objetivo de investigação, com o objetivo de descobrir algo que ela desconhecia. Que ele teria se referido aos problemas que tinha no relacionamento com a mulher para descobrir algo sobre ela. Disse que voltaram a se encontrar quando ele foi atender uma ocorrência perto da casa da mãe dela. Que ainda não sentira nenhuma atração. Dalí, pulou para a noite em que sairam para se divertir e que, na volta, encontraram o Régis e o Baiano acidentados com a moto. Ficou escondido o que acontecera para que o relacionamento tivesse início. Ela justifica que a mulher do cara é um grande problema. Claro que ele defende essa tese. Pra ela é interessante acreditar nisso do que considerar que esteja sendo pivô de uma separação entre um casal e seus filhos.
Se ela não se dispuser a encarar a realidade, numa espécie de seção de análise, é infrutífero abordar esses assuntos. O melhor é ater-se ao estudo e esperar que a oportunidade de abordar seus problemas aconteça, se é que isso acontecerá.
Preveni-a de que ela tem cometido muitos erros, que tem sido beneficiada pela sorte e que não tem sofrido. Porém, o risco é bastante grande e, a qualquer momento, ela poderá chegar a um ponto sem saída. Cheguei a pensar em dizer-lhe que esse relacionamento está muito próximo do fim, mas desisti, porque ela poderia interpretar como um desejo meu e não como uma possibilidade real. Falei-lhe sobre as barreiras que poderão surgir no caminho de suas pretenções, inclusive o fim desse relacionamento que lhe tiraria a possibilidade de sobrevivência. Falei-lhe de minha impossibilidade de sustentar o que vem tendo, mas que posso lhe oferecer a possibilidade de vender e obter alguma renda. Sugeri, também, que se prepare para o dia em que o cabo descubra que ela está vindo aqui.
O grande problema está na dificuldade de sintetizar as idéias e pensamentos, evitando o emaranhado provocado pelos desvios de assuntos e de focos.
É importante aproveitar a sua vontade de trilhar um caminho com objetivo positivo. Talvez o ideal seja dirigir todos os esforços par aproveitar isso, evitando prejudicá-lo com mal estares provocados por análises que não poderão Ter prosseguimento. Vou expor-lhe isso, colocando-me a disposição para ser seu analista, mas que isso só aconteça quando ela se dispuser a enfrentar o problema. Enquanto isso, só abordaremos os estudos.

29/11/06- Quando me dirigia para onde havia deixado a brasília, encontrei a Jose, na rua, perto da praça. Perguntei-lhe sobre o tipo de calça que o Cidão encomendara pra ela. Ela disse que queria uma cigarrete 40. Disse que fora na roça, passara no Chico belo e pegara alguns livros, mas que o de biologia e de português não estavam lá. A Lena viu quando eu conversei com ela e quis pedir satisfações. Proibi-a de fazê-lo. Fomos até a casa dela onde eu pegaria o escort para vir embora. Ao chegar lá, ela alegou que perdera a chave do portão (ela deve te-la escondido, para que eu dormisse lá, que era o que ela queria). Disse-lhe que tiraria o portão das dobradiças e iria embora. Ela achou a chave e quis vir comigo para Santana, com a intenção de ficar comigo. Alçertei-a de que não ficaria comigo. Fi-la descer na entrada da Florada. Ela havia ameaçado conversar com a Jose e “fazer mais”. Alertei-a de que isso seria motivo para que nunca mais conversasse comigo. Ela relutou mas acabou descendo. O telefone foi desbloqueado.
Um detalhe me chamou a atenção: Parei a brasília em frente ao Gambá, onde a Lena, a mãe e a Néia, foram acertar uma conta da Lídia. Fui a pé até a av. que vai para a estrada, ver se encontrava o Cidão para que pedisse à Jose para me ligar se quizesse escolher o tipo de calça. Quando ia pra lá, o cabo passou com a viatura, em direção ao Bom Jesus, onde a Jose mora. Voltou pouco depois e passou por mim de novo.

03/12/06- Me ocorreu que é possível fazer um questionamento à Jose para mostrar-lhe o que tem acontecido com ela. Aparentemente ela tem agido impulsionada poela vontade, sem racionalidade. As questóes são as seguintes:
1- O que você pretendia na época da separação?
a- Libertar-se do compromisso
b- Libertar-se da dependência
c- Livrar-se de um possível sufoco
d- Buscar independência e progresso pessoal

2- Você declarava a vontade de livrar-se de compromissos, de obrigações.
a- Não conseguiu ficar sem homem para apoiá-la. (Renato, Maravilha, Baianinho, cabo)
b- Não gostava de moleques e de homens sem pelos no peito. O Baianinho contrariava as duas condições.
c- Amasiou-se com o Renato, Baianinho e cabo (em menos de um ano)
d- A bebida e a dependência da mãe ficaram patentes.
e- Quais os motivos conscientes para os amasiamentos?

3- O que você encontrou nos homens que me procederam )ou procurava) que eu não tive?
a- Carinho, afeto
b- Companhia, companheirismo
c- Amizade
d- Prazer sexual
e- Segurança

4- O que você pretende agora e para o futuro?
a- Buscar independência financeira e realização profissional.
A1- Sendo autosuficiente, trabalhando e estudando
A2- Trocando relacionamento por apoio econômico
A3- Buscando ajuda desinteressada
A4- Vale a pena o preço que está pagando (submissão) no último relacionamento?
O que justifica que o relacionamento comigo seria pior do que os que você tentou até agora?
Qual a causa da repulsa que você sente por mim?

Comigo ela teve:
O suficiente para sobreviver (casa, comida, saúde, vestuário)
Incentivo, apoio e ajuda para educar-se e aprender
Admiração e respeito por suas qualidades
Aventura
Liberdade
Amizade, lealdade e solidariedade
Amor e carinho
Dignidade e respeito
Quem poderá lhe propiciar isso?

O ideal imaginário que satisfaria a vontade da Jose:
Formação universitária que lhe propicie sucesso e status
Um trabalho de liderança que lhe propicie realização e admiração.
Uma casa confortável e com total segurança onde ela pudesse morar sozinha, com total independência.
Um carro dos seus sonhos
Desfrutar relacionamentos com total independência, desejando, sendo desejada e amada, sem compromisso, sem cobranças.
TER FELICIDADE, PRAZER E LIBERDADE.

04/12/06- A Jose não deu sinal de vida. Parece que sua vontade de retomar os estudos é menor que o medo dos problemas que poderá Ter com o companheiro e com a Lena.

06/12/06- Pensei na Jose, na covardia que vem demonstrando, provavelmente pelo medo de encarar-se e enfrentar a si mesma. O fato de desejar uma formação, de me procurar e de Ter me beijado, são reveladores de algo que está trancado dentro dela e que não consegue externar.
A Lena é totalmente dominada por sua vontade e, embora deteste ser humilhada, passa por cima disso e se dedica inteiramente a tentar saciar seu desejo de estar a meu lado, beijando, acariciando, se esfregando e fazendo amor. Ela simplesmente se nega a perceber a realidade, que seu comportamento me incomoda, me afasta ao invés de aproximar-me dela. Ela não consegue perceber isso por estar obsecada em satisfazer sua vontade. Ela, como todos os dependentes da vontade, vive armando situações para conseguir o que pretende. Será que ela usa a racionalidade para armar essas situações, ou é a vontade que as arma, através da racionalidade?

14/12/06- Se o indivíduo é dominado pela vontade e pela emoção, e estas são influenciadas pelo mistério, dirigindo-as, sem que o indivíduo seja autor, limitando-se a interpretar; como devemos nos relacionar com ele?
Em princípio, se ele não consegue racionalizar, por preguiça, covardia ou porque a força da vontade e da emoção é muito maior que a sua; deve arcar com as conseqüências.
Vi pessoas preocupadas em conseguir doações e ajuda para um casal cuja mulher estava grávida de gêmeos. Esse casal já tinha três filhos e a mulher tinha se sub-metido à esterilização após o terceiro parto. A esterilização não funcionou, causando a nova gravidez.
O fato de o casal ser muito pobre, associado à falha médica, comoveu as pessoas e provovou-as a ajudar. O casal já tinha grandes dificuldades para criar os três filhos, que poderia Ter sido evitados. O erro médico, que causou a Quarta gravidez, poderia Ter sido resolvido com um aborto. No entanto, eles quiseram Ter os três filhos e se negaram a propvocar o aborto da Quarta gravidez.
As crianças não têm culpa pelos erros dos pais, mas sopfrerão as conseqüencias deles. Se as crianças não têm culpa, menos ainda têm as pessoas empenhadas em ajudar. Os verdadeiros culpados serão beneficiados pelos erros cometidos.
Ajudas como essa são raras de acontecer, no entanto, casais irresponsáveis, que querem Ter filhos, abundam.
As pessoas tem vontade de Ter filhos e, como é fácil faze-los, satisfazem sua vontade sem a menor preocupação com as conseqüências. A criação dos filhos gera dificuldades para os pais, exige sacrifícios deles, sofrimento para as crianças e, muitas vezes, conseqüências danosas para a sociedade. Que beneficios são gerados por esse tipo de gravidez?
- Satisfazer o preconceito de que a árvore deve frutificar?
- Atender o dogma religioso “Crescei e multiplicai-vos”?
- Desfrutar o prazer da comapanhia da criança quando saudável, brincalhona e cheia de graça?
- Realizar a descendência?
- A esperança de Ter gerado um gênio?
Em contra-partida, os males causados por essa gravidez podem ser enormes.
- Falta de alimentação e higiene adequados, causando enfermedades
- As enfermedades causam despezas e sofrimento, impossibilitando a alegria que a criança pode propiciar.
- Os pais têm dificuldade para investir na sua própria melhora, diminuindo as chances de propiciar uma boa educação aos filhos.
- Propicia o aumento da oferta de trabalhadores, favorecendo a exploração, ao aumentar a concorrência por vagas no mercado de trabalho.
- As dificuldades materiais, a falta de conhecimento e conseqüente falta de compreensão; facilita a deformação do caráter, gerando marginalidade.
Como devemos nos relacionar com essas pessoas, escravas da vontade e da emoção e que se negam a racionalizar?
Quando interferimos para minimizar suas dificuldades e sofrimento, impedimos que sintam os efeitos danosos de suas ações, dificultando a possibilidade de que percebam a gravidade de seus erros, ocasionando a continuidade deles.
Se eles aceitam ser intérpretes do mal, é razoável que sofram as conseqüências.
Por outro lado, se considerarmos que eles não têm escolha, porque a força que os comanda é impossível de ser enfrentada; ajudá-los, representaria uma luta contra o mal, uma tentativa de enfrentá-lo e, quem sabe, vencê-lo.

19/12/06- Está cada vez mais evidente o domínio da vontade sobre algumas pessoas. A Lena é um exemplo disso, entre os mais extremistas.
Ela me ama, quer me desfrutar ao máximo, ficar comigo o maior tempo possível, pegando em mim, acariciando, beijando, passando a mão, fazendo amor. É compreensível esse comportamento, afinal, a emoção nos provoca esse desejo de contato físico que nos propicia intenso prazer. É compreensível, também, que se pretenda reciprocidade do parceiro, sentir que somos desejados, que o parceiro sente prazer em nos tocar, em fim, que tenha os mesmos desejos que nós. Isso identifica que ele sente por nós o mesmo que sentimos por ele.
A Lena sente o desejo e pretende que eu sinta o mesmo. Percebendo que não há reciprocidade, ela força que a abrace, beije, passe a mão, em fim, que a deseje como ela me deseja. Ela força o aparecimento de algo que não existe, portanto, se acontecer será falso.
O amor apaixonado é um fogo difícil de controlar e nos leva a tentar satisfazer o desejo que ele provoca, aniquilando a razão e desprezando valores que contrariem seu objetivo. É muito difícil resistir aos apelos da vontade originada nessa emoção. Mesmo pessoas bastante racionais tem dificuldade de refletir, avaliar e julgar, sob a pressão causada pela paixão.
Pessoas como a Lena, no entanto, mostram claramente que não é só sob efeito da paixão que sua vontade é incontrolada. Isso fica claro na maioria de suas atitudes, pensamentos e pretensões. O objetivo é satisfazer a vontade, independente das conseqüências. Essas pessoas não respeitam ninguém, nem nada; pretendem passar por cima de qualquer coisa ou qualquer um, como verdadeiro rolo compressor. O único objetivo é a satisfação da vontade, do desejo, como se isso fosse um direito inealienável, superior a qualquer coisa.
Se ela acorda à noite, me acorda, pedindo que a abrace, que me encoste nela. Se não a satisfaço, coloca a perna sobre mim, me aperta, tenta me virar para ela. Não considera, em absoluto, se estou com sono, precisando de descanço ou o desconforto e sofrimento que sua atitude pode me causar. Ela quer e pronto. Pela manhã, quando lhe peço que se levante, no horário combinado na véspera, ela “enrola” o quanto pode, pretendendo continuar deitada, me provocando para deitar-me a seu lado para que possa me acariciar, receber carinho e praticar sexo. Como esse é seu desejo, não dá a mínima importância aos compromissos, desprezando toda e qualquer coisa que não seja sua vontade e desejo. Se ela preparar o jantar, quando ele fica pronto, ela chama para a mesa, insistindo, desconsiderando se estou ocupado com algo e que precise de algum tempo para terminar ou deixar em um ponto que possa interromper. Ela chama insistentemente e continuadamente, até que seja atendida. Novamente o domínio do desejo de Ter sua vontade atendida. Embora eu lhe diga, insistentemente, que nunca tivemos qualquer compromisso, que não somos namorados e que não o seremos; que, ambos, temos total liberdade para fazer o que quisermos (no que diz respeito a relacionamentos); ela insiste em pretender me proibir de conversar, dançar e, até, olhar para outras mulheres. Ela não pede, ordena.
Além de relacionamento sexual, ela só tem conseguido humilhação. Ela manda e eu desobedeço. Ela força e eu a rejeito. É uma situação bastante humilhante para ela. Ela poderia evitar tudo isso, deixar de sofrer tantas humilhações, desfrutar minha amizade e meu carinho. No entanto, mesmo diante de tantos fracassos, insiste na sua obcessão de me dominar e ser minha dona. Ela age assim com todas as pessoas, em todas as situações. Me é muito difícil tratá-la como o faço. É muito ruim sentir que alguém nos ama, que não sentimos o mesmo e, principalmente, que lhe causamos sofrimento, mesmo sendo obrigado a fazer isso. Sentir-se amado é muito bom. Saber o quanto é ruim não ser amado por quem se ama, é terrível. Se ela tivesse capacidade de racionalizar e entender a situação, eu poderia ajudá-la a passar por esse período desfavorável, com menos sofrimento. No entanto, escrava de sua vontade, me obriga a maltratá-la, a humilhá-la e, isso me faz muito mal.
Estou me aproveitando dela. Ela me mostra que ainda posso ser amado e desejado. Me satisfaz sexualmente e, além de tudo isso, me serve de experiência na busca de tentar entender um pouco o ser humano. Enquanto não me sentir obrigado a deixá-la, continuarei esse relacionamento, aproveitando o que me possa oferecer, mas, principalmente, esperando que ela conheça alguém que lhe propicie livrar-se do que sente por mim, propiciando o desligamento sem maiores traumas.
Ao que tudo indica, ela é vítima do mistério que impede as pessoas de racionalizar, tentar controlar sua vontade, analisando custo-benefício, respeitando os direitos alheios e, principalmente, evitando o suicídio moral e os prejuízos físicos a só próprios.

É incrível como a lembrança da Jose me atormenta diariamente. O pensamento é sempre o mesmo: sua submissão à vontade, a burrice de suas ações, o disvirtuamento de valores e a teimosia em insistir na incoerência. O ideal seria que eu nem me lembrasse dela, o que implicaria no desprezo pelo que ela fizesse, sem sofrer absolutamente nada por isso. Ela tem o direito de fazer o que faz, portanto, não tenho qualquer direito de cobrar-lhe o quer que seja. No entanto, mesmo tendo consciência disso, o pensamento não me dá sossego e continua me atormentando diariamente. A esperança de poder relacionar-me com ela, novamente, tem grande culpa pela presença desses pensamentos. É um saco! Não consigo encontrar um meio de me livrar disso.

28/12/06- Pensei no que tenho sofrido por causa da Jose, o quanto tem sido difícil esquecê-la, o que me livraria desse sofrimento. Pensei no período que isso vem acontecendo e que já dura mais de um ano e quatro meses. É preciso encontrar forças para enfrentar tamanhas dificuldades e esperar que algo de bom aconteça possibilitando que deixemos de sofre e, se possível, que possamos Ter alguma felicidade. Me ocorreu, novamente, o quanto é difícil identificar com clareza os sentimentos, possibilitando transmiti-los, descrevê-los.
Estive escrevendo no arquivo “filosofia?” sobre conhecimento. Como é possível não identificar com clareza o que se passa conosco, as sensações que nos acometem? Agora, por exemplo, sinto um aperto no peito, uma espécie de vazio cheio de nada, lembranças esfumaçadas, como se estivessem do outro lado da praça, meio encobertas por vegetação. É como sentir aquelas dores a que a gente se acostuma pela continuidade, que incomodam mas que não chamam muito a atenção, doendo continuamente como se fizesse parte de nós sempre. Me sinto só na multidão, fora do mundo, com os pés nele. É como estar com o freio de mão puxado, sem capacidade para soltá-lo, tentando andar apesar disso, o que exige esforço muito grande para realizar quase nada. Se a ação do freio dificulta o movimento, falta combustível para gerar a força necessária: motivação.

29/12/06- Comecei a escrever no arquivo “filosofia?” mas o pensamento na Jose me perturbava e resolvi escrever sobre ela, atendendo a uma imposição da vontade. É um pensamento emocional, totalmente irracional. Um desejo de que ela se dê mal, que o atual relacionamento não dê certo. Isso se deve ao fato de que isso possibilitaria que ela voltasse pra mim ou, pelo menos, para comprovar que ela está errada em agir como vem fazendo. É um pensamento esfumaçado, como se estivesse atrás de nuvens ralas. Parece que ele não consegue ser claro e forte porque contraria a razão e esta impede que seja mais forte, claro e preciso. Comprarando o pensamento que me invade hoje com os que me atingiam no começo da separação, pode-se dizer que aqueles eram como ferroadas de marimbondo, extremamente doloridos. Os que acontecem hoje, são como zumbido de pernilongos não muito próximos, que não chegam a doer, mas que causam grande incômodo.
A racionalidade mostra que ela foi dominada pela vontade, deixando-se levar em busca de algo, sem ao menos atinar com o quê. Não teve o mínimo de racionalidade, de humildade, de solidariedade, entregando-se inteiramente ao domínio da vontade.
Ela passou a viver no imediatismo, sem projetos, sem planejamento, sem rumo, aventurando-se no primeiro caminho que surgisse a sua frente. A vontade usava a racionalidade para argumentar e justificar suas ações, dando a entender aos outros e a ela mesma que trilhava o melhor caminho.
Atirou-se de corpo e alma no relacionamento com o Renato, a quem conhecia suficientemente bem para saber que aquilo tinha tudo para dar errado. Enquanto esteve com ele, acreditou e apregoou que a sua decisão fôra acertada, que estava feliz e que o futuro era promissor.
Quando essa tentativa fracassou, entregou-se ao relacionamento com o Maravilha, não amorosamente, mas acreditando que com ele poderia Ter sucesso em empreendimentos. As probabilidades de que isso desse certo eram quase nulas e de conhecimento público. Era como acreditar que o sapo pudesse virar principe. Ele não tinha capital, nem capacidade racional, nem mesmo sorte. Não havia o menor indicativo de que aquilo pudesse dar certo. Mesmo assim, ela se atirou a essa aventura de corpo e alma.
O fracasso, a falta de perspectivas e a proximidade, levaram-na a aceitar a corte do Baianinho e, ao que parece, acabou se apaixonando por ele. Ele mostrava ser uma pessoa diferente das demais, demonstrando sensibilidade e inteligência, embora sem maiores conhecimentos. Isso associado ao desejo sexual podem Ter sido motivos suficientes para despertar a paixão nela.
Percebendo que ele não era o que parecia e sentindo a dificuldade de sobreviver com os trabalhos que vinha fazendo; aceitou minha oferta para vender roupas e utensílios. No entanto, a repulsa por mim continuou latente. Aceitou se relacionar comigo por incapacidade para negar, porém era a contragosto que o fazia. No entanto, em algumas vezes, me amou verdadeiramente; até que a repulsa foi mais forte e decidiu abandonar o que vinhamos fazendo.
Decidiu assumir uma vida em comum com o Baianinho e cometeu o maior desatino: comprar móveis novos, assumindo uma dívida impagável.
Como era previsível, o relacionamento acabou violentamente, acumulando prejuízos financeiros.
O PM surgiu como uma tábua salvadora, como respaldo para os problemas policiais em que estava envolvida, pelas brigas com o Baianinho e pela situação da moto do Reginaldo. O novo relacionamento a livraria desses problemas e lhe propiciaria uma casa “sua”, com sobrevivência garantida. Novamente se atirou de corpo e alma ao novo relacionamento.
O PM é casado e tem filhos pequenos. Não está totalmente desligado da família, peincipalmente financeiramente. Não deve ser fácil, para ele, sustentar duas casas e oferecer a ela alguma diversão e conforto; contando com o salário, que não deve ser grande. Os laços que ainda o prendem à família e a situação financeira são grande potencial de problemas. Só uma determinação muito grande e ajuda da sorte poderá possibilitar que esse relacionamento tenha sucesso.
A última vez que me procurou, alegando que pretendia voltar a estudar, que estava confusa e que não sabia no que daria esse novo relacionamento, dizendo, inclusive, que procuraria o espiritismo ou qualquer coisa que pudesse explicar o que vinha acontecendo com ela; ficou claro que surgira um mínimo de lucidez, uma possibilidade de livrar-se dessa personalidade ruim, buscando retomar o que deixara para traz.
Quando a deixei na cidade, me beijou no rosto e, depois, me deu um selinho. Não precisaria Ter feito isso se não tivesse vontade.
Quando voltou no dia seguinte, a disposição para enfrentar o declarara no dia anterior já estava se desvanecendo. Da próxima vez veio com o Cidão com o único objetivo de pegar a calça que ele me pedira para trazer pra ela. De lá pra cá não deu mais notícias, nem para dizer que desistira dos objetivos apregoados.
Não é absurdo que ela tenha se entregado de corpo e alma a cada tentativa, por mais absurdas que fossem. Tinha liberdade pra isso e pessoas que se prontificavam a acompanhá-la nas suas aspirações. É a opção pela experimentação buscando os resultados pelo acerto e erro, sem a interferência da racionalidade. A possibilidade de nova oportunidade após cada fracasso facilita a continuidade nesse processo.
A racionalidade mostra o quanto ela tem errado. Ela teve em mim, amor, respeito, amparo emocional, financeiro, cultural, prazer sexual, aventura, desafio. Tinha liberdade para tentar, arriscar, com incentivo. A única coisa que justificaria abandonar tudo isso, seria uma grande paixão, o que não aconteceu. Portanto, a não ser que apareça um “príncipe encantado”, ela está fadada ao fracasso, quando consideradas as possibilidades que teria junto a mim.
Está claro que ela está submetida a forças que a impedem de raciocinar, que a dominam através da vontade e a dirigem para o desconhecido, como verdadeiro fantoche, incapaz de reagir.

31/12/06- O Rodrigo comentou, na conversa que tivemos na Sexta-feira, que a Jose tinha sido muito bagunceira antes de começar o relacionamento comigo. É claro que o puritanismo dele influenciou essa opinião. No entanto, me ocorreu que ela, mesmo tendo características especiais, que propiciavam que ela se tornasse no que foi, junto a mim, ela só foi o que foi, graças a mim. Sem mim, ela é um talento desperdiçado, uma pessoa comum, com muito mais defeitos que qualidades. Começo a me convencer que a Josi morreu, que passou para a lembrança e para a jistória. A Jose não é pior que a maioria das pessoas, o problema está na comparação com a Josi, que se mostrou excepcional.

07/01/07- O pensamento na Jose não me abandona. Ela está cada vez mais desprezivel na minha consideração. Estou cada vez mais convencido de que a Josi não voltará, que se foi definitivamente, que morreu. Que nasceu quando nos conhecemos e morreu quando nos separamos. Que a Jose retomou o corpo que a Josi lhe roubara e que não perde oportunidade de se vingar de mim por Ter ajudado a Josi a tomar seu lugar. Sendo uma personalidade comum, a Jose tem o direito de ser como está sendo, inclusive de querer se vingar de mim. É compreensível, inclusive, que desconsidere as vantagens que consegue por causa do que pôde aprender junto a mim. Ela não se contentou só com a separação, não perde oportunidade de me causar sofrimento, mostrando a falta de caráter e o domínio da emoção. Não dá pra Ter certeza se algumas ações e comportamentos dela são tentativas da Josi de voltar ou se são intenção da Jose de me machucar. Da última vez, ela me procurou pedindo ajuda para voltar a estudar. Parecia a Josi, determinada, disposta a enfrentar qualquer dificuldade para atingir um objetivo. Na despedida me beijou no rosto e voltou para me dar um selinho, mostrando felicidade por Ter estado comigo. Na próxima vez, já se mostrou reticente, sem determinação, demonstrando insatisfação quando me referia aos problemas que a personalidade da Jose lhe causavam e a necessidade de evitar que ela voltasse a dominá-la. Na terceira vez, parece que seu único interesse era a calça que eu prometera trzer-lhe a pedido de seu pai. Mesmo que tivesse mudado de idéia a respeito do que declarara no primeiro dia em que me procurara; seria coerente que tivesse me ligado e declarado sua decisão. No entanto, simplesmente sumiu, demonstrando totral desconsideração.
Continuo acreditando que não há razão que explique essa mudança de personalidade, caracterizando o mistério. Como já analisei, alguns dias atraz, a Jose só tem a perder com seu comportamento em relação a mim. Eu não teria como lhe causar qualquer mal e não é razoável desprezar um amigo como eu. Portanto, até prova em contrário, não há explicação razoável para o que tem acontecido. Porém, está claro que qualquer reatamento está cada vez mais difícil, o que obrigaria a muita humildade, capacidade de enfrentar desconfianças e conseguir restabelecer a confiança, além de enfrentar dificuldades sociais. Não sei se teríamos força suficiente para isso. Portanto, é clara a quase impossibilidade de um reatamento. Isso deveria contribuir para que eu a esquecesse, no entanto, não tem sido possível, até aqui. Quando será que isso acontecerá?

10/01/07- É incrível como a Lena, uma mulher de trinta e dois anos, possa ser uma ilha de desconhecimento em um mundo onde ele é cada vez mais acessível. Ela demonstra seu desconhecimento nas coisas mais elementares. Ontem a noite me perguntou se o boneco da propaganda da lã de aço Assolan era de verdade. Disse que, se ela estivesse no hospital quando prepararam a mãe para o velório, não permitiria que enfiassem algodão em suas narinas e boca. Mesmo eu dizendo que isso é necessário para evitar a saída de líquidos por esses orifícios, ela continuou afirmando que não permitiria. Quando lhe perguntei se preferia que a secreção acontecesse na frente de todos, ela continuou afirmando que não permitiria, sem considerar meus argumentos. Ela simplesmente aceitou uns poucos preconceitos básicos que lhe permitem levar a vida, dedicando-se a tentar satisfazer suas vontades, simplesmente querendo e mudando de querer quando não conseguia satisfazê-los. Não há argumento racional que a faça ver os absurdos que comete. Quando recebeu a notícia da morte da mãe, chorou desesperadamente, disse que ela era a pessoa que mais amava, que não conseguiria viver sem ela. No Domingo, já estava bem clama e se referiu poucas vezes à mãe. Ontem já demonstrava não se lembrar da mãe e, quando o fez, não demonstrava nenhum sofrimento. Por mais que lhe tenha dito que não temos nenhum compromisso, que não somos mais que amigos e que nosso relacionamento não vai além do sexo; ela teima em considerar que temos compromisso e que tem o direito de me cobrar fidelidade. Ela sabe escrever e ler, embora não compreenda nem o que ela própria escreve. Não demonstra o menor interesse em aprender absolutamente nada. Não titubeia em acusar os outros por qualquer coisa ruim que lhe aconteça. Considera que seu querer lhe dá direito inalienável de satisfação. O controle que tenho sobre ela, se baseia no medo que tem de me perder, por causa do que sente por mim.

25/01/07- Os pensamentos sobre a Jose continuam me perseguindo. Não chega a ser um incômodo muito grande, mas perturba, incomoda. Vejo-a como uma coitada, por todos os erros que tem cometido, por estar perdida sem saber o que quer, entregando-se às vontades conforme vão surgindo. Sei que não é idiota e pode estar se agarrando a esse relacionamento por falta de opção. É possível, também, que tenha acontecido uma emoção em relação a ele, no entanto, não é o mais provável. Ah! como seria bom esquecê-la e acabar com essa perturbação que me persegue. Sei que isso não diminuiria a solidão, no entanto, a tornaria menos desagradável. O problema é que a esperança não desiste. Está como uma diminuta brasinha escondida sob um monte de cinzas, mas não desiste.

26/01/07- O pensamento na Jose continua me incomodando e, desde ontem, tem me incomodado mais. É uma coisa idiota, sempre a mesma, seus desatinos, sua falta de coerência, em fim, a mesma coisa. Quando o chico disse que ela estava na casa da Cida, ocorreu-me o quanto aquele ambiente é pernicioso pra ela, a influência que exerce sobre ela. É um mistério, pois ela tem capacidade mais que suficiente para resistir a essa influência. Parece que é algo muito mais forte que ela. Como será que está o relacionamento dela com o PM? Seria ele tão liberal para lhe permitir passar tanto tempo na casa da mãe, sabendo que o último companheiro dela mora nas vizinhanças? Ou será que a está encarando como uma amante de luxo, de quem só quer prazer? Quem sabe? Isso não deveria me interessar, nem me incomodar, mas infelismente, incomodam e não sei o que fazer para impedir que isso aconteça. Pensei que se ela se sair bem, depois de tantas irresponsabilidades, seria um incentivo ao desatino, um mau exemplo. Na verdade, acho que eu é que torço para que ela se dê mal, para provar que estive certo. É bem provável que sejam as duas coisas. O mais difícil de aceitar é que a ação dela destruiu um grande amor, acabou com um relacionamento exemplar, destruiu duas pessoas e, o pior; provou a supremacia da prepotência, do egoísmo, da vontade incontrolada, da traição, sobre a humildade, a solidariedade, a vontade construtiva e a sinceridade. Não acredito que a racionalidade possa encontrar explicação para esse mistério.

04/02/07- Fui na Irene, que estava sozinha assistindo o vídeo da formatura da Vitória e disse-lhe que verificassem o que precisariam para a praia que eu traria. Quando voltei na Silene a Jose estava lá. Cumprimentei-a com um oi e procurei olhar o mínimo possível pra ela. Ficamos numa conversa com todos e, algum tempo depois, me despedi com: “tô indo pessoal, até mais”.
É provável que a Jose tenha ido na Silene para me ver ou para que eu a visse. Ela tinha que saber, através do Cidão, que eu vou lá praticamente todos os domingos na hora do almoço. Portanto, se não quisesse se encontrar comigo, teria evitado esse dia e horário. A lembrança dela continua me perturbando, ocupando meu pensamento. É a maldita esperança que, embora remota, não me abandona. É razoável, pois mesmo que remota, ela pode voltar à personalidade antiga, se arrepender (motivos não lhe faltam) e tentar voltar a se relacionar comigo, mesmo como amiga. Como essa possibilidade é razoável a esperança continuará colocando-a em minha lembrança, provocando o mal estar que sinto.

Este mundo me surpreende
A cada dia que passa
Como se o criador
Quisesse fazer trapaça

Menina me surpreendeu
Como madura mulher
Adulta se transformou
Numa criança qualquer

A querer o que não pode
Todo ser é impelido
Buscando o impossível
Acaba sempre ferido

Compreendendo que não pode
Todo querer conseguir
A pessoa se protege
Do que pretende ferir

Lutando pelo possível
Mesmo que dificultoso
Propicia ao indivíduo
Resultado saboroso

Arriscar é necessário
O desafiar também
Quem arrisca o impossível
À derrota diz amém.

05/02/07- Tentei identificar os pensamentos na Jose, mas é difícil. O que mais se destaca é a aparente burrice, falta de coerência, verdadeira maluquice, que tem guiado seus passos. Morar com o Renato, Intimidade com o Maravilha, morar com o Baianinho e, agora, atirando-se a morar com o cabo. A repulsa por mim, o tentar me prejudicar, a total desconsideração para comigo. É muita coisa para tão pouco tempo. Não consigo deixar de considerar que são forças muito grandes e misteriosas dominando-a. Um mínimo de racionalidade teria impedido a maioria dessas ações. Outro fator que tem me ocorrido com freqüência é a proximidade dela com a mãe, durante todo esse tempo. A influência que, acredito inconscientemente, a mãe exerce sobre ela. Tenho consciência que o importante para o ser humano é o que ele sentee, ela se deixou levar por isso, abandeonando qualquer racionalidade. Todo o resto é compreensível pelo domínio da emoção; o que é incaceitável, é o desprezo à minha amizade.
Cheguei a estabelecer um paralelo entre o comportamento da Lena para comigo e o meu em relação à Jose e à Leo. O quanto é ruim quando nos exigem carinho que não conseguimos dar. Porém, analisando com mais atenção, verifiquei que nunca cheguei nem perto do que a Lena faz. Cheguei a cobrar isso e forçar um pouquinho, mas tenho certeza que não fiz cinco por cento do que a Lena faz comigo. Mesmo assim, posso Ter sido incômodo. A maior diferença está no que oferecia em troca, que me parece bastante: solidariedade, lealdade, conversas inteligentes, diversão, aventura.

10/02/07- Quando fui no loteamento, passei no Zé Verti para comprar coca-cola e o cabo estava lá comprando cervejas e outras bebidas. Quando passei no caixa, ele guardava as coisas no carro e notei que a Jose estava no carro. Aparentemente iam para o Junco ao no Cida. Ele parou no trailer e ela não saiu do carro. Fiquei imaginando como deve estar vivendo. Não o acompanhou ao mercado, nem saiu para o trailer. O detalhe é que cada vez que a vejo, meu pensamento se fixa nela e me enche o saco.

11/02/07- Fui almoçar na Silene e a Jose chegou com o Cidão de bicicleta. Ficou um pouco lá dentro e foi embora.

21/02/07- Sonhei com a Jose. Andávamos pelo Maringá e pelo Jardim Brasília (de antigamente). Eu desconfiado do seu carinho, de pegar em mim, se roçar, me chamar de molinho. Almoçamos na casa do Gonzalo, que morava na esquina de onde era a casa do seu Matias, num sobrado. Durante o almoço o Gonzalo falava de um vazamento no telhado na casa que foi minha e que ele colocava uma bacia para aparar a água que caia, mudando-a de lugar quando a goteira mudava. Ele conversava com a Jose recordando coisas. A tia Lilian aparrceu almoçando e com grande rabujice. Quando acordei por volta das duas da manhã, o sonho era bem nítido e até pensei em escrevê-lo na hora.

02/03/07- Acabou fevereiro e mais um horário de verão e eu continuo com a Jose no pensamento. O incrível é que penso pouco na Jose e a maior parte das vezes me lembro de momentos em Campo Grande. O pensamento na Jose, no entanto, não me abandona, me persegue, não me dá paz.
Conversando com a Daiane, na Segunda-feira, considerei que ela deve estar se sentindo mais ou menos como eu. É possível que ela esteja escondendo uma grande desilusão amorosa. Não sei. Ela está se empenhando nos estudos, objetivando os exames supletivos. A percepção de que a falta de escolaridade é um grande impecilho para o progresso profissional, pode ser uma causa de seu estado emocional. Se somarmos a isso a situação da Célia que não dá a devida atenção ao Murilo, que vive com problemas financeiros e que vive uma espécie de fantasia, tentando se divertir atolada em problemas. Adicione-se a maneira com que ela deve ver a mãe, uma fracassada, com uma visão distorcida da vida, buscando afogar no bingo as mágoas que deve Ter. Não bastasse isso, ela deve se atormentar com o fato de estar gorda e com os problemas de saúde que, na verdade, podem ser somatizações de seu estado emocinal.
Quando me referi aos pensamentos involuntários, ela confirmou que a atormentam, que não consegue se desligar deles. Ao que tudo indica, as causas não são muito importantes; o significativo são as conseqüências: os pensamentos e o sofrimento. Como seria bom que ela conseguisse se desligar dos sentimentos e poder se empenhar nos estudos, na eliminação das doenças, na busca do sucesso profissional e pudesse esperar tranqüila o aparecimento de um grande amor que lhe possibilitasse grande felicidade. Isso seria o ideal, mas como consegui-lo?
O que o pensamento na Jose me provoca, é como se eu estivesse morrendo de sono e alguém ficasse me cotucando, impedindo-me de dormir, sem que eu pudesse expulsá-lo, sem conseguir me livrar do tormento e adormecer. Esse pensamento não me deixa viver, acaba com minha motivação, tenta me transformar num parasita, sem vontade para absolutamente nada. Tenho que me esforçar para fazer as coisas mais simples, como escovar os dentes, lavar o rosto, calçar meias e coisas assim. Tenho plena consciência de que deveria me livrar desses pensamentos e buscar qualidade de vida, no entanto, é mais forte que eu e não consigo eliminá-los. Como já disse várias vezes, o problema não é a Jose e, sim, minha incapacidade para livrar-me de pensar nela. Ela tem o direito de fazer o que quiser. Terminou o nosso compromisso antes de começar a agir como vem agindo. O que ela faz ou deixa de fazer, não deveria me incomodar. Eu sabia que um dia a perderia e procurei aproveitar ao máximo o que ela me proporcionou. Tenho acreditado que meu inconformismo se deve ao fato de ela Ter mudado tanto a personalidade, tendo cometido tantos erros evidentes e, principalmente, Ter desprezado minha amizade, privando-se do que poderia conseguir de mim e impedindo-me de aproveitar o que ela poderia me dar. No entanto, será que é isso mesmo? Tudo indica que sim, mas não posso Ter certeza. Fui feliz nas poucas vezes que pudemos desfrutar da amizade, nesse período, mas não tenho certeza se seria assim para sempre.
O importante é que, de consciência tranqüila por Ter tentado ajudá-la de todas as maneiras possíveis, ao fracassar, eu tivesse me desligado dela, deixando que seguisse seu caminho, dedicando-me ao meu, sem ser afetado pelo que ela fizesse. Consegui deixá-la em paz, mas não consegui impedir que influenciasse meu caminho.
Tenho lido alguns romances espíritas, que defendem a influência de espíritos desencarnados na vida dos encarnados, sem que estes saibam disso. As teses defendidas são incoerentes, contradizenso-se; no entanto, é uma forma simplista de imaginar causas para o que acontece com a gente. É possível que a Jose tivesse a missão de me fazer sofrer. Que tenha me dado tanta felicidade e prazer, exatamente para valorizar o sofrimento que eu deveria sofrer. Pode ser que eu tivesse que passar por isso para pagar algo que tenha feito em outras vidas. Tudo é possível, no entanto, por não atinar com os porquês, é impossível acreditar que isso possa ser assim.

04/03/07Almocei na Silene e conversamos a tarde toda. A Irene chegou quando conversávamos a respeito da Jose e participou até que eu vim embora. A Silene me disse que a Jose a procurara pedindo para deixar seus móveis na casa dela, pois pretendia deixar o PM e ir para posso Fundo onde ganharia R$650,00 por mês. Que na sesta-feira de carnaval fora surpreendida quando a Irene lhe dissera que a Jose iria em Paraiso buscar a Rose.

05/03/07- A Jose me ligou por volta das oito e meia perguntando se eu estava sozinho e se poderia vir aqui para que eu lhe explicasse uns problemas de matemática. Ela chegou e pediu o telefone da Marília, alegando que ela lhe propusera que fosse morar em sua casa e trabalhar para ela. Disse que vai abandonar o PM, que voltará para sua casa. Os problemas que ela trouxe eram de progressão matemática. Ela estava apressada, dizendo que iria para a roça. Dois problemas não tinham solução imediata. Um, dava uma equalção de terceiro grau e a outra só aceitava uma solução analítica.
A Jose alegou que eu já realizara muitas coisas e que, ela, tinha muito que realizar. Disse-lhe que o passado tem um valor muito pequeno. Que o que importa é o presente. Que eu poderia ter o pensamento tomado pelas realizações, prazeres e felicidades que já tive, no entanto, só sofro com o presente. Que poderia só lembrar dos momentos bons que vivemos, que foram muitos e de grande intensidade; no entanto, só me lembro das bobagens que ela tem feito.

06/03/0- Encontrei a Jose que vinha pela rua da lojinha e eu voltava do correio. Ao chegar próximo ao banco, ela me olhou e continuou como se não me conhecesse. Parei pra frente da casa do Ivo para ver de onde sairia, pois desaparecera na frente do banco. Depois de algum tempo ela saiu do banco e foi em direção à praça e eu vim embora.

20/03/07- O pensamento na Jose continua me atormentando. Não me dá sossego, ocupando minha mente por tempo exagerado. A maldita esperança de reavê-la não me abandona e acredito que ela é que me impede de esquecer. Por pior que ela esteja vivendo, por mais problemas que possa estar tendo; são conseqüência de suas escolhas. É mais do que evidente a repulsa que ela sente por mim desde a separação e, provavelmente, a tenha causado. Desde o início me coloquei a sua disposição para ajudá-la no que pudesse. Ela tentou aceitar a ajuda, mas a repulsa foi mais forte. Como não /existgem motivos que justifiquem isso, sou obrigado a acreditar que é obra de forças misteriosas e, portanto, não sei o que possa ser feito. É provável que, ao se sentir encurralada, sem saida, me procure e até proponha uma reconciliação. Terei que lutar contra isso pois estaria sendo usado e isso é inadmissível. Se me procurar, farei o possível para ajudá-la, no entanto, sem assumir um relacionamento, pelo menos até que sinta que a Josi retomou a personalidade. O mais provável pe que a Josi tenha morrido, no entanto, pode ser que não e isso me impede de esquecê-la, de Ter esperança de recuperá-la. Enquanto isso, sofro com o comportamento da Jose e deixo de viver o que poderia. Tenho feito o possível para me livrar dessa lembrança, desses pensamentos, mas tem sido inútil. Por mais evidente que seja a lógica de que isso deveria ser feito, não tenho conseguido e vivo escravo dessa situação. É angustiante ser dominado pela emoção e não conseguir seguir as orientações da razão. No entanto, é isso que acontece e não tenho conseguido reagir.

28/04/07- A lembrança da Jose já não é tão forte nem tão constante, embora continue com freqüência diária. No entanto, o vazio permanece, o desânimo também, mesmo lendo, escrevendo, refletindo sobre vários assuntos, o nada continua aqui, desanimado, sem graça.

02/04/07- Arrumei as coisas que havia tirado do carro antes da viagem e recoloquei-as lá. Vi a escova de dentes, líquido bucal da Jose, além da carteira de vacinas e certidão de nascimento do Renan. A lembrança, embora bem menos intensa, continua me atormentando.
O tempo está passando e a única coisa que tenho feito é escrever minhas reflexões. Nada me atrai, nada me motiva, tudo me enche o saco. É muito difícil viver assim, amargurado, com a esperança desesperançada, mas esperando o praticamente impossível. Sinto-me fraco perante a vida, mas principalmente perante mim mesmo. Não consigo reagir. Sei que terá que acontecer alguma coisa que mude esta situação e este acontecimento não depende de mim. Pensei que outra mulher poderia remediar esta situação, mas a mulher que apareceu não poderia ser mais desapropriada. Demonstra me amar intensamente, mas não consigo sentir a mínima atração por ela. Continuo esperando que algo aconteça e me tire deste estado tão ruim. É como estar preso em uma cela muito pequena. A cela são os pensamentos, sempre os mesmos, sem novidade, uma luz sem brilho, sem vida, sem graça. A metamorfose que ela sofreu, a incredulidade de que alguém, que foi razoável e consciente, possa cometer tantas bobagens. É um mistério, sei disso, mas não consigo me livrar desses pensamentos. A única novidade é que imagino que já deva estar com outro, repetindo as bobagens, caminhando para a auto-destruição. No mais, é tudo o mesmo, velho, gasto, enervantemente repetitivo.
O que também está repetitivo é a sensibilidade emocional, principalmente, interpretações de cenas emotivas. A raiva contra os vilões também e muito grande. Isso é muito forte e acontece mesmo eu tendo consciência de são só interpretações.
Na cabeça pasmaceira
No peito vive a pressão
A preguiça doma o corpo
A angústia o coração.

Não consigo reagir
E nem me deixo levar
Vou me arrastando na vida
Esperando o que chegar.

05/05/07- Almocei no Chico Belo e ele me disse que a Jose está grávida. Que ela havia combinado com a Marília par ir trabalhar pra ela em São Paulo, mas que desistira ao saber que estava grávida. Por essa eu não esperava. Não acreditava que ela pudesse chegar a tanto, sabendo o quanto isso pode atrapalha-la na busca de uma vida melhor. Senti como se fosse o fim de uma esperança de, ainda, poder conviver com ela. Pensei no absurdo que é essa gravidez. Ela estava disposta a deixar o rapaz porque ele iria voltar para a família, dizendo que ela um coitado, fraco, sem forças para enfrentar os problemas que a separação da família geravam. Como é que alguém se atreve a gerar um filho com alguém que não gosta o suficiente? Ela havia dito que se tivesse um filho, ele a assumiria. É uma imbecilidade sem limites que alguém use um filho para segurar uma pessoa junto a sí. Ele só vai aumentar os problemas que já tem. Ela terá que se submeter a ele para sobreviver. Não bastasse o prejuízo que isso pode causar para os dois, ainda causam que uma criança venha ao mundo, herdando uma carga de problemas razoável, com futuro pouco promissor. Se um filho num casal que se ama, tem consciência, força para lutar e buscar o melhor, já é difícil; imagine-se o que espera uma criança de pais irresponsáveis, que a usaram para remediar problemas que já tinham e que não foram capazes de resolver de uma maneira racional. Infelizmente isso é muito comum na nossa sociedade: crianças sendo geradas como solução, quando, na verdade, não resolvem nada, mas geram outros em que ela é a vítima principal.
Quando desci, passei na Cida para cobrá-la. O Luizinho estava lá e veio me cumprimentar. Logo depois, a Jose saiu, me cumprimentou e perguntou como havia sido a viagem à Espanha, me olhava nos olhos com os olhos brilhantes (me pareceu) e não consegui identificar algo especial naquilo. Ninguém abordou o assunto gravidez. A Cida me convidou pra entrar e tomar café, mas dei a desculpa que precisava cobrar as pessoas mais pra baixo e fui embora. Sinto que a Jose está cumprindo seu destino, que o mistério continua agindo, afundando-a cada vez mais, tornando cada vez mais difícil sua recuperação para uma vida diferente. Lembrei-me de um sonho que tivera em Campo Grande, quando eu passava com uma camionete último tipo, no Junco, e ela estava lavando roupa num tanque cercada de crianças pequenas, enroscadas em sus pernas. É uma pena que o mistério tenha se empenhado para criar tantos problemas, sofrimento e prejuízos. É difícil compreender o que pode Ter causado isso; a quem possa interessar.
Pensei que ao invés de Ter se afastado de mim, ela poderia Ter passado a cometer loucuras, envolvendo-me nelas. Considerei que sua atitude poderia Ter sido para me atingir, que o objetivo do mistério teria sido me causar sofrimento. É claro que meu sofrimento foi enorme e continua sendo muito grande, na medida que me tirou a motivação, me transformou num ser vegetativo. A única coisa positiva que resultou foi o desenvolvimento de minha compreensão, de me propiciar descobrir coisas a respeito do ser humano, de refletir, de descobrir a dimensão do mistério. No entanto, ela está acumulando um potencial muito grande de prejuízos, que poderão lhe causar grandes sofrimentos. Se ela não tiver sorte e o mistério não a livrar, o previsível para seu futuro é negro. Ela poderá pagar por muitos anos as conseqüências dos atos que está praticando.
Quando eu a conheci, não estava em condição melhor que a de hoje. Tinha o trabalho na clínica como motivação, mas estava completamente desiludido quanto ao ser humano, aos relacionamentos que tivera até ali. Ela apareceu como uma luz brilhante iluminando a escuridão em que eu estava mergulhado. Tive sete anos de uma felicidade que dificilmente alguém já conseguiu. Olhando por esse lado, o preço que tenho pago pela separação, não é tão alto. Claro que o ideal seria não Ter pago nada, mas é preciso considerar que o que desfrutei junto a ela valeu demais e, portanto, sua perda teria que causar o que causou.
Não parece que a vida seja uma questão contábil. Não existem créditos e débitos. O que existe é felicidade e infelicidade, provocando prazer e alegria ou sofrimento e tristeza. Eu acho que pude experimentar os dois extremos e tive saúde para aproveitar e sofrer os dois. Quando estava com ela, achava que qualquer preço seria barato pelo que estava desfrutando. Agora, acho que nada compensa tanto sofrimento. Isso demonstra que o que interessa ao ser humano é o que ele sente, em cada momento, sem compensação, sem descontos, sem lógica. A única coisa que importa é o que se sente!
Perder a pessoa que se ama é muito sofrível, só não é pior do que ela permanecer a nosso lado a contragosto, aceitando com repúdio, desejando estar longe. Isso não atende o desejo, enquanto esfrega a dignidade na lama.

08/05/07- Antes do almoço, fui no correio pagar as contas de água e telefone. No caminho, encontrei a Jose perto do posto de saúde, para onde ela se dirigia. Não imaginava que pudesse encontrá-la, pois ela está morando em Gonçalves. Desde ontem, penso que ela terá muito tempo para se arrepender de Ter se afastado de mim, uma vez que ainda é jovem e poderá viver muitos anos ainda. É claro que é um pensamento emocional e bastante mesquinho, é a vingança querendo ser satisfeita, pretendendo que ela sofra por Ter me deixado. O racional é que eu deveria tê-la esquecido e não me importar com o que fizesse ou sofresse. Como não consigo esquecê-la, o despeito, o amor próprio ferido, entre outras coisas, atiçam a vingança, desejando que ela sofra.
Racionalmente, é bem provável que ela realmente se arrependa do que fez, ao sofrer, o que ainda não aconteceu, pelo menos em intensidade significativa. Ela tem pulado de galho em galho, fugindo das conseqüências, evitando males maiores. Mas, se o mistério não a ajudar, o previsível indica conseqüências ruins, que lhe causarão problemas e sofrimento. Ela poderá ser agredida ao invés de sentir minha proteção; poderá ser espoliada ao invés de receber minha solidariedade; poderá sentir-se só, ao invés de sentir minha amizade; poderá sentir falta de socorro ao invés de contar com meu apoio; poderá sentir-se presa, ao invés de curtir a liberdade que eu lhe possibilitava. Poderá sofrer com o sofrimento do filho, que poderia evitar ao não tê-lo, seguindo a racionalidade que nos mostrava que isso era um risco que não valia a pena. Ela poderá sentir falta de tudo o que eu lhe propiciava e sofrer com o que eu me esforçava para evitar que a atingisse. Emoção ou razão; ela dependerá de sorte para me esquecer e não se arrepender de Ter me deixado. Eu não sou tão melhor que os outros; só não sou tão ruim.
O que faz com que humildade, solidariedade, amizade, lealdade, sejam tão desprezadas; enquanto a prepotência, egoísmo, traição e ódio comandam tanta gente. Por que as coisas ruins são tão atrativas e as boas tão desprezadas. O que faz com que pessoas cometam verdadeiros suicídios morais, quando tinham tudo para viver com dignidade e sentir prazer no amor, na amizade, na lealdade, em fim, valores construtivos?
É um mistério! O domínio da vontade incontrolada destroi vidas, causa sofrimento, escraviza, mas mesmo assim, as pessoas continuam se deixando dominar, sem conseguir resistir a essa atração maléfica.

31/05/07- O Chico chegou com a Terezinha por volta das dez e meia e a Cida com o Roni chegaram depois. O Chico, provocado pela Priscila, me contou que a Jose havia perdido a gravidez, que, na verdade, ela não estivera grávida, mas que teria um cancer no útero. A Terezinha comentou que ela está triste porque está perdendo cabelo (provavelmente está fazendo quimioterapia). Não me surpreendi, pois já esperava algo assim. Não pensei em cancer, mas que de alguma maneira ela não teria filho. Se ela realmente estiver com cancer no útero, estará em fase inicial, pois costuma fazer preventivo todo ano.

01/06/07- Pensei que se a Jose estiver mesmo com cancer, é provável que seja abandonada e se sinta sozinha. Se ela quiser, não a abandonarei e procurarei ajudar no que for possível, inclusive trazendo-a para morar comigo. Nas condições atuais, a Lena faria tudo que pudesse para evitar isso, perseguindo, agredindo verbalmente e, muito provavelmente, fisicamente, não sendo descartável que tente matar.
Ela é totalmente escrava de sua vontade e não mede esforços para tentar satisfaze-la, sem obstáculos que a razão e a moral podem oferecer.
Para que ela deixe de me atormentar e, acreditando que, se a faço feliz, não me custa muito propiciar-lhe isso; a tenho visitado todas as noites. No entanto, parece que estou agravando a situação, permitindo-lhe acreditar que me tem.
Vou tentar por um fim nisso, dizendo que estou com intuição de que minha vida vai mudar, que provavelmente surgirá uma mulher na minha vida e que, ai, nossa relação terá que terminar de vez, sobrando a amizade, se for possível, o que não acredito. Por isso, será preciso desfazer esse equívoco que ela tem alimentado de que somos compromissados, pois, quando nos separarmos definitivamente, ela ficará mal à vista dos outros, parecendo que foi abandonada.
Vou propor que nos encontremos uma ou, no máximo, duas vezes por semana, até que chegue a hora do desligamento definitivo. Ou ela aceita isso, ou termino com tudo de uma vez.
Já faz um bom tempo que não analiso o que tenho sentido em relação à Jose. Penso nela todos os dias, muitas vezes. É difícil descrever o que sinto. Não é mais aquela angústia, aquele aperto no peito que me sufocava. É Algo como uma melancolia, uma dor que não dói muito, mas incomoda, como se a maior parte de mim estivesse cercada por aquela fita zebrada de preto e amarelo, indicando interdição. Você vê que as coisas estão ali, mas não podem ser usadas. Continuo acreditando que tudo isso é obra do mistério. No começo cheguei a considerar que o objetivo dele era me atingir, usando-a como motivo, sabendo que nada me afetaria mais que isso. Agora, me parece que o objetivo principal é ela mesma. Ela foi atraída pela ilusão, que lhe acenou com perspectivas atraentes, intermitentes, evitando que percebesse tratar-se de armadilha; objetivando causar maior e mais intenso sofrimento no futuro. Sinto pena dela, de todos que foram usados, inclusive de mim. Sinto raiva do que causou tudo isso, não muito, mas alguma. Sinto desgosto por sentir alguma satisfação a cada tropeço dela, que é uma manifestação da vingança, incabível, idiota, mesquinha. Sinto tristeza por sentir isso. Me reconforta perceber que, ainda, estou disposto a ajudá-la no que puder. Não sei o que sentiria se voltasse a conviver com ela, como amantes, amigos ou simplesmente por solidariedade. É difícil imaginar.

02/06/07- Pensei no quanto a Jose pode estar sofrendo se, realmente, estiver com cancer; no entanto, esse não será um sofrimento maior do que passei. O sofrimento dela só será maior que o meu, se tiver consciência do que fez a mim e a si própria.

05/06/07- Por volta das duas horas, o Chico chegou. Disse que o Luizinho e a Rose não virão mais morar no Paiol. Que a Cida teria ligado pra Jose, que dissera que a relação estava ruim, quando a Cida lhe propôs que, já que a Rose não virá mais, que ela venha morar com ela.
Se fosse possível Ter um backup da cabeça da Jose, desde que ela decidiu me deixar, até agora; poderíamos Ter uma idéia do que o mistério é capaz. Não foi um ou outro erro, foi uma seqüência, sem nenhuma luz de provável sucesso.

07/06/07-
Ganhei o que não sabia
Que poderia existir
Tão cheia de qualidades
Veio pra mim a sorrir

Amiga e solidária
Me amou como a amei
Corajosa e humilde
Era mais do que sonhei

Sensível, inteligente
Me apoiava com carinho
Enfrentava o difícil
Punha flores no caminho

Foram tempos de aventura
De amor apaixonado
Com amor e com ternura
Caminhamos lado a lado

De repente a luz apaga
Sinto forte a escuridão
Fui levado pelas trevas
Desapareceu o chão

Como mistério ela veio
Do mesmo jeito partiu
Me levou para as alturas
Ao ir, meu mundo ruiu

Ela se afastou de mim
Ficou no meu pensamento
Levou a felicidade
Me deixou o sofrimento

Senti falta da mulher
Da amiga, da companheira
Da coragem que ela tinha
De sua beleza brejeira

Pensei que adoecera
Agora sei que morreu
Ficou o corpo bonito
O importante faleceu

Viver sem o que ela foi
Foi um martírio profundo
Foi fantasia real
Esperança para o mundo

Sinto uma saudade enorme
De tudo que aconteceu
Perder tal grandiosidade
Destruiu o mundo meu

Só resta sobreviver
Viver do jeito que der
Esperar outro milagre
Ser o que a vida quiser

Foi como sonhar a vida
Linda, doce, admirável
E acordar dentro de um brejo
Em situação miserável.
12/06/07- Dia dos namorados, de comemoração para quem tem, saudade para quem perdeu, esperança para quem deseja um amor.
Quando se está apaixonado, não se medem esforços para agradar a pessoa amada. Por medo de perdê-la, mas, principalmente, pela felicidade de faze-la feliz. Ela é a pessoa mais importante do mundo e nada tem mais valor do que ela.
O medo de perder é o ciúme, que como a erva daninha, enfraquece o principal e, se não controlado, provoca a perda total.
O amor é possessivo, egoísta; quer Ter e não aceita dividir. É comum, também, que nos dediquemos inteiramente a ele, desprezando todo o resto, abandonando o que não precisaria ser abandonado, desprezando o que também nos é importante, tornando-nos totalmente dependentes e fragilizados, transformando o medo de perder em verdadeiro pânico; escancarando o caminho para o progresso daninho do ciúme.
Tentando prender a pessoa amada, como um pássaro em uma gaiola, perdemos o desfrute do mais importante, que é saber-se valorizado, sentir-se amado, desejado, imprescindível. É muito mais importante Ter um pássaro que nos visita e canta alegremente, do que Ter um na gaiola que só canta de tristeza ou em troca de comida. Muitas vezes, mesmo que a porta da gaiola fique aberta, o pássaro não vai embora, não porque goste da prisão, mas por sentir-se incapaz de assumir sua liberdade, submetendo-se ao dono, mesmo que o deteste.
Normalmente, a conquista é muito mais valorizada que o conquistado. Entregar-se totalmente, eliminando a necessidade de ser conquistado, é impedir esse prazer a quem nos ame. Quem propicia a necessidade dessa conquista é o ciúme. Ele é como o tempero na comida, indispensável, mas tem que ser muito bem dosado, ou poderá tornar o sabor intragável.
Em um casal é importante que os dois se sintam conquistando, constantemente. Tão importante quanto, é que tenham objetivos comuns a conquistar. A felicidade é a satisfação de vontades. Quanto maior for a dificuldade para a conquista, maior será o prazer pela satisfação. No entanto, se a dificuldade for maior que a possível de superar, a satisfação poderá ser impossível e o resultado ser trágico, gerando grande infelicidade, podendo exterminar o amor.
Não podemos escolher a quem amar. Amaremos a quem nos for destinado. No entanto, se não podemos criar amor, podemos ser responsáveis por seu fim, ao tornar a convivência insuportável.
Se além de amor, houver amizade, companheirismo, admiração, solidariedade, humildade e respeito, só o mistério, que propiciou a início, poderá acabar com o relacionamento.
Enquanto a vontade de manter o relacionamento for superior, todas as outras poderão ser controladas pelo casal. Quando alguma superar, é indício de que a relação já não é tão importante.
Não temos como interferir no mistério, portanto, resta-nos agir com sabedoria e prudência para não sermos os responsáveis pelo fim de algo tão valoroso.
“Que seja eterno enquanto dure” (Vinícius de Morais) e “Que nos empenhemos para que dure pela eternidade”.

27/06/07- O Chico chegou aqui por volta das dez e meia da manhã. Disse que revirara a casa e não encontrara o recibo da moto. Que, quando comentou com o Lau, na escola, que desceria hoje para providenciar a Segunda via do recibo, pois não encontrara o que eu lhe dera; o Milton lhe disse que o recibo estava com a Jose. Ele disse que a Jose estivera na casa dele e que pedira para a Terezinha fotos de sua avó e avô. Que a Terezinha lhe mostrara o que tinha, que estava em cima do guarda-roupas. Como o Chico acredita que pusera o recibo no mesmo lugar, era possível que a Jose o tivesse pego, aproveitando a distração da Terezinha. Ele disse que, hoje, ao descer, encontrara o Miltom, que lhe confirmou que o Régis lhe dissera que o recibo estava com a Jose e que ela dissera que não o entregaria para o Silvinho. Juntando as evidências, é razoável considerar que a Jose o tivesse pego mesmo. Fomos no Juninho e o sócio dele nos orientou para registrar um BO na delegacia de perda do recibo, para possibilitar o pedido de Segunda via. Fomos em Gonçalves, onde a Jose está morando. O Chico disse que ela mora na vila na saida de Gonçalves para o Junco, na primeira casa de quem chega em Gonçalves. Ao chegar na cidade, ele perguntou onde ficava a fábrica de doces que, segundo ele, é onde ela está trabalhando. Fomos até lá informaram o Chico de que ela deveria chegar ao meio dia e meia. Como fossem onze e meia, decidimos ir até a casa dela. Não era a primeira casa de quem vem do Junco e, sim, de quem sai de Gonçalves para o junco, na Segunda fileira de casas. O Chico chamou, ela atendeu e pediu que a esperássemos na fábrica. Ela chegou por volta do meio dia, o Chico conversou com ela, que se dispôs a ir até a delegacia de lá para registrar o BO. Quando chegamos lá, ela e o Chico conversaram com um cabo que estava na viatura na frente da delegacia, que lhes informou que só o Giovani poderia registrar BO e que hoje era dia dele dar plantão na delegacia de lá e que chegaria as duas horas da tarde. Decidimos esperar. A Jose foi trabalhar, prometendo voltar as duas horas. Ela foi pontual, mas o Giovani só chegou as duas e trinta e cinco minutos. Enquanto isso ela ficou conversando com o Chico e o cabo na frente da delegacia, enquanto eu me mantive afastado. Quando chegou, o Giovani disse que o Chico poderia fazer o BO em Santana e que a Jose não precisaria ir. Levamos a Jose até a fábrica, onde ela disse que o recibo precisaria ser providenciado em menos de dez dias, porque ela iria viajar. O Chico insistiu para elça dizer para onde iria e ela acabou dizendo que iria para Poço Fundo. O Chico lhe perguntou se levaria os móveis e ela confirmou. O Chico perguntou sobre o Zé ruela e ela disse que ele é maior e que saberá se virar. Disse que aproveitará para fazer exames lá. Desejei-lhe boa sorte e viemos embora. O Chico, quando falou sobre o sumiço do recibo, disse que estava no Neto, quanto a Jose ligara pra lá. Ele atendera, ela estranhou que ele estivesse lá e pediu para falar com a mãe. O Chico entrou no quarto do Franco e escutou a conversa. Disse que a Jose teria dito que o Zé ruela viajaria no dia dez e que ela aproveitaria para ir embora. O Luizinho viria buscar a mudança. O Chico disse que a Cida a incentivara a fazer isso mesmo. Quem a ve, tem a impressão que está tudo bem e que não tem qualquer problema. É incrível!
Os dados não provam, mas oferecem fortes indícios de que ela possa, realmente, Ter pego o recibo. Ela pode Ter pretendido dar um golpe, mas, na nossa frente, não teve coragem de se negar a registar o BO de perda. Se ela se negasse e tentasse aplicar o golpe, teria grande chance de ser condenada por estelionato e, até, por roubo, se ficasse provado que ela pegou o recibo. Infelizmente não dá pra Ter certeza, nem de sua inocência, nem de culpa.
Se ela tivesse um mínimo de juízo, deixaria os móveis na casa do Junco e, se decidisse ficar em Poço Fundo, os levaria pra lá. Se ela não mudar de comportamento, logo, logo, estará morando com outro cara, mesmo sem conhecê-lo direito e, provavelmente, quebrará a cara de novo. É uma pena!

28/06/07- O Chico veio por volta das nove e meia, fomos na delegacia e, quando ia registrar a ocorrência da perda do recibo, o Giovani o achou atrás do certificado. Foi bom para acabar com a suspeita de que a Jose o tivesse roubado. Fiquei contente com isso.
07/07/07- Voltei para o Neto, peguei o livro Médido de homens e almas, de Taylor Caldwell. Jantei sopa com eles e fui na festa da escola do Paiol. Quando estava lá, a Jose ligou para a Cida. Conversaram, entendi que ela estava se mudando, mas parece que é para Gonçalves mesmo, pois a Cida disse que, agora, poderia visitá-la em algum Domingo. A Cida deu a entender que eu estava lá e ela teria dito algo a meu respeito. Pediu meu telefone e a Cida me disse que ela me ligaria. A Agustinha disse, meio em tão de brincadeira: “Quem sabe não recomeça o grande amor?” Senti algo estranho. Não tive certeza de que queria retomar um relacionamento. Pensei que é preciso dar um tempo, conversar muito, descobrir como ela está, uma vez que não dá para acreditar no que ela diz. Falar tanto tempo com a mãe me pareceu um mau indício. Que continua presa a ela, naquela dependência prejudicial. O pensamento nela me dominou o resto do tempo. Uma dúvida sobre o futuro, sem atinar com maiores possibilidades para qualquer das opções possíveis.

08/07/07- Não me é fácil escrever os acontecimentos como realmente aconteceram. Também é muito difícil, ou mais ainda, descrever os sentimentos e os pensamentos involuntários gerados.
Des ontem a Jose não me sai do pensamento. Penso que vai me ligar e o que deverei dizer. É uma repetetitividade cansativa, incômoda, desgastante.
Penso que a Cida disse: “Cê nem imagina quem tá aqui?”. Ela imaginou certo. Falaram a meu respeito e a cida disse: “È pra falar pra ele, mesmo?” Depois, ela respondeu, concordando com o que a Jose teria dito: “Não adianta voltar porque, depois de algum tempo, os problemas se repetirão.” Que diabo de problemas foram esses, que não atinei com eles até agora? Ao que tudo indica, ela simplesmente cansou da vida que vinha levando. Os únicos problemas eram as minhas reclamações quanto a sua dependência da mãe e dos exageros nos preparos das festinhas.
Pensei que, quando ela ligar, devo lhe dizer que a primeira imposição para que aconteça uma conversa entre nós, é que ela tenha humildade e coragem para se analisar, reconhecendo o que tem feito. Que a primeira coisa a ser tentada é a recuperação da amizade e da conseqüente lealdade. Se isso for possível, o resto se arrumará da melhor maneira possível.
Penso no quanto ela foi medíocre e egoísta nas suas ações após a separação. Nas inúmeras contradições que cometeu, quanto ao que defendia antes e quanto ao que disse durante esse período. “Eu não quero saber de casamento”. “O Baianinho é uma criança”. “O cabo é um coitado (Ficou mais sete meses com ele após Ter dito isso)”. “Agora, é só eu e meu pai”. “Vou voltar a estudar e fazer o curso de enfermagem”. “Marido foi você, que fazia comida, passva roupa”. Se negava peremptoriamente a ir ao forró e beber comigo, fazendo isso com os outros.
Ela continua dependente da mãe e, parece, que com a mesma irresponsabilidade de comprar o que não pode pagar. Disse pra Cida que havia comprado um tanquinho. Não poderia ficar sem ele mais algum tempo, até as coisas se acertarem? São pensamentos que não têm motivo de ficar se repetindo, insistentemente. Uma única análise seria suficiente, pelo menos até que outras pudessem indicar algo diferente.
A ansiedade pelo telefonema é outro martírio. A demora em ligar, indica que não está com muita vontade de falar comigo, pois sua ansiedade natural a teria feito ligar ontem mesmo. É um indicativo de que continua perdida, sem saber o que quer ou o que fazer.
Pensei que, sozinha em Gonçalves, poderá atrair algum turista que se encante com sua beleza e se enrosque com ele.
Pode ser que tenha ido, no Domingo, para Poço Fundo como havia dito ao Chico, para fazer exames. No entanto, ela também dissera que levaria a mudança pra lá e, ao que parece, mudou para Gonçalves mesmo ou nas proximidades.
Pensei que só tem sentido uma conversa com ela, se sentir minha falta, caso contrário, tudo deve ficar como está, pois não haveria motivos para mudanças no que estamos vivendo, um em relação ao outro.
O que enche o saco é ela não me sair do pensamento. Não é como antes em que eu a desejava ardentemente. Agora é uma espectativa do que possa acontecer. Mas é uma espectativa angustiante, ansiosa, repetitiva. É um saco!
Pensei na coincidência de que as vindas do Nelsinho pra cá tem provocado balançadas na nossa separação. Da primeira vez que ele veio, ela me procurou e me beijou. Agora, ela liga e fala sobre mim, dizendo que quer conversar comigo. É muita coincidência, considerando que, foi numa vinda dele, que nos separamos. Por que?
Penso que se ela tiver vergonha de seus erros e não tiver coragem de assumi-los, não há o que possa ser feito. O reconhecimento dos erros é a primeira necessidade para caminhar em busca de acertos.
Nos ensinaram que errar é vergonhoso, por isso tememos o erro e teimamos em não reconhecê-lo; dificultando que saiamos dele e busquemos o acerto.
Penso que ela continua querendo o que sempre quis: carro e conhecimento que lhe propicie admiração; só que perdeu a paciência de esperar o tempo necessário e sacrificar-se para consegui-lo. Optou por pegar atalhos, sem perceber que eram compostos de pântanos e brejos. Atola-se cada vez mais, mas acredita que abreviará o caminho da conquista. Embora isso possa ser verdade, o mais provável é que se atole cada vez mais, até se afogar na lama. É uma pena que não admita Ter errado e estenda a mão para ser salva.
Todos querem, mas poucos conseguem, por sorte, mas principalmente por lutarem para consegui-lo.

09/07/07- Desde a tarde estou sentindo uma melancolia forte. A Jose não me sai do pensamento, o mistério que pode Ter provocado seu comportamento e, principalmente, o fato de ela ficar cotucando minha ferida, acenando com algum tipo de reaproximação. Ela dá um sinal insinuando reaproximação e desaparece. Ela disse, no Sábado, pra Cida que iria me ligar e, até agora, nada. Estou na espectativa desde então.
Recordei que nunca pedi a ela que voltasse pra mim. Todas as vezes que a procurei ou ela me procurou, sempre ofereci ajuda, incondicional, sem pedir nada em troca. Ela não fugiu só do meu amor, fugiu da minha amizade.
Segundo minha última visão da vida, ela foi dominada pela vontade de algo diferente, sem saber o que, dominada pela ansiedade, pretendendo conseguir satisfação sem racionalidade, enveredando por atalhos que só a levaram a fracassos. É uma força maior que sua racionalidade e moral.

Nenhum comentário: